13 - The End

SEIS MESES DEPOIS

- Josh... – Falei enquanto tentava acordá-lo. O relógio na mesa de cabeceira indicava 03:37 da manhã. – Sophia está chorando. E é a sua vez de ir lá.
- Nããããão! – Ele falou, cobrindo o rosto com um travesseiro.
- É sim, eu levantei às duas quando o Mason acordou.

Ele tirou o travesseiro do rosto, se descobriu e se levantou, ainda sonolento. Nós dois repetíamos essa cena umas quatro vezes por noite. Toda noite. Ter dois filhos de uma vez só não é exatamente a coisa mais fácil do mundo.

Nosso tempo livre, agora, se resume fazer o máximo de coisas possíveis enquanto eles dois dormem. O problema é que, às vezes, eles não sincronizam o horário do cochilo e quando um dorme, o outro acorda. E vice versa.

Josh tem passado mais tempo em casa para me ajudar, mas logo ele começaria a gravar outro filme. Aquele que era uma surpresa para mim antes de fecharmos com o filme do Woody. Depois de muita insistência, consegui fazer com que ele me contasse e entendi o porquê da surpresa. A Warner Bros. chamou ele para interpretar o Príncipe Eric numa releitura de A Pequena Sereia que eles iam fazer. Por mais irônico que pareça, ele aceitou. As gravações começavam em um mês.

Eu ia sentir falta dele em casa, mas não podia mais prendê-lo. Desde que as crianças nasceram, ele só se comprometeu com as premieres de Love, London. Josh gostava de ficar em casa, passava o dia babando em Sophia e Mason, mas eu sabia que ele queria voltar a trabalhar, por mais que não admitisse. Ele era como eu, não funcionava sem o trabalho porque, antes de tudo, atuar era uma paixão contra a qual nem eu poderia competir na vida dele. Claro, em momentos extremos ele optaria por mim como fez nos últimos seis meses, mas ele sempre voltaria para ela.

E falando em trabalho... Eu continuo com a minha coluna na Harper’s Bazaar. Como não tinha tempo para mais muita coisa, Julie e Isabella assumiram meu cargo de agente do Josh enquanto eu não voltava à ativa. Meu lado jornalista acaba aí, pelo menos por enquanto. Em compensação, meu lado escritora evoluiu um pouco e eu acabei um livro. Ainda não sabia se ia publicar, mas estava orgulhosa do resultado. Josh leu assim que eu terminei e estava fazendo a maior campanha para eu divulgar e tentar contrato com alguma editora, mas eu ainda achava que não estava pronta para isso. Sophia e Mason ainda são muito novos e publicar um livro gera um milhão de compromissos que eu não ia poder cumprir por causa deles.

Antes de tudo, agora eu sou mãe.

Quando Josh voltou, para o quarto, Sophia já tinha parado de chorar. Ele tinha isso com ela, não importava o que acontecesse, ela sempre se acalmava perto do pai. Assim como ele fazia comigo. Depois que ela veio para o meu colo, foi questão de minutos para dormir novamente e enquanto mamava.

Ah, sim, essa era uma vantagem de amamentar duas crianças ao mesmo tempo. Eu já tinha recuperado o meu corpo de antes da gravidez. E tinha até perdido mais uns quilinhos. Mas a maior vantagem mesmo era ver o sorriso deles dois quando ouviam a minha voz.

Às oito da manhã, eu e Josh já estávamos de pé definitivamente. Ainda tínhamos mais ou menos uma hora para nós dois antes de Sophia e Mason acordarem. Ou quase isso.

- Amor, acho que você vai precisar ir à rua hoje. As fraldas e os lenços umedecidos estão acabando e está nevando, não é uma boa sair com eles dois. – Falei. Nós dois estávamos largados no sofá. Isso era o mais próximo da vida pré noites mal dormidas que nós chegávamos.
- Tem certeza que não precisa de mais nada? – Ele perguntou.
- Também tem que comprar alguma coisa para o nosso almoço. Sinceramente, eu não tenho ânimo para fazer comida hoje. – Era sábado. E tudo o que eu queria era ficar deitada o dia todo.
- O que aconteceu com a gente, hein, Annie?
- A gente teve filhos. – Eu ri. Olhei para o relógio. Tive uma ideia. Me endireitei no sofá e fiquei com o rosto na altura do dele. – Para falar a verdade, tem mais uma coisa que eu preciso.
- O quê? – Sorri.
- Você. – Dei um beijo nele e ele demorou uns segundos para entender minhas intenções. Realmente, algo havia mudado ali.
- Mas e eles dois? – Ele perguntou.
- Eles ainda estão lá em cima dormindo.
- Então nós só temos que ser silenciosos.
- Nada que a gente nunca tenha feito. – Ele me beijou e nós caímos no sofá.

