1 - O teu olhar no meu olhar, estremece e faz efeito ♪
- Não Anne! Não faz isso comigo! Você sabe o que eu sinto
por você. - Ele continuava apelando enquanto eu juntava as minhas coisas.
- Não Josh, eu não sei! Não sei se você está atuando, não
sei se você está sendo verdadeiro... Eu preciso ter certeza que você não me
enxerga como uma das atrizes que fazer par romântico com você e depois se
tornam mais um caso passageiro! Eu não sou atriz, Josh. Eu não sei atuar. Para
mim, tudo foi real. - Eu diminui o tom de voz. - E ainda é. Eu te amo. – Eu
sabia que o resto da equipe do filme podia ouvir tudo o que nós estávamos
falando dentro do trailer dele. Mas eu não me importava.
- Eu também te amo, Anne.
- Então prova.
Meses antes.
Eu estava radiante. Da plateia do Academy Awards, conseguia
enxergar várias pessoas que eu admirava há muito tempo. Estar aqui é tão
diferente de assistir a premiação do sofá da minha casa no Brasil... Ainda mais
porque eu não vim como imprensa, vim como acompanhante do homem dos meus sonhos
– literalmente. Quem diria que, depois de assistir a vários filmes dele e
chegar a ter pôsteres colados na parede do quarto, hoje eu estaria aqui com ele. Ele ganhou o prêmio de melhor
ator e me citou nos agradecimentos. Só que do nada, ele começou a fazer um bi
bi irritante que ficava cada vez mais alto. E eu percebi que era hora de
acordar...
Desde que eu me mudei para os Estados Unidos depois da
faculdade de Jornalismo, nunca tinha ficado tão ansiosa para uma entrevista a
ponto de sonhar com ela. Venho tendo esse sonho desde o dia em que descobri que
ia entrevistar meu ator preferido, o amor platônico da adolescência, Josh
Hutcherson. Eu sou fã dele desde que nós dois éramos apenas crianças. E falta
pouco para conhecê-lo, finalmente.
Na noite anterior à entrevista, não tive o mesmo sonho
porque simplesmente não dormi. Levantei super cedo, vesti uma saia social com
camisa branca e sapatos de salto vermelhos. Deixei os cabelos soltos,
normalmente e fiz uma maquiagem básica. Pus um bilhete na porta do microondas
para Julie e Isabella, duas amigas que dividiam o apartamento comigo dizendo
que estava saindo mais cedo. Não aguentaria esperar elas acordarem. E eu ainda
corria o risco delas tentarem me convencer mais uma vez de ir comigo para
conhecer Josh, e eu já estava cansada de dizer que não podia. De qualquer
forma, elas vão me fazer contar tudo quando eu voltar mesmo...
Cheguei no local onde ela aconteceria com uma hora de
antecedência, antes mesmo da equipe de filmagem e, quando a hora marcada chegou
e ele apareceu, charmosamente pontual, mas mesmo assim se desculpando pelo
atraso quando viu que toda a equipe já estava ali. Eu tive que pensar nas
minhas aulas de ética jornalística da faculdade milhares de vezes. Mas não
conseguia tirar do rosto o sorriso bobo e da mente “Meu Deus, como ele é
lindo”.
Depois de dois beijos na bochecha – DOIS BEIJOS! – e das
primeiras apresentações, achei melhor começar logo a entrevista antes que eu
lembrasse dos meus 17 anos e desse um ataque de fangirl para cima do Josh.
- Voltando alguns anos, mais precisamente em 2005, você fez
um filme chamado "Little Manhattan", onde o seu personagem era um
menino de onze anos que passa pela experiência do primeiro amor e da primeira
decepção ao mesmo tempo. Você passou por isso quando era mais novo? – Pergunta
clichê que ele responde há anos...
- Sim! Tinha uma menina na escola por quem eu fui
completamente apaixonado. Eu achava que ia me casar com ela! Mas ela só sabia
me ignorar. – Resposta clichê que ele dá há anos...
- Então, de certo modo, você se identificou com esse
personagem, assim como muitas outras crianças que assistiram? – Droga, não
consegui conter o entusiasmo... E ele percebeu. Que posso fazer se esse é um
dos meus filmes preferidos dele?
- É, eu realmente me identifiquei com o Gabe. E você? – COMO
ASSIM, Joshua, a repórter aqui sou eu!
- Bem, eu tinha doze anos na primeira vez que assisti... E
sim, eu me identifiquei. Muito. – Respondi rindo e arrancando uma risada dele.
- Todo mundo passa por algo parecido pelo menos uma vez na
vida... – Ele disse.
- Com certeza. E, Josh, ainda falando dos seus filmes mais
antigos... Como você enxerga, hoje, a história de “Bridge to Terabithia”? – Ele
fez uma cara de espanto. Acho que as pessoas não costumam perguntar isso...
