Ever After - Agradecimentos
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Ariel Cristina Borges
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segunda-feira, setembro 02, 2013
E chegamos ao último post de agradecimentos de INYS! Essa
temporada foi a mais demorada e enrolada, apesar de ser a menor, então meu
primeiro agradecimento tem que ser à paciência de Jó de todos vocês, OBRIGADA
por ainda lerem o que eu escrevo!
Izabela e Júlia, os nomes e personalidades de vocês rederem
duas personagens incríveis. Obrigada.
Natascha, minha primeira leitora, obrigada pela paciência (e
por postar o último capítulo, o epílogo e esse post de agradecimentos, já que
eu estou sem internet)
Thaís, sua linda, obrigada por ter se tornado uma amiga
quatro anos mais nova que eu por causa da Anne.
Karina, Laura, Erika, Camila, Thaisy, Gabi e mais quem me
acompanha pelo twitter e pelo facebook: obrigada pelo apoio! Sem vocês me
impulsionando, acho que não teria conseguido.
E isso vale para todas.
Aproveito esse post para dizer que vocês podem aguardar uma
nova história vinda da pessoa que vos escreve em breve. Olívia é a
nova Anne. E já já vocês vão saber mais sobre ela!
Beijos,
Ariel Cristina Borges
Epílogo ♥
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Ariel Cristina Borges
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segunda-feira, setembro 02, 2013
18 anos depois
- SOPHIAAA! Se você ficar mais
cinco minutos aí em cima nós só vamos chegar lá para jogar os capelos para o
alto! – Mason gritou da escada.
- Calma, filho. Ela já deve estar
descendo. – Falei.
- Mãe, eu comecei a me arrumar
duas horas depois dela e já estou pronto há quase uma!
- Não há muito o que você possa
fazer, Mason. Isso é uma tendência genética que ela herdou da sua mãe. – Josh
disse.
- Hey! Eu já estou pronta, quem
está demorando é ela!
- Exatamente como você faz em todos
os eventos e premieres que nós vamos há vinte anos.
- Eu vivi 17 desses vinte e tenho
que concordar com o oompa, mãe. Você sempre demora. – Mason chamava o Josh de
oompa desde quando era pequenininho. Culpa do Keegan, claro.
- Ok. Eu vou ver se a Charlotte
precisa de ajuda e aproveitar para apressar a Sophia um pouco mais.
Era o dia da cerimônia de
formatura no ensino médio de Mason, Sophia, Harry e Melissa. Sim. Isabella e
Julie tiveram mais um filho cada uma. Harry é irmão de Alice e Melissa, irmã de
Seth. Eles quatro entraram na escola juntos e desde então, não se desgrudam.
Não é à toa que estão se formando no mesmo ano também.
Isabella e Julie não foram as
únicas a engravidar novamente. Quando os gêmeos fizeram cinco anos, eu entrei em crise. O estopim foi o
dia em que Mason
disse que não precisava mais de mim para amarrar os sapatos porque já era um
rapaz crescido. Coloquei na cabeça que queria mais um filho e Charlotte nasceu.
Hoje ela tem 12 anos e é a mascote da casa.
Quando cheguei ao quarto dela,
Char já estava pronta, mas continuava se olhando no espelho. Ela tinha nascido
com os olhos verdes do Josh, mas era mais morena que Sophia e Mason. Mas tão
linda quanto.
- O que foi, querida?
- Nada moms. Só estou checando os
últimos detalhes. – “Checando os últimos detalhes”. Ela era mesmo minha filha.
- Você está linda, não precisa
checar mais nada.
- Só queria ter certeza que ia
ficar tão bonita quanto você e a Soph. – Sorri. Ela me abraçou pela cintura.
- Vocês duas vão ser o centro das
atenções. – Falei. – Agora desce, vai acalmar o seu irmão. Vou buscar a Sophia.
Charlotte desceu e eu fui para o
quarto de Sophia. Ela estava exatamente do mesmo jeito que eu tinha encontrado
a irmã, mas com uma diferença. Ela estava chorando. Não sei a quem ela puxou
com essa mania de entrar em pânico antes de grandes eventos...
- Hey baby, o que foi? – Me
aproximei dela.
- Estou em pânico, mãe. Eu sou a
oradora da turma. Tenho quase certeza que vou chegar lá na frente, esquecer
todo o meu discurso e passar uma vergonha gigante. Não devia ser eu, devia ser
o Mason, ele quer ser jornalista, ele sabe falar em público. Ele é o
inteligente da família que vai pra Harvard com o Harry, não eu!
- E você decidiu que quer ser
atriz, mas está com medo de um discurso de formatura? – Sim. Eles dois
decidiram seguir as nossas carreiras. E aquilo só me deixava mais orgulhosa.
Sophia já tinha feito alguns filmes, mas só ia começar a trabalhar seriamente
agora, depois da formatura. Josh não quis que ela perdesse a quantidade de
coisas que ele perdeu, por mais que ela amasse a profissão tanto quanto ele.
- É diferente. Quando tem câmeras
por perto, eu não sou mais eu. Eu sou um personagem. Mas hoje vai estar todo
mundo lá. Todos os meus amigos. – Ela ia começar a falar desesperadamente. Do
mesmo jeito que eu faço.
- Sophia, calma. Respira. Você já
sabe o seu discurso de trás para frente, não vai esquecer. E se esquecer,
improvisa. – Falei. – Você vai ser incrível, como é em tudo o que faz.
- Eu só queria ser um pouquinho
mais confiante, que nem você é.
-Eu? Confiante? Vou te contar um
segredo: é tudo atuação. Fruto de uns anos convivendo com o seu pai. Você vai
ser incrível. – Repeti. Ela sorriu e eu percebi que tudo ia ficar bem dali para
frente.
- Obrigada, moms.
- De nada, meu bem. Agora retoque
essa maquiagem e desça antes que o seu irmão surte. – Me levantei e fui em
direção à porta, mas parei no meio do caminho. – à propósito, você está linda.
- Assim como você.
Tinha quase chegado às escadas
quando ouvi mais vozes do que esperava. Julie, Ian, Harry, Isabella, Keeegan e
Melissa tinham chegado. Estava prestando atenção aos degraus então me assustei
quando ouvi um grito: “DINDAAAAAAAAAAAAAAAA”. Só aí percebi que Seth e Alice
tinham chegado também.
Ano passado, os dois se mudaram
para Nova York para fazer faculdade. Ele, arquitetura, ela, moda. Os dois eram
ótimos desenhistas, mas cada um no seu gênero. Eles eram vizinhos de porta e moravam duas
ruas atrás de Connor e Amy. Nos víamos com frequência, mas toda vez que
voltavam, faziam essa festa.
- Alice, Seth! Não sabia que
vocês já tinham chegado! – Ela veio até a escada e me abraçou.
- Deu certo, dinda. – Ela disse
no meu ouvido. Eu sabia do que ela estava falando, mas pela forma como me
contou, eles ainda não tinham conversado com os pais. Então controlei a minha
reação.
- Cadê a Sophia? – Seth perguntou
depois que veio me abraçar.
- Aqui. – Ela respondeu do alto
da escada.
- Estamos todos aqui? Podemos ir?
– Melissa perguntou. Ela e Mason pareciam mais ansiosos que todos nós.
- Ainda não, Mel. – Seth disse.
Alice foi para o lado dele.
- Nós temos que contar uma coisa
para vocês. – Ela disse.
- Nós estamos namorando. – Seth
falou, olhando diretamente para Ian.
- Desde quando? – Ian perguntou,
sério.
- Semana passada. – Alice
respondeu. Ele continuou fazendo aquela cara, mas aos poucos, abriu um sorriso.
- Eu achei que ia ter que
conversar com você, filho. – Keegan disse.
- Então vocês não veem problema
nisso?
- Por que veríamos, Seth? – Julie
disse. – Nós assistimos vocês dois crescerem.
- Para falar a verdade, nós
tínhamos percebido que vocês dois se gostavam há séculos. – Isabella disse.
- Eu disse para você que todo
mundo já esperava isso. – Falei para Alice.
- Exatamente o que eu disse para
você, Seth. – Josh disse.
- Vocês sabiam? – Keegan
perguntou.
- Ué, eles queriam falar com
alguém, e entre vocês quatro, só enxergavam pais e futuros sogros. Por isso
vieram até nós. – Falei.
- Vocês precisam contar mais
sobre isso para a gente! – Isabella falou para eles dois.
- Não, tia! – Harry disse. – Nós
ainda temos uma formatura para ir, lembra?
- É verdade. Desculpa. Me
empolguei.
- A gente vai ter a noite toda
para conversar, mãe. – Seth falou.
Começamos a nos dirigir à porta,
mas antes de sairmos, Ian nos chamou.
- Onde vocês pensam que vão? Está
faltando uma coisa!
- E isso seria... – Sophia disse.
- Foto de família!
Posamos para a foto e Ian acabou
tirando umas vinte. Como sempre fazia. Para falar a verdade, acho que foi ele
com essa mania que despertou o interesse de Melissa pela fotografia. Ela queria
ser modelo, mas também era uma ótima fotógrafa.
Era estranho ver todos eles
encaminhados. Seth e Alice estavam na faculdade, namorando e morando sozinhos.
Harry e Mason iam dividir o mesmo dormitório na melhor universidade do mundo.
Sophia ia atuar até cansar, como ela mesma dizia. Melissa ia continuar a
carreira de modelo e fazer um bom curso de fotografia. E sim, elas duas também
planejavam morar juntas.
Acho que essa é a maior prova de
que somos uma família. Uma família gigante e não completamente ligada por
sangue, mas por uma coisa muito mais forte: amor.
13 - The End
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Ariel Cristina Borges
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segunda-feira, setembro 02, 2013
SEIS MESES DEPOIS
- Josh... – Falei enquanto
tentava acordá-lo. O relógio na mesa de cabeceira indicava 03:37 da manhã. –
Sophia está chorando. E é a sua vez de ir lá.
- Nããããão! – Ele falou, cobrindo
o rosto com um travesseiro.
