27 - Moving

3
COM

- Ben? – Falei ainda de costas para ele, querendo ter me confundido. Mas quando me virei, era Ben. Com barba por fazer e cabelo maior, mas Ben.
- Sentiu saudades, princesa? – Não acredito. Quando eu acho que tudo vai começar a caminhar tranquilamente, mais uma bomba me aparece. Eu devo ter feito uma cara muito feia quando ele me chamou de princesa de novo, porque ele pediu desculpas imediatamente. – Ok, você não precisa me fuzilar com os olhos, foi só uma brincadeira...
- Brincadeira desnecessária. – Josh disse enquanto vinha para o meu lado.
- Josh. Imaginei mesmo que ia te encontrar aqui...
- O que você está fazendo aqui, Benjamin? – Perguntei.
- Hey, eu vim em paz, não precisa chamar de Benjamin. – Ele colocou as mãos para o alto.
- O que você veio fazer aqui, Ben? – Não comprava aquilo de paz. Não mesmo. Da última vez que nós nos vimos ele estava entregando o meu namoro para a minha chefe. Foi por causa dele que o meu relacionamento com o Josh começou a virar de cabeça para baixo.
- Estou trabalhando, oras. Ou você não sabia que eu ia fazer a divulgação de New Beginnings?
- Você só pode estar brincando comigo.
- Eu já disse para você ficar calma, eu vim em paz.
- Então se explique. – Falei.
- Sabe, Ann, há um tempo eu estava trabalhando na produção de um filme aqui em LA. Qual era o nome mesmo? Ah, In New York’s Streets, acho que você conhece. – Fiz outra cara que não deve ter sido muito bonita. – Aí eu fui repentinamente mandado para a produção de outro filme em Washington pela empresa. Eu tinha todos os motivos do mundo para odiar a pessoa responsável por essa minha mudança. – Ele disse olhando sugestivamente para eu e Josh. – E eu odiei. Mas, durante as gravações desse filme eu conheci uma pessoa. Uma pessoa que me fez acabar com esse ódio... E melhor que isso, uma pessoa que me fez te esquecer. – Ele falou sério e direto. Um pedacinho mínimo de mim se sentiu mal pela frieza no tom de voz dele. Mas aquela conversa estava começando a ficar interessante.
- Você está namorando alguém? – Perguntei.
- Não. – Pronto, levou outro pé na bunda e agora a raiva está direcionada a outra pessoa, não a mim. – Eu casei. – Ele mostrou a aliança.
- É o que? – Julie não se conteve e perguntou o que estava entalado na minha garganta.
- Mas... Você nunca quis se casar. – Falei.
- E você nunca quis ser próxima de qualquer coisa que te deixasse na frente dos holofotes... E hoje é diretora de cinema. A gente muda de ideia, Ann. Por amor.

Ele tinha razão. Eu lembro que assim que me mudei para LA fugia dos fotógrafos nas ruas como se fosse famosa... Agora eu quase não me importo mais, porque estar com o Josh é sinônimo de ter que aturar alguns fotógrafos inconvenientes. Josh diminuiu o aperto na minha cintura quando viu que ele realmente vinha em paz.

- E cadê ela? – Perguntei.
- Arrumando a nossa casa nova. Nós viemos de Washington há três dias, não deu tempo de deixar tudo como era lá.
- Mas ela não tinha emprego lá? – Josh perguntou e eu me surpreendi com o interesse.
- Ela é maquiadora, também trabalha para a Lionsgate. Semana que vem ela começar a trabalhar em outro filme. – Ele fez uma pausa. – Eu realmente vim em paz. Não quero causar nenhum tipo de problemas, só trabalhar.
- A escolha é sua, Ben. – Falei. Ele fez que sim com a cabeça.
- Eu vou checar a wi fi do set e me preparar para as primeiras atualizações. – De uma coisa eu nunca tive dúvidas: Ele é um ótimo profissional. Ele começou a se afastar de nós, mas parou no meio do caminho. – Ah... Anne, Josh? O mínimo que eu posso fazer é pedir desculpas pelo que eu fiz com vocês. É óbvio que vocês se amam se sobreviveram à Vanessa. Às vezes eu tinha medo dos planos dela. – Ele riu e continuou andando.
- Ok, se o Renan aparecer aqui pedindo desculpas eu vou perguntar o que todos os seus ex tomaram para começar a agir como pessoas respeitáveis. – Josh disse.
- Isso é impossível para o Renan. – Eu ri. – E sinceramente, de todos eles, eu só sinto falta mesmo da companhia do Eric.
- Ele ainda não ligou, né?
- Não. E é realmente muito estranho falar disso com você. – Eu ri e ele me abraçou.
- Ele mostrou que eu não tenho motivos para sentir ciúmes dele.
- Eu amo você.
- E você mostra que eu não preciso ter ciúmes de ninguém assim. – Ele me deu um beijo.
- Vamos trabalhar? – Perguntei.
- Você é quem manda, diretora. A primeira cena é minha. – Ele disse.
- Então vai se trocar, baby.

Não tenho outra palavra para descrever o primeiro dia de gravações além de: louco. Josh estava presente em 75% das cenas então eu tive que dirigir uma boa parte delas sozinha. Era engraçado quando ele se encarregava de uma cena dele e ele mesmo dizia o “corta” quando achava necessário. Eu estava certa quando disse que Josh e a Roberts – Sim, nós já estávamos chamando as Emmas pelos sobrenomes para evitar confusões – combinavam na frente das câmeras. A primeira cena que nós gravamos foi a do casamento deles. E a minha primeira provação. Assistir uma cena dele com outra mulher era bem diferente de mandar ele fazer a tal cena e pior, explicar como eu quero que eles façam. Até o final do filme eu me acostumaria. Ou não.

- Tem certeza que você não pensou em fazer cinema na faculdade? – Josh perguntou quando nós estávamos no carro, indo para a minha casa.
- Para falar a verdade, eu pensei. Mas sempre me identifiquei mais com o jornalismo.
- Você se saiu muito bem hoje, Annie.
- Sério? Eu estava apavorada. – Eu ri.
- Não parecia.
- Acho que pela primeira vez o fato de que eu gosto de mandar teve uma utilidade prática.
- Com certeza. Hum, Anne? Você sabe que eu vou ter que fazer umas cenas mais quentes com a Watson, não sabe?
- Fui eu quem escreveu o roteiro, claro que eu sei. – Nós rimos.
- Você vai ficar bem dirigindo essas cenas? – Ele perguntou sem tirar os olhos da direção.
- Acho que sim. – Falei com dúvida. – Mas é bom a gente deixar essas cenas para o final, quando eu já estiver mais acostumada a dirigir.
- Eu posso me encarregar dessas.
- De jeito nenhum. – Respondi rápido. – Eu vou pirar mais se não estiver vendo e controlando exatamente os que vocês dois vão fazer em cena. – Ele riu.
- A culpa é sua. Foi você quem escreveu. – Ele brincou.
- Mas foi você quem divulgou. – Respondi.

Passamos as duas primeiras semanas de gravação repetindo o ciclo casa – set – set – casa. No primeiro final de semana, eu simplesmente não fiz nada de útil da vida, passei o sábado e o domingo deitada vendo TV ou fazendo alguma outra coisa que me permitisse ficar descansando. Mas o segundo fim de semana chegou e com ele, a minha mudança para a casa do Josh e a mudança da Isabella e do Keegan para a casa nova.

Nós suspendemos as gravações de sexta feira – era bom ser a diretora – e passamos o dia encaixotando tudo. Quer dizer, eu, Keegan e Josh encaixotamos e Isabella ficou sentada porque não podia pegar peso. Ian e Julie chegaram cedo no sábado para ajudar na mudança.

- Pois é. – Falei enquanto me sentava ao lado de Julie e Isabella no sofá e aquela era a única mobília da sala. Os meninos estavam ocupados com caixas no primeiro andar.
- Estou me sentindo no último episódio de Friends. – Julie disse.
- Olha só, eu estou grávida, se vocês me fizerem chorar, apanham. – Isabella falou e nós rimos. Mas a verdade é que agora ela chorava até pelo milho que estourava para virar pipoca...
- Estranho. Agora definitivamente, nós vamos cada uma para um lado.
- E eu vou morar longe de vocês! – Falei.
- É só você se mudar lá para o condomínio quando casar, Anne. – Julie disse.
- Eu acho que ainda não acostumei com a mudança de estado civil. – Confessei.
- Está arrependida? – Isabella perguntou.
- Não, de forma alguma. Eu só não estou acostumada.
- Você e esses intervalos de tempo gigantescos para se acostumar com as coisas... Anne, acorda, você está indo morar na casa dele. Já era para estar acostumada. – Julie disse.
- Eu tenho medo de estragar as coisas. Sei lá, eu não brinco quando digo que não vou saber o que fazer sem ele. Eu sempre tive medo do novo, por mais que não pareça. E agora a gente vai conviver 24 horas por dia.
- Você tem medo dele enjoar de você. – Julie falou.
- Exatamente.
- Eu fiquei assim antes de casar. Em três meses, Ian ainda não enjoou. – Ela disse rindo. – De verdade. Não é fácil, a gente já teve mais briguinhas bobas nesses três meses do que no namoro inteiro, mas a gente sempre se resolve no final porque a gente se ama. Com você e com o Josh não vai ser diferente, eu tenho certeza.
- Mas e se ele perceber que não é isso o que ele quer? Eu estou em surtos. De verdade.
- Você diz que tem medo no novo e se mudou com duas amigas loucas para um país desconhecido. Nós também ficamos em surtos antes de vir para cá e isso só passou depois que nós nos mudamos. Relaxa e vai para a casa dele. Vai dar tudo certo. – Isabella disse.
- Ok, eu acho que elas precisam de um tempo a sós para terminar de se despedir do apartamento. – Ouvimos Keegan falar.
- Se vocês quiserem, a gente sai. – Ian disse.
- Não precisa, a gente já estava indo. – Julie disse. Ian se sentou no braço do sofá ao lado de Julie e Keegan se debruçou nas costas e deu um beijo na testa da Isabella. Josh parou do meu lado e me abraçou pelos ombros, mas ele estava estranho.
- Eu acho que a gente devia tirar uma última foto de nós seis aqui. – Julie disse.
- Minha câmera está na minha bolsa que já está no carro. – Falei.
- Mas a minha está aqui. – Ela respondeu, pegou a câmera na bolsa, programou e colocou na estante. Nós tiramos a foto e deu uma dorzinha no coração quando vi a sala vazia, só com o sofá e nós seis.
- Chegou a hora, meninas, vamos descer para tirarem o sofá da sala. – Keegan disse.
- Vamos. – Nós nos levantamos.
- Vão na frente, eu e a Anne ficamos aqui para trancar o apartamento depois que tirarem o sofá. – Josh disse.
- Ok, nos encontramos lá em baixo. – Julie disse.

- Eu não vou enjoar de você, Annie. – Ele disse quando nós ficamos sozinhos na sala.
- Você ouviu?
- Nós estávamos entrando na sala e eu ouvi. Você não precisa se mudar se não quiser. – Eu sabia que ele estava estranho.
- Esse pedaço você não ouviu, né? – Falei. – Eu não tenho dúvidas. Eu quero morar com você, só tenho medo de estragar as coisas. Mas eu sei que isso vai passar é só viagem da minha cabeça. – Ele sorriu. – Não se preocupa com isso, ok?
- Ok.
- Eu te amo, baby. – Dei um beijo nele e nós ainda estávamos abraçados quando ouvimos os rapazes da transportadora chegarem para buscar o sofá e colocar no caminhão.
- Acho que agora é a hora em que a gente vai embora. – Josh disse.
- Vamos. – Nós saímos e eu tranquei a porta com um nó na garganta.

Quando descemos, nos despedimos de Dane pela última vez. Nos dividimos em três carros e fomos cada casal para um canto. Quando chegamos na casa de Josh – minha casa – as caixas com as minhas coisas estavam pela sala e eu comecei a ficar desanimada quando percebi que ainda teria que arrumar  aquilo tudo.

- Vem cá. – Josh em puxou para a cozinha antes que eu começasse a mexer nas caixas.
- O que foi? – Eu perguntei quando me sentei na cadeira.
- Eu comprei uma torta de morango para te dar as boas vindas. – Ele disse pegando a torta na geladeira.
- Você não existe, cara. – Falei quando ele colocou a torta na mesa.
- Seja bem vinda, baby. – Ele se debruçou na mesa e me deu um beijo. Ele se sentou ao meu lado e nós comemos quase metade da torta juntos.
- Josh, você já parou para pensar em algum tema para o nosso casamento? – Perguntei.
- Não, mas a gente vê isso rapidinho. – Ele foi na sala e buscou o iPad. Quando voltou para o meu lado, digitou alguma cosia no Google e quando eu olhei, era “wedding themes”.

