08 - Congratulations, Daddy!

2
COM
- Annie... Isso é sério? Sério mesmo? – Josh perguntou sem se mexer na cadeira.
- É sim. – Eu respondi chorando. Ele se levantou devagar e veio andando na minha direção até parar ao meu lado. Os olhos dele iam do meu rosto para a minha barriga e voltavam ao meu rosto e eu percebi que ele não sabia o que fazer até que ele me puxou num abraço.
- Meu amor, você tem certeza? Isso é verdade mesmo? Eu... Eu não consigo acreditar, é muita notícia boa pra uma noite só! – Ele disse.
- Nós temos certeza sim, Josh. – Mich disse.
- Você já sabia, mãe? – Ele perguntou.
- Eu já estava desconfiada, mas não contei a ninguém. – Comecei a explicar. – Sexta feira, quando eu fui na cozinha e a sua mãe veio atrás foi para perguntar se tinha alguma coisa acontecendo comigo, porque ela tinha reparado algo diferente. Eu contei que estava atrasada e ontem, quando nós saímos pela manhã, não foi só para comprar as coisas do jantar. Mich me levou num laboratório e eu fiz um exame de sangue. O resultado chegou ontem à tarde por e-mail. E deu positivo. Estou grávida de sete semanas.
- E por que você não me contou ontem?
- Eu preferi te contar agora para ser especial... Eu tinha certeza de que você ia ganhar o Oscar, mas se não ganhasse, ia ser uma forma de te alegrar. Como você ganhou, foi só uma forma de te deixar mais feliz ainda. – Ele sorriu e segurou o meu rosto. Ficou uns segundos me olhando até me abraçar novamente.
- Annie, nós vamos ter o nosso bebê? – Ele perguntou e eu voltei a chorar.
- Finalmente, sim, Josh. – Segurei a mão dele e coloquei na minha barriga. Acho que ali a ficha dele caiu. Josh se ajoelhou e ficou com o rosto na altura da minha barriga. Ele continuou com uma das mãos espalmadas ali e me abraçou com o outro braço. Apoiei as mãos em sua cabeça e me arrepiei quando ele aproximou o rosto da minha barriga, que ainda não tinha mudado nada.
- Oi, bebê! Eu sei que você não está nem ouvindo o que eu estou dizendo, mas aqui é o papai, viu? – E eu descobri que chorar mais era possível. – Vai se acostumando com a minha voz porque você vai me ouvir pelo resto da sua vida. E se acostume também com outra coisa: Eu já te amo, mesmo sem te conhecer. – Ele se levantou e segurou o meu rosto. – Eu também te amo muito, mamãe. Você acabou de me fazer o homem mais feliz do mundo outra vez.
- Outra vez?
- Sim. A primeira foi quando você me beijou ao invés de responder meu pedido de namoro. A segunda, quando você disse “nunca quis tanto uma coisa como isso” depois que eu te pedi em casamento. A terceira, quando você disse sim. E a quarta, agora. – Eu sorri.
- Eu te amo muito. – Dei um abraço nele e só ali lembrei que nós não estávamos sozinhos.

- Bem, eu já apertei a minha nora o suficiente antes de todos vocês, mas agora é a vez de paparicar o meu filho! – Mich disse se aproximando de Josh.
- Como você está se sentindo, vovó? – Josh brincou.
- Olha, eu acho que ainda não tinha pensado por esse lado... Eu vou ser avó!  
- Anne! – Julie disse enquanto ela e Isabella me abraçavam. – Por que você não contou antes para nós duas?
- Porque essa foi a primeira vez em que eu consegui dizer em voz alta. Eu não ia contar para ninguém, a Mich descobriu sozinha e eu tive a ideia de contar depois do Oscar.
- Parabéns, Ann! Eu acho que consigo imaginar a sua felicidade. Isso é tudo o que você sempre quis.  – Isabella disse.
- Sim sim. Definitivamente tudo o que eu sempre quis. Eu vou ser mãe, dá pra acreditar?
- Você vai ser uma mãe incrível. – Julie disse e eu fiquei abraçada com elas duas por mais um tempo.

Não importava o quanto nós três envelhecêssemos, nós ainda estávamos em um país diferente e éramos a família brasileira uma das outras. Ter elas duas ao meu lado naquele momento era extremamente importante. E eu já estava começando a ser afetada pelos hormônios da gravidez, porque não parava de chorar por nada.

- Obrigada.
- Pois é, cunhada, eu acho que vamos ter que trocar a sua bebida para o brinde. – Connor disse enquanto pegava uma taça vazia e servia suco para mim.
- Por que você acha que essa jarra de suco está aí, Connor Mason? – Mich perguntou apontando para a jarra de suco de morango que estava na mão dele. Eu e Julie, para falar a verdade.
- Então foi por isso... – Amy falou.
- Sim, foi por isso que eu não quis tomar a vodka mais cedo, Amy.
- Bem, me autoproclamando o padrinho desse bebê – Connor começou a falar –, eu devo acrescentar algumas palavras a esse brinde. Que a gestação da Ann seja super tranquila, que o bebê venha com muita saúde e que vocês dois – ele apontou para eu e Josh – tenham toda a sabedoria necessária para educar essa criança. – Nós brindamos e enquanto estávamos comendo, Josh ficou com uma das mãos na minha barriga sempre que pode. Nos empolgamos tanto que esquecemos da after party do Oscar...

- Vocês dois não tinham que ir a uma festa? – Ian perguntou.
- A after party do Oscar acontece todo ano, mas só hoje eu vou poder curtir a gravidez recém descoberta da minha esposa... Eu passo. – Josh disse.
- Eu só quero ficar fora do salto essa noite. – Respondi. – Logo, logo as reuniões do próximo filme vão começar e eu vou ter que assumir meu lado agente que se veste bem.
- Como você vai fazer pra usar roupa social quando a barriga crescer? – Isabella perguntou.
- Eu acho que ela tem que se preocupar com outra roupa... – Amy disse.
- Que roupa, Ams?
- Seu vestido de madrinha de casamento. Pelas minhas contas, em maio você vai estar com uma barriguinha considerável...
- Maio? – Demorei a entender. – VOCÊS MARCARAM A DATA DO CASAMENTO E NÃO AVISARAM NADA? Caras de pau!
- Estamos avisando agora. – Connor disse.
- Meu Deus, um filho meu vai ter um filho e o outro marca a data do casamento e eu descubro as duas coisas no mesmo dia. – Chris disse – Eu vou ter que concordar com a mãe de vocês e dizer que daqui a pouco, vocês vão me fazer enfartar.
- Em que dia vai ser esse casamento, me falem. – Isabella perguntou.
- Dia 16 de maio. Daqui a três meses. Para falar a verdade, nós já estamos com essa data decidida há um tempo, mas preferimos deixar para contar pessoalmente. – Connor falou.
- Eu vou estar com cinco meses. – Fiz as contas.
- Se você quiser, eu te ajudo. – Julie disse. – Fui madrinha dos casamentos de vocês duas enquanto estava grávida. – Ela riu.
- Vou precisar dos sites em que você procurou os seus vestidos... Qual vai ser a cor, Amy?
- Bem, você é a única madrinha, então acho que não vamos ter muitos problemas na escolha de cores. Eu estava pensando em roxo, o que você acha?
- Adoro roxo. – Eu ri.
- Depois a gente decide melhor os detalhes, mas vai ser roxo. – Amy disse sorrindo.
- Eu preciso perguntar – Mich disse sorrindo. – Vocês já conversaram sobre nomes de bebês?
- Sophia. – Nós dois falamos juntos.
- Mas e se for menino? – Eu e Josh nos olhamos. Para falar a verdade, nunca pensamos em nomes de meninos...
- Não sei. – Respondi.
- Eu acertei o Seth, e devo dizer uma coisa... Eu acho que é menino. – Ian disse.
- Eu também. – Julie e Connor disseram juntos.
- Eu tenho certeza que vai ser uma menina. – Keegan disse.
- Estou com você, amor. – Isabella concordou.
- Eu também acho que é menina... – Amy falou.
- E vocês chegaram a essa conclusão baseados nos enjoos que eu não tive, no formato da minha barriga que não cresceu ou na cabeça de vocês mesmo? – Perguntei.
- Intuição. – Keegan começou. – E digo mais: Reivindico o cargo de padrinho dessa criança se for uma menina.
- O padrinho sou eu, Keegan! – Connor falou no outro lado da mesa.
- Eu só sei que, dessa vez, a madrinha tem que ser eu. – Isabella falou.
- Hey, é do meu filho que vocês estão falando! – Josh chamou a atenção deles. – Se vocês não se comportarem, ninguém vai ser padrinho ou madrinha! – Ele fingiu estar brigando com eles.
- O filho ainda nem nasceu e ele já está todo babão... – Connor falou.
- Você realmente achou que ia ser diferente? – Eu perguntei.
- Definitivamente não.

Nós continuamos conversando por mais algum tempo, mas eu logo fiquei com sono, então eu e Josh subimos para descansar. Ele tomou banho primeiro e quando eu saí do nosso banheiro, já de camisola, vi que ele estava me olhando com cara de bobo.