- É sim, eu levantei às duas
quando o Mason acordou.
Ele tirou o travesseiro do rosto,
se descobriu e se levantou, ainda sonolento. Nós dois repetíamos essa cena umas
quatro vezes por noite. Toda noite. Ter dois filhos de uma vez só não é
exatamente a coisa mais fácil do mundo.
Nosso tempo livre, agora, se
resume fazer o máximo de coisas possíveis enquanto eles dois dormem. O problema
é que, às vezes, eles não sincronizam o horário do cochilo e quando um dorme, o
outro acorda. E vice versa.
Josh tem passado mais tempo em
casa para me ajudar, mas logo ele começaria a gravar outro filme. Aquele que
era uma surpresa para mim antes de fecharmos com o filme do Woody. Depois de
muita insistência, consegui fazer com que ele me contasse e entendi o porquê da
surpresa. A Warner Bros. chamou ele para interpretar o Príncipe Eric numa
releitura de A Pequena Sereia que eles iam fazer. Por mais irônico que pareça,
ele aceitou. As gravações começavam em um mês.
Eu ia sentir falta dele em casa,
mas não podia mais prendê-lo. Desde que as crianças nasceram, ele só se
comprometeu com as premieres de Love,
London. Josh gostava de ficar em casa, passava o dia babando em Sophia e
Mason, mas eu sabia que ele queria voltar a trabalhar, por mais que não
admitisse. Ele era como eu, não funcionava sem o trabalho porque, antes de
tudo, atuar era uma paixão contra a qual nem eu poderia competir na vida dele.
Claro, em momentos extremos ele optaria por mim como fez nos últimos seis
meses, mas ele sempre voltaria para ela.
E falando em trabalho... Eu
continuo com a minha coluna na Harper’s Bazaar. Como não tinha tempo para mais
muita coisa, Julie e Isabella assumiram meu cargo de agente do Josh enquanto eu
não voltava à ativa. Meu lado jornalista acaba aí, pelo menos por enquanto. Em
compensação, meu lado escritora evoluiu um pouco e eu acabei um livro. Ainda
não sabia se ia publicar, mas estava orgulhosa do resultado. Josh leu assim que
eu terminei e estava fazendo a maior campanha para eu divulgar e tentar
contrato com alguma editora, mas eu ainda achava que não estava pronta para
isso. Sophia e Mason ainda são muito novos e publicar um livro gera um milhão
de compromissos que eu não ia poder cumprir por causa deles.
Antes de tudo, agora eu sou mãe.
Quando Josh voltou, para o
quarto, Sophia já tinha parado de chorar. Ele tinha isso com ela, não importava
o que acontecesse, ela sempre se acalmava perto do pai. Assim como ele fazia
comigo. Depois que ela veio para o meu colo, foi questão de minutos para dormir
novamente e enquanto mamava.
Ah, sim, essa era uma vantagem de
amamentar duas crianças ao mesmo tempo. Eu já tinha recuperado o meu corpo de
antes da gravidez. E tinha até perdido mais uns quilinhos. Mas a maior vantagem
mesmo era ver o sorriso deles dois quando ouviam a minha voz.
Às oito da manhã, eu e Josh já
estávamos de pé definitivamente. Ainda tínhamos mais ou menos uma hora para nós
dois antes de Sophia e Mason acordarem. Ou quase isso.
- Amor, acho que você vai
precisar ir à rua hoje. As fraldas e os lenços umedecidos estão acabando e está
nevando, não é uma boa sair com eles dois. – Falei. Nós dois estávamos largados
no sofá. Isso era o mais próximo da vida pré noites mal dormidas que nós
chegávamos.
- Tem certeza que não precisa de
mais nada? – Ele perguntou.
- Também tem que comprar alguma
coisa para o nosso almoço. Sinceramente, eu não tenho ânimo para fazer comida
hoje. – Era sábado. E tudo o que eu queria era ficar deitada o dia todo.
- O que aconteceu com a gente,
hein, Annie?
- A gente teve filhos. – Eu ri.
Olhei para o relógio. Tive uma ideia. Me endireitei no sofá e fiquei com o
rosto na altura do dele. – Para falar a verdade, tem mais uma coisa que eu
preciso.
- O quê? – Sorri.
- Você. – Dei um beijo nele e ele
demorou uns segundos para entender minhas intenções. Realmente, algo havia
mudado ali.
- Mas e eles dois? – Ele
perguntou.
- Eles ainda estão lá em cima dormindo.
- Então nós só temos que ser
silenciosos.
- Nada que a gente nunca tenha
feito. – Ele me beijou e nós caímos no sofá.
Não importava quanto tempo
ficássemos sem sexo, nós ainda éramos completamente conectados. Estávamos
começando a ficar realmente empolgados com a situação. Tirei a camisa dele num
piscar de olhos e basicamente ao mesmo tempo, ele tirou a minha. Ele já tinha
chegado ao fecho do meu sutiã quando ouvimos um choro. Logo depois, outro
choro. E nós voltamos à realidade. Nós éramos pais antes de absolutamente tudo.
- Eu pego a Sophia, você pega o
Mason. – Falei enquanto subíamos as escadas do jeito que estávamos mesmo.
- Tudo bem.
Depois que demos o café da manhã
deles, eu e Josh já tínhamos recarregado as energias. Banho, fraldas, comida,
tudo já vinha naturalmente.
- Annie... Eu acho que nós vamos
ter que sair com eles dois. – Josh disse, mais ou menos na hora do almoço.
Sophia e Mason estavam entretidos com a TV e nós dois estávamos por perto, mas
adiantando outras coisas.
- Por quê?
- Porque o fim de semana que vem
já é natal e quinta-feira seus pais chegam. Sexta vem os meus, Connor e Amy. E
não compramos os presentes. – Me concentrei na data. Era dia 19 de dezembro.
Que tipo de mãe eu era? Sophia e Mason estavam fazendo exatamente seis meses e
eu tinha esquecido. Além de ainda não ter comprado presentes de natal.
- Vamos almoçar no shopping. Lá a
gente compra todos os presentes que tivermos que comprar.
Era o primeiro natal de Sophia e
Mason, então nós decidimos passar em casa. Todos iam para lá, inclusive nossos pais, Eric
e Meredith, que iam conhecer os bebês. Fiz uma lista mentalmente dos presentes
que teria que comprar. Sophia, Mason, Josh, Mich, Chris, Amanda, Joey, Connor,
Amy, Isabella, Keegan, Seth, Ian, Julie, Alice, Eric, Meredith, meu pai, minha
mãe e Matheus. E mais alguns para Sophia e Mason. A tarde ia ser longa.
Coloquei a roupinha mais quente
possível neles dois e levei mais algumas mantas na bolsa. O shopping tinha
aquecedor, mas não podia arriscar que um deles ficasse doente. Saímos no carro
do Josh porque era mais espaçoso. Além das compras, nós precisávamos carregar
carrinhos, bolsas e o banco de trás tinha duas cadeirinhas. Eu ia entre as
duas, cuidando para que nada acontecesse.
Conseguimos almoçar sem
problemas. Lê-se, sem paparazzis. Nos shoppings eles eram bem mais discretos.
- Acho bom a gente começar a
decidir as lojas que vamos visitar agora. – Falei. – São muitos presentes a
serem comprados.
- Eu preciso ir à loja de
esportes comprar o do Connor.
- De repente eu acho algo para o
Matheus lá também.
- Vou precisar ficar longe de
você por alguns minutos. – Ele disse, com um sorriso torto no rosto.
- Por quê?
- Porque você só vai ver o seu
presente no dia em que tiver que ganhá-lo.
- Isso é covardia. Me dizer que
vai comprar o meu presente enquanto eu estou aqui é uma das piores formas de
jogo baixo do mundo.
- Mas vai ter que ser assim, é
bem mais prático e hoje o shopping não está tão cheio por causa da neve...
- Então eu também vou comprar o
seu. – Falei.
- Estamos combinados. Você vai
com a Sophia escolher o meu e eu e Mason compraremos o seu.
- Tudo bem. – Eu ri. – Falando
nisso, o que vamos comprar para eles?
Minha pergunta nos levou
diretamente para uma das lojas infantis do shopping logo depois do almoço.
Compramos roupinhas para eles usarem nos jantares de natal e ano novo e um
brinquedo para cada um, já que eles já tinham um baú cheio cada e nem tinham
começado a brincar com metade daquilo. Encontrei uma ovelha de pelúcia parecida
com uma que eu tinha quando era mais nova e acabei comprando para Sophia. Mason
estava no colo do Josh e adorou um macaquinho, também de pelúcia e nós acabamos
levando.
Continuamos a andar pelo shopping
e fazer compras. Na metade da tarde, Sophia estava permanentemente no colo do
Josh e as compras ficaram no carrinho dela. Ainda não tínhamos terminado, por
isso, eu e Josh fomos até o carro e guardamos as compras e um dos carrinhos.
Caso os dois dormissem ao mesmo tempo, dividiriam o carrinho que tivesse
ficado. Quando voltamos, Josh tinha a expressão diferente, mas devia ser só
cansaço. Ele não era assim tão fã de compras como eu e nós já estávamos lá há
horas.
- Você quer ir embora? A gente
pode continuar outro dia. – Falei.
- Não, vamos acabar de resolver
isso hoje. Assim a gente não precisa sair de casa com eles dois nesse frio
novamente. A partir de agora a tendência é só piorar.
- Tudo bem. Acho que chegou a
hora de nos separarmos.
- Você já sabe aonde vai? – Ele
perguntou.
- Sim. Já sei até o que vou
comprar.
- Eu também. – Ele disse, mas não
soou nem um pouco convincente.
- Tem certeza?
- Tenho.
- Se você diz... Nos encontramos
aqui nesse banquinho daqui a meia hora?
- Combinado. – Ele deu um beijo
em mim e outro em Sophia, que estava acordada no meu colo.
- É difícil me separar das minhas
meninas. – Sorri.
- Posso dizer o mesmo dos meus
meninos. – Mason estava literalmente apagado no carrinho. – Qualquer coisa,
estou com o celular.
