12 - Family grows
- Josh, a bolsa estourou.
Era fim de tarde e nós estávamos
caminhando pelo Centro de Londres. Sim, nós tínhamos voltado para Londres
depois de passar um mês em Los Angeles. Houve um erro na contagem das cenas
e faltava uma externa do Josh. Como era uma cena importante, Woody não quis
arriscar e deixar na mão dos efeitos especiais... Eu não quis ficar cinco dias
longe do Josh, então fui junto, mesmo já estando com sete meses e meio. Só
deveria parar de viajar de avião quando fizesse oito.
Eu estava me sentindo meio
estranha desde ontem, por isso quando Josh foi para o set, eu fiquei
descansando no hotel. Aproveitei para arrumar uma bolsa com as coisas de bebê
que eu levaria para a maternidade. Lembro como se fosse ontem da minha mãe
grávida do meu irmão e a frase “depois dos sete meses, já pode nascer. Esteja
com a mala pronta”. Levando em consideração o fato de que eu estava grávida de
gêmeos e que quase nenhuma gestação desse tipo chega a completar nove meses...
E é por isso que eu estava ali,
em Londres, com uma bolsa estourada e um marido que não sabia o que fazer.
- O que, Annie? – Ele perguntou,
como se fosse para confirmar.
- Olha para as minhas pernas.
Estão molhadas, a bolsa estourou. Mason e Sophia vão nascer.
- O que eu faço? – Ele estava em
choque.
- Acho que ainda temos tempo
antes das contrações começarem. – Eu estava mais calma do que achei que
ficaria. – Chama um taxi e vamos pegar as bolsas para a maternidade que eu
deixei separadas no hotel. – Ele não se mexeu. Nesse momento, lembrei de Keegan
e do grito que a Isabella teve que dar com ele no dia em que Seth nasceu. Eu não
ia fazer aquilo no meio da rua em Londres, apesar de ser exatamente o que ele
precisava. – Josh! – Falei um pouco mais alto. – Seus filhos vão nascer, acorda!
– Eu ri.
Ele me largou e foi correndo
atrás de um táxi, que apareceu segundos depois. Fomos para o hotel e enquanto
Josh subiu para buscar as bolsas, eu liguei para a Dra. Campbell, a médica
londrina que a minha médica havia indicado. Cheguei a ir ao consultório dela
algumas vezes no mês que passamos aqui e ela já sabia que eu estava na cidade.
- Oi, Anne. – Ela disse com o
sotaque britânico assim que reconheceu a minha voz.
- Dra. Campbell, minha bolsa
estourou. Estou indo para o hospital.
POV JOSH
Eu não tinha a mínima noção do
que estava fazendo. Só sabia que tinha que pegar as bolsas e tinha que fazer
isso rápido. Enquanto corria pelas escadas do hotel, impaciente demais para
esperar o elevador, liguei para o Connor.
- Connor, preta atenção. A bolsa
da Anne estourou, os bebês vão nascer aqui. – Falei assim que ele atendeu. –
Ouve o que eu vou dizer: Avisa aos nossos pais, à Julie e à Isabella. Diz para
elas ligarem para os pais da Anne. Quero que você alugue um jatinho em Los Angeles e venha
com todo mundo para cá o quanto antes. Ela vai precisar das amigas e eu vou
precisar de vocês.
- Estaremos aí amanhã à noite. –
Eu sabia que podia contar com ele e que ele ia me entender.
Entrei no quarto, peguei as três
bolsas (uma azul para o Mason, cor de rosa para a Sophia e vermelha para a
Anne) e voltei correndo para o táxi. Anne estava com os olhos fechados, com as
mãos na barriga, se concentrando em respirar rápido.
- O que foi? – Perguntei.
- Contração. Sempre disseram que
a de gêmeos é mais forte e agora e estou entendendo o motivo. – Ela sorriu e
ainda conseguia continuar linda. Falei o endereço do hospital para o motorista.
- Nossos bebês estão chegando. –
Eu disse para ela, um tempo depois, enquanto segurava a sua mão. Sabia que não
ia demorar muito até que ela começasse a chorar, emocionada, e o momento foi
aquele.
- Preparado para perder todas as
noites de sono por um bom tempo?
- Sempre estive, meu anjo. –
Respondi.
Ela teve outra contração e
apertou a minha mão. Chegamos ao hospital momentos depois, era realmente perto.
Entreguei duas notas de cem euros para o motorista.
- Pela corrida e para você não
contar a ninguém o que viu aqui.
A Dra. Campbell já estava
esperando por nós na entrada do hospital com enfermeiros que ajudaram a colocar
a Anne na cadeira de rodas e a carregar as bolsas.
- Como você está se sentindo, mamãe?
– Ela perguntou.
- Contraída. – Anne riu.
- Vamos para o quarto logo,
precisamos te preparar para a cirurgia. Papai, você vai conosco?
- Sim. – Anne respondeu por mim.
– Não tem mais ninguém comigo aqui, preciso dele. – Olhei para a médica, que
entendeu minha resposta imediatamente. Eu não ia deixá-la sozinha, de forma
alguma.