Começamos a ver as sugestões. Casamento na praia. Ia ser difícil de segurar o Joey. Casamento medieval. O vestido de noiva era bizarro. Contos de fadas lembram princesas, princesas lembrar Ariel e Ariel lembra Eric. Por mais de bem com a vida que o Josh estivesse, não dava para casar com um tema que lembrasse o meu ex. Casamento tradicional é muito... tradicional.

- Daqui a pouco eu desisto e a gente casa no cartório. – Brinquei.
- Me recuso, Anne Christine. – Ele disse.
- Vamos dar mais uma olhada.

Nós vimos mais umas três páginas de temas diferenciados até que ele abriu um link aleatório.

- Não fecha! – Falei quando ele quase fechou aba por acidente. – Olha esse.
- Eu gostei. – Ele disse. – Gostei muito.
- Eu também.
- Acho que a gente decidiu.
- Sim! – Falei.
- Vai todo mundo sair bêbado do nosso casamento.
- É por isso que as pessoas dormem onde o casamento vai acontecer...
- Vou ficar menos preocupado.
- E, ah, quando isso vai ser? Eu pretendia casar antes dos 27 anos... Dezembro?
- Dezembro é a premiere do filme, natal, ano novo... Tem alguma coisa para novembro? – Ele perguntou.
- Tem.
- O que?
- O nosso casamento. – Ele sorriu e me deu um beijo. E eu comecei com a mania de planejar tudo mentalmente naquele momento. 

Hey pessoas! Hoje o capítulo ficou curtinho, mas    a partir do próximo as coisas vão ficar agitadas, hehe
Beijo ;)

26 - Future Mrs. Hutcherson

2
COM

- Nunca quis tanto alguma coisa como isso. Sim. – Eu disse entre lágrimas. Josh pegou o anel e colocou no anelar da minha mão esquerda antes de me abraçar.
 - Feliz aniversário de namoro, Annie. Eu amo você. – Ele disse com a voz embargada e eu estava chorando tanto que não consegui responder, só o abracei mais forte. E eu reconheci a música que a violinista estava tocando. Forever and Always, Parachute.

Eu ainda estava meio perdida e não prestei muita atenção no que eles falaram depois, só lembro de Josh me ajudando a descer do palquinho e da música começando outra vez. A cada vez que eu mexia a minha mão, sentia o peso de três diamantes no meu dedo e tudo o que eles significavam. Eu estava sonhando. Ou não?

- Nós precisamos confessar de vez, agora. A festa de aniversário de casamento dos nossos pais foi só um pretexto para vocês duas organizarem suas festas de noivado. – Connor disse depois que nós sentamos.
- Preguiçosos! – Amy brincou. Eu ainda estava em choque.
- Esse foi o plano desde o princípio. – Josh continuou. – Nós falamos com os nossos pais e eles adoraram a ideia.
- Nós estamos muito felizes por vocês, de verdade. – Chris disse.
- Anne, você está bem? – Mich perguntou e eu juro que senti um olhar preocupado de Josh em mim.
- Eu? Eu estou mais do que bem. Só estou em choque... Eu achava que só Amy e Connor iam ficar noivos hoje. – Josh me abraçou pelos ombros e me deu um beijo na testa.
- Eu também achava que o noivado seria o seu. Até ajudei o Josh a comprar a sua aliança... Nós usamos o mesmo tamanho de aneis, sabia? – Amy perguntou e eu me afastei de Josh para olhar para ele e Connor.
- Joshua Ryan e Connor Mason, se expliquem, agora!
- Pra brigar com a gente ela usa o tom de voz normal, é incrível... – Connor brincou.
- Amy, você me ajudou com anel da Anne... Mas ela também ajudou o Connor com o seu anel.
- Acontece que nós dois calhamos de escolher mulheres com a mesma profissão, a mesma inicial e o mesmo tamanho de aneis. – Connor disse.
- Vocês compraram os aneis no mesmo dia? – Perguntei.
- No mesmo dia e na mesma loja. Não foi fácil enrolar a Amy por Nova York enquanto eu esperava o Connor dizer que vocês dois já tinham saído da Tiffany...
- Então foi por isso que vocês dois demoraram a chegar no restaurante...
- Menina esperta, essa minha cunhada. – Connor falou.
- Ainda bem que vocês usam os seus poderes para o bem... Porque vocês são mentes malignas e sabem disso, certo? – Amy disse.
- Mas vocês gostaram da surpresa, não gostaram? – Josh perguntou.
- Ai, Deus, ele ainda pergunta! – Eu falei e dei um beijo nele.
- Pergunta desnecessária, Josh. – Amy disse.
- Ah, céus, as meninas devem estar morrendo para ver o meu anel! – Falei e me levantei para ir até a mesa delas.
- Elas já viram. – Josh disse, vindo comigo.
- Elas sabiam?? – Perguntei sem acreditar.
- Todos sabiam, menos você. – Sorri.
- Você me enganou direitinho, Hutcherson.
- Eu sou pago para isso. Achei que usar as minhas habilidades de ator nesse caso não ia te deixar com vontade de me matar.
- Não mesmo.
- E, ah, elas se auto intitularam madrinhas do nosso casamento no instante em que eu contei que ia pedir hoje...
- Eu não escolheria diferente. Connor e Amy também vão ser nossos padrinhos, né?
- Eu ia perguntar se você concordava... Ele é meu irmão, não podia pensar em outra opção.
- Fechado.  – Nós estávamos nos aproximando da mesa das meninas. – Hey. – Eu o chamei antes e parei de andar. – Obrigada. – O abracei. – Eu amo você, noivo. – Foi muito, muito estranho chamá-lo assim. Mas eu poderia me acostumar.
- Ainda não acredito que você é minha noiva. – Ele falou com o mesmo divertimento na voz que eu usei segundos antes. – E eu acho que vou repetir isso umas 50 vezes por dia até o nosso casamento.
- O número vai aumentar com o próximo título, não vai?
- Ah, Annie, quando você virar minha esposa eu acho que nunca mais vou te chamar pelo nome, vou querer que o mundo saiba disso.
- Acho que o mundo vai saber disso antes mesmo de eu dizer o sim, você esqueceu que é famoso?
- Detalhes... Você quer mesmo conviver com isso para o resto da sua vida? – Ele brincou com o meu nariz quando se referiu a mim, mas perguntou sério.
- Com certeza absoluta. – Respondi sem hesitar e ele sorriu.
- Ainda bem.

Voltamos para LA no dia seguinte e confesso que eu dormi no avião tudo o que não dormi à noite. Quando chegamos no aeroporto, pensei que passaríamos imunes aos paparazzi que andavam até bem calmos nos últimos dias, mas todos queriam um clique da barriga da Isabella... E da minha mão esquerda.

- É sério que eles já sabem? Sério MESMO? – Falei depois que nós pegamos as malas e eu vi a quantidade de gente que estava esperando por nós seis na porta do aeroporto. – O que eu faço? – Perguntei a Josh.
- Esconde o anel. Eu quero contar aos meus fãs antes deles descobrirem.
- Esconder como?
- Coloca no bolso da calça.
- Mas eu não quero tirar... – Ele sorriu.
- Então passa com a mão no bolso do casaco que eu levo a sua mala. – Ele me deu um beijo na testa.  
- Eu vou na frente, não tenho como esconder a barriga mesmo... – Isabella disse e nós rimos.
- Nem se você quisesse, Bells. – Keegan disse.

A segurança do aeroporto nos ajudou a chegar aos taxis que nos já estavam nos esperando. Mesmo assim, deu para ouvir as perguntas clássicas “Isabella, quando nasce o seu bebe?” “Anne, quando vocês vão casar?’ e uma outra que me chamou a atenção: “Anne, mostra a sua mão?”. Eu tinha esperanças de que eles não soubessem, mas sabiam. Mesmo assim, não cogitei a possibilidade de tirar as mãos do bolso.

- Eu não sei como você vai contar, mas eu acho bom fazer isso logo. – Falei para Josh quando nós entramos no carro.
- Mostra o anel e sorria para a câmera. – Coloquei a mão perto do rosto e ele tirou uma foto.
- Twitter? – Perguntei e ele assentiu.

Enquanto ele postava a foto no twitter dele, eu pegava o meu celular para ver o que ele tinha escrito e dar RT. I’m telling you first. Hutcherson family is about to have a new member! She said yes, guys.” (Vou contar para vocês primeiro: A família Hutcherson está prestes a ganhar um novo membro! Ela disse sim, pessoal.). Sorri quando vi a minha foto e a quantidade de “RTs” e “favorites” que já tinham antes de mim.

- Pronto, você não precisa mais esconder a sua mão do mundo.
- Amém. Quero que o mundo saiba que você já está devidamente laçado, baby.  – Ele me deu um beijo e nós fomos abraçados em silêncio até a minha casa.

Josh e Keegan foram passar a noite lá porque no dia seguinte de manhã nós íamos conhecer o quarto do Seth. Estávamos tão cansados que as únicas coisas que fizemos antes de dormir foram comer e tomar banho.

- Bom dia, futura Sra. Hutcherson. – Tinha como o dia ser ruim acordando assim?
- Bom dia, futuro marido da Sra. Hutcherson. – Nós rimos.
- Dormiu bem, baby?
- Como um anjo! Senti falta da minha cama. São meus últimos dias nela, quero aproveitar cada momentinho. – Brinquei.
- A gente pode trocar a minha pela sua...
- Não tem necessidade, também gosto da sua cama... Além dela ser maior que essa. – Eu ri. Ele me deu um beijo.
- Em quanto tempo você e a Isa vão se mudar?
- Em umas duas semanas... É o tempo que nós temos para separar o que nós vamos querer de mobília, conseguir alguma transportadora para as caixas e doar o resto.
- Vocês vão doar a mobília toda mesmo?
- Sim. Não tem necessidade de vender, a casa dela com o Keegan está montada, a sua também...
- Duas semanas. E nós dois vamos passar todos os segundos dos dias juntos.
- Literalmente, as gravações de New Beginnings começam amanhã e como a boa diretora que sou, hoje você vai dormir na sua casa e cedo, não quero te ver com olheiras no set. – Falei.
- Quero ver você se lembrar disso quando estiver morando lá em casa...
- Você está insinuando que eu não resisto a você, Joshua?
- Exatamente.
- Você está tão enganado... – Falei enquanto ele me puxava para perto e eu não oferecia resistência, me contradizendo completamente.
- Veremos. – Ele me deu um beijo e meu telefone tocou. – Em duas semanas. – Ele disse se afastando e rindo.

- Oi Isa. – Falei quando atendi.
- Bom dia, chuchu. Estou ligando para acordar vocês. Quero ver o quarto do meu filho. – Eu ri.
- Ok, baby. Já estamos saindo do quarto.

- É melhor a gente ir. Ela usou o tom de “estou grávida e nervosa”. – Falei.
- Vamos, que até eu estou curioso para conhecer esse quarto.

Nós tomamos café e nos arrumamos em tempo recorde. Em pouco tempo nós já estávamos na casa de Isabella e Keegan. Era uma senhora casa, no condomínio onde Julie e Ian moravam, então eles nos encontraram lá.

- Você consegue subir as escadas, Bells? – Keegan perguntou.
- Se eu não conseguir, você me carrega. Eu PRECISO conhecer esse quarto hoje.

Ela estava realmente nervosa. Nós preferimos não falar mais nada até que ela visse o quarto. Subimos as escadas em silêncio e ela começou a chorar instantaneamente assim que abriu a porta.

- É lindo! – Ela disse e Keegan a abraçou. Ele também estava chorando e nós só conseguíamos ver aquilo com um sorrisão no rosto.

O quarto não era genuinamente de bebê, era um quarto de menino com algumas adaptações para um recém nascido. Era todo em azul com bege, com carpete e almofadas. O que eu mais gostei foi o teto que tinha uma rosa dos ventos desenhada em volta da luminária da lâmpada. Era realmente lindo.

A casa já estava mobiliada, então nós passamos o dia por lá, organizando algumas coisas que Isabella e Keegan já tinham trago, mas eu fiz questão de lembrar que eles três precisariam estar inteiros e bem dispostos no set no dia seguinte, então não fomos embora tarde. Fui para casa com Isabella e nós duas ficamos vendo TV até a hora de dormir. Estava quase me deitando quando ela bateu na minha porta.

- Ann?
- Entra chuchu.
- Eu posso dormir aqui com você? – Ela perguntou. – Eu tenho tido uns pesadelos de grávida muito estranhos quando durmo sozinha... – Ela disse quase com vergonha.
- Por que não pediu antes? Vem para cá. – Ela se sentou ao meu lado na cama. – Quer que pegue a sua roupa de cama?
- Por favor. Eu enjoo com cheiro de perfume masculino... E esse travesseiro tem o cheiro do Josh. – Eu ri.
- Ele é o único que usa... – Busquei as coisas dela no quarto ao lado e coloquei na cama. Não resisti e troquei o meu travesseiro pelo do Josh, não estava grávida e não ia enjoar com o cheiro dele e nós deitamos.
- A gente cresceu, né, Anne? Ainda me lembro de quando a gente se conheceu...
- Eu lembro como se fosse ontem. – Eu ri. – Você e seu caderno do Josh. Eu, você e Julie e nossas maratonas de Pretty Little Liars... E agora nós estamos com eles. É louco demais.
- Eu achei que fosse ficar com medo de quando isso acontecesse e a gente se separasse. Mas eu não vejo a hora de ver o rostinho do meu filho. – Ela disse com lágrimas nos olhos. – E essa gravidez está acabando comigo, não aguento mais chorar! Você vai ver quando engravidar.
- Eu não vejo a hora disso acontecer. – Ela sorriu.
- E o “só engravido depois de casar” foi parar aonde mesmo?
- Com o Josh? Foi parar bem longe. Eu juro pra você que se eu não engravidar antes do casamento, volto grávida da lua de mel.
- Como assim, Anne Christine? Você toma anticoncepcional!
- Parei de tomar no dia do nosso noivado.
- ANNE! Você contou a ele?
- Não contei e nem vou contar. Nós usamos camisinha para evitar, mas a partir de agora esse vai ser o nosso único cuidado. Se furar... Furou. – Falei.
- Você é louca! E o filme?
- O filme vai ser gravado em três meses, se eu ficasse grávida hoje só ia descobrir no final das gravações.
- O que te fez mudar de ideia tão rápido? – Ela perguntou.
- A certeza de que ele me ama.
- E você ainda tinha dúvidas disso? Pelo amor de Deus, Anne, eu juro pela vida do meu filho que o Josh é louco por você. – Eu só consegui sorrir. – Preparada para virar diretora de cinema amanhã? – Ela mudou de assunto.
- Nervosíssima. Mas meio preparada. O Josh vai me ajudar com o resto.
- Vocês dois são perfeitos um para o outro.
- Que nem você e o Keegan. O Seth é prova disso. – Coloquei a mão na barriga dela e ele chutou. – Esse menino me ama.
- Me ama mais, quer ver? – Ela colocou a mão na lateral da barriga e deu umas batidinhas. – Seth, mexe pra mamãe! – E o que aconteceu depois foi uma nas coisas mais incríveis que eu já vi na vida. Ele chutou exatamente onde a mão dela estava e eu vi o movimento.
- Eu não tenho o que dizer...
- Eu estou grávida há seis meses e ainda não sei. Você só vai descobrir quando for mãe. – E se tudo corresse como eu esperava, não ia demorar para isso acontecer.

Chegamos com meia hora de antecedência no set de New Beginnings. Eu ainda não acreditava que aquilo tudo era para montar o roteiro que eu escrevi lá em Nova York quando não tinha o que fazer. As Emmas – Watson e Roberts – chegaram juntas. Eu tive que fazer algumas mudanças no roteiro desde as primeiras reuniões, mas a escolha delas duas para os papeis femininos não mudaram. Emma Watson – Eterna Hermione Granger – ia viver Summer, a menina que o personagem do Josh, Thomas ia conhecer na terapia. Eu ia ter que dirigir uma cena de sexo deles dois e preferia nem começar a pensar nisso. Emma Roberts ia interpretar a esposa de Thomas que morre num acidente de carro logo no início do filme. No roteiro inicial, ela se chamaria Emma, mas todos nós concordamos que ia ser confuso demais três Emmas no mesmo set, então eu mudei o nome dela para April. O personagem de Keegan era Dean, irmão de April e melhor amigo de Thomas. Ian ia interpretar John, também amigo de Thomas e Dean.

- Bom dia, querida diretora. – Keegan disse quando chegou. Ele estava de bom humor e isso era bom. Nunca gostei de trabalhar com pessoas má humoradas.
- Bom dia, Keegs. E antes que você pergunte, a sua namorada está te esperando no trailer de maquiagem. Alguma notícia do meu noivo? – Noivo, YEY. – Eu achei que vocês iam vir juntos...
- Nós íamos, mas ele tinha que passar em outro lugar antes e eu queria saber da Isa e do Seth. Ela dormiu bem? Teve aqueles pesadelos de novo?
- Ela dormiu comigo, a noite inteira e super bem. Não se preocupe.
- Quem dormiu com você? – Ouvi Josh perguntando nas minhas costas.
- Um cara super sexy, loiro de olhos azuis. – Olha eu chutando a aparência do Seth... – O nome dele é Seth, mais conhecido como a barriga da minha melhor amiga. – Ele riu.
- Com ele, tudo bem. – Josh me abraçou e me deu um beijo. Era tão bom não precisar fingir que nós não estávamos juntos num set de gravações... – Bom dia, Annie.
- Bom dia, baby. Onde você foi tão cedo?
- Comprar o seu café. – Ele me estendeu uma bolsa da Starbucks. Eu suspirei. – Descafeínado e com creme.
- Você não existe. – Dei um beijo nele.
- Pode isso no set, produção? – Ian disse enquanto se aproximava. De mãos dadas com a Julie, diga-se de passagem.
- Você está de mãos dadas com a figurinista desse filme. Pode isso? – Josh perguntou. – Ah, esqueci que é para mim que vão perguntar se pode, sou um dos diretores, esqueceu, Harding? – Eles dois iam ficar eternamente nessa guerra de sobrenomes.
- Julie, vamos deixar eles dois se amarem. Bom dia! – Dei um abraço nela.
- Bom dia, Anne. – Ela ia falar mais alguma coisa quando viu algo atrás de mim. E eu não demorei para descobrir o que era.
- Bom dia, Anne. – E não acreditei quando o meu cérebro fez a ligação com o que os meus ouvidos escutaram. Ben.

Não comentarei nada depois desse final. 
Só que  meu  ask tá aí pra vida e pra spoilers.  Go! 

25 - Eternal Flame

5
COM

DOIS MESES DEPOIS

- E aí? – Perguntei quando Isabella e Keegan entraram lá em casa.
- O médico me liberou para viajar! – Ela disse animada. – Eu não queria perder o pedido do Connor e a festa dos pais do Josh. – Isabella já estava com quase seis meses de gravidez e pela regra, dá para imaginar que a barriga já parecia ser de nove.
- Preparada para fazer as malas para o Kentucky? – Josh perguntou.
- Demais. – Ela respondeu enquanto se sentava ao lado dele. Ele se inclinou na direção do Seth.
- Seth, você vai voltar na casa do tio Josh! Já foi lá mais vezes que na casa do seu padrinho... – Sim, Josh e Ian ainda estavam naquela guerra, mas os dois estavam um amor só com a barriga da Isabella.
- É claro, Hutcherson. Eu sou alemão. Não dá para a Isa fazer uma viagem longa assim... Mas espere o menino nascer.
- Daqui a pouco eu e a Anne vamos ficar com ciúmes do Seth. – Julie disse e Ian e Josh olharam para nós duas.
- Vocês podem fazer o favor de parar com essa pressão psicológica com o meu filho? – Keegan disse sério e nós rimos.
- O menino vai nascer traumatizado, daqui a pouco. – Isabella completou.

Desde que descobrimos o sexo do Seth, não se fala em outra coisa nessa casa e na casa de Julie e Ian. A cada vez que um de nós vai na rua, volta com um presente para ele. Seth já deve ter roupas suficientes para uns seis meses. Compramos tanto que já paramos de escolher os tamanhos pequenos. Isabella estava com mais cara de mãe que antes e às vezes eu pegava Keegan olhando para a barriga dela perdido em pensamentos. A cada mês que ela completava, mais estranho ele ficava. Ele até que conseguia esconder dela, mas nós percebemos. E como fui eu quem falou para ele ser o melhor pai que essa criança pode ter, coube a mim procurar saber o que estava passando naquela cabecinha oca. Então, quando Isabella foi tomar banho e ele foi para a cozinha fazer café – o café dele era o melhor dos seis – eu fui atrás.

- Precisa de ajuda, Keegs? – Perguntei quando entrei na cozinha.
- É só um café, Anne. – Ele respondeu sem fazer brincadeira, o que era bem estranho.
- Keegan, e até quando você vai achar que engana a todos nós com essa cara de cachorro que se perdeu da mudança? – Ele me olhou surpreso com a mudança de assunto.
- Eu não estou tentando enganar ninguém. – Ele continuou fazendo o café normalmente.
- Claro, porque você é ator e se quisesse realmente enganar um de nós eu não estaria aqui perguntando se você precisa de ajuda. – Eu falei e sabia que tinha ganhado dele ali.
- A gente nunca consegue esconder nada de você, né? – Ele disse com um sorriso triste.
- Não. E agora, vai falar o que se passa nessa cabecinha aí ou eu vou ter que apelar e pedir para a sua namorada grávida vir para o meu lugar?
- Não! Não fala com ela, por favor! – Ele quase gritou.
- Então desembucha, chuchu.
- Eu estou com medo. – Ele falou olhando para o chão.
- Medo?
- É, medo! Daqui a três meses eu vou ser completamente responsável pela vida de uma... duas pessoas. – Ele olhou para mim. – A Isabella e o Seth são as pessoas mais importantes da minha vida, Anne. Eu tenho medo de estragar tudo. Você sabe que eu não sou dos mais certos... Eu tive coragem de duvidar se era mesmo o pai desse menino e eu sabia que não havia possibilidade de ser de outra pessoa. Eu vou estragar tudo, como sempre estrago. Mas dessa vez, eu vou ter uma mulher e um filho para sofrerem as consequências no meu lugar. E eu acho que se magoar um dos dois, vou sofrer mais do que se o dano tivesse sido em mim.
- Se eu te disser que isso é perfeitamente normal, você jura que não me xinga? – Perguntei tentando brincar e aliviar o clima.
- Juro. – Ele sorriu.
- A gravidez da Isabella foi uma coisa completamente inesperada para vocês dois. Ela tem enjoos, sente dor e tem o menino se mexendo na barriga. No instante emq eu ela viu o positivo naquele exame de  sangue, ela virou mãe. Mas você não tem isso. Você só foi comunicado que vai ser pai e agora, sem mais nem menos, seu mundo virou de cabeça para baixo. – Fiz uma pausa. – Acho que você até demorou demais para ter essa crise... Mas se serve de consolo, o simples fato de você estar com medo de magoar a Isa e o Seth, já é uma garantia de que você não vai. – Ele me olhou buscando compreensão. – A gente foge dos nossos medos, é natural. – Ele sorriu.
- Obrigado, Ann. – Ele me deu um abraço.
- Você vai ser o melhor pai para o Seth e o melhor marido para a Isabella. – El disse enquanto estávamos abraçados. – Falando nisso, já está na hora de dar um passo nessa história de noivado, viu, Keegan Phillip? Se a Luisa chegar aqui antes do nascimento do Seth e a Isabella ainda não estiver usando uma aliança, ela te mata. E ela pode ser pior que todos os homens da família dela juntos. – Ele sorriu.
- Já tenho tudo isso sob controle, baby. – Ele piscou o olho quando falou o “baby”, fingindo me seduzir. Temos o velho Keegan de volta. – Inclusive a Luisa.
- Ok, se você está tão certo, eu vou voltar para a sala porque a Isa já vai sair do banho. Só me promete que vai contar a surpresa antes dela acontecer? Não aguento com essa expectativa!
- Tchau, Anne.

Voltei para a sala e Julie e Ian estavam sozinhos, vendo TV. Vale dizer que eles ficaram bem mais grudentos depois do casamento e era impossível ficar perto deles dois desacompanhada.

- Algum sinal do meu namorado? – Perguntei.
- Está no seu quarto. – Ian disse. – Ele fugiu de nós dois.
- Ah, Harding... Eu nem imagino o porquê. – Saí correndo da sala antes que Julie conseguisse me acertar com a almofada que pegou para jogar em mim.