- Ok. Tomem cuidado.
- Pode deixar.
Eu fui para um lado e Josh foi
para o outro. Eu estava torcendo para não cruzar com ele em algum corredor. A
grande verdade é que eu não tinha a mínima ideia do que ia comprar. Estava
olhando umas vitrines quando uma voz conhecida falou comigo.
- Oi, princesa. – Não podia ser
quem eu achava que era. Me virei e confirmei que estava certa.
- Ben... – O que você faz aqui?
- Estou passando as férias em LA. Essa é a sua menina?
– Ele apontou para Sophia.
- Sim. – Eu não estava com um bom
pressentimento.
- Ela é linda. É uma pena que é a
última vez que você vai vê-la.
Eu não tive tempo de reagir ou
perguntar o que ele queria dizer com aquilo. No mesmo instante, Ben tirou
Sophia dos meus braços e alguém aproximou um pano banhado em algo que tinha um
cheiro muito forte do meu nariz. E eu desmaiei.
Quando abri os olhos, estava numa
cama. Não reconheci o lugar. Parecia um quarto de hotel. Sophia tinha sido
cuidadosamente colocada ao meu lado e dormia. Conforme fui recuperando a minha
consciência, lembrei o que tinha acontecido. Entrei em desespero. Peguei
Sophia nos braços e quando tentei me levantar, caí na cama
novamente porque estava tonta.
- Onde você pensa que vai,
princesa?
- Ben? O que você fez? – Ele
estava sentado numa poltrona do outro lado da cama. Por mais tonta que
estivesse, não largava Sophia por nada. – Para onde você me trouxe? Cadê o meu
filho e o Josh?
- Eu te trouxe para longe dele.
Para um lugar onde você não vai ser forçada a fingir que o ama e vai poder
ficar comigo para sempre.
- O que?
- Isso mesmo. Eu vou te tirar do
país e nós vamos poder viver o nosso amor em paz. A intenção era pegar você com os dois
pirralhos, mas você estava com uma só, veio assim mesmo. – Eu estava em choque. Não consegui
acreditar no que Ben estava dizendo.
- Você ficou louco, Ben?
- Eu? – Ele se levantou. – Não,
princesa. Eu só estou pegando o que é meu de volta.
- O que?
- Você era tudo o que eu tinha,
Anne. Quando terminou comigo, eu não fiz nada porque sabia que um dia nós íamos
voltar a ficar juntos. E as coisas iam dar certo. Eu tinha te levado para
almoçar e estava determinado a te ter de volta. Então esse Josh apareceu.
Apareceu e levou tudo o que eu tinha de mais importante. Você. Meu emprego em Los Angeles. Eu
decidi voltar para ter tudo isso de volta. E a Sophia... Ela tinha que ser
minha filha, não dele! – Ele disse gritando. – Eu tinha que ser o pai dos seus
filhos, Anne! Eu sou o homem da sua vida, você não percebe?
- Você só pode estar com algum
tipo de problema. Quando eu terminei com você, tinha certeza que nunca
voltaríamos... Você não tinha se casado?
- Não deu certo. Ela não era
você. – Ele disse, mais perto. – E nós vamos voltar, sim. – Ele passou uma das
mãos pelo meu rosto e se aproximou, como se fosse me beijar. Virei o rosto na
hora. – Tudo bem. Você vai ceder. Nem que seja na pressão. Você nunca mais vai
ver a luz do dia, Anne. – Ele saiu do quarto e trancou a porta por fora.
Eu não sei como, um dia, fui capaz
de me envolver com um homem desses. Ele tinha me sequestrado e pegado a minha
filha junto. Meu estado de choque era tão grande que nem chorar eu conseguia.
Fiquei sentada na cama, tentando assimilar o que estava acontecendo. Pelo menos
ele não tinha feito nada com Sophia.
No chão, perto da cama, eu vi a
minha bolsa. Rapidamente pensei numa coisa e achei que ele não seria tão burro.
Mas para a minha sorte, ele era. Encontrei meu celular no bolso lateral e
liguei para Josh imediatamente.
- Annie? Annie? Você está bem? A Sophia está bem? – Ele estava
completamente desesperado e só naquele momento, a minha ficha caiu e eu comecei
a chorar.
- Nós estamos bem. Foi o Ben,
Josh. Ele nos trouxe para um quarto de hotel. Ele está louco. Onde você está?
- Calma, meu anjo. Eu vou te achar. Presta atenção no que eu vou dizer.
Você vai desligar essa ligação e acionar o GPS do seu celular. Ele tem um
dispositivo instalado que vai dizer no meu celular onde você está. Eu vou te
buscar. – A voz dele tinha ficado mais calma.
- Tudo bem. – Achei que não era a
melhor hora para perguntar por que ele tinha colocado um aplicativo localizador
no meu celular. – E o Mason?
- Está em casa com a Isabella e a Julie. Eu vou te achar, Annie. Eu te
amo, meu anjo. Vai ficar tudo bem.
Desliguei a ligação porque ouvi
um barulho de passos vindo do lado de fora. Ativei o GPS rapidamente e escondi
o celular na manta da Sophia. Se acontecesse algo comigo, Josh a encontraria.
Ben passou algumas horas sem
entrar no quarto. Sophia acordou e eu fiquei o tempo todo grudada nela. Não ia
deixar que nada de ruim acontecesse à minha menina. Ela ainda estava com a
ovelinha que eu e Josh tínhamos comprado mais cedo. Aquilo só me fez chorar
mais.
- Hora do jantar, princesa. – Ben
disse, entrando com uma bandeja.
- Odeio que me chamem assim, você
sabe. – Eu falei sem me mexer. Continuei deitada na cama com Sophia.
- Mas é assim que eu gosto de te
chamar. E é assim que eu vou te chamar pelo resto da vida.
- Você nunca vai me ter pelo
resto da vida. Nunca.
- Não vou ter essa discussão com
você, Anne. Aqui está o seu jantar. Pedi massa, sei que você gosta. – Olhei
para ele.
- Não quero nada que venha de
você. Prefiro ficar com fome.
- Tudo bem. Você que sabe. Mas se
lembra que você precisa se alimentar para amamentar a pirralhinha aí. – Ele
estava certo. Mas eu nunca ia admitir. Ia aguentar até o último minuto. – Por
que você não para de resistir, hein? – Ele se sentou ao meu lado. Eu posso te
fazer muito mais feliz que ele, é só você deixar.
- Isso é impossível. Sabe por
quê? Porque o Josh é o homem mais maravilhoso que eu já conheci na vida. Você
não chega aos pés dele. Eu o amo. Por você, só sinto repulsa. E pena.
Ben me deu um tapa no rosto assim
que eu terminei de falar. Se Sophia não estivesse comigo, provavelmente eu
teria revidado.
- Você podia fazer isso ser muito
mais fácil. Mas não, prefere que seja do jeito mais difícil.
Ele colocou Sophia na outra ponta
da cama e veio para cima de mim, mas não me bateu. Me beijou a força enquanto
procurava a barra da minha blusa e tentava tirá-la. Eu não deixei. Bati nele,
lutei contra, mas ele tinha me prendido pelas pernas e era muito mais forte que
eu. Quando viu que eu não ia ceder, rasgou a minha blusa e segurou as minhas
mãos. Eu estava imobilizada. A única coisa que podia fazer era gritar por
socorro.
- Ninguém vai vir te socorrer,
por mais que te ouçam. Pode gritar. Hoje você vai ser minha. – Ele me deu mais
um beijo e eu mordi seu lábio com força. – Adoro as mais agressivas. Hoje você vai
saber o que é um homem de verdade, Anne. – Ele disse no meu ouvido. Respondi no
mesmo tom.
- Você nunca vai ser melhor do
que ele.
Ben me olhou com raiva e antes
que pudesse fazer alguma coisa, nós ouvimos um barulho na porta. Ela tinha
acabado de ser arrombada. E Josh entrou por ela junto com Keegan.
- Larga ela, seu desgraçado! –
Josh puxou Ben de cima de mim e lhe deu um soco antes que ele pudesse pensar em reagir. Ben caiu no
chão.
- Keegan, pega a Sophia, tira ela
daqui. – Ele pegou Sophia da cama e foi para a outra ponta do quarto, longe de
Ben e Josh. A polícia entrou logo em seguida e, com armas apontadas para Ben,
ele não fez mais nada. Josh me abraçou e eu desmoronei. Chorei tudo o que não
tinha chorado antes.
- Calma, Annie, calma. Eu disse
que vinha te buscar, não disse? – Ele estava tentando me acalmar, mas também
estava chorando, tão nervoso quanto eu. – Ele ia me... Se você não tivesse
chegado, ele ia...
- Shh... Sim, mas eu cheguei e
ele não fez nada. Você está bem. Eu nunca vou deixar que nada de mal aconteça
com você, Anne. Nunca. Eu me agarrei a ele. Ficamos ali por alguns minutos.
O resto da nossa noite foi na
delegacia. Tive que prestar depoimento e queixa contra Ben. Descobri que ele
não era réu primário, então teria que esperar pelo julgamento na cadeia. Ele ia
responder por sequestro, sequestro de incapaz, lesão corporal e... tentativa de
estupro. Com sorte, ficaria preso por uns vinte anos.
Tudo o que eu queria era a minha
casa, meu marido e os meus filhos. Quando chegamos, Keegan, Isabella, Julie e
Ian estavam com as crianças. Isabella quase matou Ben por pensamento quando viu
a marca do tapa dele no meu rosto.
- Como você está se sentindo? –
Julie perguntou.
- Ainda estou assustada. Aquele
não era o Ben que eu conheço, definitivamente não. Ele está louco, é sério. Mas
estou aliviada por estar aqui. Obrigada por terem cuidado do Mason. Não deixei
de pensar nele nem por um segundo enquanto estava lá.
- Não foi nada. Você faria o
mesmo por nós duas.
- Espero nunca precisar. – Falei.
- Você precisa descansar, Anne.
Nós vamos deixar vocês sozinhos. – Isabella disse. – Passamos aqui amanhã para
te ver, ok?