- Exatamente do jeito que eu enxergava antes. Esse filme
passa valores incríveis a quem assiste. Eu faria tudo de novo, foi uma equipe
maravilhosa, colegas de elenco maravilhosos. Foi incrível. – Ele parecia... emocionado? Acho que estava indo pelo
caminho certo...
- Então, se surgisse a proposta de uma possível continuação,
muitos anos depois, você aceitaria? – Isso foi mais curiosidade de fã do que de
jornalista.
- Na mesma hora! Ainda mais se dessem um jeito de
ressuscitar a Leslie...
- Chorei desesperadamente na cena em que o seu personagem
descobre que ela morre. - Damn, saiu sem pensar. Mas, agora, ele pareceu
intrigado, como se estivesse pensando em como eu ainda lembrava desses
detalhes. O fato de eu ter assistido o filme de novo na última semana não
conta...
- Como você ainda lembra disso? – Olha ele querendo roubar
meu emprego de novo...
- Pode-se dizer que eu fiz o dever de casa direitinho. – Nós
rimos. E é claro que eu não ia dizer que eu era fã dele há anos, que tinha os
dvds de todos os filmes dele e que ainda guardava alguns pôsteres...
- Pois é, fez muito bem. – Ele disse, com um olhar diferente. Um olhar que me deixou
estranha, quase com vergonha. E isso era praticamente impossível para mim.
A entrevista ia às mil maravilhas. Continuei fazendo
perguntas clichês e perguntas inesperadas. Ele como era, literalmente, um
gentleman, muito educado e muito engraçado, respondeu a todas elas em detalhes. Mesmo
quando perguntei se ele já conseguia confiar nas aranhas... Acho que deixei
claro que sabia mais sobre ele do que os outros entrevistadores. E, pelo jeito
como ele me olhava, parecia ter percebido isso. Acho que assisti a quase todas
as entrevistas de Josh e ele NUNCA olhou para nenhum dos entrevistadores do
jeito que estava olhando para mim. Era isso ou eu estava afetada pela emoção.
É, devia ser coisa da minha cabeça mesmo...
Continuei fazendo uma infinidade de perguntas e o fato dele
fazer perguntas para mim ao mesmo tempo transformou a nossa entrevista quase
que numa conversa casual. Ou a edição teria trabalho para transformar aqui numa
entrevista tradicional, ou ela ao ar assim mesmo...
No meio da entrevista, fomos interrompidos pelo agente dele,
Joseph, dizendo que o nosso tempo tinha acabado e que ele estava se atrasando
para um outro compromisso.
- Mas, já? – Perguntou Josh.
- Vocês já estão aí há quase três horas... – Me espantei
quando Joseph disse isso e num impulso, chequei o relógio. E ele estava certo.
- Vamos finalizar, então? – Eu perguntei, meio a
contragosto.
- Sim, vamos. – Respondeu Josh, com cara de cachorro que
caiu do caminhão de mudança.
- Temos que gravar a chamada do comercial, ok?
- Ok.
Gravamos a chamada num tape só, acho que depois de três
horas conversando, nós não precisávamos de muito ensaio. Eu só conseguia pensar
que, finalmente, o havia conhecido. E que nunca mais o veria de novo.
Ao final, não resisti e pedi uma foto. Ele aceitou e eu
entreguei meu i alguma coisa para o meu câmeraman tirar uma foto de nós dois.
Surpreendi-me quando ele entregou o celular dele para que também tivesse uma
cópia da foto.
- Foi um prazer, Anne. – Ele disse com um sorriso no rosto,
me fazendo derreter. Pegou o celular com o câmeraman, cumprimentou o resto da equipe, viu a foto e disse que
tinha ficado ótima.
- Igualmente. – Eu respondi, querendo que aquilo não
acabasse. E fiquei surpresa mais uma vez, quando ele me deu mais dois beijos e
um abraço de despedida. Eu podia fazer isso no horário de trabalho? Ele era meu
entrevistado...
- Então, a gente se vê. Tchau. – Ele disse.
- Tchau, Josh. – E ele foi embora.
Eu precisei de uns cinco minutos para me recuperar daquela
despedida e fiquei sentada vendo as anotações que tinha feito e ouvindo a
gravação da entrevista enquanto o resto da equipe desmontava os equipamentos.
Eles já tinham terminado quando eu percebi que ainda não tinha visto a foto que
tirei com Josh e pedi meu celular para o câmeraman, que também havia esquecido
de me devolver.
- Merda! – Foi a única coisa que consegui dizer quando vi a
foto do meu celular. Ela tinha ficado tremida, e não era pouco.
E quem tinha a cópia dela não estava mais perto de mim. E
sabe-se lá se um dia vai estar outra vez.
Roupa da Anne na entrevista: http://i50.tinypic.com/2iihlyr.jpg
Sapato da Anne na entrevista:
http://www.amosapato.com.br/wp-content/uploads/2011/12/via-marte.jpg
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Mais perfeita impossível!
ResponderExcluirAAAAAAAAAW, thanks baby *-*
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