Não importava quanto tempo ficássemos sem sexo, nós ainda éramos completamente conectados. Estávamos começando a ficar realmente empolgados com a situação. Tirei a camisa dele num piscar de olhos e basicamente ao mesmo tempo, ele tirou a minha. Ele já tinha chegado ao fecho do meu sutiã quando ouvimos um choro. Logo depois, outro choro. E nós voltamos à realidade. Nós éramos pais antes de absolutamente tudo.

- Eu pego a Sophia, você pega o Mason. – Falei enquanto subíamos as escadas do jeito que estávamos mesmo.
- Tudo bem.

Depois que demos o café da manhã deles, eu e Josh já tínhamos recarregado as energias. Banho, fraldas, comida, tudo já vinha naturalmente.

- Annie... Eu acho que nós vamos ter que sair com eles dois. – Josh disse, mais ou menos na hora do almoço. Sophia e Mason estavam entretidos com a TV e nós dois estávamos por perto, mas adiantando outras coisas.
- Por quê?
- Porque o fim de semana que vem já é natal e quinta-feira seus pais chegam. Sexta vem os meus, Connor e Amy. E não compramos os presentes. – Me concentrei na data. Era dia 19 de dezembro. Que tipo de mãe eu era? Sophia e Mason estavam fazendo exatamente seis meses e eu tinha esquecido. Além de ainda não ter comprado presentes de natal.
- Vamos almoçar no shopping. Lá a gente compra todos os presentes que tivermos que comprar.

Era o primeiro natal de Sophia e Mason, então nós decidimos passar em casa. Todos iam para lá, inclusive nossos pais, Eric e Meredith, que iam conhecer os bebês. Fiz uma lista mentalmente dos presentes que teria que comprar. Sophia, Mason, Josh, Mich, Chris, Amanda, Joey, Connor, Amy, Isabella, Keegan, Seth, Ian, Julie, Alice, Eric, Meredith, meu pai, minha mãe e Matheus. E mais alguns para Sophia e Mason. A tarde ia ser longa.

Coloquei a roupinha mais quente possível neles dois e levei mais algumas mantas na bolsa. O shopping tinha aquecedor, mas não podia arriscar que um deles ficasse doente. Saímos no carro do Josh porque era mais espaçoso. Além das compras, nós precisávamos carregar carrinhos, bolsas e o banco de trás tinha duas cadeirinhas. Eu ia entre as duas, cuidando para que nada acontecesse.

Conseguimos almoçar sem problemas. Lê-se, sem paparazzis. Nos shoppings eles eram bem mais discretos.

- Acho bom a gente começar a decidir as lojas que vamos visitar agora. – Falei. – São muitos presentes a serem comprados.
- Eu preciso ir à loja de esportes comprar o do Connor.
- De repente eu acho algo para o Matheus lá também.
- Vou precisar ficar longe de você por alguns minutos. – Ele disse, com um sorriso torto no rosto.
- Por quê?
- Porque você só vai ver o seu presente no dia em que tiver que ganhá-lo.
- Isso é covardia. Me dizer que vai comprar o meu presente enquanto eu estou aqui é uma das piores formas de jogo baixo do mundo.
- Mas vai ter que ser assim, é bem mais prático e hoje o shopping não está tão cheio por causa da neve...
- Então eu também vou comprar o seu. – Falei.
- Estamos combinados. Você vai com a Sophia escolher o meu e eu e Mason compraremos o seu.
- Tudo bem. – Eu ri. – Falando nisso, o que vamos comprar para eles?

Minha pergunta nos levou diretamente para uma das lojas infantis do shopping logo depois do almoço. Compramos roupinhas para eles usarem nos jantares de natal e ano novo e um brinquedo para cada um, já que eles já tinham um baú cheio cada e nem tinham começado a brincar com metade daquilo. Encontrei uma ovelha de pelúcia parecida com uma que eu tinha quando era mais nova e acabei comprando para Sophia. Mason estava no colo do Josh e adorou um macaquinho, também de pelúcia e nós acabamos levando.

Continuamos a andar pelo shopping e fazer compras. Na metade da tarde, Sophia estava permanentemente no colo do Josh e as compras ficaram no carrinho dela. Ainda não tínhamos terminado, por isso, eu e Josh fomos até o carro e guardamos as compras e um dos carrinhos. Caso os dois dormissem ao mesmo tempo, dividiriam o carrinho que tivesse ficado. Quando voltamos, Josh tinha a expressão diferente, mas devia ser só cansaço. Ele não era assim tão fã de compras como eu e nós já estávamos lá há horas.

- Você quer ir embora? A gente pode continuar outro dia. – Falei.
- Não, vamos acabar de resolver isso hoje. Assim a gente não precisa sair de casa com eles dois nesse frio novamente. A partir de agora a tendência é só piorar.
- Tudo bem. Acho que chegou a hora de nos separarmos.
- Você já sabe aonde vai? – Ele perguntou.
- Sim. Já sei até o que vou comprar.
- Eu também. – Ele disse, mas não soou nem um pouco convincente.
- Tem certeza?
- Tenho.
- Se você diz... Nos encontramos aqui nesse banquinho daqui a meia hora?
- Combinado. – Ele deu um beijo em mim e outro em Sophia, que estava acordada no meu colo.
- É difícil me separar das minhas meninas. – Sorri.
- Posso dizer o mesmo dos meus meninos. – Mason estava literalmente apagado no carrinho. – Qualquer coisa, estou com o celular.
- Ok. Tomem cuidado.
- Pode deixar.

Eu fui para um lado e Josh foi para o outro. Eu estava torcendo para não cruzar com ele em algum corredor. A grande verdade é que eu não tinha a mínima ideia do que ia comprar. Estava olhando umas vitrines quando uma voz conhecida falou comigo.

- Oi, princesa. – Não podia ser quem eu achava que era. Me virei e confirmei que estava certa.
- Ben... – O que você faz aqui?
- Estou passando as férias em LA. Essa é a sua menina? – Ele apontou para Sophia.
- Sim. – Eu não estava com um bom pressentimento.
- Ela é linda. É uma pena que é a última vez que você vai vê-la.

Eu não tive tempo de reagir ou perguntar o que ele queria dizer com aquilo. No mesmo instante, Ben tirou Sophia dos meus braços e alguém aproximou um pano banhado em algo que tinha um cheiro muito forte do meu nariz. E eu desmaiei.

Quando abri os olhos, estava numa cama. Não reconheci o lugar. Parecia um quarto de hotel. Sophia tinha sido cuidadosamente colocada ao meu lado e dormia. Conforme fui recuperando a minha consciência, lembrei o que tinha acontecido. Entrei em desespero. Peguei Sophia nos braços e quando tentei me levantar, caí na cama novamente porque estava tonta.

- Onde você pensa que vai, princesa?
- Ben? O que você fez? – Ele estava sentado numa poltrona do outro lado da cama. Por mais tonta que estivesse, não largava Sophia por nada. – Para onde você me trouxe? Cadê o meu filho e o Josh?
- Eu te trouxe para longe dele. Para um lugar onde você não vai ser forçada a fingir que o ama e vai poder ficar comigo para sempre.
- O que?
- Isso mesmo. Eu vou te tirar do país e nós vamos poder viver o nosso amor em paz. A intenção era pegar você com os dois pirralhos, mas você estava com uma só, veio assim mesmo. – Eu estava em choque. Não consegui acreditar no que Ben estava dizendo.
- Você ficou louco, Ben?
- Eu? – Ele se levantou. – Não, princesa. Eu só estou pegando o que é meu de volta.
- O que?
- Você era tudo o que eu tinha, Anne. Quando terminou comigo, eu não fiz nada porque sabia que um dia nós íamos voltar a ficar juntos. E as coisas iam dar certo. Eu tinha te levado para almoçar e estava determinado a te ter de volta. Então esse Josh apareceu. Apareceu e levou tudo o que eu tinha de mais importante. Você. Meu emprego em Los Angeles. Eu decidi voltar para ter tudo isso de volta. E a Sophia... Ela tinha que ser minha filha, não dele! – Ele disse gritando. – Eu tinha que ser o pai dos seus filhos, Anne! Eu sou o homem da sua vida, você não percebe?
- Você só pode estar com algum tipo de problema. Quando eu terminei com você, tinha certeza que nunca voltaríamos... Você não tinha se casado?
- Não deu certo. Ela não era você. – Ele disse, mais perto. – E nós vamos voltar, sim. – Ele passou uma das mãos pelo meu rosto e se aproximou, como se fosse me beijar. Virei o rosto na hora. – Tudo bem. Você vai ceder. Nem que seja na pressão. Você nunca mais vai ver a luz do dia, Anne. – Ele saiu do quarto e trancou a porta por fora.

Eu não sei como, um dia, fui capaz de me envolver com um homem desses. Ele tinha me sequestrado e pegado a minha filha junto. Meu estado de choque era tão grande que nem chorar eu conseguia. Fiquei sentada na cama, tentando assimilar o que estava acontecendo. Pelo menos ele não tinha feito nada com Sophia.

No chão, perto da cama, eu vi a minha bolsa. Rapidamente pensei numa coisa e achei que ele não seria tão burro. Mas para a minha sorte, ele era. Encontrei meu celular no bolso lateral e liguei para Josh imediatamente.

- Annie? Annie? Você está bem? A Sophia está bem? – Ele estava completamente desesperado e só naquele momento, a minha ficha caiu e eu comecei a chorar.
- Nós estamos bem. Foi o Ben, Josh. Ele nos trouxe para um quarto de hotel. Ele está louco. Onde você está?
- Calma, meu anjo. Eu vou te achar. Presta atenção no que eu vou dizer. Você vai desligar essa ligação e acionar o GPS do seu celular. Ele tem um dispositivo instalado que vai dizer no meu celular onde você está. Eu vou te buscar. – A voz dele tinha ficado mais calma.
- Tudo bem. – Achei que não era a melhor hora para perguntar por que ele tinha colocado um aplicativo localizador no meu celular. – E o Mason?
- Está em casa com a Isabella e a Julie. Eu vou te achar, Annie. Eu te amo, meu anjo. Vai ficar tudo bem. 

Desliguei a ligação porque ouvi um barulho de passos vindo do lado de fora. Ativei o GPS rapidamente e escondi o celular na manta da Sophia. Se acontecesse algo comigo, Josh a encontraria.

Ben passou algumas horas sem entrar no quarto. Sophia acordou e eu fiquei o tempo todo grudada nela. Não ia deixar que nada de ruim acontecesse à minha menina. Ela ainda estava com a ovelinha que eu e Josh tínhamos comprado mais cedo. Aquilo só me fez chorar mais.

- Hora do jantar, princesa. – Ben disse, entrando com uma bandeja.
- Odeio que me chamem assim, você sabe. – Eu falei sem me mexer. Continuei deitada na cama com Sophia.
- Mas é assim que eu gosto de te chamar. E é assim que eu vou te chamar pelo resto da vida.
- Você nunca vai me ter pelo resto da vida. Nunca.
- Não vou ter essa discussão com você, Anne. Aqui está o seu jantar. Pedi massa, sei que você gosta. – Olhei para ele.
- Não quero nada que venha de você. Prefiro ficar com fome.
- Tudo bem. Você que sabe. Mas se lembra que você precisa se alimentar para amamentar a pirralhinha aí. – Ele estava certo. Mas eu nunca ia admitir. Ia aguentar até o último minuto. – Por que você não para de resistir, hein? – Ele se sentou ao meu lado. Eu posso te fazer muito mais feliz que ele, é só você deixar.
- Isso é impossível. Sabe por quê? Porque o Josh é o homem mais maravilhoso que eu já conheci na vida. Você não chega aos pés dele. Eu o amo. Por você, só sinto repulsa. E pena.

Ben me deu um tapa no rosto assim que eu terminei de falar. Se Sophia não estivesse comigo, provavelmente eu teria revidado.

- Você podia fazer isso ser muito mais fácil. Mas não, prefere que seja do jeito mais difícil.

Ele colocou Sophia na outra ponta da cama e veio para cima de mim, mas não me bateu. Me beijou a força enquanto procurava a barra da minha blusa e tentava tirá-la. Eu não deixei. Bati nele, lutei contra, mas ele tinha me prendido pelas pernas e era muito mais forte que eu. Quando viu que eu não ia ceder, rasgou a minha blusa e segurou as minhas mãos. Eu estava imobilizada. A única coisa que podia fazer era gritar por socorro.

- Ninguém vai vir te socorrer, por mais que te ouçam. Pode gritar. Hoje você vai ser minha. – Ele me deu mais um beijo e eu mordi seu lábio com força. – Adoro as mais agressivas. Hoje você vai saber o que é um homem de verdade, Anne. – Ele disse no meu ouvido. Respondi no mesmo tom.
- Você nunca vai ser melhor do que ele.

Ben me olhou com raiva e antes que pudesse fazer alguma coisa, nós ouvimos um barulho na porta. Ela tinha acabado de ser arrombada. E Josh entrou por ela junto com Keegan.

- Larga ela, seu desgraçado! – Josh puxou Ben de cima de mim e lhe deu um soco antes que ele pudesse pensar em reagir. Ben caiu no chão.
- Keegan, pega a Sophia, tira ela daqui. – Ele pegou Sophia da cama e foi para a outra ponta do quarto, longe de Ben e Josh. A polícia entrou logo em seguida e, com armas apontadas para Ben, ele não fez mais nada. Josh me abraçou e eu desmoronei. Chorei tudo o que não tinha chorado antes.
- Calma, Annie, calma. Eu disse que vinha te buscar, não disse? – Ele estava tentando me acalmar, mas também estava chorando, tão nervoso quanto eu. – Ele ia me... Se você não tivesse chegado, ele ia...
- Shh... Sim, mas eu cheguei e ele não fez nada. Você está bem. Eu nunca vou deixar que nada de mal aconteça com você, Anne. Nunca. Eu me agarrei a ele. Ficamos ali por alguns minutos.

O resto da nossa noite foi na delegacia. Tive que prestar depoimento e queixa contra Ben. Descobri que ele não era réu primário, então teria que esperar pelo julgamento na cadeia. Ele ia responder por sequestro, sequestro de incapaz, lesão corporal e... tentativa de estupro. Com sorte, ficaria preso por uns vinte anos.

Tudo o que eu queria era a minha casa, meu marido e os meus filhos. Quando chegamos, Keegan, Isabella, Julie e Ian estavam com as crianças. Isabella quase matou Ben por pensamento quando viu a marca do tapa dele no meu rosto.

- Como você está se sentindo? – Julie perguntou.
- Ainda estou assustada. Aquele não era o Ben que eu conheço, definitivamente não. Ele está louco, é sério. Mas estou aliviada por estar aqui. Obrigada por terem cuidado do Mason. Não deixei de pensar nele nem por um segundo enquanto estava lá.
- Não foi nada. Você faria o mesmo por nós duas.
- Espero nunca precisar. – Falei.
- Você precisa descansar, Anne. Nós vamos deixar vocês sozinhos. – Isabella disse. – Passamos aqui amanhã para te ver, ok?
- Tudo bem. – Elas duas me abraçaram e como sempre, eu acabei chorando mais um pouco.

Depois que foram embora, eu e Josh ficamos na sala por um tempo. Ele me abraçou em silêncio.

- Por que você colocou um aplicativo rastreador no meu celular? – Perguntei.
- Fiquei com medo das ameaças que você estava recebendo. Então instalei escondido.
- Você é incrível, Joshua. – Falei.
- Como você está, meu bem?
- Feliz por ter você. Obrigada por ter ido me buscar. – Ele me deu um beijo na testa.
- Eu jurei te proteger para sempre. É isso o que eu vou fazer.
- Eu te amo, Josh.
- Também amo você, Annie. – Dei um beijo nele. Fomos interrompidos por duas risadas vindas do tapete.

Sophia e Mason acordaram sem que nós percebêssemos e estavam brincando juntos no chão. Tudo normal. Até a hora em que Mason ficou de gatinho no chão e começou a engatinhar sozinho pela primeira vez. Cutuquei o Josh.

- Olha, amor, olha! – Ele já estava com o celular na mão para filmar, mas parou por um instante.

Mason estava olhando para Sophia, como se estivesse tentando ensinar a ela como fazer aquilo. Nós devíamos estar filmando aquele momento, mas estávamos, simplesmente, embasbacados, admirando. Ela demorou um pouquinho para conseguir se equilibrar, mas logo estava fazendo o mesmo que ele. Eu e Josh chorávamos no sofá e eu sabia que nós não esqueceríamos aquela cena nunca mais, pelo resto da vida.

Depois de engatinharem de um lado para o outro, Sophia e Mason vieram em nossa direção. Pegamos eles dois e ficamos brincando no sofá.


E então eu percebi que não havia motivo para ficar triste. Eu tinha tido um dos piores dias da minha vida. Mas eu também tinha uma família linda que sempre ia estar ali para me alegrar, não importava o que acontecesse. Eles eram meus maiores tesouros. E esses, nada nem ninguém ia tirar de mim. 

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