- Tudo bem. – Elas duas me
abraçaram e como sempre, eu acabei chorando mais um pouco.
Depois que foram embora, eu e Josh
ficamos na sala por um tempo. Ele me abraçou em silêncio.
- Por que você colocou um
aplicativo rastreador no meu celular? – Perguntei.
- Fiquei com medo das ameaças que
você estava recebendo. Então instalei escondido.
- Você é incrível, Joshua. – Falei.
- Como você está, meu bem?
- Feliz por ter você. Obrigada
por ter ido me buscar. – Ele me deu um beijo na testa.
- Eu jurei te proteger para
sempre. É isso o que eu vou fazer.
- Eu te amo, Josh.
- Também amo você, Annie. – Dei
um beijo nele. Fomos interrompidos por duas risadas vindas do tapete.
Sophia e Mason acordaram sem que
nós percebêssemos e estavam brincando juntos no chão. Tudo normal. Até a hora em que Mason ficou de
gatinho no chão e começou a engatinhar sozinho pela primeira vez. Cutuquei o
Josh.
- Olha, amor, olha! – Ele já
estava com o celular na mão para filmar, mas parou por um instante.
Mason estava olhando para Sophia,
como se estivesse tentando ensinar a ela como fazer aquilo. Nós devíamos estar
filmando aquele momento, mas estávamos, simplesmente, embasbacados, admirando.
Ela demorou um pouquinho para conseguir se equilibrar, mas logo estava fazendo
o mesmo que ele. Eu e Josh chorávamos no sofá e eu sabia que nós não
esqueceríamos aquela cena nunca mais, pelo resto da vida.
Depois de engatinharem de um lado
para o outro, Sophia e Mason vieram em nossa direção. Pegamos eles dois e
ficamos brincando no sofá.
E então eu percebi que não havia
motivo para ficar triste. Eu tinha tido um dos piores dias da minha vida. Mas
eu também tinha uma família linda que sempre ia estar ali para me alegrar, não
importava o que acontecesse. Eles eram meus maiores tesouros. E esses, nada nem
ninguém ia tirar de mim.
12 - Family grows
- Josh, a bolsa estourou.
Era fim de tarde e nós estávamos
caminhando pelo Centro de Londres. Sim, nós tínhamos voltado para Londres
depois de passar um mês em Los Angeles. Houve um erro na contagem das cenas
e faltava uma externa do Josh. Como era uma cena importante, Woody não quis
arriscar e deixar na mão dos efeitos especiais... Eu não quis ficar cinco dias
longe do Josh, então fui junto, mesmo já estando com sete meses e meio. Só
deveria parar de viajar de avião quando fizesse oito.
Eu estava me sentindo meio
estranha desde ontem, por isso quando Josh foi para o set, eu fiquei
descansando no hotel. Aproveitei para arrumar uma bolsa com as coisas de bebê
que eu levaria para a maternidade. Lembro como se fosse ontem da minha mãe
grávida do meu irmão e a frase “depois dos sete meses, já pode nascer. Esteja
com a mala pronta”. Levando em consideração o fato de que eu estava grávida de
gêmeos e que quase nenhuma gestação desse tipo chega a completar nove meses...
E é por isso que eu estava ali,
em Londres, com uma bolsa estourada e um marido que não sabia o que fazer.
- O que, Annie? – Ele perguntou,
como se fosse para confirmar.
- Olha para as minhas pernas.
Estão molhadas, a bolsa estourou. Mason e Sophia vão nascer.
- O que eu faço? – Ele estava em
choque.
- Acho que ainda temos tempo
antes das contrações começarem. – Eu estava mais calma do que achei que
ficaria. – Chama um taxi e vamos pegar as bolsas para a maternidade que eu
deixei separadas no hotel. – Ele não se mexeu. Nesse momento, lembrei de Keegan
e do grito que a Isabella teve que dar com ele no dia em que Seth nasceu. Eu não
ia fazer aquilo no meio da rua em Londres, apesar de ser exatamente o que ele
precisava. – Josh! – Falei um pouco mais alto. – Seus filhos vão nascer, acorda!
– Eu ri.
Ele me largou e foi correndo
atrás de um táxi, que apareceu segundos depois. Fomos para o hotel e enquanto
Josh subiu para buscar as bolsas, eu liguei para a Dra. Campbell, a médica
londrina que a minha médica havia indicado. Cheguei a ir ao consultório dela
algumas vezes no mês que passamos aqui e ela já sabia que eu estava na cidade.
- Oi, Anne. – Ela disse com o
sotaque britânico assim que reconheceu a minha voz.
- Dra. Campbell, minha bolsa
estourou. Estou indo para o hospital.
POV JOSH
Eu não tinha a mínima noção do
que estava fazendo. Só sabia que tinha que pegar as bolsas e tinha que fazer
isso rápido. Enquanto corria pelas escadas do hotel, impaciente demais para
esperar o elevador, liguei para o Connor.
- Connor, preta atenção. A bolsa
da Anne estourou, os bebês vão nascer aqui. – Falei assim que ele atendeu. –
Ouve o que eu vou dizer: Avisa aos nossos pais, à Julie e à Isabella. Diz para
elas ligarem para os pais da Anne. Quero que você alugue um jatinho em Los Angeles e venha
com todo mundo para cá o quanto antes. Ela vai precisar das amigas e eu vou
precisar de vocês.
- Estaremos aí amanhã à noite. –
Eu sabia que podia contar com ele e que ele ia me entender.
Entrei no quarto, peguei as três
bolsas (uma azul para o Mason, cor de rosa para a Sophia e vermelha para a
Anne) e voltei correndo para o táxi. Anne estava com os olhos fechados, com as
mãos na barriga, se concentrando em respirar rápido.
- O que foi? – Perguntei.
- Contração. Sempre disseram que
a de gêmeos é mais forte e agora e estou entendendo o motivo. – Ela sorriu e
ainda conseguia continuar linda. Falei o endereço do hospital para o motorista.
- Nossos bebês estão chegando. –
Eu disse para ela, um tempo depois, enquanto segurava a sua mão. Sabia que não
ia demorar muito até que ela começasse a chorar, emocionada, e o momento foi
aquele.
- Preparado para perder todas as
noites de sono por um bom tempo?
- Sempre estive, meu anjo. –
Respondi.
Ela teve outra contração e
apertou a minha mão. Chegamos ao hospital momentos depois, era realmente perto.
Entreguei duas notas de cem euros para o motorista.
- Pela corrida e para você não
contar a ninguém o que viu aqui.
A Dra. Campbell já estava
esperando por nós na entrada do hospital com enfermeiros que ajudaram a colocar
a Anne na cadeira de rodas e a carregar as bolsas.
- Como você está se sentindo, mamãe?
– Ela perguntou.
- Contraída. – Anne riu.
- Vamos para o quarto logo,
precisamos te preparar para a cirurgia. Papai, você vai conosco?
- Sim. – Anne respondeu por mim.
– Não tem mais ninguém comigo aqui, preciso dele. – Olhei para a médica, que
entendeu minha resposta imediatamente. Eu não ia deixá-la sozinha, de forma
alguma.
No quarto, ajudei Anne a vestir a
camisola para a cirurgia e prender os cabelos num coque, do jeito que ela fazia
quando estava em casa. “Não é porque estou prestes a parir que tenho que ficar
descabelada” era o que ela ficava repetindo. Quando a equipe de enfermeiros
veio buscá-la, um deles me levou para lavar as mãos, esterilizar meu celular
(de onde iam sair as primeiras fotos de Mason e Sophia) e me dar o avental, o
protetor de sapatos e a touca para vestir.
Entrei na sala e já tinham
aplicado a anestesia na Anne. Não demorou muito para que ela fizesse efeito e a
cirurgia começasse. Segurei a mão dela o tempo todo. O tempo se arrastou até
que nós ouvíssemos o primeiro chorinho e começássemos a chorar junto. Ela
aumentou um pouquinho a força no aperto da minha mão e eu sabia o que ela
queria dizer com aquilo. Dra. Campbell olhou para mim, sorrindo.
- É a menina.
- Sophia nasceu primeiro – Eu
disse para Anne. Ela abriu um sorriso imenso, que ficou maior imediatamente
quando nós ouvimos outro choro. E esse não poderia ser caracterizado como
“chorinho”. Mason tinha boas cordas vocais, pensei. Aposto que tinham
conseguido ouvi-lo da entrada do hospital.
Uma enfermeira deu Sophia para
mim e Mason para Anne, para que ele se acalmasse. Até aquele momento, a minha
ficha não tinha caído. Eu tinha acabado de me tornar pai e não sabia o que isso
significava até então. Posso dizer que nunca tinha sentido um amor tão grande,
nem pela mãe dela, apesar de ser uma forma completamente diferente de amor.
Esse foi instantâneo, nasceu no momento em que eu senti seu peso nos meus
braços. Aumentou quando eu falei “oi, Sophia” e ela abriu os olhos, procurando a
pessoa que tinha dito aquilo.
Quando eu achei que não podia me
sentir melhor, as mesmas enfermeiras trocaram os bebês. Deram Sophia para Anne
e me deram Mason. Ele começou a chorar no momento em que o tiraram dela, mas
parou quando ouviu a minha voz. E aí quem começou a chorar fui eu. Eu tinha
sido abençoado duplamente.
Não pudemos ficar muito tempo com
eles. Sophia e Mason precisavam ser pesados, medidos e ir para o berçário, onde
seriam examinados pelos pediatras.
- Eles estão bem. – Dra. Campbell
me disse ao ver meu olhar preocupado quando os levaram da gente. –
Aparentemente, eles tem peso e tamanho bons para gêmeos prematuros, só vão
precisar de um pouquinho mais de cuidado. – Ela se aproximou da Anne. –
Parabéns, vocês dois têm filhos lindos. – Chorei mais do que antes.
Anne ainda estava sob efeito da
anestesia, por isso não conseguia falar muito, mas sorriu para mim. Me abaixei
para ficar na altura dela.