Quando cheguei ao meu quarto, me deparei com um Josh largado na minha cama, deitado de barriga para cima, de olhos fechados. Me aproximei devagar e vi que ele estava dormindo. Acho a facilidade que ele tem em dormir incrível, de verdade. Fiz um esforço gigante para subir na cama e ficar por cima dele sem fazer barulho e sustentando o meu peso com os braços e as pernas. Por isso não consegui conter um grito quando ele me derrubou na cama e deitou por cima de mim, segurando minhas mãos acima da minha cabeça.

- Menino, eu achei que você estivesse dormindo! – Falei enquanto ele beijava o meu pescoço.
- Você também achou que eu estava dormindo em metade dos meus filmes.
- Josh... Para com isso, tem gente em casa. – Eu falei lutando para conseguir formular uma frase completa enquanto ele continuava beijando e mordiscando o meu pescoço.
- Sim, tem gente em casa. Um casal em eterna lua de mel e outro casal que está prestes a ter um filho. Isso aqui não é surpresa nenhuma para eles. Vai dizer que você não está morrendo de vontade de me beijar? – Ele falou com a boca a milímetros da minha.
- Estou e é justamente por isso que estou preocupada com as pessoas do lado de fora. Porque você não vai me deixar parar se eu começar... E eu também não vou fazer o mínimo esforço para isso.
- Você fechou a porta do quarto? – Ele perguntou sem tirar os olhos dos meus.
- Fechei.

Ele não falou mais nada e me deu um beijo que eu fiz questão de corresponder. Ele soltou as minhas mãos e eu puxei a camisa dele para cima e joguei num canto qualquer quando ele tirou. Depois, ele ficou de joelhos e começou a abrir os botões da minha blusa me olhando daquele jeito que sempre me fazia corar, por mais íntimos que nós dois estivéssemos.

- AAAH! – Nós ouvimos um grito vindo da sala. Josh parou o que estava fazendo no mesmo momento.
- Essa foi a... – Ele começou.
- Foi a Isabella. – O interrompi e nós dois saímos correndo do quarto do jeito que estávamos para ver o que tinha acontecido.

Não entendi nada quando vi Julie e Ian sorrindo, abraçados no sofá olhando para Isabella e Keegan que também estavam abraçados, só que de pé.

- Alguém pode me dizer o que houve aqui? – Perguntei.
- O quarto do Seth ficou pronto! – Isabella disse se virando para nós dois. – Acabaram de ligar da decoradora.
- E você precisava dar aquele grito todo? A gente quase morreu lá dentro. – Ela ia falar alguma coisa, mas parou antes e olhou para eu e Josh. E corou em seguida.
- Vocês podiam estar fazendo tudo, menos quase morrendo. Estavam bem saudáveis, por sinal.

Olhei para baixo e percebi que tinha esquecido de abotoar a minha camisa antes de sair do quarto. Josh, por sua vez, estava sem camisa e com marcas vermelhas das minhas unhas na pele branca dos braços. Fomos pegos e não tinha nem como fugir.

- Nós não estávamos fazendo nada. – Josh disse.
- Ainda. – Julie falou e eu devo ter ficado mais vermelha que a Isabella.
- Hutcherson, Hutcherson... Não brinca em serviço, hein? – Ian disse e eu escondi o roso no peito de Josh sem conseguir segurar a risada.
- Cala a boca, Harding. – Josh disse rindo junto. – Vamos voltar lá para dentro, Annie.
- Não esqueçam da camisinha que eu não quero que o meu filho perca a atenção! – Keegan gritou antes que eu conseguisse fechar a porta.

- Da próxima vez que eu te avisar que tem gente em casa, você vai me ouvir. – Falei.
- Combinado. – Josh respondeu.
- Ah, não. – Achei a minha mala aberta num canto do quarto. – Eu ainda não fiz as malas e a gente viaja amanhã.
- Você não gosta de fazer malas, né? – Ele perguntou enquanto se sentava na cama.
- Nem um pouco. Daqui a pouco eu vou deixar uma mala pronta eternamente. – Falei pegando algumas coisas no armário e jogando na mala.
- Não precisa de stress, a gente vai dia 17, a festa é dia 18 e a gente volta no dia 19, porque dia 21 as gravações do filme começam.
- E você realmente acha que eu não preciso de stress? – Falei.
- Eu acho que não. E também acho que você nunca mais devia abotoar essa camisa.
- Você não vale nada, menino.
- Não era esse o discurso segundos antes da Isabella gritar porque o quarto do filho dela ficou pronto e eles vão se mudar.
- Você estava por cima de mim, não tinha como o discurso ser diferente daquele. – Falei voltando a minha atenção para as minhas roupas.
- Anne. – Josh chamou.
- Oi. – Disse sem parar de olhar para a mala.
- Anne, olha para mim. – Ele falou e a seriedade na voz dele me chamou a atenção. Olhei para a frente e ele já estava do meu lado.
- O quarto do Seth ficou pronto. Isabella e Keegan vão se mudar. – Demorei uns cinco segundos para entender o motivo dele ter falado aquilo tão perto e com tanta intensidade.
- AHH! – Gritei e pulei no colo dele. – Eu vou me mudar para a sua casa. – Ele sorriu e me deu um beijo.
- Assim que nós voltarmos do Kentucky, vamos agitar essa mudança de vocês, ok?
- O quanto antes, baby. – Falei.
- Você não tem noção de como eu esperei para ouvir isso de você.
- Agora eu estou pronta para isso. Sou sua. Definitivamente.
- Ainda falta um pouquinho para o definitivamente. Mas eu estou cuidando disso.
- Devo ficar com medo disso?
- Você está prestes a se mudar para a minha casa. Acho que já passou da fase de sentir medo, né?
- Faz sentido.

Nós paramos de falar, mas ele continuou me segurando, e ficamos uns segundos apenas sorrindo um para o outro.

- Eu amo você, Anne. – Ele falou sério depois que me colocou no chão. – E eu prometo que vou te fazer a mulher mais feliz desse mundo.
- Você já faz isso.

DIAS DEPOIS

- Você está linda, Annie. – Josh disse quando eu acabei de me arrumar. Para não eprder o costume, eu estava com um vestido preto. – Adoro quando você usa preto. – Ele disse me dando um abraço.
- Eu sei. – Dei um beijo nele. – Pegou o anel da Amy? Se você esquece isso o Connor te mata!
- Está no bolso da minha calça. – Ele disse puxando a caixinha preta do bolso para me mostrar.
- Ela vai pirar.
- Vai mesmo. Bem, vamos descer? Acho que estão esperando nós dois.
- Vamos.

Dito e feito. Quando descemos, todos estavam na sala nos esperando. Antes de conseguirmos ir para o carro, Connor me perguntou pela quinquagésima vez se Josh tinha pegado o anel. Ver isso ia ser engraçado.

Chegamos no salão e tudo estava do jeito que eu e Amy pedimos que ficasse. Mich e Chris descobriram da festa hoje de manhã, mas mesmo assim, ficaram super empolgados quando chegaram ao salão. A decoração era toda em preto e branco e nós conseguimos contratar a tal banda que só ia tocar as músicas de quando Mich e Chris se conheceram.

- E agora eu queria convidar os homenageados da noite para o meio da pista para reviver a emoção da primeira dança, 30 anos depois. – A vocalista da banda chamou e quando Mich e Chris chegaram, eles começaram a tocar a música que eu e Amy dissemos que não podia faltar de forma alguma. Eternal Flame.

Josh estava abraçando a minha cintura pelas minhas costas e nós ficamos nos balançando no ritmo da música por um curto espaço de tempo. Chris e Mich se aproximaram de nós dois e nos tiraram para continuar dançando. Chris era um dançarino excelente e apesar de ter sido inesperado, eu consegui não pisar no pé dele. Josh já estava acostumado com isso.

Depois do primeiro refrão, Chris e Mich foram buscar Amy e Connor para se juntar a nós no salão e eu fiquei dançando com Josh.

- Eles estão estupidamente felizes. – Ele falou.
- Estão mesmo. – Eu ri.
- Obrigado. Sem você e a Amy essa festa nunca teria saído.
- Não foi nada, baby. Eu já disse, seus pais merecem.
- Ah, Anne... Eu não esqueci que hoje é nosso aniversário de namoro. – Ele disse sorrindo. – O seu presente logo, logo, vai chegar.
- O seu está guardado na minha mala, lá no seu quarto. – Falei. – Eu só estava esperando nós voltarmos. – Ele sorriu. – Feliz aniversário de namoro, baby. – Dei um beijo nele. – Eu amo você.

“Do you feel the same?
Am I only dreaming?
Is this burning an eternal flame?”

Depois que nós acabamos de dançar, eu, Amy, Mich e Chris nos sentamos. Era a hora em que Josh e Connor iam fazer discursos... E quando Amy ia ser pedida em casamento.

- Boa noite gente. – Connor disse em cima do palco. Amy não estava entendendo o motivo do nervosismo dele, mas era extremamente fofo saber da surpresa e olhar tudo de fora. – Antes de tudo, eu quero agradecer a presença de vocês todos aqui hoje.
- E agradecer às nossas lindas namoradas que organizaram essa festa inteirinha. – Josh o interrompeu e todos os convidados aplaudiram.
- Continuando com o foco nas nossas namoradas, nós precisamos confessar uma coisa: Nossos pais sabiam dessa festa desde o início. – HÃ?
- Como assim? – Amy disse e nós olhamos para Mich e Chris, que disseram para nós prestarmos atenção nos meninos.
- Sim, a surpresa não era bem para eles... – Josh disse.
- Era uma surpresa minha para você, Amy. – Nesse momento, a violinista começou a tocar Marry Me, da Train. Eu sabia da surpresa do Connor, só não entendi porque Josh não tinha me dito que os pais dele sabiam de tudo. – Eu vou falar de uma vez, porque eu não sou ator – Ele apontou para Josh – e nem jornalista. – Apontou para nós duas – Não sou bom com palavras, mas eu te amo. – Ela suspirou ao meu lado. – E eu tenho vontade de fazer o que vou fazer agora a muito tempo. – Ele pegou uma caixinha azul no bolso da calça. Eu poderia jurar que a caixinha que Josh estava escondendo era preta...
- Ai meu Deus do céu. – Amy agarrou a minha mão quando percebeu o que Connor estava prestes a fazer.
- Amy, você quer casar comigo? – O salão ficou em um silêncio quase sepulcral. Todos aguardavam a resposta de Amy e ela demorou alguns segundos até conseguir largar a minha mão e se levantar para caminhar até ele no palco. Josh a ajudou a subir e quando ela disse um “sim” abafado entre lágrimas todos bateram palmas. Connor colocou o anel dedo dela e eles se abraçaram. Josh tentou assumir o microfone, mas Connor pegou de novo.
– Anne, você pode vir aqui, por favor? – Epa. Isso não estava no script. Me levantei e fui até o palco, parando ao lado de Josh. – Eu não sei se você lembra, mas você foi a primeira a saber que eu queria pedir a Amy em casamento. – Assenti. – E naquele dia, eu disse que você ia ser a madrinha junto com o meu irmão. Eu queria saber se você ainda tem dúvidas...
- Não mais. – Disse olhando para Josh. – É claro que eu aceito ser madrinha de vocês! – Dei um abraço neles dois e Josh nos acompanhou. Senti flashes em cima de nós quatro, mas não liguei. Quando nos separamos, Josh finalmente conseguiu pegar o microfone.
- É a minha vez de falar. – Ele brincou. – Antes de começar, eu quero dar parabéns aos meus pais. Pelos 30 anos de casamento e por sempre estarem presentes quando eu e o meu irmão precisamos. Vocês são os melhores pais do mundo. Nós amamos vocês, e eu acho que digo isso por nós quatro. – Eu, Amy e Connor assentimos. – Agora eu tenho que dizer ao meu irmão e à minha futura cunhada que eu estou muito feliz. – Ele se virou para Amy e Connor. – Eu sabia que vocês dois iam acabar assim, de aliança no dedo. E já que eu fui o cupido, ia ficar muito chateado se não fosse o padrinho. – Nós rimos. – Você quer falar alguma coisa? – Ele perguntou para mim e me entregou o microfone.
- Connor, Amy, faço das palavras do Josh as minhas. Eu estou loucamente feliz por vocês e muito honrada de ser a madrinha. De verdade. Mich e Chris, ah, vocês me acolheram na família de vocês como se fossem meus pais, eu não tenho muita coisa a falar a não ser obrigada. E parabéns. E eu vou parar antes que eu chore... – Todos riram, inclusive eu. Josh pegou o microfone de volta. A música que a violinista estava tocando mudou e eu sabia que era uma música conhecida, mas não consegui identificar, provavelmente por causa do arranjo diferente para violino.
- E essa foi a Anne, senhoras e senhores. A madrinha, jornalista, roteirista, diretora de cinema e... – Ele fez uma pausa e eu não estava entendendo porque aquele discurso de felicidades aos noivos tinha se tornado “qualidades da Anne”. Ele se virou para mim para terminar de falar. – E minha noiva, se disser sim. – Eu fiquei paralisada. Connor pegou o microfone da mão de Josh e ele pegou uma caixinha no bolso da calça. Uma caixinha preta. Quando ele abriu, um anel de platina com três diamantes reluzentes em cima me encarava. Eu não sabia se olhava para ele, para o anel, se chorava ou se respondia. – Você quer se casar comigo, Anne? – Ele formalizou o pedido.