- O que foi? – Perguntei enquanto me deitava ao lado dele.
- Ainda estou processando a informação. – Ele colocou a mão na minha barriga. – Bem que eu tinha te achado um pouco mais cheinha nesses últimos dias... Não comentei nada porque pensei ser só impressão.
- E você acha que eu também não reparei? Para falar a verdade, foi isso que chamou a minha atenção em primeiro lugar. – Virei para ele na cama.
- Ann, não tem problema de você deitar assim? Não vai fazer mal para o bebê?
- Josh, meu amor, até ontem eu deitava de bruços. Relaxa, eu não estou doente, só estou grávida. E parece mais estranho a cada vez que eu falo em voz alta.
- Amanhã mesmo nós vamos ligar para o médico e marcar uma consulta para você. Quero saber se está tudo bem com você e com ele. – Sorri.
- Você vai ficar preocupado assim a gravidez toda? – Perguntei. – Desse jeito, vai ter cabelos brancos antes de esse bebê nascer.
 - Acho que eu vou ficar preocupado assim durante toda a vida dessa criança.
- Parabéns, papai. – Bocejei.
- Pois é, mamãe, você precisa dormir.
- Não vou discutir, estou realmente cansada. – Ele me abraçou e eu apoiei a cabeça em seu peito. – Boa noite, meu Josh.
- Boa noite, minha Annie... E meu bebê.

Ele repousou a mão na minha barriga e eu fechei os olhos. Quando abri outra vez, já estava claro e eu não estava mais apoiada no Josh. Passei a mão no outro lado da cama e não o encontrei. Abri os olhos e vi um bilhete no travesseiro. “Fui fazer o café da manhã da grávida mais linda do mundo. Se você acordar antes de eu voltar; espere por mim. Te amo. Josh”.

- É hora de ser paparicada, Anne Christine. – Falei para mim mesma enquanto me virava novamente e me sentava na cama.

Liguei a TV para esperar pelo Josh e estavam falando do Oscar. Tinha acontecido tanta coisa, que eu quase esqueci que tinha ganhado dois Oscars na noite passada. Me levantei e fui escovar os dentes, mas fiquei ouvindo a TV.

- E, sem dúvidas, as estrelas da noite foram os Hutcherson. – Ouvi e voltei correndo para o quarto com a escova de dentes na boca. – Além de incrivelmente lindos e visivelmente apaixonados, Josh e Anne levaram dois dos três principais prêmios da noite, os de melhor ator e melhor filme. Ela também ganhou o Oscar de melhor roteiro original. – Olhei para as estatuetas em cima da nossa cômoda.
- Vale lembrar que o prêmio de melhor atriz foi para Emma Watson, pelo mesmo filme em que eles dois estavam concorrendo. – O outro apresentador disse.
- Anne também tem muitas chances de ganhar o prêmio de mais bem vestida da noite. Ela não usou um vestido de um estilista muito conhecido, mas ele era lindo. E com aquele colar, ela não precisava de muita coisa. – Eu já podia sair dando pulinhos de alegria pela casa?
- A única coisa que eu não entendi foi o fato de eles não terem aparecido na after party. Como maiores ganhadores da noite, eles deviam ter ido...
- Eles devem ter um motivo muito bom para não ter aparecido.
- Ah, isso nós temos sim, mas vocês vão demorar bastante para saber. – Falei enquanto caminhava de volta para o banheiro escovando os dentes.
- Está falando sozinha ou com o bebê? – Josh perguntou. Eu nem tinha percebido ele entrando. Fiz um sinal para ele esperar e terminei de escovar os dentes.
- Estava falando com a TV. Falaram de nós dois no Oscar ainda pouco e disseram que nós devíamos ter um bom motivo para não termos ido à after party do Oscar. – Me sentei na cama e dei um beijo nele.
- E nós tivemos um ótimo motivo. – Ele disse. – Eu não queria tocar nesse assunto agora, mas como nós vamos fazer com a imprensa?
- Quando começarem a desconfiar e não der mais para fugir, nós contamos. Até porque vai ter uma hora em que a minha barriga não vai mais nos deixar mentir. – Eu ri.
- Eu não vejo a hora da sua barriga crescer!
- Eu também não. – Falei. – Amor, estou morrendo de fome. O que tem nessa bandeja aí?
- Panquecas, bacon, ovos, suco de morango, croissant e cannolis. – Ele disse.
- Meu Deus, vou engordar três quilos só aqui.
- E ainda faltam uns sete meses...
- Você ainda vai me amar mesmo com uns quilinhos a mais? – Perguntei, fazendo charme.
- Sempre. – Ele respondeu.
- Então, vamos comer!

Nós dois acabamos com o conteúdo da bandeja incrivelmente rápido. Aqueles cannolis eram simplesmente divinos e eu confesso que fiquei com vontade de comer mais depois que eles acabaram. Tomei um banho antes de descer e quando cheguei ao andar de baixo e me sentei no sofá Amy me olhou com um meio sorriso no rosto.

- Anne, você já viu o que saiu nas bancas? – Ela perguntou.
- Nas bancas? O que, menina? – Ela me estendeu uma edição da Harper’s Bazaar e eu demorei alguns segundos para entender. – AAAH! – Gritei – Eu tinha esquecido completamente que a coluna saia esse mês! – Peguei a revista e comecei a folheá-la atrás do meu texto.
- Annie, está tudo bem? – Josh chegou segundos depois na sala com cara de preocupação. Ao lado dele, Connor, Chris e Mich estavam com a mesma expressão.
- Está sim. – Falei e olhei para cima. – O que foi?
- Você gritou...
- Ah sim. Desculpa. Tenho que lembrar que agora um grito pode ser interpretado com “estou passando loucamente mal, me levem para o hospital”. Mas não foi anda demais... Só a minha coluna que saiu na Harper’s. – Falei.
- Sério? Deixa eu ver? – Ele se sentou ao meu lado.
- Assim que eu encontrar... – Falei.

Assim que encontrei, li o texto e quase tinha esquecido como era gratificante para uma jornalista ver algo seu publicado. Era uma sensação incrível. Josh leu e me deu um beijo de parabéns, todo orgulhoso.

- Anne, eu não sei como você não cansa fazendo três milhões de coisas ao mesmo tempo. – Chris disse.
- Ah, sogrinho... A gente dá um jeito. Falando nisso, Joshua, eu preciso que você me fale sobre aquele tal filme novo que você estava negociando com o Joe e resolveu fazer suspense de tudo e de todos.
- Vou continuar fazendo suspense porque esse projeto foi arquivado por um tempo. – Ele disse sorrindo.
- Fica difícil agenciar um ator rebelde assim... Só não esquece que negar pedido de mulher grávida dá terçol, ok, Joshua? – Ameacei.
- Essa é a esposa ou a agente falando?
- As duas.
- Então eu vou enrolar vocês duas por mais um tempinho. – Ele me deu um beijo na testa e saiu da sala.
- Eu ainda vou descobrir que filme é esse. – Falei. – Me aguarde, Joshua! – Falei mais alto para ele ouvir.

Foi começar a falar de trabalho que eu senti falta dos celulares, tanto o pessoal como o que agora eu usava por causa dos contatos do Josh. Foi só ligar o bendito que ele começou a tocar. Todo mundo queria o ganhador do Oscar de melhor ator aparecendo... E alguns programas queriam uma tal Anne, que se diz esposa dele junto.


Antes do meio dia, eu já tinha fechado cinco gravações, entrevistas e programas ao vivo para nós dois. Mas o que me deixou realmente empolgada foi outra coisa... A DreamWorks ligou. E a nossa primeira reunião com o Woody Allen estava marcada. 

FI-NAL-MEN-TE esse capítulo saiu. 
Eu estava sem internet, sorry! 
Acho que essa temporada da fic tá encantada, só pode, hehe. 
Anyways, palpites pro filme misterioso de Josh Hutcherson? 

07 - You make my dreams come true

2
COM

O roteiro do filme que eu tinha lido era incrível, mas o que me convenceu a escolher aquele foi o diretor: Woody Allen. Não só pela genialidade dele, mas pensando como a agente do Josh, um filme com o Woody ia ser muito bom para a carreira dele – que já não ia mal, diga-se de passagem.

- Eu tinha quase certeza que você ia escolher esse assim que passasse os olhos pelos roteiros. – Josh disse. Nós estávamos na nossa cama, trabalhando. Esse era o bom de trabalhar com ele, de verdade.
- Woody Allen, amor. O Woody Allen te quer num filme dele. Não dá para recusar.
- Eu achei que você fosse escolher por conta da cidade onde as filmagens vão acontecer.
- Mas eu não sei a cidade das filmagens...
- Eu não te falei? Esse filme é o único que não vai ser filmado aqui nos Estados Unidos. – Comecei a entender onde ele ia chegar. O filme era sobre histórias de amor que tinham Londres como panos de fundo, então...
- O filme vai ser gravado em Londres? – Perguntei com os olhos brilhando.
- Sim.
- Sério? Sério mesmo? Vamos fechar com esse filme amanhã! – Dei um abraço nele e esqueci que devia estar sendo profissional ali. O que era meio difícil quando eu estava de roupa de dormir
- Isso quer dizer que nós vamos passar alguns meses morando lá, você sabe, né?
- Essa vai ser uma das melhores partes para mim. Vou morar em Londres outra vez, e agora com você.
- Posso marcar uma reunião com o pessoal da DreamWorks? – Então esse filme não ia ser da Lionsgate? Bom saber, de verdade.
- Não.
- Não? – Ele perguntou surpreso. – Por quê?
- Porque isso é uma coisa que a sua agente tem que fazer, não você. Me dá o número que amanhã cedo eu ligo.
- Todos os números de contatos necessários estão no e-mail que o Joe me mandou. Eu te encaminho e você pega. Falando nisso, seria bom comprar um celular só para isso, Annie... Ele não vai parar de tocar, se prepare.
- Já estou acostumada com isso. E realmente não é muito legal divulgar número pessoal assim.
- É bom manter o seu número pouco divulgado até por questão de segurança... – Ele ainda estava preocupado com a ameaça que eu tinha recebido no dia anterior. Eu estava tentando não ligar.

A semana passou voando e quando eu percebi, já estávamos em fevereiro. No início do mês, fomos ao almoço de indicados ao Oscar. Alguns dias depois, eu e Josh tínhamos uma reunião por conta do filme novo e eu estava nervosa porque era a minha primeira ação oficial como agente dele. Como sempre, ele arranjou uma forma de me acalmar e tudo correu bem.

- Viu? Deu tudo certo e eu estou confirmado num filme do Woody Allen por sua causa.
- Ah, claro, o Woody te quis por minha causa. – Eu ri.
- Por causa do meu último filme, pelo qual eu estou concorrendo a um Oscar. E como o roteiro é seu, a culpa é relativamente sua.
- Oscar. Tenho que buscar o vestido hoje.
- Por que você não disse isso antes? Vamos ao ateliê logo, estou curioso para te ver usando esse vestido. – Ele falou quando nós entramos no carro.
- Eu ainda não sei se vou deixar você ver o vestido antes de domingo...
- Não é um vestido de noiva, Ann.
- Tudo bem, mas você ainda não vai me ver vestida com ele. – Ele ligou o carro.
- Mas eu vou poder ver o vestido, certo?
- Certo.
- Acho que consigo segurar a curiosidade até domingo.
- Segure-se, Joshua.

Quando estávamos quase chegando ao ateliê o meu celular tocou e eu atendi sem ver quem era. A pessoa no outro lado da linha não falou nada até que eu desisti e desliguei. Procurei o número no histórico de chamadas e era desconhecido.

- Estranho... Ninguém com número desconhecido tem o meu número.
- Será que é a mesma pessoa que te mandou aquele bilhete? – Josh perguntou.
- Não... Provavelmente é só alguém que não tem o que fazer, decidiu brincar de passar trote a acabou conseguindo o meu número. Acontece.
- Você não recebeu mais nada daquele tipo, né? – Ele perguntou.
- Não. Relaxa amor, não é nada. – Eu tentei tranquilizá-lo.
- Tudo bem. – Ele disse, nem um pouco convencido.
- Você está realmente preocupado com isso, né?
- Sim.
- Não precisa ficar assim, Josh. Não aconteceu nada demais.
- Até agora.
- Não vai acontecer. Você vai ver. – Ele parou o carro.
- É bom mesmo. Eu morro se alguma coisa acontece com você, Annie. – Ele me deu um beijo.
- Eu não vou deixar nada acontecer. Não quero te ver assim.
- Tudo bem. Eu vou tentar ficar menos preocupado. – Ele fez um carinho no meu rosto. – Vamos buscar o seu vestido?
- Vamos sim.

Assim que eu e ele entramos no ateliê, viramos o centro das atenções. Mac estava lá novamente para me receber e ficou lisonjeado com a visita do Josh. Ele pediu para eu experimentar o vestido novamente para ver se precisaria de algum ajuste.

- Pois é, parece que você vai me ver usando o vestido antes do tempo. – Falei para Josh.
- Se você quiser, eu fecho os olhos.
- Não precisa. Eu supero isso. Ainda não vou estar usando o penteado e a maquiagem de domingo mesmo...
- Eu acho que você vai estar linda com ou sem maquiagem. – Ele me deu um beijo. Eu já tinha cansado de discordar de quando ele falava de toda a beleza que nem eu mesma via em mim, então só dei um beijo nele, deixei a minha bolsa e celular e fui para o provador.

Coloquei o vestido e saí. Mac ficou maravilhado com o vestido que tinha servido perfeitamente. Josh estava maravilhado comigo, como disse que ficaria.

- Mac, esse vestido ficou perfeito! – Falei. – Você fez um trabalho divino. Obrigada.
- Eu é que agradeço pela confiança, Anne. Vou ficar de olho no red carpet domingo para te procurar, com certeza.
- Eu não achava que você fosse fazer diferente.
- Bem, essa é a sua última prova. Você acha que tem que fazer algum ajuste? De vista, eu não consigo ver nada para mudar. – Me virei para o espelho.
- Eu também acho que não, ele está perfeito. E eu não vou engordar loucamente em três dias, então está tudo certo.
- Você está muito bonita, Anne. Com todo respeito, Josh. – Mac disse.
- Não tem problema Mac. Ela está linda mesmo. E muito bem vestida, diga-se de passagem. – Eu sorri e Mac agradeceu o elogio.
- Eu estou com muita pena de tirar esse vestido de tanto que eu gostei. Mas é chegada a hora. Já volto, meninos.

Voltei para o provador e tirei o vestido com todo o cuidado do mundo. Uma das funcionárias do ateliê me ajudou e pegou o vestido para colocar na capa assim que eu o tirei. Vesti as minhas roupas novamente e ela me entregou o vestido embalado quando eu saí.

Quando encontrei Josh do lado de fora, ele estava meio estranho, mas não disse nada e eu preferi esperar até estarmos sozinhos para perguntar o que era.

- Quando você vai buscar o seu smoking? – Perguntei quando entramos no carro.
- Amanhã eu passo na Dior. – Ele disse sério.
- O que você tem, amor?
- Seu celular recebeu uma sms quando você estava se trocando. Eu vi porque era de número desconhecido, como foi a ligação.
- E o que tinha na mensagem?
- Lê você. – Ele me estendeu o celular. “Mac Duggal no Oscar, Anne? Sério? Podia ter usado o seu dinheiro e escolhido um estilista mais conhecido... Mas de qualquer forma, estarei lá te observando.”
- Essa pessoa sabia que eu tinha vindo buscar o vestido?
- Provavelmente sim. Eu vou te levar na delegacia agora, Anne.
- Não Josh! A gente não sabe quem é essa pessoa...
- E é justamente por isso que nós temos que ir à polícia.
- E se estiverem vendo a gente agora? Se nos seguirem até a delegacia? E se essa pessoa não gostar de nós termos procurado a polícia? Não vai acontecer nada até o Oscar. Na segunda feira a gente se preocupa com isso.
- Segunda feira a gente vai à delegacia. Não vamos fugir.
- Nós vamos sim. – Ele me deu um abraço e nós fomos para casa.

No dia seguinte, os pais dele, Amy e Connor foram para a nossa casa por conta do Oscar. Eles não iam na premiação conosco, mas queriam assistir juntos e perto da gente, No fim das contas, eles quatro iam fazer companhia à Julie e Ian que iam assistir de casa.

- Nós vamos preparam um jantar para comemorar os Oscars que vocês vão ganhar. – Mich disse enquanto estávamos conversando na sexta feira.
- Calma mãe, a gente não sabe se vai ganhar. – Josh disse.
- Eu tenho certeza que vocês vão ganhar tudo o que estão concorrendo. Onde vão ficar as quatro estatuetas?
- Quatro?
- Não, desculpa, fiz a conta errada. Vão ser cinco. As duas de melhor direção, melhor ator, melhor roteiro original e melhor filme. – Minha sogra estava estupidamente confiante.
- Calma Mich, calma. Não fala essas coisas que eu ainda tenho que dormir de hoje pra amanhã e de amanhã pra domingo.
- Onde vocês vão colocar?
- Se a gente ganhar, vamos comprar uma prateleira só para os Oscars. – Josh disse.
- Eu sabia que vocês já tinham feito esse plano. – Connor, Amy e Chris só sabiam rir desde o início.

Nós continuamos conversando e um tempinho depois eu fui à cozinha e Mich me seguiu.

- Anne, eu posso falar com você um segundo?

DOMINGO

Dispensei a equipe de maquiadores e cabeleireiros quando Amy e Connor disseram que iriam para a nossa casa. Ela também era maquiadora e sabia fazer penteados e me ajudou a me arrumar. No fim das contas, foi uma coisa boa não abrir a minha casa para estranhos por causa dos tais telefonemas e mensagens estranhas. Ainda mais depois de... Não quero pensar nisso, não posso ficar mais nervosa do que já estou.

- Você não pensou em dormir para poupar meu trabalho, né? – Amy disse quando teve que começar a fazer a minha maquiagem.
- Desculpa. Eu não consigo dormir quando estou nervosa. Lembra do dia do meu casamento?
- Lembro que você só se acalmou com vodka. – Ela riu. – Você quer que eu peça para alguém trazer?
- Não precisa. Estou nervosa, mas estou bem.
- Meu Deus do céu, Anne recusando bebida para aliviar o nervosismo... O que um Oscar não faz! – Ela falou.
- Pois é...
- Como você vai querer a maquiagem?
- Eu quero o batom vermelho e tenho que usar aquele cordão... Então não exagera nos olhos para não ficar muito over.
- Tudo bem. Vou começar de vez.

Ela não demorou muito para fazer minha maquiagem e meu cabelo. Quando acabou, ela mesma me ajudou com o vestido e eu estava pronta. Ou quase pronta.

- Posso entrar? – Josh perguntou com a porta entreaberta.
- Pode. – Eu falei e ele entrou de vez.
- Vou deixar vocês sozinhos. – Amy disse e saiu.
- Eu realmente acho que só te vi mais linda do que hoje no dia do nosso casamento.
- Eu só estive mais nervosa que hoje no dia do nosso casamento. – Ele se aproximou.
- Posso te dar um beijo, mesmo correndo o risco de borrar seu batom?
- Eu passo de novo depois. – Ele me beijou. – Como você está se sentindo, melhor ator?
- Estou pirando. Não tem outra palavra para descrever.
- Vai dar tudo certo, meu amor. Você vai ver. – Ele me abraçou.
- Vai sim. E nós vamos voltar com pelo menos uma estatueta. – Sorri. – Você já está pronta?
- Não, falta uma coisa.
- O que?
- O cordão que eu deixei para você colocar em mim. – Ele sorriu e foi buscar o cordão em cima da cômoda do nosso quarto. Josh colocou o cordão em mim em frente ao espelho e nós ficamos nos olhando.
- Pois é, acho que nós dois realmente fazemos um casal muito bonito. – Falei brincando.
- Hoje as atenções vão estar em você, mas sim, nós dois somos um casal de respeito.
- Vamos? – Perguntei e ele me estendeu o braço.
- Vamos, melhor roteirista.

Quando descemos, Julie e Ian já tinham chegado com a Alice para assistir tudo com a família do Josh. Ele me ajudou com os degraus, o vestido e o salto alto, mas quando eu cheguei no fim da escada, senti uma tontura muito forte e quase desmaiei. Josh me levou para o sofá e eu fiquei ali enquanto me recuperava.

- O que você está sentindo, Anne? – Mich perguntou preocupada.
- Nada, eu estou bem, foi só o nervosismo. – Falei para ela.
- Você comeu direito hoje, Anne? – Julie perguntou.
- Não. – Respondi.
- Eu não saio de casa enquanto você não comer alguma coisa, Anne. – Josh disse.
- Vou fazer um sanduíche para você. – Mich disse.

Keegan e Isabella chegaram alguns minutos depois para deixar o Seth e me viram no sofá, respirando fundo e lutando contra o mal estar que estava sentindo, coisa que não falei para ninguém.

- Você acha que consegue passar a noite bem? – Isabella perguntou.
- Sim. Mas mesmo se não achasse, eu iria. É o Oscar, Isa. – Respondi.
- Eu não ia deixar você sair de casa passando mal. – Josh disse. Mal sabe ele que eu vou assim mesmo... Eu ia responder, mas Mich chegou com um sanduíche e um copo de suco.

Comi, Amy retocou a minha maquiagem e nós fomos com Keegan e Isabella, no mesmo carro.

Quando chegamos ao red carpet, o nervosismo bateu outra vez. Eu já tinha ido a premiações antes , mas o Oscar é o Oscar, né?

Tirei fotos com Josh, com Isabella e sozinha. Em determinado momento, já não sabia para onde olhar direito, mas tudo bem, era só entrar no clima do “Sorria e acene”. Depois das fotos, nos separamos para as entrevistas. A primeira repórter que me parou foi a da People.

- E aí, Anne, esse é seu primeiro Oscar. Como você está se sentindo?
- Eu estou muito nervosa. Não tem como descrever. Nunca imaginei que um dia concorreria a um Oscar. – Eu ri.
- Eu não posso deixar de comentar, você está deslumbrante! Seu colar e seu vestido são lindos, de onde são?
- Obrigada! O vestido é Mac Duggal e o colar é da Tiffany’s, foi presente do meu marido.
- Falando em marido... – Pronto, sabia que ia chegar aí. – Como está indo o casamento de vocês?
- Perfeitamente bem. – Respondi.
- Como Josh está com a indicação a melhor ator?
- Tão nervoso quanto eu. – Eu ri.
- Anne, uma coisa que todo mundo quer saber... Vocês planejam ter filhos? – Minha filha, tá na hora de aprender perguntas mais criativas pra uma entrevista, viu?
- A gente quer, mas ainda não aconteceu. – Respondi como sempre faço.
- Obrigada Anne.

Tentei fugir, mas dei mais umas três entrevistas antes de conseguir entrar no salão com Josh. Nós encontramos a Emma e ela sentou perto de nós. Eu fiquei entre Josh e Isabella. De todas, a categoria de melhor roteiro ia ser a primeira anunciada, eu ia precisar de muito apoio.

A cerimônia começou e eu só conseguia pensar nas nossas indicações e no que ia acontecer depois do Oscar. Eu não senti as primeiras categorias passarem, só prestei atenção quando a minha chegou. Woody Allen iria entregar. Comecei a tremer e Josh e Isabella seguraram as minhas mãos.

- E o Oscar vai para... – Suspense proposital. – Anne Hutcherson por New Beginnings! – Olhei para o Josh e para a Isa sem acreditar.
- Isso é sério? – Perguntei. Josh se levantou e me estendeu a mão.
- É sério, você ganhou. – Ele disse. Eu levantei e ele me deu um beijo rápido antes de me acompanhar até a beirada do palco e me ajudar com as escadas.

Quando cheguei no palco, Woody me abraçou e me deu parabéns.

- É um prazer finalmente te conhecer. – Ele disse. Meu Deus do céu, o Woody Allen queria me conhecer. – Vai ser incrível trabalhar com você e o seu marido no meu próximo filme, mas, agora, parabéns! – Ele me deu a estatueta e eu não acreditei naquilo. E ainda tinha que fazer um discurso de agradecimento...
- Meu Deus, eu não preparei um discurso porque não acreditava que iria ganhar. – Eu falei seurando o choro. – Eu... Eu quero agradecer à Academia por ter me escolhido, às pessoas que assistiram o filme, aos meus amigos, à minha família e ao meu marido, que antes de tudo, foi a inspiração para esse roteiro. Obrigada!

Saí do palco e fui para os bastidores do Oscar. Enquanto eu estava lá atrás, anunciaram a categoria de melhor diretor e nós perdemos para o Quentin Tarantino. Por favor, perder para ele foi uma honra. Josh foi para o backstage alguns instantes depois.

- Você tem noção de como eu estou orgulhoso de você? Meu Deus, você ganhou um Oscar!
- Isso foi definitivamente culpa sua. Obrigada, baby. – Ele me abraçou. – Nós não ganhamos melhor direção...
- Mas perdemos para o Tarantino, isso era quase certo de acontecer, amor.
- Eu estou loucamente feliz, mesmo assim.
- Eu também. – Ele me deu um beijo. – Nós temos que voltar lá para dentro.
- Estou com dor no coração de deixar a estatueta aqui. Mas vamos. – Entreguei meu Oscar para um rapaz da produção e voltei para lá. Nós ainda concorríamos em três categorias que eram as três categorias principais da premiação. Orgulho me definia.

Dessas três, a categoria de melhor atriz ia ser a primeira. Seguindo a tradição, a atriz que tinha ganhado no ano anterior entregava o ano atual. E mais uma vez, quem ia entregar era Jennifer Lawrence. Ela fez umas piadas, como sempre, e anunciou a ganhadora: Emma Watson. Levamos mais um Oscar! Emma foi receber super emocionada e me fez chorar no discurso. Mas eu estava mesmo muito nervosa para o próximo anúncio. Melhor ator, a categoria de Josh. E o James Franco  ia entregar.

- E o Oscar vai para... Josh Hutcherson! – Pulei no pescoço dele automaticamente.
- Meu amor, você ganhou! – Eu falei, já chorando.
- Isso é de verdade, Annie? – Ele perguntou.
- É sim! Vai lá, melhor ator! – Dei um beijo nele e ele foi buscar o Oscar dele.
- Eu tenho vontade segurar um desses desde os nove anos de idade. Ensaiei esse discurso muitas e muitas vezes, mas não há comparação com fazer de verdade... Quero agradecer à Academia, agradecer aos meus pais, por terem acreditado em mim desde pequeno, aos meus fãs, por terem me apoiado desde sempre e à minha esposa, por ter escrito esse personagem e por estar sempre ao meu lado. Sempre. Obrigado.

Ele saiu do palco e eu queria sair correndo para dar um abraço nele, mas não podia por causa do anúncio de melhor filme. Josh ia ficar esperando no backstage. Foi inevitável lembrar de um sonho que eu tive antes de conhecê-lo, onde ele ganhava o Oscar e agradecia a mim.

Fiquei perdida nos meus pensamentos até Emma e Isabella chamar a minha atenção.

- Anne, acorda, a gente tem que ir para o palco! – Isa disse.
- O quê? Por quê?
- Oh céus, tão novinha e já assim... Minha filha, o seu filme ganhou o Oscar de melhor filme, vai lá, você tem que fazer um discurso.

Eu fui andando meio que sem entender nada e quando eu cheguei no palco, me deram mais uma estatueta linda daquelas e eu estava completamente sem reação. Josh me deu um abraço e eu voltei para o microfone.

- Isso é sério? A gente ganhou mais um Oscar mesmo? Eu quero agradecer novamente à Academia e aos expectadores do filme, muito, muito obrigada. O reconhecimento do nosso trabalho significa muito para todos nós. Especialmente, eu quero agradecer à toda a equipe de New Beginnings, o pessoal que trabalhou duro montando cenário, o pessoa da limpeza dos estúdios, a equipe de maquiagem, todos, isso também é para vocês. Muito obrigada.

Josh me abraçou e todos nós voltamos para o backstage. Depois disso, eu juro que fiz tudo no automático, era muita coisa boa de uma vez só. Não senti a coletiva de imprensa nem a sessão de fotos pós Oscar. Mais do que nunca, tudo o que eu queria era voltar para casa com os nossos Oscars e comemorar com a minha família.

Quando chegamos, eu cheguei à conclusão de que aquela recepção seria melhor que qualquer after party. Tudo bem, não podiam gritar porque Seth e Alice estavam dormindo, mas todos estavam tão felizes que eu só conseguia sorrir e chorar mais de tanta felicidade.

A mesa já estava posta, então nós fomos jantar de vez.

- Eu quero propor um brinde. – Connor disse. – Ao meu irmão e à minha cunhada linda que acabaram de colocar o nome da nossa família na história dos Academy Awards. Parabéns, vocês merecem isso e muito mais.
- Antes de a gente brindar, eu queria falar umas coisas. – Me levantei. – Eu acho que estava tão nervosa nos discursos de mais cedo que não consegui agradecer direito a vocês, que estão sempre aqui ao meu lado. Chris e Mich, meu Deus, vocês não tem noção do quanto significam para mim, não só por serem os pais do meu marido, mas pelas pessoas que são. Connor e Amy, meus padrinhos e futuros afilhados, quero que vocês saibam que a amizade de vocês foi uma das melhores coisas que me aconteceram nos últimos anos . Obrigada por terem me acolhido à família com tanto amor, desde o primeiro momento. Isabella e Julie, eu acho que vocês dispensam muitos comentários. Vocês são as maiores amigas que eu tenho nessa vida e vocês sabem disso, mas eu quero que continuem ao meu lado para sempre. Ian e Keegan, vocês chegaram meio devagarzinho, se ajeitaram com as minhas amigas e foram ficando, ficando e hoje significam tanto quanto elas. Obrigada. O apoio de todos vocês me levou onde eu cheguei hoje à noite. – Fiz uma pausa e olhei para o Josh. – Josh... Ah, Josh. Você é a pessoa mais importante da minha vida nesse momento. Eu te amo mais que tudo e hoje, te amo mais porque esse filme só aconteceu por sua causa. Você foi a minha inspiração. Obrigada. Por tudo. E principalmente, obrigada por realizar os meus sonhos. – Os olhos dele encheram d’água e eu comecei a chorar porque já sabia o que ia contar no fim das contas. – Obrigada por ter sido tão gentil quando eu te conheci como fã e por ter se tornado um namorado incrível. Obrigada por ter me levado à Broadway e por ter me levado de volta à Londres. Obrigada por ter se casado comigo. Obrigada por ter sido a inspiração desse filme que me fez ganhar um Oscar, um sonho que nem eu mesma sabia que tinha. – Respirei fundo, olhei para Mich e de volta para ele. – E mais ainda do que o Oscar. Hoje, obrigada por ter realizado o meu maior sonho entre todos esses. Obrigada, porque agora eu tenho um pedaço de você dentro de mim. – Ele fez uma cara de surpresa.
- Annie... Você... – Ele começou a chorar e eu chorei junto, mais do que estava chorando antes. Deixei a taça na mesa e coloquei a mão na minha barriga.
- Eu estou grávida.

OLHA A SOPHIA AÍ, MINHA GENTE! 
Não tenho muitos comentários a fazer sobre esse capítulo
pq acabei de escrever e to chorando. 
PS: O próximo capítulo sai em dois dias ;)

06 - Threat

2
COM


- Onde você estava com a cabeça que esqueceu de escolher esse vestido, menina?  - Isabella perguntou. Nós estávamos na frente do notebook, no meu quarto, procurando modelos de vestidos.
- Não sei, eu simplesmente esqueci...
- Se não fosse por mim, você ia acabar indo com um vestido qualquer da vida.
- Nunca. O Josh com certeza não ia esquecer e ia me dar um vestido de presente. – Eu ri.
- Mas eu te garanto que você ia querer escolher esse vestido.
- Isso é um fato. Você já escolheu o seu, né? – Ela assentiu. – Quem fez?
- É um Monique Lhuillier.
- Qual é a cor?
- Roxo.
- Tudo bem, passarei longe de Monique Lhuillier e vestidos roxos... A Julie vai usar o que? – Perguntei.
- A Julie não vai. Ela ainda vai estar de resguardo e não vai querer deixar a Alice por nada.
- Ela deve estar péssima por não ir ao Oscar.
- Que nada. Ela e Ian estão no País das Maravilhas... Ele que já está sofrendo por ter que ir para a cerimônia e deixar Julie e Alice em casa. Falando nisso, vocês ainda pensam em ter um filho esse ano? – Ela perguntou, do nada, olhando em volta para saber se Josh tinha voltado da reunião em que tinha ido.
- Eu e Josh?
- Não Anne, você e o Divino Espírito Santo. Claro que eu estou falando de você e do Josh. – Ela riu.
- Ah, a gente não está evitando. Mas também não estamos tentando oficialmente. Se eu engravidar, vai ser lucro.
- Eu estou precisando de uma criança para ser madrinha, você sabe, né...
- Tudo bem, Isabella, eu entendi a sua indireta. - - Ela riu e aponto para o notebook.
- Esse vestido aqui é a sua cara. – Ela apontou para um vestido que tinha um detalhe de pedras da cintura para cima, um trançado nas costas, decote e uma saia fluida num tecido leve e branco.
- Ele realmente só falta gritar o meu nome. De quem é?
- Tarik Ediz. Nunca tinha ouvido falar nela, mas tem uns vestidos muito bonitos por aqui.
- Gostei muito desse, mas...
- Mas?
- Mas eu tenho um cordão que preciso usar no Oscar... E para ele, o vestido tem que ser um pouco mais discreto.
- Que cordão é esse que domina a sua escolha de um vestido?
- Eu ganhei de presente de aniversário... – Eu disse enquanto me levantava da cama e ia até o armário buscar a caixa com o cordão.
- Do Josh, é claro.
- De quem mais seria? – Eu ri.
- Vocês são tão lindos, dá vontade de apertar.
- Obrigada. Eu acho. – Entreguei a caixa a ela. – Abre.
- Uau. Desse jeito a gente vai conseguir te enxergar a dez metros de distância. Esse cordão com o anel de noivado você ainda usa e não vai ter ninguém brilhando menos que você no Academy Awards.
- Eu acho que isso é bom. – Falei.
- Isso é muito bom. A gente só vai ter que procurar outros vestidos...
- Isso é o de menos. – Eu ri.

Continuamos procurando e acabamos no site de um estilista chamado Mac Duggal. Ele não era muito conhecido, mas tinha uns vestidos lindos... E outros nem tanto.

- Olha esse, gostei. – Falei apontando para um vestido preto com calda sereia revestido com renda, também preta. Isabella olhou para mim.
- Parece a Morticia de A Família Addams.
- Ai que horror!
- Vamos procurar outro.

Algumas fotos depois, encontramos o vestido perfeito. Liguei para o ateliê dele em Los Angeles e marquei uma visita para o dia seguinte. Quando dei o meu sobrenome para a reserva, a menina que me atendeu disse que o próprio Mac iria falar comigo no dia seguinte. Sobrenomes têm poder. 

- Hey baby. – Josh disse quando chegou em casa.
- Oi amor. Tudo bem?
- Tudo. Como foi seu dia? – Ele perguntou enquanto puxava uma cadeira e se sentava ao meu lado. Eu estava escrevendo e fechei o notebook para dar atenção a ele.
- Foi tranquilo. Amanhã eu vou a um ateliê mandar fazer o meu vestido para o Oscar.
- Isabella ainda está aqui? – Ele parecia apreensivo.
- Não, ela já foi embora há algumas horas. O que houve? Você está estranho...
- E eu achando que com uma indicação ao Oscar eu conseguir finalmente esconder alguma coisa de você.
- Aconteceu alguma coisa na reunião?
- Tenho notícias boas e ruins, darling.
- As boas primeiro, por favor.
- Hoje, na reunião eu descobri que tem quatro roteiros parados na Lionsgate por que todos eles me querem e eu estava parado por causa da minha recuperação e do nosso casamento.
- Quatro roteiros? Isso é ótimo! Já começou a analisar os papeis com o Joe?
- E aí você chegou à notícia ruim. Joe quer se aposentar da vida de agente e me deu um mês para encontrar outra pessoa. Só que eu não confio em mais ninguém para cuidar da minha carreira assim e já passei da idade de ser agenciado pela minha mãe.
- A faixa etária ainda está boa para ser agenciado pela sua esposa?- Perguntei, tendo a ideia do nada.
- Como assim?
- Ué... Você disse que não confia em mais ninguém e não quer ser agenciado pela sua mãe. Um mês é pouco tempo para você encontrar alguém assim... Eu posso ficar no lugar do Joe por enquanto, até você encontrar outra pessoa. Já trabalhei com assessoria de imprensa. Tudo bem, foi quando eu ainda morava no Brasil e fazia faculdade, mas essas coisas não mudam muito e eu tenho um pouco de prática com esse meio por causa do trabalho da Lionsgate... Para falar a verdade, eu até sinto falta desse trabalho mais jornalístico. – Eu admiti.
- Você faria isso?
- Claro que faria, meu amor. E você não ia precisar nem me pagar porque nós somos meio que casados e o nosso dinheiro, no fim das contas é o mesmo.
- Se você vai trabalhar para mim, é claro que eu preciso te pagar.
- Tudo bem, mas depois a gente combina isso. – Eu dei um beijo nele. – Era esse o problema que estava te deixando preocupado?
- Era sim. – Ele riu.
- Onde estão os quatro roteiros que a gente tem que analisar? – Perguntei.
- Estão no iPad, depois eu te encaminho. Não vamos trabalhar agora, por favor.
- Tudo bem, chefe. – Brinquei com ele.
- Mudando de assunto... Você acha mesmo que eu não percebi que você fechou o notebook quando eu cheguei porque não queria que eu visse o que você estava escrevendo? – Pega no flagra, Anne.
- Não. Eu fechei o notebook para te dar atenção.
- Anne, você sabe que também não consegue esconder as coisas de mim, não sabe? – Ele falou com um sorriso de “eu venci” no rosto.
- Tudo bem. Eu tive umas idéias, comecei a escrever umas coisas, mas você só vai ler quando estiver terminado.
- Por que você faz isso comigo? Isso é tortura, você sabe que eu sou curioso...
- Mas eu não acho que esteja bom o suficiente para alguém ler.
- Você falou isso da última vez... E nós estamos concorrendo a Oscars por conta do seu texto.
- Tudo bem, você me deixou sem argumentos. – Abri o notebook. – Tenta se achar nos meus rascunhos, seja feliz. – Ele me deu um beijo. – Eu acho que vou sair para comprar a janta... Não tem nada pronto e eu estou com preguiça.
- Você quer que eu vá junto?
- Não, não. Eu quero sair de perto enquanto você lê e distrair a mente, senão vou ficar nervosa e ansiosa para saber a sua reação que nem sempre fico quando...
- “quando alguém lê o que eu escrevo”. – Ele falou, numa imitação horrenda da minha voz. – Eu sei, eu sei. Se você quiser, eu espero para ler depois.
- Não, agora eu quero que você leia e dê a primeira opinião... Eu não sei nem se isso é um roteiro, um conto ou um livro.
- Tudo bem. Eu juro que vou ler com atenção.
- O que você quer comer?
- Você escolhe, escritora.
- Tudo bem. – Eu sorri. – Não vou demorar. – Dei um beijo nele.
- Eu te amo.
- Também te amo. – Me levantei e ele se ajeitou na cadeira para ler.
- Ah, Annie?
- Oi.
- Se quiser ir no meu carro, eu estacionei aí na frente, não vai precisar tirar o seu da garagem. – Como ele era lindo. Eu odiava tirar o carro da garagem, não sei o porquê.
- Chaves? – Ele pegou no bolso e jogou para mim.
- Obrigada. Eu acho que tinha que abastecer o meu carro, isso vai me poupar tempo.
- E você não gosta de tirar ele da garagem, eu sei.
- Exatamente.
- Mas a sua mania de não abastecer o carro não acaba, né?
- Tchau, Josh.

Fui em direção ao armário de casacos enquanto ele ria do modo como eu fugi do assunto. Me agasalhei e saí, já pensando no que ia comprar. Só parei para me concentrar na ação de subir no Jipe do Josh, o que sempre era um problema para uma pessoa sem coordenação como eu. No caminho, fui me preparando psicologicamente para a atenção que aquele carro chamava. Não que um Volvo vermelho fosse muito discreto, mas pelo menos era menor que o Jipe.

Estacionei o carro numa rua que tinha vários restaurantes e fui caminhando, tentando escolher o que ia comprar. Depois de ficar na dúvida entre o restaurante italiano, o japonês e a lanchonete, o queijo falou mais alto e eu comprei no italiano. Mas levei uma porção gigante de batatas fritas da lanchonete, era mais forte do que eu.

- Anne? – Me virei quando ouvi o meu nome. Estava voltando para o carro.
- É meu nome. – Eram duas meninas que deviam ter uns 18 anos. 
- Você pode tirar uma foto com a gente? – A mais baixinha pediu.
- Claro que posso!
- O Josh não está com você, né? – A outra menina perguntou rindo.
- Não, ele ficou em casa descansando. De repente na próxima vez vocês dão mais sorte e me encontram com ele. – Eu falei.
- Está tudo bem, nós também somos suas fãs. – Fiquei surpresa porque na minha cabeça eu era só uma jornalista, mas sorri em resposta.
- Obrigada. – Tirei as fotos com elas e antes de se despedirem, elas me entregaram um bilhete.
- É de um rapaz que estava no mesmo restaurante que a gente e te viu passar. Quando a gente levantou para vir aqui, ele pediu para trazer. – Coloquei o bilhete na sacola da comida e começou a chuviscar.
- Tudo bem, obrigada meninas. Eu vou ler no carro por causa da chuva, vão para algum lugar coberto, ok? – Eu não me aguentava e me preocupava com todo mundo.

Entrei no carro e comecei a dirigir logo em seguida, a comida estava esfriando. Quando cheguei em casa, Josh estava exatamente no lugar onde estava quando eu saí. 

- Conseguiu entender algo? – Perguntei depois que deixei o casaco nas costas do sofá.
- Uma boa parte. E, meu Deus do céu, eu sou seu fã. – Eu ri e dei um beijo nele.
- Você é suspeito para falar, meu amor. – Coloquei a sacola em cima da mesa. – Vai abrindo aí, vou pegar pratos e talheres.
- Você comprou italiano, né? – Ele perguntou depois que eu saí.
- Você esperava outra coisa? – eu respondi no meio do caminho para a cozinha.
- Não. Traz o vinho que eu abri ontem também! – Ele falou um pouco mais alto, porque eu já tinha chegado na cozinha.
- Tudo bem. – Gritei em resposta.

Peguei as coisas na cozinha e quando estava voltando para a sala, vi Josh com o tal bilhete que eu tinha esquecido na mão.

- O que é isso, Anne? – Ele perguntou sério.
- Não sei. Umas meninas me deram quando eu estava saindo do restaurante, só que começou a chover e eu não abri.
- O bilhete é delas?
- Não... Elas disseram que um rapaz que estava no mesmo restaurante que elas pediu para elas me entregarem. Por quê?
- Lê. – Ele me estendeu o bilhete. “Estamos na sua cola, Anne Borges. Preste bastante atenção nas pessoas à sua volta”.
- Isso é uma ameaça?
- De certa forma, sim. Você tem certeza que não sabe quem foi o cara que mandou te entregarem isso?
- Tenho. Eu não tinha visto nem elas duas até elas virem falar comigo.
- Pode ser só uma brincadeira, mas pode ser sério. Toma cuidado daqui para a frente, Anne.
- Tudo bem.
- Se você receber qualquer outra coisa parecida com essa, me avisa e nós vamos à polícia. – Assenti.
- Eu já recebi coisas piores de fãs suas pela internet quando começamos a namorar, Josh. Deve ser só uma brincadeira. – Eu falei, mais para tentar me convencer do que por acreditar mesmo. Respirei fundo e troquei de assunto. – Vamos comer? Estou faminta.
- Vamos sim. Hum, como é o vestido que você escolheu para o Oscar? – nós começamos a conversar e tentamos não tocar mais no assunto do bilhete.

No dia seguinte, saí de casa apreensiva. Ainda mais porque eu ia passar na casa da Isabella para buscar ela e Seth, já que eles iriam junto comigo ao ateliê. Mas nada aconteceu, nós fomos e voltamos em paz e eu nem comentei sobre o assunto com ela.

Nós duas nos apaixonamos por um milhão de vestidos naquele ateliê e o primeiro que nós tínhamos visto, no site, se tornou uma mera lembrança quando o Mac Duggal em pessoa – como a atendente dele disse – disse que queria fazer o meu vestido sob medida. Era uma jogada de marketing, eu sei, já que todos iam perguntar de quem era o vestido que eu ia usar no Oscar, mas eu topei na hora. Tiramos medidas, escolhemos tecidos e eu falei exatamente como o vestido tinha que ser. Ele ficou de me mandar o croqui por e-mail até o fim da tarde, e quando eu abri, tudo o que eu mais queria era ver aquele vestido pronto. Autorizei e ele disse que me entregaria o vestido pronto em duas semanas, três dias antes da cerimônia. Ainda era um tempo bom.

Aproveitei que tinha aberto o e-mail e baixei os roteiros que o Josh tinha me mandado. Comecei a ler o primeiro e na primeira linha, eu já tinha chegado à conclusão de que ele precisava fazer aquele filme. Quando terminei, a certeza era ainda maior. Era questão de combinar as agendas. Liguei para ele.

- Josh? Tenho o roteiro do seu novo filme nas minhas mãos. 