- Eles são perfeitos. Sophia tem
o seu nariz. Mason tem os seus olhos. E eu amo vocês três mais que tudo nesse
mundo.
- Também amo você. – Ela falou
devagar.
- Não fala nada, ainda estão
dando os pontos da sua cirurgia.
- Não me importo. – Era a Anne,
afinal de contas. Sorri para ela e fiz um “shh”.
Olhei pela sala procurando os
meus filhos, mas já haviam levado eles. Por um segundo, entrei em pânico. Então foi
assim que a minha mãe se sentiu quando eu “fugi de casa” para o quintal com 5
anos? Ok... Anne soltou a minha mão e sussurrou “vai”. Pelo visto não era só eu
que estava com medo.
TRÊS HORAS DEPOIS
POV ANNE
Eu ainda estava com um pouco do
frio causado pelo fim da anestesia, mas já tinha parado de tremer e já
conseguia falar. Estava no quarto com uma enfermeira e ela tinha me ajudado a
soltar os cabelos e vestir a minha camisola. Não via a hora de ver meus
pequenos de novo (e o Josh estava incluso nesse ”pequenos”)
Josh entrou no quarto com um
sorriso no rosto e um vaso de flores gigante.
- A equipe do filme mandou para o
hospital. Parece que o taxista não foi tão silencioso quanto ele deveria ter
sido por causa da gorjeta que eu dei... Todo mundo já sabe que os bebês
nasceram. – Eu estava tão feliz que nem isso me tirou do sério.
- Você avisou aos nossos pais? –
Perguntei.
- Avisei ao Connor. Disse para
ele avisar às meninas e para elas ligarem para os seus pais. Pelo visto eles
vão ter que adiantar a viagem para Los Angeles... – Eu ri.
- Estou sentindo falta da minha
barriga. – Falei. – Como eles estão?
- Incrivelmente bem para duas
crianças prematuras. O pediatra disse que se eles continuarem assim, vão ser
liberados em três dias, no máximo.
- E quando a gente vai poder
voltar para casa? – Lembrei, subitamente, que estávamos em outro país.
- No mesmo dia. Connor, Amy e
meus pais vão vir para cá amanhã com Julie e Isabella num jatinho particular.
Nós vamos voltar nele. – Sorri porque ele já tinha pensado em tudo.
- Eu estou morrendo de vontade de
ver eles dois!
- Calma, você vai ter a vida toda
para isso. Eles já vão vir para cá. Sobra atenção para um pai de primeira
viagem aí? – Ele disse.
- Se o pai for você, toda a
atenção do mundo. – Ele se sentou na beira da minha cama e fez carinho no meu
rosto.
- Obrigado. A cada dia eu fico
mais feliz por você ter entrado na minha vida. Para falar a verdade, eu acho
que agora eu sou o homem mais feliz do mundo. De novo. Por sua causa.
- Você sabe que eu ainda estou
emotiva, né? Para com isso, senão eu choro e eu não quero chorar antes de
conseguir pegar a Sophia e o Mason no colo de novo. – Ele riu e eu dei um beijo
nele. – Eu te amo. E estou muito feliz por ter te encontrado. Você já foi o
namorado perfeito, é o marido perfeito e vai ser um pai melhor ainda.
Dra. Campbell bateu na porta e
entrou no quarto com mais duas que estavam com Sophia e Mason no colo. Meu
coração disparou. Era a primeira vez que eu ia ver os meus filhos sem o efeito
da anestesia. Meus filhos. Meu maior sonho, realizado. E em dose dupla. Não
tinha um ser humano na terra mais feliz que eu naquele momento. Talvez, Josh se
aproximaria do meu nível de felicidade... Mas só eu tinha a sensação de ter
carregado eles dois por sete meses e meio.
- Preparada para segurar seus
bebês, Anne? Eles estão com fome. – Dra. Campbell perguntou.
- Acho que nasci pronta para esse
momento. – Eu ri, já com os olhos começando a arder por causa das lágrimas.
- Quem você quer segurar
primeiro?
- Quero os dois ao mesmo tempo.
Não me faça escolher.
- Tudo bem, tudo bem... Ajuda
ela, papai? – Ela perguntou para Josh.
- Sempre. – Ele respondeu. A
primeira enfermeira entregou Sophia para ele. Juro que vi os olhos dele se
enchendo d’água imediatamente e isso só me fez ficar mais emocionada. Ele deu
um beijo nela, em cima da roupinha e me entregou. Foi uma boa estar deitada,
porque eu juro que senti minhas pernas amolecendo.
- Minha princesinha... – Eu acho
que nunca vou conseguir descrever o que estava sentindo naquele momento. E
depois que ele me entregou Mason... Eu não sabia nem o que estava sentindo de
verdade.
Eu não tinha percebido, mas
estava chorando compulsivamente, típico de mim. Eles dois estavam acordados,
com os olhinhos abertos, tentando reconhecer o lugar onde estavam e de onde
vinham aqueles barulhos estranhos que eu fazia enquanto chorava. Mas eu queria tentar
uma coisa...
- Oi Sophia... Oi Mason! – Eles
estavam se mexendo e pararam no momento em que eu falei.
- Eles conhecem a sua voz. – Josh
disse.
- Claro que vocês conhecem a
minha voz... Ficaram dentro de mim por meses! – Eu estava maravilhada com
aqueles dois milagrezinhos nos meus braços. – Era para vocês terem ficado lá
dentro por mais um tempinho, mas já que vocês quiseram sair... Sejam bem
vindos, meus filhos. Eu sei que deve ser difícil sair de um lugar quentinho e
escurinho e vir para cá, mas eu juro que eu e o seu pai vamos proteger vocês
dois para sempre. Até quando vocês não quiserem mais que a gente proteja.
- Papai e mamãe amam muito vocês
dois. – Josh disse sentado na beirinha da minha cama. Olhei para o alto e
percebi que estávamos sozinhos no quarto. Nós dois sorrimos ao mesmo tempo.
Mason começou a choramingar no meu braço e eu lembrei que a Dra. Campbell disse
que eles estavam com fome.
- Você quer segurar a Sophia? Vou
tentar alimentar essa criança manhosa.
- Claro que quero! – Ele a pegou
do meu colo. Josh ainda estava meio sem jeito, mas em momento algum Sophia
correu perigo.
Mason demorou um pouquinho para
começar a mamar, mas só porque ainda não sabia como fazer para conseguir comer.
Sophia passou pela mesma dificuldade. Depois que mamaram, os dois dormiram.
Josh me ajudou a colocá-los nos bercinhos. Queria ficar olhando eles dois
dormirem para sempre, mas eu estava exausta e acabei apagando em determinado
momento.
Acordei três horas depois com o
choro sincronizado de duas crianças que já estavam com fome. E percebi que as
minhas noites iam ser daquele jeito por um bom tempo.
Eu sei, eu sei, eu sei que esse ia ser o último capítulo.
Mas eu não consegui colocar uma treta depois de dar a vida a Soph e Mason ♥
A fic acaba semana que vem :)
11- Pregnancy
- Baby, o que era aquele pacote que você trouxe da rua
quando saiu com o Ian e o Keegs? – Perguntei curiosa antes de ir dormir.
- Pacote?
- É, você entrou com sacolas de compras e uma carta na mão.
- Ah, aquilo era...
Não lembro de mais nada depois disso. Devo ter apagado
enquanto conversava com Josh na cama. Digamos que eu sempre dormi com
facilidade, mas nos últimos meses, só bastava encostar em algum lugar e eu
cochilava.
Graças aos céus, acordei sem enjoos. Em compensação, estava
com uma fome que valia por três. Literalmente. Josh não estava na cama quando
levantei, então escovei os dentes e fui direto para a cozinha. Se ele tiver
saído, com certeza deixou um bilhete.
- Bom dia! – Falei animada quando vi que ele estava por ali,
usando só a calça do pijama. Às vezes eu demorava a acreditar que ele era meu
marido.
- Bom dia, mamãe. – Ele deu um salto e se virou para mim.
- Te assustei?
- Não.- Ele respondeu rápido. – Eu ia levar o seu café lá em
cima. – Ele disse antes de me dar um beijo.
- Não precisava, amor. – Eu saí do abraço dele para ir em
direção à geladeira e vi metade de um envelope que foi rasgado em cima da
bancada, perto de onde ele estava. A lixeira estava aberta e dentro dela tinham
vários pedacinhos de papel picado. Usei meu olhar questionador quando me virei
para ele.
- Sim, eu estava rasgando e jogando fora porque não queria
que você visse o que está escrito aí.
- E o que estava escrito aqui?
- Se eu não queria que você visse...
- Mas eu já vi. O que era? E por que você me escondeu isso? –
Josh parecia uma criança que foi pega fazendo coisa errada. Demorou dez anos
ate decidir falar o que estava escondendo.
- Ontem, quando a gente chegou, tinha mais uma carta
daquelas com ameaça pra gente. Eu não queria que você visse porque não queria
que se preocupasse...
- Porque eu estou grávida e não posso me estressar. Você já
falou isso várias vezes. Mas eu não estou doente, amor. Não precisa esconder as
coisas de mim. – Aproveitei a “bronca” – Nem me impedir de fazer as coisas que
eu normalmente faço. – Tentei soar o mais delicada o possível para não
chateá-lo. – Eu estou bem, Josh. Só estou numa fase mais delicada da minha vida, precisando de um pouquinho mais de cuidado.
Não de privações.
- Desculpa. É só que... Deixa para lá. – E ele estava me
poupando de alguma coisa novamente.
- Eu sei, eu sei. Eu abortei por causa do acidente e você
quer cuidar para que tudo dê certo dessa vez. – Ele me abraçou e de uma hora
para a outra, eu não era mais a parte mais frágil da relação. Josh estava chorando.
– Mas vai dar certo, meu anjo. Vai ficar tudo bem dessa vez. Nem essa pessoa
que está ameaçando a gente vai conseguir fazer alguma coisa. Sinceramente, pelo
tempo que isso está acontecendo, eu já acho que isso é só para amedrontar a
gente. – Ele sorriu.
- Acho que esse é um dos motivos pelos quais eu te amo. Você
consegue ser forte até quando eu deveria exercer esse papel.
- Acontece, né... Agora vamos comer porque eu estou com fome
e tenho que alimentar mais duas boquinhas famintas. – Falei enquanto enxugava
as lágrimas dele.
- O que você quer comer hoje, mamãe?
- Tudo o que tiver aí. Não brinquei quando disse que estava
com fome. – Eu ri.
Josh fez panquecas e eu devo ter comido umas dez... Ou
quinze. Não sei. Depois do café da manhã, nós decidimos sair para começar a
olhar móveis e todos os utensílios que precisaríamos para os bebês. Viajaríamos
em um mês e eu já queria ir com tudo pronto. Tudo bem, quando nós voltarmos eu
ainda vou ter dois meses de gravidez pela frente até completar os nove, mas eu
estava ansiosa.
- Nós precisamos arranjar uma forma de contar sobre os
bebês. Sua barriga já chama atenção, não dá mais para esconder. – Ele falou
quando nós estávamos no carro.
- Se você acha que é a hora... Como vai contar? A gente não
tinha combinado que ia na Ellen?
- Sim, mas ainda acho que somos nós que temos que dar a
notícia em primeira mão. Vamos à Ellen contar os detalhes. – Eu estava naquele
meio há pouco tempo, mas era a minha gravidez, afinal de contas. Não queria
tantas câmeras a minha volta quando fosse contar algo do tipo.
- O meu twitter ou o seu? – Perguntei.
- Os dois.
- Tive uma ideia.
Quando nós entramos na loja de bebês, uma das maiores de Los
Angeles, eu percebi que nunca tinha me sentido tão bem na vida.
- Qual é a sua ideia, afinal? – Josh perguntou.
- Vamos para as roupinhas! – Falei. Quando chegamos, peguei
um vestidinho cor de rosa e um macacão azul. – Tira uma foto do macacão que eu
tiro do vestidinho. – Josh fez o que eu disse e eu fui a primeira a postar no
twitter “É uma menina...” com a foto do vestido. Completei a frase no twitter
dele “...ou um menino? Estamos oficialmente grávidos” e a foto do macacão.
Pronto. Foi o suficiente para precisar desligar as notificações do twitter.
- Ainda não vai dizer que são gêmeos?
- Melhor não, né? Vamos esperar um pouquinho. Pelo menos
para gritar aos quatro ventos.
Uma vendedora simpática veio falar conosco e nos atendeu
pelas duas horas que se seguiram. Compramos dois carrinhos (carrinhos duplos
ocupam MUITO espaço), dois berços, dois armários, dois trocadores e algumas
roupinhas. Fizemos uma loucura impulsionados pela ansiedade, mas eram nossos
bebês. A gente podia ser um pouquinho louco, né? Deixamos para comprar o resto
das roupinhas e algumas outras coisas depois que descobríssemos os sexos.
Falando nisso...
- Você tem alguma noção de nome para menino? – Josh perguntou
quando já estávamos em casa.
- Andei tendo umas idéias, acho que você vai gostar...
- Então fala!
- Nope. Primeiro precisamos escolher os padrinhos.
- Isso vai ser complicado. Pelo menos temos dois bebês para
poder colocar a quantidade de gente que nós vamos querer apadrinhando...
UM MÊS DEPOIS
Adiamos o nosso embarque para Londres em uma semana por
causa da quantidade de coisa que tínhamos que resolver antes de viajar. A essa
altura o mundo já sabia que eu estava grávida de gêmeos, porque eu e Josh não
parávamos de ir a lojas de bebês e a cada uma em que entrávamos, tínhamos que
contar para as vendedoras que eram dois, já que sempre comprávamos tudo dobrado.
Amy e Connor estavam na nossa casa porque eu e ela
precisávamos decidir os últimos detalhes do meu vestido de madrinha. O
casamento deles é em um mês e eu e Josh vamos voltar de Londres num fim de
semana para isso. Depois que acertamos os preparativos do vestido, eles dois
ficaram porque Mich e Chris logo chegaram para passar a nossa última semana nos
Estados Unidos conosco... E para saber o sexo dos bebês, coisa que nós íamos
descobrir hoje.
Não é preciso dizer que eu estava uma pilha. Passei o dia
anterior comendo chocolate de tanto nervoso. E sabia que depois da gravidez
todo esse exagero de comida ia me deixar com uns bons quilinhos a mais, mas não
podia evitar.
- Mich, Chris... Nós queremos que vocês dois vão conosco. –
Falei depois que tomamos café da manhã.
- A médica disse que nós temos direito a dois acompanhantes
e já que vocês estão aqui... – Juro que vi Mich quase chorando.
- Claro que nós vamos! – Chris falou.
- Meu Deus, meus primeiros netos e vocês querem que eu vá
junto?
- Sim sim, vó babona. – Falei. – Para falar a verdade, eu
preciso de alguém para voltar chorando no banco de trás do carro comigo depois
que eu descobrir o sexo dos bebês.
- Pode ter certeza que essa vou ser eu.
- E nós dois? – Connor perguntou.
- Vocês ficam em casa esperando a Julie e a Isa que vão
chegar com os meninos e os bebês. Elas vão fazer o almoço, então não se
preocupem. – Respondi.
- Apenas comportem-se. Nosso sofá é sagrado. – Josh disse.
- Eu não precisava disso... – Mich falou e todos nós rimos.
HORAS DEPOIS
Como esperado, eu e Mich chegamos em casa com os olhos
vermelhos de tanto chorar. Amy, Connor, Isabella, Keegan, Julie e Ian já
estavam nos esperando.
- Conta tudo agora, vai! – Isabella falou.
- Calma que a grávida ainda sou eu. – Falei depois que me
sentei.
- Anda logo, Anne. Nós passamos horas de sofrimento aqui.
- Preparem-se para sofrer mais. Porque todos vocês vão ser
padrinhos dos bebês.
- Todos nós? – Ian perguntou.
- Sim, todos vocês. – Falei.
- Mais um motivo para você contar logo os sexos dos nossos
afilhados. – Julie disse.
- E os nomes deles. – Keegan adicionou.
- Connor, porque está tão quieto? – Josh perguntou.
- Porque eu vou ganhar um afilhado. – Ele disse, quase
chorando. Mal sabia o que o esperava. Sorri para Josh antes de ele ir dar um
abraço no irmão.
-- Vou acabar com a tortura de vocês... Keegan, Isabella e
Amy, acho que vocês estavam certos. Tem uma menina aqui dentro.
- Mas, de certa forma, Connor, Julie e Ian também estavam,
porque também tem um menino! – Josh disse.
- Ai meu Deus do céu, é um casal? – Amy disse.
- Sim sim sim. E a gente tem que contar para vocês da nossa
divisão de padrinhos. Isso supondo que vocês todos já aceitaram. – Falei. – Keegan, Isa e Amy, nós queremos
que vocês sejam padrinhos da menina. Sophia. – Isabella e Amy começaram a
chorar. Keegan abriu um sorriso do tamanho do mundo. Eles se entreolharam.
Isabella respondeu pelos três.
- Claro que nós aceitamos!
- E isso faz de mim, Julie e Ian padrinhos do menino, certo?
– Connor perguntou. Olhei para Josh.
- Sim. – Ele respondeu. – E nesse caso, temos uma surpresa
para você. Claro, se você aceitar, Connor.
- Que surpresa? – Connor estava apreensivo. Ele realmente
ficou em choque ao saber que ia ganhar um afilhado.
- Você conta ou eu conto? – Josh perguntou.
- O irmão é seu. – Respondi.
- Tudo bem... – Ele fez uma pausa dramática. Atores. – A
Anne deu a ideia, eu gostei e nós queremos que o menino se chame Mason.
- E o que isso tem a ver comigo?
- CONNOR MASON HUTCHERSON, É O SEU NOME! – Mich gritou do
outro lado da sala.
- Espera. Vocês querem que o filho de vocês se chame
Mason... Por minha causa?
- Sim, gênio. – Falei. Ele começou a chorar de uma forma que
eu nunca tinha visto. Abraçou Josh e eles ficaram assim por um bom tempo. Nesse
momento, quase todos nós estávamos chorando, é claro.
- Anne... Obrigado. – Ele me abraçou e o coitado chorava
tanto que não conseguiu falar mais nada.
- Ai! – Gritei. Connor saiu de perto de mim rápido, achando
que tinha feito alguma coisa.
- O que foi Annie? – Josh perguntou. Nesse momento, eu senti
de novo. E comecei a chorar, me juntando aos padrinhos e avós dos bebês.
- Fala logo, Anne! – Peguei as mãos de Josh e coloquei na
minha barriga. Como se reconhecessem o toque do pai, Sophia e Mason chutaram ao
mesmo tempo, um de cada lado da minha barriga.
- Isso foram... – Assenti, sem conseguir falar nada. Josh
ficou tão sem palavras quanto eu e todos entenderam o que estava acontecendo.
Eu tinha acabado de sentir eles dois chutarem realmente forte pela primeira
vez. Não dava para descrever. Eu só queria que o tempo congelasse ali.
Depois do momento de lágrimas, abraços e mais lágrimas, nós fomos
comer. Porque eu estava morrendo de fome, para variar.
O dia da viagem para Londres não demorou a chegar, mas antes
de ir, combinei com Isabella e Julie para elas supervisionarem para mim a
pintura dos quartos de Sophia e Mason. O dele seria todo em tons de azul com
detalhes de marinheiros (e âncoras) e o dela, em rosa com os detalhes das
princesas.
Depois que descobrimos os sexos deles, começarmos a comprar
roupinhas certas. E eu tinha impressão de que a minha filha só ia sua lilás e
rosa por um bom tempo... Nos controlamos um pouco antes da viagem porque
sabíamos que íamos gastar mais em Londres (e mandar tudo pelo correio para
Isabella e Julie).
Embarcamos dia 15 de abril. Eu tinha acabado de fazer cinco
meses de gestação. A viagem foi tranquila. Quando chegamos ao aeroporto, um
motorista da Dream Works estava nos esperando junto com alguns fãs. Eu estava
cansada apesar de ter dormido a viagem inteira, mas aquelas pessoas estavam ali
a horas só para falar com o Josh e comigo (mais com ele, ok) e eu simplesmente
não podia ignorar a presença deles. O mais legal é que nós ganhamos presentes para
os bebês dos fãs e eu fiquei com vontade de apertar cada um deles.
Quando acabamos, Josh quase teve que me carregar até o
carro. Em cerca de meia hora, nós chegamos no que eu pensei que seria um hotel,
mas não era.
- Uma casa? – Falei quando desci do carro.
- Você achou mesmo que eu ia fazer você passar dois meses
num quarto de hotel enquanto está grávida? De jeito nenhum. Essa vai ser a
nossa casa durante o período em que formos londrinos. – Ele riu. – Quer
conhecer?
- Claro! – Respondi, mas antes de entrar, dei um beijo nele.
– Você é um lindo.
- São seus olhos.
Quando entrei, dei graças a Deus por alguém já ter passado
lá antes e ligado o aquecedor. Estava congelando do lado de fora. A casa era bem
menor que a nossa, mas era aconchegante. E muito mais confortável que um quarto
de hotel, definitivamente.
Os dias no set eram uma delícia de passar. Eu sempre ficava
observando sentadinha enquanto Josh gravava, já que nós nos sentíamos muito
mais seguros assim. Era melhor do que passar o dia inteiro em casa, sem ter,
literalmente, ninguém para ligar caso passasse mal ou algo do tipo.
Nesse caso, minha gestação foi até bem tranquila (depois dos
três primeiros meses). Agora tudo o que eu sentia era uma fome imensa e um
cansaço gigantesco. Dormia tanto que às vezes achava que estava sendo uma
péssima companhia para Josh. Mas ele passou o tempo todo ao meu lado, sem
reclamar. Nem quando eu tinha desejos de madrugada.
Voltamos para os Estados Unidos para o casamento de Connor e
Amy, mas não fomos para casa. Fomos direto para Nova Iorque para evitar viagens
de avião desnecessárias. Apesar de eu estar morrendo de vontade de ver como
tinham ficado os quartos dos bebês que já tinham sido pintados. As meninas me
mandaram fotos pela internet, mas não era a mesma coisa.
A cerimônia deles foi a coisa mais linda do mundo. Foi de
dia, numa mansão nos Hamptons. Amy estava deslumbrante e Sophia e Mason estavam
tão animados pela felicidade dos tios que resolveram fazer minha barriga de saco
de areia para treinar socos e chutes de boxe. Claro.
Com seis meses de gestação de gêmeos, eu não aguentava mais
ficar muito tempo em pé, então nós dois passamos, praticamente a festa toda
sentados.
- Como você está se sentindo, Anne? – Mich me perguntou.
- Cansada, mas bem. Ainda faltam três meses, não dá para
desanimar agora, não é?
- Os quartos deles estão lindos. A empresa que vocês
contrataram fez tudo direitinho, do jeito que vocês falaram pra ser. – Isabella
disse.
- Eu estou tão ansiosa para ver isso!
- Imagino. Quanto tempo mais vocês vão ficar lá gravando,
Josh?
- Mais umas três semanas. Logo, logo, nós voltamos de vez.
- Não vejo a hora! – Eu ri. – A verdade é que eu amava
Londres, mas sentia falta da minha casa, que agora era Los Angeles.
No dia seguinte, Josh recebeu um telefonema da Dream Works e
depois que desligou, veio falar comigo com um sorriso de orelha a orelha no
rosto.
- Preparada para voltar para Los Angeles?
- O que? Mas e as gravações?
- Eu conversei com a equipe e o Woody... Eles acharam que
era uma boa terminarmos de gravar em LA, porque já filmamos todas as externas.
E já que tem uma grávida que virou o xodó do set inteiro morrendo de saudades
de casa...
- Não acredito que você fez isso! – Falei, sorrindo. – Vamos
voltar para casa?
- Sim, Annie. Vamos voltar para casa. – Ele me deu um beijo
e as crianças começaram a chutar na minha barriga.
Well, well, o capítulo saiu porque eu finalmente estou de férias!
Novidade pra vocês: Esse é o penúltimo cap da fic.
Acaba no capítulo 12 :(
Mas ainda tem coisa pra acontecer...
10 - Two ♥
Um mês se passou desde a nossa primeira reunião com a equipe
do filme e agora a pré divulgação ia começar para valer. O primeiro evento era
uma coletiva de imprensa com brunch para uns 30 jornalistas com Woody, Josh e
Erin Jones, a atriz que ia interpretar o par romântico dele. Eu e ela nos demos
bem de cara. Para falar a verdade, acho que a única colega de cena dele que não
se deu bem comigo mesmo foi a Vanessa. Por razões óbvias.
Confesso que senti vontade de ficar sentadinha junto com os
jornalistas fazendo perguntas para Josh, Erin e Woody, mas não tinha nada que
eles fossem responder que eu já não soubesse. E a minha barriga estava aparecendo
mais, então eu estava evitando ser vista de muito perto por jornalistas. Mesmo
assim, os rumores já tinham começado e nós queríamos adiar essa confirmação
pelo máximo de tempo possível. Já conversamos com a Ellen e só vamos lá depois
que resolvermos contar, o que provavelmente vai acontecer pelo twitter do Josh.
Vamos dar motivos para as fãs dele terem síncopes.
Hoje, especialmente, eu tirei o dia para enjoar. Não estava
com muita vontade de comer nada que me oferecessem, nem chocolate. Quer dizer.
Tinha uma coisa.
- Annie, você precisa comer, não vou ficar tranquilo na
coletiva se souber que você está aqui atrás sem se alimentar. – Josh disse.
- Mas o enjôo tirou a minha vontade de tudo... – Eu estava
sentada num sofazinho confortável no “backstage” da coletiva.
- Quando você fica assim, toma coisas geladas. Já tentou? –
Lembrei de uma coisa que com certeza não ia me enjoar.
- Sorvete de maça verde. – Falei.
- Sorvete de maça verde? Mas você está de estômago vazio!
- Mas essa foi a única comida que não me deu ânsia só de
falar o nome...
- Será que tem sorvete de maça verde no restaurante do
hotel? – Eu sabia que ia convencê-lo.
- Ah, deve ter... Eu vou lá procurar. – Falei, me
levantando.
- Você é louca? Claro que não vai! Senta aí, sossega o facho
que eu procuro o sorvete pra você. – Ele falou fingindo estar bravo e se
abaixou na minha frente depois que eu sentei novamente. – Promete pra mim que
da próxima vez que você estiver assim, vai ficar em casa descansando? – Não tinha
como resistir àquela cara.
- Prometo.
- Josh, nós vamos entrar em cinco minutos. – Erin disse, entrando
na sala. – Você está bem, Anne? – Ela mudou o tom de voz assim que me viu. Eu
devia estar pálida.
- Estou sim. É só enjôo.
- Você comeu alguma coisa hoje? – Outra bronca não, por
favor. Josh riu.
- Fica com ela um pouquinho, Erin? Eu vou caçar o sorvete de
maça verde. – Ele disse e ela sorriu.
- Pode deixar. Vai, mas vai rápido. – Ele me deu um beijo na
testa e saiu.
- Quando eu estava grávida, também vivia assim. – Erin disse.
Ela tem um filho de dois anos.
- Eu não vejo a hora da fase dos enjoos passar.
- Com quantos meses você está mesmo?
- Acabei de fazer três. Tinham falado que isso passava nessa
época. – Falei, desiludida.
- E passa mesmo. Você vai ver, daqui há pouco tempo, alivia.
Ainda não dá para sentir ele mexer, né? – Ela perguntou com um sorriso no
rosto.
- Não, mas eu quero muito que dê. Acho que estou ansiosa
para tudo com a gravidez.
- E já decidiu como vai ser o parto?
- Acho que vou tentar o normal. Mas se não der, faço cesárea
mesmo. – Nos distraímos conversando sobre gravidezes e bebês (para variar, eu não
tinha outro assunto) até Josh chegar com um pote de sorvete de maça verde e uma
colher.
- Aqui eles mesmos fazem o sorvete... Esse está fresquinho.
- Espera, você pediu no restaurante do hotel e eles tinham? Que
milagre!
- Não, eu pedi no restaurante e eles não tinham, mas pediram
para eu aguardar para ver se ia sair hoje. Aí me convidaram para ir até a
cozinha e lá mesmo me deram um pote de sorvete de maça verde que tinha acabado
de gelar. A filha do chef é minha fã...
- O que uma foto e um autógrafo não fazem, hein? – Erin disse.
Ele me deu o pote e se sentou ao meu lado. – Vou retocar a maquiagem, já volto
pra gente entrar, Josh. – Erin saiu.
- Trata de ficar bem, ok? Se você sentir qualquer coisa
diferente, QUALQUER coisa, pede para me avisarem que eu saio de lá na hora.
- Ok. – Falei.
- Anne, eu estou falando sério. Sei que você não vai querer
atrapalhar, mas eu vou ficar preocupado.
- Pode ficar tranquilo. Eu juro que se acontecer alguma
coisa, te chamo.
- Tudo bem. – Ele me deu um beijo e um beijo na minha
barriga e me deixou sozinha na sala. Peguei o controle da TV e zapeei entre os
canais. Deixei num filme qualquer, não queria prestar atenção, para falar a
verdade.
Comecei a tomar o sorvete e senti um alívio instantâneo no enjôo.
Nem os remédios faziam esse efeito. Não comi muito, logo o alívio passou e o enjôo
voltou. Peguei no sono vendo TV e devo ter dormido por uns 30 minutos, porque
quando voltei, Josh e Erin já estavam conversando baixinho perto de mim. Sim,
coletivas de imprensa são curtas. Mal tive tempo de perguntar como tinha sido
porque corri para o banheiro. Eu definitivamente não estava bem.
- Vamos para o hospital. Você não enjoa assim desde o início
dos dois meses e isso já tinha que ter acabado. – Josh disse ao meu lado no
banheiro. Ele já tinha trago a minha bolsa.