No quarto, ajudei Anne a vestir a
camisola para a cirurgia e prender os cabelos num coque, do jeito que ela fazia
quando estava em casa. “Não é porque estou prestes a parir que tenho que ficar
descabelada” era o que ela ficava repetindo. Quando a equipe de enfermeiros
veio buscá-la, um deles me levou para lavar as mãos, esterilizar meu celular
(de onde iam sair as primeiras fotos de Mason e Sophia) e me dar o avental, o
protetor de sapatos e a touca para vestir.
Entrei na sala e já tinham
aplicado a anestesia na Anne. Não demorou muito para que ela fizesse efeito e a
cirurgia começasse. Segurei a mão dela o tempo todo. O tempo se arrastou até
que nós ouvíssemos o primeiro chorinho e começássemos a chorar junto. Ela
aumentou um pouquinho a força no aperto da minha mão e eu sabia o que ela
queria dizer com aquilo. Dra. Campbell olhou para mim, sorrindo.
- É a menina.
- Sophia nasceu primeiro – Eu
disse para Anne. Ela abriu um sorriso imenso, que ficou maior imediatamente
quando nós ouvimos outro choro. E esse não poderia ser caracterizado como
“chorinho”. Mason tinha boas cordas vocais, pensei. Aposto que tinham
conseguido ouvi-lo da entrada do hospital.
Uma enfermeira deu Sophia para
mim e Mason para Anne, para que ele se acalmasse. Até aquele momento, a minha
ficha não tinha caído. Eu tinha acabado de me tornar pai e não sabia o que isso
significava até então. Posso dizer que nunca tinha sentido um amor tão grande,
nem pela mãe dela, apesar de ser uma forma completamente diferente de amor.
Esse foi instantâneo, nasceu no momento em que eu senti seu peso nos meus
braços. Aumentou quando eu falei “oi, Sophia” e ela abriu os olhos, procurando a
pessoa que tinha dito aquilo.
Quando eu achei que não podia me
sentir melhor, as mesmas enfermeiras trocaram os bebês. Deram Sophia para Anne
e me deram Mason. Ele começou a chorar no momento em que o tiraram dela, mas
parou quando ouviu a minha voz. E aí quem começou a chorar fui eu. Eu tinha
sido abençoado duplamente.
Não pudemos ficar muito tempo com
eles. Sophia e Mason precisavam ser pesados, medidos e ir para o berçário, onde
seriam examinados pelos pediatras.
- Eles estão bem. – Dra. Campbell
me disse ao ver meu olhar preocupado quando os levaram da gente. –
Aparentemente, eles tem peso e tamanho bons para gêmeos prematuros, só vão
precisar de um pouquinho mais de cuidado. – Ela se aproximou da Anne. –
Parabéns, vocês dois têm filhos lindos. – Chorei mais do que antes.
Anne ainda estava sob efeito da
anestesia, por isso não conseguia falar muito, mas sorriu para mim. Me abaixei
para ficar na altura dela.
- Eles são perfeitos. Sophia tem
o seu nariz. Mason tem os seus olhos. E eu amo vocês três mais que tudo nesse
mundo.
- Também amo você. – Ela falou
devagar.
- Não fala nada, ainda estão
dando os pontos da sua cirurgia.
- Não me importo. – Era a Anne,
afinal de contas. Sorri para ela e fiz um “shh”.
Olhei pela sala procurando os
meus filhos, mas já haviam levado eles. Por um segundo, entrei em pânico. Então foi
assim que a minha mãe se sentiu quando eu “fugi de casa” para o quintal com 5
anos? Ok... Anne soltou a minha mão e sussurrou “vai”. Pelo visto não era só eu
que estava com medo.
TRÊS HORAS DEPOIS
POV ANNE
Eu ainda estava com um pouco do
frio causado pelo fim da anestesia, mas já tinha parado de tremer e já
conseguia falar. Estava no quarto com uma enfermeira e ela tinha me ajudado a
soltar os cabelos e vestir a minha camisola. Não via a hora de ver meus
pequenos de novo (e o Josh estava incluso nesse ”pequenos”)
Josh entrou no quarto com um
sorriso no rosto e um vaso de flores gigante.
- A equipe do filme mandou para o
hospital. Parece que o taxista não foi tão silencioso quanto ele deveria ter
sido por causa da gorjeta que eu dei... Todo mundo já sabe que os bebês
nasceram. – Eu estava tão feliz que nem isso me tirou do sério.
- Você avisou aos nossos pais? –
Perguntei.
- Avisei ao Connor. Disse para
ele avisar às meninas e para elas ligarem para os seus pais. Pelo visto eles
vão ter que adiantar a viagem para Los Angeles... – Eu ri.
- Estou sentindo falta da minha
barriga. – Falei. – Como eles estão?
- Incrivelmente bem para duas
crianças prematuras. O pediatra disse que se eles continuarem assim, vão ser
liberados em três dias, no máximo.
- E quando a gente vai poder
voltar para casa? – Lembrei, subitamente, que estávamos em outro país.