Acho que não tenho muito a comentar depois disso...

24 - I'm crazy bout you, you're my silver lining

2
COM

- Você precisa mesmo que eu diga? Não vai me convidar para entrar? – Ele falou já dando um passo na minha direção dentro do apartamento. Bloqueei sua passagem com o meu corpo e a porta.
- Não. Eu não vou te convidar para entrar, estou sozinha e achei que fosse outra pessoa na porta.
- O fato de você estar sozinha em casa era motivo para você não me deixar esperar nem um segundo a um tempo atrás... – Ignorei.
- Como você sabia que eu estava aqui?
- É meio difícil não ver um outdoor daquele tamanho no meio da Times Square. Eu só tive que comprar a revista e ler a matéria para descobrir que você tinha planos de vir para Nova York. – Ele fez uma pausa. – Depois foi só pesquisar as fotos recentes do seu namorado da internet que eu achei o casal feliz passeando no Central Park, Annie. – Ele tinha mesmo lido a revista.
- Não me chama de Annie.
- Por quê? O Josh te chama assim quando vocês estão na cama ou já estendeu o apelido para ocasiões públicas? – Eu vi um raio de arrependimento passar pelos olhos dele, mas foi bem rápido. – Se bem que depois daquelas fotos, eu acho que você perdeu um pouco a noção entre público e privado. Como você foi capaz de se prestar a um papel daqueles, Anne?
- O jeito como ele me chama ou deixa de chamar não é da sua conta. E “como eu fui capaz de me prestar a um papel daqueles”? Aquelas fotos não foram nada demais.
- Nada demais? Vocês dois só faltaram transar de verdade! – Ele aumentou o tom de voz.
- E daí? O que você tem a ver com isso? Aquilo não é metade perto do que a gente faz quando não tem câmeras por perto. – Provoquei de propósito. – Você não tem o direito de aparecer na minha porta e me falar essas coisas. E por que esperou Josh sair para subir? Não sabia que você era do tipo que tinha medo.
- Você deveria ter medo do que eu tenho para falar agora. – Ele disse com a voz dura. – Se eu fosse você, me deixaria entrar, Annie.
- Já disse para não me chamar assim. – Eu disse, mas mesmo assim dei espaço para ele entrar e fechei a porta depois que ele passou.
- Ah, esqueci que é seu apelidinho sexual. Desculpa. – Eu juro que se não tivesse plena consciência que ele conseguiria me parar usando só uma mão, eu tinha voado no pescoço dele.
- Como você conseguiu subir? – Perguntei com o tom de voz mais duro que consegui usar enquanto ele se sentava no sofá. Continuei em pé e bem distante. Cruzei os braços quando lembrei que estava só de calcinha e sutiã por baixo do roupão.
- Meu nome ainda está na lista das pessoas que tem acesso livre ao apartamento. Não sei se você lembra, mas nós nos aproximamos bastante quando você morou em Nova York. Claro, quando você ainda lembrava de mim. Quando o seu namoradinho estava dormindo com outra. – Eu senti uma pontinha de culpa quando ele disse que eu tinha me esquecido dele. Realmente me afastei sem dar maiores explicações. Mas ele ainda era o errado naquela história. Não era?
- Você sabe que não foi bem assim...
- Ok, ele tomou a atitude nobre de ficar com ela pra salvar o seu emprego. Não fez mais que a obrigação dele, uma vez que foi ele mesmo quem ameaçou o seu emprego primeiro. – Eu não queria ter aquela discussão. Aquele assunto já tinha passado.
- Bem, já que você não vai responder o que veio fazer aqui, eu começo com as perguntas. Por que você me mandou todas aquelas coisas pela sua mãe? Como você teve coragem de se garantir na confiança que eu tenho nela para me dar aquilo tudo?
- Gostou da surpresa? Fiz uma limpeza numas coisas antigas na última vez que fui em casa e guardei aquilo tudo para você. Seu namoradinho viu as nossas fotos de casal fofo? Nós fomos felizes, Anne...
- Ele viu tudo. Inclusive a aliança que eu lembro de ter jogado na sua cara quando a gente terminou.
- Pois é, eu tive um certo trabalho para achar a sua aliança depois daquilo... Você sempre teve mania de jogar coisas nos outros enquanto brigava, eu devia ter previsto que a sua aliança ia voar naquele dia.
- Se a sua intenção era fazer o Josh descobrir do nosso noivado da pior forma possível, parabéns, ele descobriu. Nós brigamos sério. Mas fizemos as pazes. E sabe por quê? Porque a gente não consegue ficar longe um do outro. E se você veio com a intenção de fazer nós dois brigarmos outra vez, eu acho que devia ir embora.
- E como ele reagiu quando descobriu que nós passamos uma noite juntos quando você estava solteira em Nova York?
- O quê?
- Eu disse para ele que nós passamos uma noite juntos pelo telefone quando vocês estavam no Brasil. Ele não te contou? – Ele perguntou com tom de ironia. Então foi por isso que nós dois brigamos daquele jeito... Mas eu realmente esqueceria de ter dormido com ele?
- E como eu não me lembro disso? Por que você não me disse antes? Para de mentir, Eric!
- Eu queria que você se lembrasse! – Ele ficou de pé e aumentou o tom de voz. – Porra, Anne, como eu queria! No dia seguinte, eu estava a caminho do seu hotel com um arranjo de orquídeas quando você me ligou perguntando o que tinha acontecido na noite anterior porque você não se lembrava. Eu achei que nós tínhamos voltado aos bons tempos. Eu só estava prestando o papel de babaca apaixonado por você como sempre fui e você estava tão bêbada que não se lembrava de nada!
- Por que você não me disse antes? – Repeti a pergunta.
- Porque eu nunca me senti menos homem do que quando você me perguntou se tinha corrido tudo bem na noite anterior porque você estava com ressaca por causa da quantidade de coisa que tinha bebido “para esquecer os problemas”. Seus problemas tinham nome, Anne. E eu sabia quais eram. Você bebeu para esquecer dele e dormiu comigo! – Ele gritou e eu estava prestes a responder quando ouvi a porta bater atrás de mim. Merda.

POV JOSH

- Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui ou eu vou ter que ouvir mais um pouco e entender sozinho? – Falei assim que entrei. Anne ainda estava de costas para mim, provavelmente praguejando por eu ter ouvido Eric dizer que eles tinham dormido juntos.
- Pronto, chegou quem faltava. Acho que agora a gente pode colocar tudo em pratos limpos. – Eric disse.
- Cala a boca, Eric! – Anne gritou antes que eu pudesse fazer o mesmo. Deixei as coisas que trouxe da rua no aparador perto da porta e fui para perto deles enquanto ela se virava e vinha na minha direção. – Josh, fica calmo. – Ela falou quando parou na minha frente. – Eu estou tão surpresa quanto você...
- Eu estou calmo. Ainda. Por que você ainda está de roupão? – Puxei um lado do meu roupão que ela estava usando.
- Ele chegou e eu não tive tempo de me trocar.
- E por favor, não é como se eu não tivesse visto tudo o que esse roupão esconde milhares de vezes. – Eric disse e eu estava preparado para dar um soco nele. Cheguei bem perto, mas parei porque Anne ficou no meio de nós dois. Eu fiquei com tanta raiva que não percebi que ela tinha tentado me impedir de voar na cara dele.
- Anne, vai se vestir. – Falei olhando para ela.
- Não vou deixar vocês dois sozinhos. – Ela realmente achou que se nós dois realmente quiséssemos brigar ela seria capaz de separar? Eu e Eric éramos quase o triplo do tamanho dela. 
- Não vai acontecer nada. – Mudei o tom de voz, de repente assim ela me entenderia. – Eu juro. Eu e o Eric temos que conversar. – Ela assentiu relutante e subiu as escadas correndo. Mas não sem antes me lançar aquele olhar preocupado que sempre me deixava com o coração na mão. Mas não daquela vez.
- Eu não tenho nada para falar com você. Meu assunto é com ela. – Eric disse.
- Não tem problema, eu tenho o que falar e você vai ter que me ouvir. – Ele continuou imóvel.
- Fala.
- Foi isso que você me contou ao telefone quando nós estávamos no Brasil?
- O que? Que eu e a Anne dormimos juntos? Foi. Foi isso que eu te contei. Você não se lembra?
- Eu e ela não lembramos nada daquela noite.
- Ah, deixa eu adivinhar: Estavam bêbados? – Assenti. – Ela não bebia assim quando namorava comigo.
- Você está querendo insinuar que eu não sou um bom namorado só porque agora ela bebe feito uma adulta? – Eu ainda estava com uma vontade gigante de dar na cara dele.
- Ela começou a beber assim quando você terminou com ela aqui em Nova York.
- E você logo se aproveitou para levá-la para a cama de novo, né?
- Ela não fez nada obrigada, meu amigo. Ela queria estar onde estava. E eu também queria fazer o que estava fazendo. Estávamos bêbados, mas pelo menos eu lembro.
- É claro que você lembra. Você deve ter sonhado com isso todos os dias desde que vocês terminaram.
- Vai dizer que você não pensou nela todos os dias enquanto vocês estavam separados? – Ele respondeu com outra pergunta.
- A cada segundo.
- Então você me entende. A Anne foi mais que um casinho para mim e eu sei que não fui que nem o babaca do namorado do ensino médio para ela. – Sorri com a lembrança do que tinha feito no rosto do tal do Renan na festa no Brasil. – Eu fui o primeiro cara dela, e se você conhece a Anne pelo menos a metade do que aparentou naquela entrevista ridícula, sabe que isso não é pouco para ela. – Para quem não tinha a falar comigo, ele estava até bem empolgado.
- Terminar com a Anne foi a maior babaquice que eu fiz na minha vida. Nós estávamos noivos, prestes a dividir uma vida... E eu me deixei levar por uma proposta de emprego. Eu nunca ia receber outra proposta daquelas, mas eu também nunca vou conhecer outra Anne.
- Você devia ter pensado nisso antes de aceitar a proposta sem falar com ela antes.
- Ela te contou como nós terminamos?
- Contou. E também me contou que só te superou quando me conheceu. – Não sabia se era realmente necessário falar aquilo para ele, mas naquele momento, ele era meu rival. E eu me senti bem em contar vantagem.
- Bom para ela, porque eu ainda não superei. – Ele fez uma pausa – Você vai me entender. Anne é o tipo de pessoa que você gosta mesmo quando é indiferente. Quando você se apaixona por ela, é difícil de esquecer.
- Definitivamente. – Tive que concordar com ele.
- Eu não contei para ela da nossa noite antes porque eu tinha esperanças de que ela voltasse a sentir o que sentia por mim sem que eu precisasse apelar a isso. E eu cheguei bem perto, sabia? Mas ela não te esquecia por nada. Mesmo assim, eu consegui fazer com que ela considerasse o assunto e eu tinha passagem comprada para Los Angeles para um dia depois da premiere do seu filme, foi o prazo que ela me pediu.
- E nós assumimos o namoro em público naquele dia...
- E eu provavelmente me senti pior do que quando ela esqueceu que dormiu comigo. Ela me deu esperanças, mesmo sem querer. Eu me senti com 19 anos de novo, quando me apaixonei por ela pela primeira vez, na faculdade. E isso nunca acabou.

Eu entendia o lado dele, mesmo que ainda quisesse socá-lo. Anne não foi uma mulher de muitos namorados, mas soube conquistar bem os que teve. Tão bem que todos eles me causaram algum tipo de problema, mesmo anos depois do término. Ela tinha alguma coisa que te prendia a ela. Pelo que eu percebi com os ex-namorados dela que cruzaram meu caminho, não importava a quantidade de mulheres que você tivesse depois dela, ela sempre ia ser diferente. Ela tinha um tipo de magia e eu era mais um que foi inevitavelmente enfeitiçado. Só que eu queria ser o último. E eu ia ser.

- Eu ainda não entendi o que você veio fazer aqui. – Falei.
- Nem eu sei o que eu vim fazer aqui. Eu não quero brigar e nem quero que vocês briguem por causa do que aconteceu entre nós dois, por mais que pareça o contrário. – Ele parecia sincero e o ator ali era eu. – Aconteceu uma coisa naquela noite que eu nunca tive coragem de admitir até agora. Ela me chamou de Josh. Ela estava comigo, mas o tempo todo, ela queria estar com você. – Fiquei sem ação. Vi Eric brigar com os olhos lacrimejando. – Acho que eu tinha esperanças de que quando ela me visse de novo, lembrasse que me ama e dissesse que nós dois íamos ficar juntos para sempre. – Ele disse olhando para alguma coisa atrás de mim. – Vocês não podem me culpar por ter esperanças de ter a mulher que eu amo de volta.

Só percebi que ele estava falando para alguém além de mim quando vi Anne passar por mime dar um abraço nele chorando. Eles nunca tiveram a chance de terminar o relacionamento definitivamente. Eric sempre foi um parêntese aberto na vida dela, do mesmo jeito que ela é na vida dele. Anne precisava daquilo para conseguir seguir em frente, plena. E comigo. Por isso resolvi não atrapalhar os dois.

- Eu nunca quis te dar esperanças de novo. – Ela disse. – Você foi uma das pessoas mais importantes da minha vida. Ninguém nunca vai tirar o seu lugar de meu primeiro cara. Mas eu me magoei muito quando nós terminamos. Eu senti muito a sua falta. Por um tempo, eu achava que você ia bater na minha porta em LA me pedindo desculpas e eu ia aceitar. Nós íamos dar um jeito de ficar juntos, por mais que morássemos em países diferentes. Mas você não fez isso. E a cada dia, as minhas esperanças de te ter de volta foram diminuindo. – Eric estava chorando. Essa era mais uma das habilidades da Anne. Ela fazia um homem de quase dois metros chorar como se fosse um bebê só falando.
- Eu deixei o Ben se aproximar para tentar te esquecer de vez, mas não deu certo. Eu continuei sentindo a sua falta... Até conhecer o Josh. Eu não quero te perder, mas eu não consigo mais imaginar a minha vida sem ele. Você ainda é o meu melhor amigo, como foi nos primeiros anos da faculdade e como foi quando eu estava separada dele. E por mais que não seja a mesma coisa, só eu sei como sinto falta do contato que nós tínhamos.
- Eu nunca tive oportunidade de te pedir desculpas pelo que eu fiz.
- Já passou, Eric...
- Eu sei, mas mesmo assim, eu quero que você me perdoe. Mesmo que eu mesmo nunca faça isso.
- Eu te perdoo. Você precisa encontrar alguém que nem eu fiz. Você merece ser feliz como você mesmo disse que nós fomos. – Continuei ouvindo tudo calado até aquele momento.
- Vocês dois não precisam perder o contato. – Falei e não acreditei que estava falando para a minha namorada manter contato com o ex por livre e espontânea vontade. Ela olhou para mim sem entender muita coisa. – Vocês funcionam bem como amigos. Nós somos adultos, podemos lidar com essa situação.
- Você realmente vai ficar bem com isso? – Ela perguntou se aproximando de mim.
- Se você for se sentir melhor, eu supero. – Falei e ela sorriu para mim antes de se virar para Eric.
- Eu ainda não consigo. – Ele falou. - E acho que isso não vai dar certo até eu ter superado você completamente. Mas pode funcionar daqui a um tempo.
- Você tem o meu número de telefone. – Ela falou. – E ele não vai mudar. – Ele sorriu e olhou para nós dois juntos.
- Por mais difícil que seja para mim, eu tenho que admitir que vocês ficam bem juntos. – Ela falou esboçando um sorriso. No fim das contas, Eric era um cara legal. Por isso teve tanta importância na vida da Anne.
- Obrigado. – Falei e ele assentiu. O silêncio que se seguiu foi meio constrangedor. Até que Eric o quebrou.
- Eu acho que vou embora... – Ele disse passando por nós dois e indo em direção à porta. – Não precisa abrir. – Ele disse quando Anne fez o movimento para abrir a porta para ele. – Um dia eu te ligo, Anne. – Ela deu um abraço nele.
- Eu vou esperar.
- Josh... Cuida bem dela. – Ele estendeu a mão e eu apertei a mão dele.
- É meu objetivo de vida. – Ele deu um sorriso amarelo e saiu pela porta.

Anne me abraçou pela cintura e escondeu o rosto no meu peito. Às vezes ela parecia tão frágil...

- O que acabou de acontecer aqui? – Ela perguntou.
- Você acabou de se libertar do passado, baby. – Ela levantou a cabeça para olhar para mim.
- Obrigada.
- Você precisava disso. – Ela assentiu. – E agora, você nunca foi tão minha.
- Nunca mesmo. – Ela ficou na ponta dos pés e me deu um beijo. – Eu sou louca por você, Josh.
- Eu acabei de dizer para você manter seu ex-namorado por perto... Se isso não for loucura misturada com amor, eu não sei o que é. – Ela deu aquele sorriso largo que mostra a covinha que ela tem na bochecha direita e sempre me deixa sem fôlego. E me abraçou pelo pescoço, ainda na ponta dos pés.
- Ele foi o primeiro... Mas você vai ser o último, né?
- Eu só não vou ser o último, se morrer antes.
- Nem brinca com isso, Joshua! – Ela me deu um tapa leve no braço. – Eu não sei o que faço se alguma coisa acontecer a você.
- Eu me proíbo de fazer você sofrer tanto.
- Acho bom. – Ela me deu um beijo mais demorado e eu adorava quando era ela quem tomava a atitude.
- Essa história toda me deixou com mais fome do que eu já estava. – Falei.
- Nossa pizza deve estar gelada...
- De repente não... Eles me fizeram comprar uma capa térmica para a caixa da pizza quando eu falei que ia trazer.
- A pessoa que teve essa ideia é um gênio. – Ela me deu um beijo na bochecha. – Vou pegar o refrigerante na cozinha. Coloca a pizza na mesinha de centro. – Ela disse enquanto corria na direção da cozinha.

Fiquei uns segundos olhando na direção que ela tinha tomado. Deus, seria possível que essa empolgação de primeira semana de namoro nunca fosse acabar?

Acordei no dia seguinte com beijos dela. Continuei de olhos fechados mesmo depois de acordar para ela não parar.

- Bom dia, meu Josh. – Ela disse deitada no meu peito quando eu abri os olhos. – Feliz dia dos namorados.
- Feliz dia dos namorados, amor. – Ela me deu um beijo.
- Dia dos namorados em Nova York. Isso vai ser perfeito. – Era impossível não se contagiar com a empolgação da Anne com essa cidade.
- Perfeito? Você vai ver o que é perfeito quando for ao Central Park hoje. O Riverside Park também fica bem movimentado. Se estiver nevando, fica melhor ainda.
- Neve... Adoro neve. – Ela riu.
- Será que adora mais que isso aqui? – Estiquei a mão para baixo da cama, puxei o presente dela e coloquei entre nós dois. Ela se sentou na cama.
- Josh... O que é?
- Abre, oras. – Ela pegou a caixa que estava no meu peito e rasgou o papel de presente. Me sentei para conseguir ver a reação dela direito.
- Não acredito. – Ela abriu aquele sorriso que quase me fazia enfartar outra vez. – A edição especial de 25 anos do box de Friends! Josh, isso ainda nem começou a ser vendido! Como você conseguiu?
- Contatos hollywoodianos. Mas não acabou. Dá uma olhada nas capas dos DVDs. – Ela tirou os DVDs da caixa e ficou olhando fixamente para as capinhas. Provavelmente tentando descobrir se o que estava vendo era verdade.
- Esses são...
- Os autógrafos do elenco principal da série? Sim, são. Já te disse que a Jennifer Aniston me ama? – Brinquei e ela voltou a me abraçar.
- Obrigada! Eu amei, de verdade. Estou até com receio de entregar o seu presente agora...
- Eu tenho um presente?
- Você achou mesmo que não ia ganhar nada de dia dos namorados? – Ela perguntou com a sobrancelha levantada. Não respondi e ela se levantou e pegou um envelope, um embrulho pequeno e uma bolsa da Victoria’s Secret que despertou a minha atenção imediata.
- Tudo isso é para mim?
- Tecnicamente sim. Olha esse primeiro. – Ela me estendeu o embrulho. Abri e encontrei um cd personalizado. – Tem todas as músicas que já tiveram algum significado para nós dois e mais umas outras... Tive que gravar em mp3 para caberem todas. – Ela riu. – Dá uma olhada na lista de nomes. – Ela realmente tinha lembrado de todas as músicas. My Life Would Suck Without You era a primeira. Depois vinham All I Ever Wanted, Not Over You, How Deep Is Your Love, Songbird, Flaws and All, In My Veins, Never Gonne Leave This Bed, Slow Dancing in a Burning Room, Edge of Desire e mais algumas.
- Como você conseguiu lembrar de tudo isso e ainda escolher mais músicas?
- Eu posso ter tido ajuda de umas anotações... – Ela riu. – Mas dá uma olhada nas duas últimas músicas da lista.
- Forever and Always. – Sorri por ela ter lembrado da música que eu tinha escolhido para o meu pedido de casamento que nunca chegava. Eu já estava quase agoniado. – Você lembrou.
- Achou mesmo que eu ia esquecer? Olha a outra.
- Silver Lining, da Jessie J. Não lembro de nada que relacione nós dois a essa música...
- É por que a noite ainda não chegou... – Ela me deu um beijo na bochecha. – Agora olha esse. – Ela me estendeu a bolsa da Victoria’s Secret e eu soube, no segundo em que ela corou que ia gostar do que encontraria ali dentro. Era uma lingerie preta, até bem grandinha, mas de renda.
- Acho que isso não vai cair muito bem em mim... – Brinquei.
- De repente porque não é para você, né? – Ela puxou a lingerie da minha mão e colocou na bolsa outra vez. – Eu acho que esse é o presente que você vai gostar mais... – Ela disse enquanto estendia o envelope para mim.
- Acho meio difícil...
- Abre, Josh. – Abri o envelope e puxei a folha de papel que tinha dentro. Tinha alguma coisa mais pesada junto, mas eu deixei para ver depois. Demorei um pouco para entender o que estava escrito naquela folha.
- O que é isso? E por que tem a assinatura do Keegan?
- É uma escritura de imóvel. E tem a assinatura do Keegan porque foi ele quem comprou... – Ela devia estar brincando.
- Ele comprou a casa? – Ela assentiu.
- Vê o que tem mais aí dentro. – Virei o envelope e encontrei uma chave. A chave que eu tinha dado a ela no Stamford Bridge, agora com um chaveiro que era um “A”.

Ela estava olhando para mim cheia de expectativa e eu estava olhando da escritura para a chave e depois para ela para ter certeza que era verdade.

- Você vai se mudar para a minha casa? – Perguntei. Precisava daquela confirmação;
- Vou. – Ela disse sorrindo. Eu quase não pensei no que fiz em seguida. A abracei, mas fui com tanta vontade na direção dela que nós acabamos caindo deitados na cama. Dei um beijo nela e depois uns 50 outros.
- Tem certeza? – Perguntei.
- Absoluta. A casa que eles compraram ainda está em reforma e eles estão esperando a ultra para mandar fazer o quarto do bebê. Vai demorar uns dois meses para ficar pronta e eles poderem se mudar, mas nós já combinamos que vamos fazer as mudanças juntos. A Isabella vai para a casa deles e eu vou para a sua.
- Definitivamente, esse foi o presente que eu mais gostei. – Falei. – Cara, eu te amo muito. – Ela sorriu e me beijou. E nosso dia dos namorados já começou animado.
POV ANNE

- É aquela clínica ali? – Josh perguntou.
- Sim. Acho que eles já estão aí dentro esperando a gente... – Falei. Isabella provavelmente já estava querendo matar nós dois por causa da demora, mas pelo menos não estávamos atrasados.
- Vamos logo, daqui a pouco a Isabella vai parir antes da hora porque nós dois não chegamos. – Nós descemos do carro e quando estávamos atravessando a rua, Julie apareceu na porta da clínica.
- Graças a Deus! Ela está histérica lá dentro. – Ela disse quando nos aproximamos.
- O voo atrasou, nós viemos o mais rápido que conseguimos. – Falei enquanto dava um abraço nela.
- Fora isso, fizeram boa viagem?
- Sim, foi tudo tranquilo. – Josh disse.

Entramos na clínica e passamos direto da recepção com a Julie. Isabella, Keegan e Ian estavam no corredor do oitavo andar, esperando por nós três.

- O voo atrasou, desculpa, desculpa! – Cheguei pedindo desculpas para ver se Isabella teria menos vontade de me matar.
- Vocês fizeram boa viagem, pelo menos? – Ela perguntou visivelmente mais calma do que eu achei que iria encontrá-la enquanto eu a abraçava.
- Sim. Meu Deus, Isabella, a sua barriga cresceu em uma semana! – Ela sorriu e eu coloquei a mão na barriga dela. Senti uma pontadinha bem na palma da minha mão na mesma hora.
- Você sentiu isso? – Ela perguntou.
- O bebê chutou a minha mão! – Falei toda serelepe. - Ganhei meu dia. – Me abaixei e para ficar na altura da barriga dela e só tirei as mãos de lá quando fui colocar os cabelos para trás. E na mesma hora lembrei que não devia ter feito isso.
- Anne Christine, o que é isso no seu pescoço? – Agora eu tinha uma mãe por perto. E elas sempre viam essas coisas.
- Culpa minha, Isa. – Josh disse e todos nós rimos.
- Ok, daqui a pouco é você aqui no meu lugar de grávida querendo saber o sexo do bebê.
- Vai devagar, Isa. – Falei. – Tudo tem a sua hora e todos nós estamos na fase de mimar o seu pimpolho. – Eu ri.
- Isabella Conte. – A enfermeira chamou.
- Eu vou entrar para a consulta e quando acabar de ser examinada e a ultra for começar, mando chamar vocês. – Ela disse. – Vamos baby? – Keegan deu o braço para ela e eles foram juntos.
- O Keegan está tão quieto... – Julie disse.
- Eu também estaria se estivesse prestes a descobrir que o meu filho é um menino. – Ian disse.
- Quem te garante isso, hein? – Josh falou. – Vai ser uma menina, minha afilhada.
- Eu estou sentindo que é um menino, Hutcherson. E eu nunca erro.
- Veremos, Harding.

Ficamos mais ou menos meia hora do lado de fora até Keegan aparecer na porta do consultório nos chamando para dentro. Parece que Isabella tinha feito um pequeno drama para convencer a médica a nos deixar assistir a ultra quando veio na última consulta do pré natal e esse foi mais um dos motivos que a fez trocar o dia para hoje, assim eu e Josh poderíamos estar aqui.

Chegamos na sala e ficamos em silêncio. Isabella estava deitada e a barriga dela parecia ainda maior agora. Keegan estava de um lado dela com a mão em seu ombro e a doutora estava no lado contrário. Eu, Josh, Ian e Julie ficamos mais distantes, espremidos num cantinho onde pudéssemos ver a tela do equipamento de ultra.

Primeiro a médica checou as medidas do bebê e eu realmente não sei como ela conseguia identificar as partes do corpo naquela tela. Para mim era tudo um borrão cinza com preto.

- Vocês querem saber o sexo? – Ela estava de brincadeira? Eu voei de Nova York até aqui histérica e ela ainda pergunta?
- Sim! – Isabella e Keegan responderam juntos.
- Seu bebê não está com muita vontade de mostrar. Estão vendo isso aqui? Ele está com as pernas juntas...
- Bebê da mamãe, coopera, por favor. Eu preciso saber o que você é para mandar fazer o seu quarto! – Isabella disse. Keegan se aproximou da barriga dela.
- Mini keegisa, ouve o papai. Eu preciso saber se vou comprar uma bola de baseball ou uma sapatilha de ballet para você... – Enquanto eles falavam, a médica ia mexendo na barriga da Isabella.
- Papai, acho que ele te ouviu... E se eu fosse você, já comprava uma bola de baseball quando saísse daqui, prometer coisas a crianças e não cumprir é pecado. Vocês vão ser pais de um menino.

Isabella começou a chorar e quando eu olhei para Keegan, ele também estava chorando. Eu, Julie, Ian e Josh não fizemos nenhum movimento. Eu só percebi que estava chorando junto com os pais babões quando uma lágrima escorreu pelos meus lábios e eu senti o gosto, porque também estava sorrindo.

- Já sabem o nome? – A doutora perguntou.
- Seth. Vai ser Seth. – Isabella disse.
- Seth Phillip Conte Allen. – Keegan disse e eu senti o meu ombro molhado quando uma lágrima de Josh escorreu pelo rosto dele e caiu em mim. Olhei para ele e nós sorrimos.
- E qual dos casais chorões ali vão ser os padrinhos? – Quando a médica perguntou isso, eu percebi que Julie e Ian também estavam chorando. Nós seis parecíamos manteigas derretidas.
- Nós dois. – Julie disse apontando para ela e Ian. – Mas não há dúvidas de que o Seth vai ser mimado por todos nós.
- Definitivamente. – Completei e Isabella olhou para mim sorrindo.
- Eu disse que nunca errava, Hutcherson. 

E agora, amam ou odeiam o Eric?
E o Seth? Gostaram do  sexo do mini keegisa?
Mandem as opiniões de vocês, hehe
Beijos ;)

23 - New Beginnings

5
COM

- Diz para mim que nós dois estamos um dia adiantados e podemos voltar para casa e dormir o dia inteiro.- Falei quando eu e Josh chegamos no LAX.

- Eu queria que isso fosse verdade, mas não, hoje é dia 11 de fevereiro. Ontem foi a festa de lançamento da revista que vai sair com nós dois na capa e nós temos um voo de seis horas com destino à Nova York pela frente. – Josh disse.
- De quem foi a ideia de viajar um dia depois da festa mesmo?
- Não me bate, mas foi sua. – Ele disse.
- Eu mesma estou com vontade de me bater. Mas se nós fôssemos amanhã íamos nos atrasar para a primeira reunião do filme. E eu não acredito que vou perder a ultra sonografia que vai dizer o sexo do bebê da Isa... – Falei colocando a mão no rosto. Ele segurou as minhas mãos.
- E você tem dúvidas de que no dia em que ela for, ela vai dar um jeito de te ligar e te dizer em primeira mão que está grávida de uma menina?
- E como você sabe que vai ser uma menina? – Perguntei.
- Pressentimento.
- Pressentimento? Está mais para torcida para ganhar uma afilhada. – Ele assentiu. – Saiba que se for menina, você vai ser padrinho porque eu vou ser a madrinha, vai ter que competir comigo.
- Acho isso de vocês terem combinado que você vai ser a madrinha se for menina e a Julie se for menino super desnecessário. Essa criança vai ser mimada por todos nós, os padrinhos não vão importar.
- Definitivamente, esse bebê vai ser o centro das atenções... E eu não vou estar aqui amanhã para saber se é menino ou menina. – Aquilo realmente estava me matando.
- A gente vai saber desse sexo junto com todo mundo, nem que o Keegan nos mostre pelo skype, você vai ver.
- E a gente vai comprar presentes nova iorquinos para ele, né? – Perguntei.
- É claro! Eu quero dar o macacãozinho “I Love NY”.
- Estou ficando assustada. Você está quase mais empolgado que eu.
- Você sabe que eu gosto de criança... Enquanto nós não temos os nossos, tenho que babar nos dos outros. – Eu ri.
- Às vezes eu fico com vontade de parar de tomar pílula de propósito... – Confessei.
- Por que você nunca me disse isso antes? – Ele perguntou com olhar de criança na noite de natal.
- Porque se eu engravido agora, as nossas vidas iam dar um giro de 360º. Íamos passar do ‘de cabeça para baixo”.
- O seu pai ia pirar muito, né? – Então ele já conhecia o sogro...
- E como ia. Eu tenho quase trinta anos e moro sozinha em outro país, mas o meu pai continua sendo a pessoa mais careta do mundo, que só ia curtir a ideia de me ver grávida antes de casar quando o neto nascesse. Sem dizer que nós estamos prestes a criar outro filho.
- O Travis?
- Também. Mas eu estava me referindo ao filme.
- Ah, sim, ao nosso filho sem nome...
- New Beginnings.
- Hã?
- Eu pensei em New Beginnings para o nome do filme.  – Falei.
- É incrível, Ann! Eu adorei. Combina muito com o Thomas... E com a Summer.
- Você acha que os representantes da Lionsgate já vão ter alguma ideia de elenco para mostrar para a gente?
- Eles já devem ter sim, mas só vão nos mostrar depois que escolherem o diretor. Falaram que iam conversar com nós dois sobre isso amanhã.
- Eu acho que estou meio nervosa.
- Normal, baby. – Nesse momento, anunciaram o nosso voo e nós embarcamos.

Josh me acostumou mal quando escolheu a primeira classe quando nós dois fomos para Londres no meu aniversário. Agora eu não quero saber de outra vida.

- Temos seis horas para dormir. – Ele disse quando nos acomodamos naquelas poltronas perfeitas.
- Coloca alguma coisa para a gente assistir...
- E o primeiro filme disponível é... Não, esse não. – Ele tentou trocar quando viu qual era o filme, mas eu fui mais rápida e tirei o controle da mão dele.
- Por que não? – Era Little Manhattan.
- Anne, eu era um pirralho.
- Mas era tão fofinho! E esse é um dos meus filmes preferidos entre os seus. Sem dizer que nós estamos indo para o lugar onde ele foi filmado...
- Em algum momento eu tive chances de lutar contra você? – Ele perguntou.
- Não.
- Então, tudo bem. Nós vamos apagar antes da metade mesmo... - Dei play no filme.
- Não me deixa esquecer de zoar o Connor por causa dessa cena dos piolhos, ok? Me acabo com vocês dois pequenininhos...
- Pode deixar. – Ele disse e aturou pacientemente todos os meus ataques à bochecha dele a cada cena do filme que nós vimos antes de pegarmos no sono. Não foram muitas, a última coisa que lembro de ter visto foi Gabe batendo com o rosto no vidro da porta da casa da Rosemary, com catorze minutos de filme.

- Annie, acorda... Nós vamos pousar. – Josh me chamou.
- Eu dormi o voo inteiro? – Perguntei sonolenta.
- Sim. Eu acordei há uns dez minutos.
- Por que não me acordou antes?
- Porque eu gosto de te ver dormindo. – Sorri. Ele me deu um beijo e nós apertamos os cintos. O avião pousou e nós descemos. Encontramos Connor na esteira quando fomos buscar as nossas malas. Eu nem lembrava que ele ia nos buscar...

- Cunhada! – Ele disse quando me viu e me deu um abraço daqueles de urso.
- Desse jeito você vai me quebrar na metade, cunhado...
- Desculpa, eu esqueço que você é pequena. – Todo mundo esquece...
- Deixa ela inteira para mim, por favor. – Josh disse.
- Josh, nossa, nem tinha te visto! – Connor brincou. Eles dois pareciam duas crianças quando estavam juntos.

- E aí, Connor, já passou da fase de pegar piolho quando uma menina encosta em você, né? Já quer até casar... – Falei quando nós estávamos no carro.
- Ela insistiu para assistir Little Manhattan no avião e não dormiu antes da sua cena no início... – Josh disse.
- Águas passadas, Ann... Agora eu vou casar e você vai me ajudar com o anel. – Ele disse. – Quando vocês podem sair comigo para fazer isso?
- Nós temos as tardes e noites livres. – Eu disse.
- Eu acho melhor vocês irem sem mim... – Josh falou. – Sozinhos vocês vão chamar menos atenção.
- Certo. Eu não preciso de um paparazzi estragando a minha surpresa. – Connor disse.
- Podemos ir amanhã à tarde, Connor... Amy vai estar trabalhando? – Perguntei.
- Sim... Josh, você podia buscá-la no jornal... – Connor disse. – Aí inventava uma desculpa para rodar com ela pela cidade e dizia que a Anne estava lá em casa fazendo um jantar para nós quatro. E eu estava ajudando.
- O plano é perfeito... Mas como vocês vão ter tempo de fazer a comida? – Josh perguntou.
- A gente diz que queimou e leva a comida pronta. – Falei.
- Combinado. Chegamos. – Eu nem tinha percebido que nós já estávamos perto do apartamento do Ian.
- Me liga amanhã pra gente combinar a hora certa, Connor. – Falei.
- Pode deixar, Ann.

Ian já tinha ligado avisando que eu e Josh íamos passar a semana no apartamento e o Sr. Davis ainda lembrava de nós dois, então nós subimos sem muitos problemas.