- Não precisa. Eu vou ficar bem. Além do mais, eu tenho
consulta amanhã. – Falei.
- Um segundo. – Ele pegou o celular e se afastou. Lavei o
rosto e escovei os dentes. Tomei mais um remédio para enjôo e ele já estava
começando a melhorar.
Quando voltei para a sala, Josh estava de pé me esperando,
com a bolsa dele no ombro.
- Liguei para a Dra. Madison. Sua consulta foi adiantada
para hoje. Vamos? – Ele disse com aquele sorriso de “Venci” no rosto.
- Tudo bem, vamos. – Assim que falei isso, senti tontura e
tive que me apoiar na parede. Josh chegou ao meu lado em dois milésimos de
segundo.
- Vamos rápido. – Ele disse e foi me ajudando pelo caminho.
- Mandem notícias! – Erin falou.
Estávamos perto do consultório, então não demoramos muito a
chegar. Quando vi que não tinha ninguém para entrar na minha frente, me
perguntei se Josh tinha dito que eu estava morrendo para que eu passasse na
frente. Na verdade, eu já estava até melhor.
- E aí, Anne. O que você teve? – Dra. Madison perguntou.
- Um enjôo muito forte. Não consegui comer nada hoje.
- Você acabou de entrar no terceiro mês, certo?
- Certo.
- E foi só isso? – Antes que eu pudesse responder, Josh
falou no meu lugar.
- Ela também teve tontura.
- Calma, amor. Eu estou bem. – Falei.
- E quando foi essa tontura?
- Há pouco tempo. Eu estava enjoada, vomitei e logo depois,
fiquei tonta. – Ela sorriu.
- Você disse que não comeu nada hoje, certo?
- Sim...
- Está explicada a sua tontura. Você não pode ficar sem nada
no estômago, tem uma criança faminta aí dentro. E seu enjôo foi forte porque provavelmente
foi o último. Acontece com muitas mulheres. Espera essa semana acabar e se
esses enjoos continuarem, você volta aqui e a gente troca a sua medicação. Podem
ficar tranquilos. – Ela falou olhando para o Josh. – Vamos aproveitar que você
está de estômago vazio e fazer logo a ultra?
- Vamos sim. – Falei.
Josh foi com nós duas até a outra salinha onde ficava a maca
e o aparelho de ultra sonografia. Me deitei e depois que arrumou a máquina,
Dra. Madison colocou aquele gel gelado na minha barriga.
- Hum, você está com 12 semanas e meia... – Ela disse
falando para o meu prontuário. – Torçam um pouquinho, pode ser que hoje nós
consigamos ouvir o coraçãozinho do bebê. – Não consegui conter o sorriso.
- Sério? – Olhei para Josh e ele estava sorrindo tanto
quanto eu, segurando a minha mão.
- Sério. – Fiquei tensa. Eu provavelmente ia ouvir o coração
do meu filho pela primeira vez e ela falava isso com aquela naturalidade?
- Eu posso gravar? – Josh perguntou.
- Pode sim, pai babão. Mas não começa agora para o celular não
dar interferência no aparelho. – Ela riu.
Parece que os segundos demoraram século para passar até o
momento em que ela disse “vamos tentar ouvir agora?”. Num primeiro momento, não
conseguimos. Eu já estava começando a ficar desanimada quando ela mexeu na
minha barriga e pediu para que eu ficasse falando, para tentar fazer com que
ele se mexesse lá dentro.
- Pronto. – Ela viu a freqüência mudando na tela e abriu os
auto falantes. – Eis o coração do seu bebê. – Chorei instantaneamente. Aquele “tum
tum, tum tum, tum tum” era, sem dúvidas, o som mais perfeito que eu já tinha
ouvido na vida. Josh também estava chorando e quando eu percebi isso, chorei
mais. Só que aí nós paramos de ouvir. – Anne, se acalma. Ele está mudando de
posição por causa dos seus soluços.
- Tudo bem.
- Vou tentar de novo. – Ela mexeu a maquininha e alguns
instantes depois, conseguiu outra vez. Só que o som era diferente. Como se o
aparelho estivesse com alguma interferência.
- Você ligou o celular, Josh? – Ela perguntou.
- Não, ele ainda está no meu bolso.
- Aconteceu alguma coisa com ele? – Perguntei e ela sabia
que eu estava falando do bebê.
- Um instante. – Ela mexeu em algumas coisas na máquina depois
de desligar os auto falantes novamente. Depois, mexeu na minha barriga novamente
e nos colocou para ouvir. – Hum... Anne, Josh, eu tenho uma coisa a contar para
vocês.
- O que aconteceu? – Perguntei preocupada. É engraçado como
você nunca percebe o mais óbvio quando isso está bem embaixo do seu nariz. Josh
apertou a minha mão.
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- O que a gente faz agora? – Josh perguntou. Nós já estávamos
em casa, sentados no sofá, olhando para o teto, sem reação. Não podia ser.
- Não sei – Falei. Num salto, peguei meu celular. Liguei
para Isabella.
- Oi chuchu! Tudo bem?
Como foi a coletiva? – Ela falou e eu ouvi um chorinho de criança pequena
que, com certeza, não era do Seth.
- Você está com a Julie? – Falei séria.
- Estou sim...
Aconteceu alguma coisa? – Ela perguntou.
- Coloca no viva voz. – Falei.
- Anne... Você está me
deixando preocupada.
- Coloca no viva voz logo, Isa! – Enquanto ela colocava o
dela, coloquei o meu também para Josh poder ouvir.
- Tudo bem... Pode
falar, a Julie está aqui.
- Acho que vocês não vão mais precisar brigar para saber
quem vai ser padrinho do bebê. – Falei séria.
- Anne... Não me diz
que você... Não, Anne, de novo? – Julie falou.
- Meu sonho de ter um filho acabou, gente.
- Ai meu Deus do céu. –
Eu comecei a chorar.
- Não vai ter mais um bebê... São dois!
- O QUE? ANNE, VOCÊ
SABE QUE EU VOU AÍ TE AGREDIR PESSOALEMNTE, NÃO SABE? – Julie disse.
- Não vai, ela está grávida. De gêmeos! – Josh disse.
- Nós chegamos aí em
dez minutos! – Isabella disse.
Desliguei o telefone e fiquei exatamente na mesma posição. Josh
me abraçou.
- Acho que agora a gente faz tudo do mesmo jeito. Só que em
dobro. – Ele disse. A minha ficha ainda estava caindo.
- Eu estou me sentindo tão bem! Sempre quis ser mãe e agora
vou ser mãe de gêmeos. Gêmeos. Dois, ao mesmo tempo. A sua mãe vai ter surtos
quando a gente contar.
- Todo mundo vai ter surtos quando a gente contar. – Ele ficou
olhando para mim e eu não pude não rir. – Você me faz o homem mais feliz do
mundo inteiro, Annie. Eu te amo! Amo vocês. Vocês três! – Ele ajoelhou na minha
frente e beijou a minha barriga.
- Agora eu tenho que falar com vocês dois, né? Papai ama
muito vocês, viu? Não vejo a hora de saber como vocês são e segurar vocês no
colo.
- Assim não vai sobrar mãe sem chorar. – Eu falei, já aos soluços.
– Ele se sentou ao meu lado de novo.
- Você é a mãe mais linda desse mundo todo! – Ele me abraçou
e me deu um beijo.
Nós ficamos conversando até Julie, Ian, Alice, Keegan,
Isabella e Seth chegarem. Eles fizeram uma festa gigantesca e melhor: trouxeram
a comida. Eu estava faminta. Nós passamos o resto do dia juntos e eu não
conseguia parar de me imaginar cuidando dos meus bebês toda vez que Julie e
Isabella paravam para cuidar de Alice e Seth. Eles dois estavam a cada dia mais
lindos e eu não via a hora de ver as carinhas dos meus bebês. Dos dois. Era
muita felicidade para uma Anne só.
Quando a hora do lanche chegou, Josh, Ian e Keegan saíram
para comprar mais coisas para nós comermos. Eu, Isabella e Julie ficamos “sozinhas”
pela primeira vez em muito tempo.
- Ser mãe de gêmeos sempre foi a sua cara, Anne. – Julie disse.
- Eu ainda não acreditei muito bem. Gêmeos. Será que eu dou
conta?
- Claro que dá. Você vai ver quando eles nascerem. –
Isabella me confortou.
- Vocês vão me ajudar?
- Sempre. – Julie respondeu.
- Mesmo que você não queira. Você acha que nós vamos perder
a oportunidade de mimar DUAS crianças? -
Isabella disse.
- Eu não sei o que seria de mim sem vocês duas.
- É, acho que você não seria nada. – Julie falou e elas me
abraçaram.
- Parabéns, mamãe. – Nem preciso dizer que chorei um rio
depois disso, não é?
Nós continuamos conversando até a hora em que os meninos
voltaram da cozinha. Além das sacolas de compras, Josh entrou com um pacote que
parecia ser uma carta, mas não disse nada. Eles foram até a cozinha preparar o
que quer que tinham comprado e nós três continuamos na sala, vendo Seth
engatinhar enquanto Alice dormia.
- O que esses meninos tanto cochicham na cozinha, hein? –
Isabella disse. – Vou lá descobrir e ver se precisam de ajuda. Olhem o Seth,
por favor?
- Vai lá, Isa. – Falei.
Quando ela chegou lá, passou a ser mais uma cochichando. Alguma
coisa tinha acontecido, mas quando voltou, ela não disse nada. Estranho. Quando
eu estava quase levantando para perguntar o que era, o celular do Josh tocou e
ele veio para a sala buscar. Depois que atendeu e falou com quem tinha ligado,
ele veio sorridente e parou ao meu lado.
- Tenho boas notícias.
- Fala logo o que aconteceu, criatura. – Falei.
- Marcaram nossa viagem para as filmagens em Londres. Nós vamos em
um mês. E voltamos dois meses e meio depois.
Eu vou voltar para Londres em um mês.
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