Hey pessoinhas ;)
Tem MUITO spoiler perdido nesse capítulo, olhem com carinho, hehe
Bem, eu vou viajar amanhã e só volto no domingo, vou ficar sem internet,
então o próximo capítulo Oscar sai na segunda ou na terça.
E o nome do próximo capítulo é: "You make my dreams come true"
Até o próximo, chuchus ;)

05 - Feeling 22... Ops, 27

1
COM


- Como está a coisa mais linda da dindinha hoje, hein?
- Se ela te responder, eu vou sair correndo Anne. – Keegan disse.
- Vai catar coquinho, Keegs. Deixa eu babar na minha afilhada.
- Cuidado pra não afogar a criança... – Eu, ele, Josh e Isabella tínhamos ido visitar Julie e Alice. Seth, para variar, estava dormindo no carrinho.
- Você não tem nada melhor para fazer no seu aniversário não? Deixa a gente curtir um pouco a menina, sua egoísta! – Isabella disse.
- Hey, a filha ainda é minha, tudo bem? – Julie disse. E foi só ouvir a voz dela que Alice começou a se mexer e reclamar no meu colo. – E ela prefere o meu colo a qualquer outro... – Julie disse enquanto eu entregava Alice para ela.
- Tudo bem, ninguém aqui é mais babona que a Julie e o Ian. – Josh disse olhando para eles dois, embasbacados com a filha.
- Vocês vão ficar exatamente assim quando tiverem um filho... – Isabella disse para nós dois. – Mas agora, sério, vocês não vão fazer nada de especial hoje? – Lembrei do meu presente e da noite passada, que já tinham sido bem especiais para mim, mas preferi não comentar ali no hospital. Depois, quem sabe?
- Até agora, eu não sei de nada. Josh deve ter feito um plano maquiavélico com alguma surpresa. Eu já deixei uma mala pronta caso ele resolva me tirar do país novamente, mas acho que dessa vez nós vamos permanecer em solo americano.
- Se vocês não forem fazer nada à noite, passem lá em casa, eu tenho que te dar o seu presente. – Isa disse.
- E o meu presente que ela foi buscar lá em casa hoje, já que eu só devo receber a liberação do médico amanhã... – Julie completou.
- Vocês não precisavam ter se preocupado com isso...
- Ah, para de graça Anne, a gente sabe que você adora ganhar presentes. – Culpada.
- Tudo bem, eu gosto mesmo. – Eu ri.
- Com licença, o horário de visitas está terminando, vocês tem mais cinco minutos. – Uma enfermeira disse aparecendo na porta.
- Será que os pais de vocês chegam a tempo do próximo horário de visitas? – Isabella perguntou a Julie e Ian.
- Os meus pais já estavam chegando em LA da última vez em que falei com eles... Os pais da Julie não conseguiram voo em cima da hora, só vão embarcar amanhã de manhã cedo. – Ian respondeu.
- Eles só vão ver a Alice quando eu voltar para casa. – Julie disse, meio triste. Ela queria a mãe dela por perto, é claro.
- Ah, Ju, não fica assim. Logo, logo eles chegam e vão te paparicar muito. – Falei me aproximando dela.
- Enquanto eles não chegam, a gente faz isso por aqui. – Isabella falou.
- Vocês ainda parecem três adolescentes... – Ian disse.
- Nós estamos numa maternidade e você diz que parecemos adolescentes... – Isabella falou.
- A amizade de três adolescentes, Isa.
- Ah, isso de repente até é verdade. – Eu disse. – A gente tem que ir, mas se vocês precisarem de qualquer coisa, podem ligar, ok?
- Tudo bem, mulher de 27 anos de idade. – Julie disse. – É tão bom ainda ter 26...
- Você tem sorte de estar num hospital e com a minha afilhada no colo.
- Julie, você até me lembrou de uma coisa... Anne, nós precisamos ir. Estamos atrasados.
- Atrasados para o que? – Perguntei.
- Surpresa! – Josh, Isabella, Keegan, Ian e Julie falaram ao mesmo tempo.
- Tudo bem, já entendi que todos vocês sabem o que vai acontecer comigo e eu não, ok, ok...
- E você está morrendo de vontade de descobrir o que é...
- Não estou não. – Menti.
- Coisa feia, mentindo da frente da sua afilhada! – Ian disse e eu ignorei.
- Se a gente sair daqui rápido, você descobre para onde nós vamos rápido, Annie.
- Tudo bem, vamos. – Falei. Antes de sair, dei um beijinho em cima da roupa da Alice, não me aguentava.

Eu e Josh entramos no carro e ele ficou dando voltas e voltas sem chegar a lugar nenhum por uns trinta minutos.

- Amor, nós não estávamos atrasados? – Perguntei.
- Não. – Ele disse na maior naturalidade do mundo.
- Joshua Ryan Hutcherson, você me tirou de perto da Alice à toa?
- Eu não disse que era à toa, só disse que nós não estamos atrasados. Porque nós estamos indo para casa.
- Para casa?
- Sim. Eu pretendia fazer o que nós vamos fazer num lugar aberto, mas nós estamos em pleno inverno americano e cheios de neve... Vamos ter que ir para casa.
- O que nós vamos fazer?
- Calma, já, já a gente chega e você descobre. – Ele não ia me contar nada antes de chegarmos mesmo, então eu desisti.

Quando chegamos em casa, ele me levou para o segundo andar, onde ficavam os quartos. Pensei que a tal surpresa nos aguardava no nosso quarto mesmo, mas ele parou em frente à porta de um dos quartos que nós deixamos propositalmente vazios quando decoramos a casa.

- Preparada para a surpresa, Annie?
- Aqui no quarto?
- É... Como eu disse, queria fazer ao ar livre e tinha até pensado no nosso jardim de inverno, mas está muito frio lá fora... A surpresa da vez é essa aqui.  Pode abrir a porta, baby. – Abria a porta do quarto e quase não reconheci o cômodo da nossa casa que normalmente, fica vazio.

Josh iluminou o quarto com mini luminárias, então ele não estava escuro, mas também não estava totalmente claro. No meio do cômodo, no chão, tinha uma toalha de piquenique forrada com um arranjo de orquídeas e coisas para a gente comer. E o notebook dele, que devia ser para colocar música para tocar.

- Eu não canso de repetir: você não existe! – Falei.
- Existo sim, baby. – Ele riu e me puxou para o centro do quarto. Nós sentamos no chão, em cima da toalha. – Isso é para você. – Ele me deu as flores.
- Obrigada. – Dei um beijo nele.
- A comida ia ser algo mais elaborado, mas a Alice pegou todo mundo de surpresa ontem... Não tive muitas opções. – Reparei no que tinha por ali pela primeira vez. Pizza, suco de morango e chocolate.
- Mesmo sem opções você conseguiu juntar as minhas comidas preferidas! – Eu ri. – Pizza de quatro queijos com suco de morango nunca me decepciona.
- Você é um amor, sabia?
- Você já me disse isso algumas vezes. – Eu ri. – Agora vamos comer, estou faminta!
- Você manda, aniversariante.
- Hum, amor... Se você estava comigo desde a hora em que nós acordamos, como conseguiu arrumar isso tudo? – Eu perguntei enquanto ele pegava pizza para nós dois e eu servia o suco.
- Eu meio que planejei isso há um tempinho e organizei tudo durante a semana...
- E a pizza quente? Como veio parar aqui?
- Eu tenho ajudantes, confesso.
- Avan?
- Culpado. – Eu sorri e fiz carinho no rosto dele.
- Você faz eu me apaixonar mais a cada dia, sabia?
- Isso é bom, porque assim você nunca vai desistir de mim. – Ele disse.
- Mas isso já era um fato antes mesmo de a gente se casar. Nunca vou desistir de você. – Ele me deu um beijo um pouco mais demorado.
- Eu amo você, Annie.
- Eu também te amo, Josh.

Nós ficamos umas duas horas ali, conversando, comendo e rindo um do outro. Fomos interrompidos a cada vinte minutos com meu celular tocando e recebendo sms de parabéns, mas hoje foi até fácil de relevar o incômodo.

- Está quase na hora do segundo horário de visitas da Julie... – Falei depois que já tínhamos acabado e eu estava deitada no chão com a cabeça nas pernas dele.
- Mas você não vai mais ver a Alice hoje...
- Por quê?
- Por dois motivos: Os pais do Ian devem estar lá e não vão deixar ninguém entrar no quarto agora e eu tenho planos para o resto do dia...
- A gente não pode passar nem cinco minutinhos por lá?
- Só se você ganhar de mim na guerra de bolas de neve.
- Que guerra de bolas de neve? – Perguntei.
- A que a gente vai fazer agora.
- Mas você sempre ganha... – Falei fazendo voz de drama.
- Vai que dessa vez eu deixo você ganhar... De presente de aniversário.
- Sério?
- Sério.
- Não é mais fácil admitir que você também está cheio de vontade de voltar no hospital e ver a Alice?
- Assim você acaba com o meu planejamento, Annie... – Ele disse, fingindo desapontamento.
- Tudo bem, vamos para a neve!

Nosso quintal estava totalmente tomado pela neve e eu senti frio mesmo usando casaco, cachecol e luvas.

- Quais são as regras? – Perguntei.
- O primeiro que ficar todo molhado, perde.
- Perde e fica resfriado, né?
- Eu comprei vitamina C, a gente toma quando entrar em casa.
- Você é um gênio. – Falei e dei um beijo nele. Logo depois, abaixei rápido, peguei um pouco de neve que estava perto do meu pé e joguei na cabeça dele. – Já comecei com vantagem.
- Eu estava pensando em ter misericórdia de você, Anne Christine... Depois dessa demonstração de petulância, pode esquecer. – Ele disse.
- Petulância? Você não viu nada.
- Corre, Anne. – Eu saí correndo de perto dele e senti alguma coisa batendo nas minhas costas. A grande verdade é que eu era muito ruim de mira e ele era exatamente o contrário de mim...

Uns quinze minutos depois, nós dois já estávamos praticamente todos encharcados, mas a minha situação era ligeiramente pior e eu comecei a espirrar, então nós paramos. Como tínhamos deixado o aquecedor ligado dentro de casa, já me senti melhor assim que entrei, mesmo assim, nós dois fomos direto para a banheira quente e deixamos as roupas secando em algum canto.

Quando saímos do banho, eu confesso que estava preparada para vestir um pijama e ficar embaixo dos cobertores comendo chocolate e vendo TV com o Josh, mas ele não deixou.

- Você acha mesmo que nós vamos passar a noite do seu aniversário fazendo o que nós podemos fazer todo dia? – Ele perguntou enquanto eu estava pegando meu pijama fofinho na gaveta.
- Não?
- Não.
- E o que nós vamos fazer?
- Não sei. Mas sei o que você vai vestir. – Ele abriu o armário dele e pegou uma bolsa de loja.
- Mais um presente, amor?
- Mais um. Abre. – Ele me estendeu a sacola.

Abri sem medo, Josh sempre acertava nas minhas roupas. Me surpreendi quando não encontrei nada preto dentro da bolsa. Era um vestido branco com azul tomara que caia, do jeito que eu gostava.

- Você sempre acerta! É lindo, amor.
- Obrigado, obrigado. Dessa vez o mérito foi só meu, não pedi ajuda.
- Você tinha que pegar a prática em algum dia. – Eu ri. – Eu vou saber aonde eu vou usar isso aqui?
- Não. Por que nem eu sei. Se arruma que hoje a gente vai sair à caça de alguma boate em Los Angeles.
- Ui. Falou o baladeiro. Tudo bem, vou me arrumar. Mas agora devo demorar um pouquinho, tenho que secar os cabelos... – Falei.
- Demore o tempo que você precisar, o aniversário é seu, a festa não começa sem você. Sem dizer que a noite é uma criança...
- Gente, quem é você e onde você colocou o meu marido? Há muito tempo eu não te via com tanta vontade de comemorar à noite. – Para falar a verdade, desde o nosso acidente de carro Josh não curtia muito dirigir depois que escurecesse. Mas achei melhor não tocar nesse assunto.
- Meu amor, a gente só vive uma vez. E hoje é seu aniversário. Nada ia me fazer ficar dentro de casa e não comemorar com você. – Ele disse enquanto me abraçava.
- Obrigada. Por tudo o que você está fazendo por mim hoje. Te amo muito, viu?
- Você merece, Annie. E eu também te amo demais. – Ele me deu um beijo.
- Deixa eu me arrumar, senão a gente só vai sair daqui a três horas.
- Tudo bem. Vai ficar mais linda que o normal, vai.
- Só para você, baby.
- É isso o que me deixa feliz.

Eu juro que tentei fazer tudo rápido, mas eu tive que secar e modelar o cabelo, fazer maquiagem, arrumar a sobrancelha e me vestir. Ainda bem que as unhas estavam feitas. Se ele tivesse me avisado antes, eu tinha prendido o cabelo para a nossa guerrinha de neve e me pouparia muito trabalho. Uma hora e meia depois, eu estava pronta, devidamente vestida e calçada.

- Uau. – Josh disse quando me viu. Ele estava me esperando vendo TV sentado no sofá, já pronto.  – Você consegue ficar mais linda a cada dia. Acho que escolhi bem quando te pedi em casamento...
- Ainda bem que você acha que escolheu bem, porque eu não pretendo te largar tão cedo.
- E eu não pretendo te largar nunca. – Ele me deu um beijo. – Vamos?
- Vamos. Vou pegar o meu casaco. – Eu disse já indo para o armário de casacos perto da porta.
- Eu já peguei. – Ele falou atrás de mim, segurando o casaco para eu vestir.
- Além de tudo, ele ainda é cavaleiro. Mundo, supere o fato de que eu roubei o homem mais perfeito pra mim. – Eu falei enquanto vestia o casaco com a ajuda dele.
- Totalmente seu, baby. – Ele falou no meu ouvido antes de vestir o próprio casaco e me dar a mão para sairmos de casa.

Começamos a nossa caça à uma boate que não estivesse tão cheia assim que saímos do nosso condomínio, mas não tivemos muito sucesso, era um sábado à noite e todo mundo resolveu sair de casa.

- Já sei onde procurar. – Josh disse e foi dirigindo na direção da Hollywood Boulevard.
- Josh, a Hollywood Boulevard com certeza vai estar completamente lotada. Vamos para algum restaurante, é melhor, não?
- Vamos tentar lá primeiro, amor...
- Tudo bem, mas é certo que lá todas as boates vão estar mais cheias que essas. Aqui. – Ele olhou para mim.
- Relaxa Annie, se estiverem cheias, a gente volta.
- Joshua Ryan Hutcherson, você sabe de alguma coisa que eu não sei?  - Perguntei.
- Você acha que se eu soubesse de alguma coisa nós dois íamos rodar esse tempo todo atrás de uma boate vazia? – Fazia sentido.
- Tudo bem, vamos pra Hollywood Boulevard.

Nós fomos conversando durante o caminho e eu me distrai, só percebi que nós tínhamos chegado quando ele parou o carro.

- Aquela ali parece vazia, vamos tentar? – Ele perguntou, apontando para uma boate que só tinha umas dez pessoas na fila do lado de fora.
- Vamos sim.

Ele saiu do carro e me ajudou a descer por conta do meu salto alto. Atravessamos a rua de mãos dadas e eu sempre me perdia do resto do mundo quando ele fazia isso comigo. Tudo bem, nós já estávamos até casados, mas eu ainda não tinha perdido a sensação de primeira semana de namoro.

Quando os seguranças da boate nos viram, cumprimentaram o Josh. Não entendi muito até lembrar que ele era famoso. Liberaram a nossa entrada e eu parei três passos depois de entrar na boate. Estava escura e silenciosa. Fiquei até com um pouco de medo.

- Josh, o que...
- Vem, Annie! – Ele me puxou e eu fui. Desconfiada, mas fui. Passamos por uma porta e entramos em outro ambiente, igualmente escuro e silencioso. Mas só por alguns segundos.
- Surpresa!

COMO eu não desconfiei que ele tinha feito uma festa surpresa para mim? Como? Todo mundo estava ali, exceto por Julie e Ian, que estavam no hospital, é claro. Eric e Meredith tinham vindo de Nova Iorque junto com Connor e Amy. Mich e Chris vieram do Kentucky e Isabella e Keegan vieram do nosso condomínio mesmo. Mas o resto das pessoas que eu tinha visto só na primeira olhada tinha vindo de vários lugares. E aí eu percebi que depois que você entra de alguma forma em Hollywood, as suas festas de aniversário nunca mais são as mesmas.

- Você fez isso pra mim?
- Não Anne, hoje é meu aniversário e o dia 12 de outubro sempre foi um disfarce. É claro que é pra você, meu amor.
- Você fechou a boate pra mim? – Eu acho que ainda não tinha acreditado.
- Fechei e isso é só um décimo de tudo o que eu sou capaz de fazer por você. Achei que você já teria percebido isso a essa altura do campeonato... – O interrompi com um abraço.
- Obrigada, amor. De verdade. Eu sempre adoro as suas surpresas, mas você se supera a cada surpresa nova...
- Para de rasgar seda pra mim, menina. Você tem convidados para paparicar.
- Tudo bem, tudo bem. A noite é uma criança, ainda vou ter tempo de te agradecer direito. – Falei no ouvido dele e lhe dei um beijo antes de descer as escadinhas que separavam a entrada do resto da boate e ir falar com as pessoas que estavam lá.

E claro, curti a noite, a madrugada e o início da manhã como nunca. Junto com o meu marido.

TRÊS DIAS DEPOIS

- Anne, daqui a pouco eu vou cobrar para ser sua secretária, mas você tem noção de que dia é hoje? – Isabella perguntou no telefone.
- Não. Ainda estou curtindo preguiça e ressaca por conta do meu aniversário. – Eu ainda estava na cama e eram quase duas da tarde.
- Hoje é dia 21 de janeiro, Anne.
- E...
- E aí que falta menos de um mês para o Oscar.
- E...
- Você já escolheu o seu vestido, Anne Christine?
- MEU DEUS DO CÉU, O VESTIDO DO OSCAR!
- Eu acabei de escolher o meu. Você vai querer ajuda? – Ela falou com o tom de voz de “eu estava certa, admita”.
- Eu não sei o que seria de mim sem você.

Era hora de escolher o meu vestido do Oscar. 

HEEEEEEEEY PESSOAS, I'm back!
Cusrtiram o capítulo? hehehe
Novamente, pra quem não viu os links no capítulo,
o vestido, o sapato e o casaco da Anne:
aqui, aqui e aqui.