- Finalmente, chegamos. – Josh disse quando nós entramos no apartamento.
- Eu não via a hora de ficar descalça, meus pés estão latejando. – Odeio viagens longas de avião por isso, sempre saio com uma dor nova.
- Da última vez que nós dois estivemos aqui juntos...
- Você não precisa lembrar, eu sei. – O interrompi. – Mas e o pedaço de voltar para Nova York comigo para fazer novas lembranças? Esqueceu? – Eu disse enquanto o abraçava.
- Nem por um minuto. – Ele me deu um beijo.
- A gente vai ficar no mesmo quarto de antes?
- Eu não me sentiria bem no quarto do Ian... E o outro daqui de baixo já deve ter o cheiro do Keegan. – Eu ri.
- Eu pensei na mesma coisa. – Falei. – Vamos subir.

Não demoramos a nos instalar no quarto que já era familiar para nós dois. Tínhamos levado pouca coisa dessa vez, já que a viagem era de dias e não de meses.

- O que a gente faz agora? – Ele perguntou se jogando de costas na cama quando nós acabamos com as malas.
- Estou com fome. – Me joguei por cima dele.
- Vamos naquela pizzaria que tem aqui perto? Depois a gente dá uma caminhada no Central Park, por que eu sei que você quer matar as saudades de lá e voltamos.
- Perfeito. Agora eu não sei se estou mais ansiosa para a pizza ou para o Central Park.
- Se você não falar que também está ansiosa para quando nós voltarmos para o quarto eu vou ficar ofendido. – Eu ri.
- Eu não falei porque isso está em outro nível de ansiedade. – Me aproximei do ouvido dele – Bem mais alto.
- Se saiu bem...
- Palavras são o meu forte, chuchu recheado com queijo. – Ele riu e me abraçou.
- Você só vai sair daqui quando admitir que o chuchu recheado com queijo é mais gostoso que pizza. – Dei um beijo nele.
- Não há nem comparação. – Ele me puxou e me deu um beijo demorado.
- Vamos logo, antes que a gente não saia daqui.

Fomos caminhando e olhando a cidade. Eu não sabia que tinha sentido tanta falta de Nova York. Chegamos à pizzaria e depois que nos sentamos, eu olhei em volta e senti o chão em volta dos meus pés se abrindo. Josh percebeu.

- O que foi, Anne? – Eu não respondi, então ele olhou na direção dos meus olhos. – Não é ele, baby.
- Mas se parece muito. – Falei voltando a minha atenção para a mesa e ignorando o sósia do Eric na mesa ao lado.
- Se você ficar assim toda vez que vir alguém parecido com o Eric não vai mais querer sair do apartamento. Fica calma, ok? – Ele falou e eu melhorei a minha expressão porque sabia que ele não gostava de falar disso.
- Eu estou morrendo de nervoso da reunião de amanhã. Não vai dar para ficar calma. – Eu ri.
- A reunião vai ser tranquila, quer apostar?
- Apostar o que?
- Se eu ganhar... – O celular dele tocou e ele não terminou de falar. Pelo tom que ele usou, era alguma coisa séria.
- O que foi? – Perguntei quando ele desligou.
- Nossas reuniões foram resumidas a uma reunião só. – Ele disse.
- E isso é bom?
- É, porque assim nós vamos resolver tudo no mesmo dia. – Ele continuava sério.
- Se é bom, por que essa cara?
- Porque ela foi adiada para o dia 13. Isso quer dizer que nós poderíamos ter viajado amanhã à tarde...
- Depois da ultra da Isabella. – Terminei a frase dele. – Voltar agora seria loucura, né?
- Não tem mais voo com lugares disponíveis. Eu chequei mais cedo para o caso de você ter um ataque e querer voltar para ficar ao lado dela. – Sorri pela demonstração de atenção dele comigo.
- Eu vou ter que superar o fato de que vou descobrir o sexo do bebê pelo telefone. Pelo menos eu vou ter mais tempo de ir comprar o anel da Amy com o Connor...

Nossa pizza – de seis queijos – chegou e nós mudamos de assunto. Eu realmente estava chateada por perder a ultra da Isa, mas eu ia ficar bem. A grande verdade era que eu estava fazendo de tudo para voltar para a segurança do apartamento, onde o Eric não podia se materializar na nossa frente. Mesmo assim, ainda estava cedo quando acabamos e nós fomos caminhar pelo Central Park. Chegamos em casa por volta das oito da noite. Nós tomamos banho e fomos assistir TV na sala.

- Era para a maratona de The Client List que eu tinha que ficar ansiosa mesmo? – Perguntei depois do fim do terceiro episódio.
- Mas como ela gosta de provocar...
- Só estou usando as suas palavras contra você mesmo. – Ele me puxou pelas pernas e eu fiquei de joelhos no sofá, por cima dele.
- Preparada para fazer novas lembranças, Annie? – Ele perguntou abrindo os botões da minha blusa.
- Desde a hora em que nós chegamos. – Ele se levantou comigo no colo e me levou para o quarto.

Acordamos cedo no dia seguinte. Quer dizer, fomos acordados com o meu celular tocando. Quando vi que era Isabella, atendi correndo.

- Oi Isa.
- Anne? – Ela estava chorando.
- Isabella? O que houve? – Me sentei na cama e aumentei o tom de voz. Acabei acordando Josh com o movimento.
- Eu não consigo. Eu não vou fazer a ultra sem você aqui. – Eu comecei a chorar.
- O que foi, Anne? – Josh perguntou sem entender muita coisa e eu fiz um sinal com a mão para ele esperar.
- Isa, mas você tem que fazer para saber se está tudo bem com o bebê...
- Mas eu vou descobrir o sexo e eu preciso de você, da Julie e do Keegan do meu lado. Quando você volta para LA?
- Na sexta de manhã cedo.
- Então eu vou remarcar a ultra para sexta à tarde.
- Não vai adiantar se eu falar para você fazer a ultra hoje, né?
- Não, eu já me decidi. – Ela já era teimosa normalmente, grávida então...
- Então eu vou estar aí para saber o sexo do seu bebê. – Eu sorri.
- Melhor assim. E como está Nova York?
- Perfeita, como sempre.
- Meu Deus, você estava dormindo? Eu devia ter ligado mais tarde, desculpa! Manda um beijo para o Josh, depois a gente conversa.
- Tudo bem, Isa. – Me joguei na cama depois que desliguei.

- Ela não vai mais fazer a ultra até nós dois voltarmos, é isso? – Josh perguntou.
- Exatamente. – Falei com um sorriso bobo no rosto.
- Agora você está feliz.
- Sim! – Respondi com o sorriso ainda maior.
- E o que a gente vai fazer hoje, hein?
- Não sei mais tarde, mas eu tenho uma boa ideia para agora... – O puxei para perto de mim e dei um beijo nele.
- E depois sou eu que acordo animado...
- É a convivência, baby. – Ele estava prestes a me dar outro beijo quando o telefone dele tocou.
- Hoje é dia... Oi Connor. – Ele falou quando atendeu. – Ela vai sair mais cedo? Ok, vamos te esperar.
- Qual é o BO?
- Amy vai sair mais cedo do trabalho porque quer ver nós dois e o Connor está vindo para te buscar. Eu vou buscá-la no jornal e dar um jeito de enrolar com ela pela cidade até a hora do almoço. Vamos nos encontrar em algum restaurante.
- E lá se foi a calmaria da manhã... – Falei enquanto me sentava na cama outra vez. Estava quase indo para o banho quando ele me puxou de volta e me prendeu na cama contra seu corpo, mas sem liberar o peso todo em cima de mim.
- Mais tarde a gente continua de onde parou, ok? – Ele me deu um beijo e me deixou levantar.

Connor apareceu meia hora depois e eu desci sozinha, Josh estava no banho. Nós paramos numa Starbucks para eu comprar meu café da manhã e fomos atrás do anel perfeito. Ele já tinha visto três em três lojas diferentes, mas só um, o da Tiffany, coube no meu dedo.

- É esse. – Ele disse olhando o anel de safira e diamante no meu dedo.
- Combina com os olhos dela... – Falei.
- Essa foi a intenção desde o início.
- Ela vai amar, Connor.

Connor comprou o anel e pediu para eu guardar até o dia da festa dos pais dele, se ficasse com ele, Amy podia ver. Ele me fez jurar repetidas vezes até chegarmos ao restaurante onde almoçaríamos que eu não ia esquecer de levar o anel para o Kentucky. Nós ainda conseguimos chegar antes e Josh e Amy e eles até demoraram um pouco, mas por causa do trânsito de Nova York. Passamos o resto do dia com eles e quando chegamos em casa ficamos enrolando até a hora de dormir. O dia seguinte seria importante.

Chegamos na produtora quinze minutos adiantados e todos já nos esperavam na sala de reunião. Todos: Jace Adams e Ashley Montgomery, os futuros produtores do filme e Daniel Forbes, o representante da Lionsgate. Depois das primeiras apresentações, n´so começamos a falar sobre o que me interessava.

- Anne, você já decidiu o nome do filme? – Daniel me perguntou.
- Eu pensei em New Beginnings.
- Certo, então o filme se chama New Beginnings.
- Nós queremos falar com vocês sobre a direção. – Jace disse.
- Nós levamos em consideração a história de quando você escreveu esse roteiro e como tem um lado pessoal nisso, tanto que você faz questão que o papel principal seja do Josh, nós queremos que vocês dois dirijam o filme. – Ashley disse e eu devo ter ficado branca feito papel.
- Sério? – Josh perguntou.
- Sim. – Ela respondeu. – Você já tem experiência suficiente para isso e a Anne é a roteirista, só ela vai saber deixar as cenas do jeito que ela imaginou quando escreveu. Vocês aceitam? – Josh olhou para mim. Eu sorri e ele entendeu.
- Sim.

Eu ainda estava assimilando a ideia de ser diretora e roteirista de um filme quando Jace continuou falando sobre o elenco.

- Além dos papeis do Josh, do Ian Harding e do Keegan Allen, nós temos que pensar nos femininos. Temos essa lista – ele nos estendeu um papel – de possibilidades. – Eu quase tive uma síncope quando vi os nomes no papel. Emma Watson, Emma Roberts, Nina Dobrev, Kaya Scodelario e muitos outros. Mas esses quatro chamaram mais a minha atenção.
- Bem, a Summer é britânica... Eu acho que a Emma Watson ia se sair melhor sem ter que forçar o sotaque. – Falei. – E por mais estranho que isso pareça, acho que a Emma Roberts combina com o Josh eles dois devem ficar legais juntos na frente das câmeras.
- Elas eram as minhas preferidas. – Jace falou.
- Concordo com a Anne. – Josh disse.

Nós passamos mais umas duas horas falando das burocracias e afins do filme. Eu sugeri Isabella para a trilha sonora e Julie para a maquiagem e figurino. Não queria deixá-las de fora do filme e a trilha sonora era uma coisa em que a Isa podia trabalhar antes do bebê nascer. Quando a reunião acabou, eu estava completamente cansada mentalmente, mas acho que nunca tinha tido mais orgulho de mim mesma.

Eu e Josh voltamos para casa caminhando e estávamos na Times Square quando eu vi um outdoor e quase dei um grito.

- Josh! Olha! – Apontei.
- Meu Deus.
- Somos nós dois.
- Na propaganda da revista que chegou ontem às bancas. – Ficamos uns cinco minutos parados olhando para aquilo. A foto do outdoor era a tal foto que James pediu que nós dois tirássemos no final do photoshoot, mostrando as nossas tatuagens.
- Meu pai não se orgulharia disso.
- Vamos sair daqui antes que reconheçam nós dois.

- Como a gente faz para comemorar agora, hein? – Perguntei quando nós chegamos em casa. Ele me abraçou.
- A gente vai lá pra cima... E se joga na piscina.
- Eu chego primeiro. – Tirei os sapatos e saí correndo na frente, deixando a bolsa e o celular pelo chão. Ele me segurou quando eu cheguei ao segundo andar, me pegou no colo e saiu correndo comigo para pular na piscina.

Ficamos brincando feito crianças felizes até bater a fome. Saímos da piscina, tomamos banho e Josh foi comprar uma pizza para nós dois no mesmo lugar onde tínhamos comido no dia anterior. Eu ainda estava de roupão e secando os cabelos quando ouvi a campainha tocar.

- Só não esquece a cabeça porque está grudada no pescoço, né, Josh? – Desci as escadas falando sozinha e abri a porta sem olhar quem era. – Esqueceu o que dessa vez? – Perguntei e fiquei paralisada quando vi que quem estava na minha frente, parado na porta, não era o Josh.
- Esqueci de vir atrás de você quando tinha tempo.
- O que você está fazendo aqui, Eric?

 QUEM ESTAVA COM SAUDADES DE  ERIC BRAGANÇA AÍ, HEIN?