- No mesmo dia. Connor, Amy e
meus pais vão vir para cá amanhã com Julie e Isabella num jatinho particular.
Nós vamos voltar nele. – Sorri porque ele já tinha pensado em tudo.
- Eu estou morrendo de vontade de
ver eles dois!
- Calma, você vai ter a vida toda
para isso. Eles já vão vir para cá. Sobra atenção para um pai de primeira
viagem aí? – Ele disse.
- Se o pai for você, toda a
atenção do mundo. – Ele se sentou na beira da minha cama e fez carinho no meu
rosto.
- Obrigado. A cada dia eu fico
mais feliz por você ter entrado na minha vida. Para falar a verdade, eu acho
que agora eu sou o homem mais feliz do mundo. De novo. Por sua causa.
- Você sabe que eu ainda estou
emotiva, né? Para com isso, senão eu choro e eu não quero chorar antes de
conseguir pegar a Sophia e o Mason no colo de novo. – Ele riu e eu dei um beijo
nele. – Eu te amo. E estou muito feliz por ter te encontrado. Você já foi o
namorado perfeito, é o marido perfeito e vai ser um pai melhor ainda.
Dra. Campbell bateu na porta e
entrou no quarto com mais duas que estavam com Sophia e Mason no colo. Meu
coração disparou. Era a primeira vez que eu ia ver os meus filhos sem o efeito
da anestesia. Meus filhos. Meu maior sonho, realizado. E em dose dupla. Não
tinha um ser humano na terra mais feliz que eu naquele momento. Talvez, Josh se
aproximaria do meu nível de felicidade... Mas só eu tinha a sensação de ter
carregado eles dois por sete meses e meio.
- Preparada para segurar seus
bebês, Anne? Eles estão com fome. – Dra. Campbell perguntou.
- Acho que nasci pronta para esse
momento. – Eu ri, já com os olhos começando a arder por causa das lágrimas.
- Quem você quer segurar
primeiro?
- Quero os dois ao mesmo tempo.
Não me faça escolher.
- Tudo bem, tudo bem... Ajuda
ela, papai? – Ela perguntou para Josh.
- Sempre. – Ele respondeu. A
primeira enfermeira entregou Sophia para ele. Juro que vi os olhos dele se
enchendo d’água imediatamente e isso só me fez ficar mais emocionada. Ele deu
um beijo nela, em cima da roupinha e me entregou. Foi uma boa estar deitada,
porque eu juro que senti minhas pernas amolecendo.
- Minha princesinha... – Eu acho
que nunca vou conseguir descrever o que estava sentindo naquele momento. E
depois que ele me entregou Mason... Eu não sabia nem o que estava sentindo de
verdade.
Eu não tinha percebido, mas
estava chorando compulsivamente, típico de mim. Eles dois estavam acordados,
com os olhinhos abertos, tentando reconhecer o lugar onde estavam e de onde
vinham aqueles barulhos estranhos que eu fazia enquanto chorava. Mas eu queria tentar
uma coisa...
- Oi Sophia... Oi Mason! – Eles
estavam se mexendo e pararam no momento em que eu falei.
- Eles conhecem a sua voz. – Josh
disse.
- Claro que vocês conhecem a
minha voz... Ficaram dentro de mim por meses! – Eu estava maravilhada com
aqueles dois milagrezinhos nos meus braços. – Era para vocês terem ficado lá
dentro por mais um tempinho, mas já que vocês quiseram sair... Sejam bem
vindos, meus filhos. Eu sei que deve ser difícil sair de um lugar quentinho e
escurinho e vir para cá, mas eu juro que eu e o seu pai vamos proteger vocês
dois para sempre. Até quando vocês não quiserem mais que a gente proteja.
- Papai e mamãe amam muito vocês
dois. – Josh disse sentado na beirinha da minha cama. Olhei para o alto e
percebi que estávamos sozinhos no quarto. Nós dois sorrimos ao mesmo tempo.
Mason começou a choramingar no meu braço e eu lembrei que a Dra. Campbell disse
que eles estavam com fome.
- Você quer segurar a Sophia? Vou
tentar alimentar essa criança manhosa.
- Claro que quero! – Ele a pegou
do meu colo. Josh ainda estava meio sem jeito, mas em momento algum Sophia
correu perigo.
Mason demorou um pouquinho para
começar a mamar, mas só porque ainda não sabia como fazer para conseguir comer.
Sophia passou pela mesma dificuldade. Depois que mamaram, os dois dormiram.
Josh me ajudou a colocá-los nos bercinhos. Queria ficar olhando eles dois
dormirem para sempre, mas eu estava exausta e acabei apagando em determinado
momento.
Acordei três horas depois com o
choro sincronizado de duas crianças que já estavam com fome. E percebi que as
minhas noites iam ser daquele jeito por um bom tempo.
Eu sei, eu sei, eu sei que esse ia ser o último capítulo.
Mas eu não consegui colocar uma treta depois de dar a vida a Soph e Mason ♥
A fic acaba semana que vem :)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh não acaba não, deixa de ser má... Cade aquele negocio de 15 anos depois???
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir