07 - Voltando pra casa

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- Hum, meu amor, pra que esse casaco? – Perguntei quando vi Josh colocando na mala um casaco que ocupava metade do espaço dela.
- Pra quando fizer frio na viagem...
- Josh. Você está indo para o Brasil. Esse tipo de casaco nem é vendido por lá, nunca faz frio para isso tudo no Rio de Janeiro. Nem em São Paulo ou Minas. – Eu disse rindo.
- Mas como eu vou fazer uma mala sem casaco, Ann? – Ele perguntou fazendo cara de desentendido.
- Não precisa fazer uma mala sem casaco, só precisa levar um casaco menor, tipo esse aqui. – Apontei para outro casaco dobrado em cima da cama.
- Mas eu uso esse quando está sol...
- Quando está sol aqui, Josh. Já esqueceu a última vez que foi ao Brasil?
- Eu passei três dias lá, e estava frio.
- Porque você foi no inverno brasileiro. Agora, em outubro e novembro, nós vamos pegar a primavera. E eu te garanto que é quase tão quente quanto o verão. – Eu estendi o casaco menor para ele.
- Ok, se você diz... – Ele pegou o casaco da minha mão e colocou no lugar do outro. Eu me aproximei e dei um abraço nele.
- Você não tem noção de como eu estou feliz por você estar indo comigo. – Falei.
- Eu ainda estou com um pouco de medo do seu pai, mas estou morrendo de vontade de conhecer a sua família. Quer dizer, a minha família toda te ama e eu não sei nem o que dar de presente para o seu irmão...
- Quando eu for comprar os presentes para levar na viagem, você vem comigo e a gente escolhe alguma coisa. Para falar a verdade, nem eu sei muito bem o que comprar para ele... – Eu disse.
- Acho que a gente precisa da ajuda de alguém experiente.
- Tipo...
- Minha tia! Ela deve saber de algum brinquedo pra faixa etária do seu irmão. Ele é só um ano mais velho que o Joey, não?
- Você é um gênio. – Eu ri e dei um beijo nele.
- Isso quer dizer que você tem direito a três desejos?
- Não tinha pensado por esse ponto, mas foi uma boa colocação... Depois eu penso nesses três desejos. – Dei outro beijo nele. – Agora vamos terminar essa sua mala de vez, porque eu preciso de coragem para começar a minha lá em casa.
- As suas malas, você quis dizer, né? – Ele brincou.
- Lá vai você começar a implicar com as minhas malas outra vez...
- Senti saudades, na última vez que fiz isso nós estávamos indo para Nova York. – Ele disse e me abraçou outra vez. Eu suspirei.
- Acho que vou ter que voltar em Nova York para tirar a má impressão que a última vez deixou...
- Não fala assim, antes da bomba explodir, nós passamos bons tempos na Big Apple...
- Tipo quando eu achei que estava grávida e não estava ou quando eu conheci os seus pais e a Vanessa surgiu? Ah, não podemos esquecer quando nós fomos à Broadway e o Eric assistiu ao mesmo musical que nós dois. – Vi que ele endureceu o rosto quando eu falei do Eric, mas relaxou logo em seguida.
- Nossa, acho que nós dois precisamos ir para lá outra vez mesmo. Preciso te fazer esquecer o que você fez com esse Eric quando nós estávamos separados. – Eu quase falei da Vanessa, mas ia gerar uma discussão desnecessária. – Se bem que... – Ele pareceu se lembrar de uma coisa – Eu posso te falar de uma lembrança boa. – Ele me puxou para mais perto. – As espreguiçadeiras. – Dei uma gargalhada e ele riu junto comigo.
- Realmente, essas são boas lembranças... Nós fomos meio loucos.
- A culpa foi toda sua. – Ele disse.
- Minha? – Me afastei dele. – Por quê? – Enquanto falava me afastei mais um pouco.
- Porque você fez exatamente o que está fazendo agora, indo para longe e me instigando a correr atrás de você.
- Eu? – Falei com uma indignação forçada, e já estava do outro lado do quarto.
- Sim, você. Mas sabe do que você sempre esquece? – Ele veio andando na minha direção e eu não tinha para onde fugir, estava perto da parede. – Eu sempre te alcanço. – Ele disse depois que conseguiu me prender entre os braços dele na parede e me deu um beijo. Nos empolgamos um pouquinho, mas quando caímos na cama, caímos por cima das roupas dele.
- Josh, a mala. – Ele não parou de beijar o meu pescoço. Eu tive que juntar toda a minha força de vontade para continuar falando. – Se a gente não parar agora, vamos ter que arrumar isso tudo de novo.
- E isso não vai ser legal, deu trabalho separar tudo isso. – Ele disse.
- Depois a gente continua. – Eu disse rindo.
- Depois. – Ele me deu outro beijo e levantou. Eu levantei logo depois e nós voltamos a arrumar a mala dele.

Depois que acabamos, passamos a noite jogando aquele jogo de formar palavras. Em determinado momento, ele escreveu “I love you” e eu pulei no pescoço dele. Eram essas pequenas coisas que me faziam ter cada vez mais certeza de que ele era o cara certo para mim. E era por causa dessa certeza que eu me sentia cada vez mais culpada por não ter contado a ele sobre o meu noivado relâmpago com o Eric. Mas nós estávamos tão bem, ele estava tão empolgado com essa viagem... Eu não podia contar agora. Vou esperar nós voltarmos para LA, depois do aniversário da Julie e eu conto. Vai ser melhor assim.

- Bom dia, minha Anne. – Ele me acordou no dia seguinte como fazia todos os dias, fosse por telefone, sms ou pessoalmente. – Contagem regressiva para o Brasil...
- Dois dias. – Eu disse. – Bom dia, meu Josh. – Ele me deu um beijo de bom dia.
- O que nós vamos fazer hoje?
- Acho que as últimas compras... Tenho que comprar os presentes para levar.
- E eu tenho que comprar o presente do seu irmão. Para a sua mãe eu levo flores. E para o seu pai... Uma garrafa de vinho? – Assenti com a cabeça.
- Você vai tentar comprar a minha família, Joshua? – Brinquei.
- Não, mas é sempre bom causar uma boa impressão na primeira vez. – Eu ri.
- Acredite: Não vai ser a primeira vez que eles vão te ver.
- Às vezes eu esqueço que você era uma stalker na adolescência... – Ele brincou.
- Eu não era uma stalker! – Ele arqueou a sobrancelha. – Ok, só um pouquinho. Fazer o que se eu sempre sabia diferenciar as suas fotos verdadeiras das montagens porque sabia o formato da sua panturrilha?
- Você sabia o formato da minha panturrilha? – Ele pareceu assustado.
- Não, é que eu não queria dizer como eu diferenciava de verdade. Você poderia se assustar.
- Me assustar mais?
- Sim.
- Fala. Nada pode ser pior que a panturrilha.
- Ok, você pediu. Eu te reconhecia pelo abdome quando as fotos eram tiradas de frente... E pelo bumbum quando eram fotos de costas. – Eu disse rindo.
- Ok, isso foi mais assustador.
- Eu disse que seria.
- E você acertava?
- 95% das vezes.
- Stalker.
- Fã.
- Pelo menos, agora você consegue me reconhecer pessoalmente. – Ele brincou com o meu nariz.
- Há metros e metros de distância. Pelo jeito de andar. Para falar a verdade, te reconheço até pelo cheiro. – Cheirei a mão dele.
- Stalker, RÁ! – Ele acusou.
- Namorada!
- A melhor do mundo. – Ele me puxou para perto.
- Aw. Eu te amo, sabia? – Falei.
- Ainda não tive tempo de esquecer desde o meu aniversário. – Ele respondeu.
- E é bom que não esqueça nunca.
- Eu não vou, porque também te amo. – E me deu um beijo.
- E meu dia não podia ter começado melhor.
- Eu queria ficar aqui o dia todo...
- Mas hoje é dia de compras! – Pulei na cama e fiquei em cima dele. – Meu dia vai ser perfeito. Você e compras.
- Compras, yey. – Ele fingiu animação.
- Hoje vai ser rápido, eu juro.
- Você sempre diz isso.
- E você sempre acredita. – Me aproximei do ouvido dele. – Hoje eu deixo você escolher uma camisola pra viagem... – Num movimento só ele me tirou de cima dele e levantou da cama.
- Então vamos, já está pronta? – Eu ri.
- Homens, tão facilmente estimulados... – Eu falei enquanto me levantava da cama.
- Você de camisola é estímulo suficiente pra mim. E acredite: Não é pouco. 
- Meu Deus, eu criei um monstro...
- Você me acostumou assim, fazer o que.
- Ok, “Caça-Renda”, eu vou tomar um banho pra gente poder sair.
- Eu vou fazer nosso café, o dia vai ser longo.

Nós nos arrumamos e tomamos café antes de sair de casa. Como ele previu, o dia foi longo. Nós paramos em todas as lojas de brinquedo que vimos pelo caminho e Joey e o meu irmão se beneficiaram bastante disso. Comprei coisas para os meus pais, para alguns primos e tios que eu tinha certeza que veria e mais muita coisa para mim. E outra mala, para caber tudo. Quando acabamos, Josh me deixou em casa e foi para a casa dele descansar.

Entrei no meu apartamento e achei estranho ver as luzes da sala acesas sem ninguém.

- Isa? Ju? Cheguei! Cadê vocês? – Chamei.
- Aqui dentro! – Julie falou do quarto dela.
- Oi. – Disse quando cheguei na porta. – O que vocês estão fazendo?
- Vendo umas fotos antigas. – Isabella disse.
- Eu estava fazendo as malas e acabei encontrando umas coisas que quase não mexo e já podem ir para as caixas. – Julie disse.
- Você estava arrumando a sua mudança? Já? – Perguntei.
- Ainda não, respira! Eu estava fazendo as malas para o Brasil e achei essa caixa de fotos.
- Ann, olha você naquela sua apresentação de zouk no ensino médio! – Isabella me estendeu uma foto.
- Meu Deus, como você tem foto desse dia e eu não tenho?
- Não sei. Sei que vou contar para o Josh que você sabe dançar isso aí, olha... – Julie disse.
- Eu sabia, não sei mais. Tem muito tempo que não danço...
- Mas com certeza não esqueceu... – Isabella disse.
- Só falta desenterrarem o vídeo desse dia quando o Josh estiver lá em casa. – Falei.
- Pode deixar que eu vou lembrar a sua mãe. – Julie falou.
- Obrigada, só que não.
- Meu Deus, olha essa foto! – Isabella disse.
- Olha, é daquele meu aniversário que vocês foram lá para São Paulo, na época da faculdade. – Julie nos situou na época.
- Eu fui com o Eric... – Eu peguei a foto e lá estávamos eu, ele, Julie, Isabella e os namorados delas na época.
- Acho bom o Josh nunca ver essa foto...
- Eu também. Isa, você já fez as suas malas?
- Já estão prontas, sweetie.
- As minhas estão na metade. – Julie disse.
- Bem, se é assim, vou arrumar as minhas com os presentes que comprei pra família hoje com o Josh. Qualquer coisa, me gritem.

Demorei umas quatro horas para arrumar tudo, já que de vinte em vinte minutos as meninas me chamavam para ver uma foto nova. Coloquei quase todas as minhas roupas nas malas, alguns sapatos e todos os presentes. Quando acabei, estava tão cansada que só comi e dormi.

No dia seguinte de manhã, eu e as meninas esvaziamos a geladeira e deixamos só o que iríamos usar naquele dia e na manhã seguinte. Os meninos chegaram no apartamento pela hora do almoço e ficaram o dia inteiro, do mesmo jeito que fizemos quando fomos à Nova York. A única diferença foi que dessa vez, eu, Isabella e Julie não dormimos nem um minutinho durante a noite. Nosso vôo estava marcado para as nove e quarenta e cinco, então quando o relógio marcou seis e meia da manhã, nós acordamos os meninos e aquele revezamento de banho começou outra vez.

- Acho que estou nervosa. – Disse quando estava me arrumando no quarto com Josh.
- Não vai adiantar nada ficar nervosa. O tempo só vai demorar mais a passar, Annie. – Ele me deu um abraço.
- Eu vou voltar pra casa.
- Sim, você vai. E ainda vai voltar comigo de brinde. Espero que isso não seja um problema.
- Nunca seria, em hipótese alguma.

Eu e as meninas estávamos tão elétricas que chegamos ao aeroporto muito tempo antes do vôo e, como sempre, vários fãs vieram falar com os meninos e com a gente também. Eles descobriram o nosso destino no momento em que o nosso vôo foi chamado e nós embarcamos, mas nós não pretendíamos entrar pela porta dos fundos do aeroporto mesmo. Era uma viagem de três semanas, é claro que o mundo ia saber.

Quando entramos no avião e ele decolou, eu estava enjoada de tanto nervoso. Josh me deu um remédio para que eu dormisse, já que passei a noite toda acordada e acho que dormi a viagem inteira, porque acordei com o piloto dizendo, em português “Bem vindos ao Rio de Janeiro, a Cidade Maravilhosa.”

- Estou em casa. – Eu disse. E Josh apertou a minha mão mais forte quando o avião pousou.
- Rio, chegamos.

Demorou um pouquinho, mas chegou o capítulo novo! 
BRASIL, Ê Ô, BRASIL, Ê Ô! 
Ansiosos para as tretas em terras tupiniquins? 
Essa semana eu tenho umas provas na faculdade, então não sei quando posto,
mas vou fazer de tudo pra postar rapidinho! 
Qualquer coisa, vão no ask.fm! 
Beijo ;)

06 - Happy Birthday, Josh!

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COM

- Vinte e um. – Josh disse para mim depois que o alarme do celular dele tocou com mais um “eu te amo”. Eu assenti, confirmando o número.
- Eu ainda vou entender essa contagem louca que vocês dois estão fazendo... – Connor disse.
- Não, você não vai. – Eu disse rindo.
- Deixa de ser intrometido, Connor. – Josh falou. – Amy, dá um jeito nele!
- Ele é seu irmão há mais tempo, Josh.
- Posso resolver que nem antigamente? – Ele perguntou. Eu e Amy saímos de perto.
- Fique à vontade. – E Josh e Connor viraram duas crianças brincando de lutinha pela sala.
-Vamos lá para fora, Amy. – Eu chamei e nós fomos arrumar a mesa do jantar.
- Tem certeza que o Driver vai ficar quieto enquanto nós estivermos aqui? – Ela perguntou.
- Tenho... Só não sei se o Joey vai ficar quieto para jantar com o Driver aqui. – Eu ri.
- Ele é um amor...
- Sim, ele é... Mas crianças e cães tem um magnetismo imenso com bagunça...
- Acho que ele vai ficar tranquilo. O Caleb vem hoje. – Caleb who?
- Quem?
- O pai do Joey, marido da Amanda. – Ela explicou.
- Eu sabia que ela não estava usando aquela aliança da última vez que a vi...
- Eles já estão juntos há muito tempo, mas só casaram agora. Na época que você e Josh estavam separados. Ele não veio ontem porque estava trabalhando, mas deve ter chegado hoje de manhã no hotel em que eles estão hospedados.
- De repente com o pai aqui o Joey fica mais calminho... Sem dizer que ele provavelmente vai dormir antes de nós começarmos a comer.
- E isso me lembrou que...
- Que os meninos tem que ir ao restaurante buscar a comida. – Eu disse.
- Será que eles já pararam de se amar lá dentro?
- Espero que sim, daqui a pouco eu fico com ciúmes. – Respondi rindo. Nós entramos e eles estavam assistindo TV.
- Acho que às vezes, eles gostam mais da televisão do que da gente. – Amy disse enquanto paramos na sala.
- O que? – Connor disse sem tirar os olhos da TV.
- Hã? – Josh desviou o olhar por dois segundos.
- Amy, tem uns amigos meus do intercâmbio vindo pra LA, a gente pode ir buscá-los no aeroporto e depois cair na noite, não estão notando a nossa presença aqui mesmo... – Eu disse e antes que conseguisse pegar a chave do carro, Josh estava ao meu lado.
- Amigos do intercâmbio? Aeroporto? Cair na noite? Ficou louca é Anne Christine? – Ele disse e quando olhei para o lado Connor também estava em pé, perto da Amy.
- Só assim a gente conseguiu tirar a atenção de vocês da TV. – Falei.
- E já que tiraram, qual era a intenção principal? – Connor perguntou.
- O jantar é às 7, alguém tem que buscar a comida. – Amy disse.
- E nós duas, já, já, temos que começar a nos arrumar.
- Sobrou para o aniversariante? – Josh perguntou.
- Já passou a época de não fazer nada no aniversário, baby. – Falei me aproximando. – E nós duas realmente precisamos arrumar as coisas aqui... E nos arrumar depois.
- Eu acho que vou gostar dessa parte...
- Provavelmente.
- Ok, Connor, vamos. Me dá o endereço, Annie. – Eu adorava quando ele me chamava assim.
- Um segundo. – Estava anotando o endereço num papel quando ele me abraçou me dando um beijo no pescoço. A letra nem falhou, imagina... – Josh! O Connor e a A-
- Estão lá dentro, não pira. – Relaxei quando ele disse isso e voltei a escrever o endereço. – Esse é meu primeiro aniversário que você comemora comigo.
- Pessoalmente, sim. – Eu ri. Acabei com o endereço e me virei para ele. – Não esquece de entrar na internet e agradecer os desejos de feliz aniversário, ok? E, ah, depois eu vou juntar todos os vídeos de fãs que eu achar, nós vamos assistir juntos e você vai agradecer por todos eles! Nem que eu te ajude com essa parte.
- Ah, Annie, o que seria de mim sem você?
- Você seria o Josh Hutcherson. – Eu disse rindo.
- Se os meus fãs soubessem do esforço que você faz por eles...
- Eu já estive do lado de lá, sei como é, esqueceu?
- Não. Você foi uma das melhores coisas que o meu trabalho me trouxe.
- Eu acho que posso dizer o mesmo sobre você... – Ele me deu um beijo. – Eu amo você.
- Eu devo adicionar esse à conta? – Assenti. – Ah, Vinte e dois. E eu também te amo. – Pausa para outro beijo. – Hum, Ann... Não tem amigo nenhum do intercâmbio não, né? – Eu ri.
- Não Josh, pode ficar tranquilo, eu e Amy vamos ficar quietinhas em casa, sem amigos, sem interferências externas.
- Fico mais tranquilo agora. – Nós rimos e ele me abraçou mais forte. – Eu não canso de dizer que te amo.
- Não posso falar mais, a conta está certa!
- Eu estou acertando o número até agora?
- Sim, sim, mas duvido que vá acertar o último...
- Eu tenho que acertar, estou louco para saber desse prêmio...
- Ah, o prêmio... Só depois da festa, depois que nós levarmos o Connor  e a Amy no aeroporto...
- Mas o vôo deles sai à meia noite.
- A noite é uma criança, baby.
- Anne, Anne... Não me atiça!
- Não estou fazendo nada.
- Anne, você va-
- Vamos Josh? – Connor disse do corredor. Salva pelo gongo.
- Me aguarde, Anne. – Josh disse no meu ouvido.
- Te digo o mesmo. Toma o endereço.

Eles saíram e eu fiquei com meu celular na mão, esperando. Menos de cinco minutos depois, uma sms. Ele achou o post it do volante do carro...

“Vinte e três, certo? Falta muito?”
“Certo. E não, está quase no fim.”

Eu e Amy acabamos de arrumar o quintal e uns vinte minutos depois, Josh entrou no quarto. Eu tinha acabado de sair do banho e estava de roupão, secando o cabelo.

- Você não me esperou para tomar banho... Que espécie de aniversário é esse?
- A espécie de aniversário em que o seu irmão está no quarto ao lado e em que eu tenho que aparecer arrumada e disposta mais tarde. – Falei.
- Então quer dizer que eu ia te deixar indisposta? – Ele se aproximou.
- Cansada, não indisposta. E supera o fato de que eu já tomei banho e vai tomar o seu.
- Primeiro você vai me fazer tomar banho sozinho, agora fala assim... Você não está sendo uma boa namorada no meu aniversário me tratando desse jeito.
- Um, o seu aniversário ainda não acabou. Dois, que tipo de namorada ruim dá uma camisa da Hugo Boss para o namorado usar no jantar de aniversário, hein?
- Você comprou o que? – Ele mudou o tom de voz.
- Comprei a camisa que você vai usar, está na minha bolsa.
- Anne, mas isso deve ter sido c-
- Se você falar que foi caro eu devolvo o anel que você me deu na premiere de INYS, que com certeza não foi barato. Não foi nenhum preço muito absurdo. – Na verdade, foi sim. – E é seu aniversário, deixa eu te mimar!
- Você não existe...
- Eu sei. – Nós rimos e ele me deu um beijo.
- Ok então, vou tomar meu banho para vestir o mimo da minha namorada.
- Vai, vai! – Eu ri.

Quando ele voltou, eu tinha terminado de arrumar o cabelo, estava fazendo a maquiagem.

- Eu vou acabar de me vestir e você não vai ter terminado, né? – Ele perguntou.
- Só se eu parar aqui para te dar a camisa. Coisa que eu não vou fazer, não se para uma maquiagem na metade.
- Mentira, que você quer admirar meu peito nu aí do espelho.
- Também. E também tenho que te dar o seu presente...
- Não é a camisa? – Ele parou do meu lado.
- Claro, Joshua, eu vou te dar uma camisa de presente de aniversário. Não, né? Camisa é muito trivial pra isso. – Eu disse fazendo o traço do delineador.
- Como você consegue fazer isso?
- O que?
- Esse traço tão certinho...
- Anos de prática. Mas sabe o que é legal? O delineador é o último passo da maquiagem, só falta o meu vestido. – Eu disse, guardando a maquiagem na bolsinha.
- Graças a Deus. Anda, coloca o vestido!
- Se vira. – Falei.
- Hã? – Ele não entendeu.
- Se vira, oras.
- Mas, Anne, eu tenho certeza que já vi tudo isso aí em baixo do roupão...
- Não, você não viu. E não vai ver agora.
- É sério?
- Seríssimo. – Ele se virou relutante.
- Você vai me fazer imaginar o que eu não posso ver agora a noite toda? – Ele perguntou enquanto eu colocava o vestido o mais rápido o possível.
- Não, você só vai imaginar se quiser. – Lutei para fechar o zíper do vestido sozinha, mas consegui. Coloquei os sapatos. – Pode virar.
- Wow. Você está linda. – Ele disse.
- É só para você, baby. – Eu disse me aproximando. – E por mais que eu goste dessa sua versão descamisada, não vai ficar bem nas fotos... Toma. – Entreguei a camisa a ele.
- Preta?
- O que eu posso fazer se toda vez que vou comprar uma camisa para você a preta grita pra mim na vitrine?
- Não tem nada a ver com o fato de que você, como é que você diz, pira quando me vê de preto, né? – Ele disse enquanto vestia a camisa.
- Não, que isso... É para combinar com o meu vestido! Que é preto porque eu sei que você pira quando me vê assim.
- Tudo ligeiramente premeditado...
- Exatamente. – Ele acabou de vestir a camisa.
- Ficou bom?
- Perfeito. Agora vamos ao seu presente! – Peguei a caixinha na minha bolsa. – Toma. – Ele viu o cartão antes e olhou para mim.
- Vinte e quatro? – Assenti. Ele abriu a caixinha e viu o relógio preto que tinha dentro dela. – Ann... É lindo, eu adorei! – Ele me deu um beijo e colocou o relógio na hora. – Obrigado. E eu sei que você não vai me responder, mas eu te amo. – Dei um beijo nele e nós fomos para a sala.

Michelle, Chris, Amanda, Joey e Caleb já tinham chegado e estavam na sala com Connor e Amy. O tio do Josh era super simpático, como todo o resto da família dele.  Nós ficamos conversando por um tempo e quando a campainha tocou, eu fui atender.

- Oi! – Disse para Isabella, Keegan, Julie e Ian quando abri a porta.
- Oi Ann! – Eles me cumprimentaram e foram entrando.
- Cadê ela? – Perguntei.
- Aí fora. Ela já pode entrar?
- Pode, mas depois de vocês.
- Vem, Jenn! – Isabella chamou da porta e ela apareceu. Linda, do jeito que eu sempre imaginei. Seria possível que eu ia conhecer todas as pessoas das quais já fui fã na vida?
- Muito obrigada por vir. Você não tem noção de como ele vai ficar feliz! – Falei para ela.
- Anne, você não sabe há quanto tempo eu quero conhecer a menina que fez o Joshua sossegar! Eu nunca tinha visto o Josh tão feliz quanto das últimas vezes em que nós conversamos, e olha que foram quatro anos de convivência quase direta. E você realmente o ama, para me caçar lá em Londres.
- E você vai dizer isso a ele, ok? Faz parte do presente dele. – Eu lembrei de avisar.
- Ok, pode deixar.

Eu entrei com Julie, Ian, Isabella e Keegan e Jennifer ficou esperando perto da porta, na cozinha.

- Estamos todos aqui? – Josh perguntou.
- Não. Falta uma pessoa. – Eu falei e ele não entendeu nada.
- Ué, quem?
- Um segundo. – Fui até a cozinha e voltei com a Jennifer. – Não era você que estava com saudades da sua amiga?
- O que... Anne... Jennifer, você está aqui!
- Não, é um holograma meu, cabeção. Estou em Londres filmando. – Ela respondeu brincando enquanto ele vinha na nossa direção. Ele deu um abraço nela. – Feliz aniversário, Josh. E, ah... Ela mandou dizer que te ama.
- Eu sei. – Ele olhou para mim. – Com essa, vinte e cinco?
- Sim. – Ele me abraçou.
- Obrigado.
- Agradece a sua mãe, foi ela quem achou a Jennifer.
- Mas a ideia foi sua, Ann. – Mich disse. Ele foi para perto da mãe e abraçou nós duas ao mesmo tempo. – Vocês são as mulheres da minha vida, sabiam?
- Não fala assim que eu choro! – Mich disse com os olhos cheios d’água. Eu já tinha deixado uma lágrima cair. Ser colocada no mesmo patamar da mãe é quase uma jura de amor eterno. Ele deu um beijo na testa dela, secou a minha lágrima e me deu um beijo.
- Obrigado, mesmo.
- Ok gente, vamos comer antes que esse menino me faça chorar de verdade? – Eu falei e outra lágrima rolou.
- Mas, Anne... Você está chorando. – Keegan disse.
- Supera, Keegan, supera ou você não come.
- E se chegar depois de mim não come mesmo! – Jennifer disse e todos nós rimos.

A noite foi super agradável. Não tivemos nenhum incidente do Joey com o Driver durante o jantar, eles se comportaram bem. O bolo era de chocolate e nós quase tivemos que comê-lo no caminho para o aeroporto para levar Amy e Connor. O vôo deles não atrasou, mas mesmo assim, nós chegamos na casa dele uma da manhã. Assim que entramos, eu larguei meus sapatos num canto.

- Melhor assim? – Ele perguntou.
- Infinitamente melhor. – Ele me deu um abraço.
- Esse foi o melhor aniversário que eu passei na minha vida. Porque você passou comigo. Muito obrigado, por tudo.
- Por você, eu faço isso e muito mais. Você sabe disso. Mas ainda não acabou...
- Certo, ainda mereço um prêmio.
- Se disser o número certo...
- Vinte e cinco.
- Nope. Eu disse que você não ia contar o último...
- Que último?
- Eu amo você. – Eu disse. – Esse.
- Então foram vinte e seis, certo?
- Um número escolhido completamente ao acaso. – Brinquei.
- Você passou o dia dizendo que me ama de vinte e seis formas diferentes? – Ele estava com um sorriso de orelha a orelha.
- Sim.
- Você é a melhor, Anne. Eu amo você.
- Eu acho que deixei isso bem claro hoje, né?
- Definitivamente.
- Ah, e o prêmio... Ainda está querendo descobrir? – Perguntei.
- Nunca quis mais. – Peguei a mão dele e coloquei no zíper do meu vestido. – Abre. – Ele abriu sem pensar duas vezes. Eu tirei o vestido dos ombros e ele me olhou de lingerie vermelha.
- Só tem um problema... Achar vinte e seis maneiras de  dizer que te amo acabou com a minha criatividade. E o prêmio vai ter que ser eu. Tem até lacinho, ó. – Estendi o pulso para ele. Uma das minhas pulseiras fechava com um laço. Ele o abriu olhando para mim e eu não tenho muita certeza sobre o lugar onde a minha pulseira foi parar.
- Você é o prêmio? – Ele me puxou para perto. – Não podia ser melhor. – E me deu um beijo. E mais muito outros depois desse. 


Gente, MIL PERDÕES pela demora, de verdade. 
Minhas aulas na faculdade voltaram e a vida está um pouco enrolada,
mas eu não vou parar de postar. Vai demorar um pouquinho, mas parar, não. 
Qualquer coisa, vão no  meu ask.fm, tem o link ali do lado, junto com o 
meu twitter. 

05 - I will be your guardian, when all is crumbling, I'll steady your hand

9
COM

- “O vôo 9564 de Nova York com destino a Los Angeles acaba de aterrissar no LAX.” – Anunciaram no aeroporto.
- É esse? – Josh perguntou ao meu lado e logo depois o meu celular recebeu um sms. “Estamos desembarcando. Amy.”
- Sim. Amy acabou de me mandar um sms.
- Eu estou com tanta saudade deles dois! – Josh disse animado.
- Eu também.
- Estamos no portão certo? – Ele perguntou.
- Não s... É sim, o portão certo. – Tinha começado a falar que não sabia, mas Connor e Amy apareceram naquele portão, respondendo a pergunta de Josh. Apontei para eles dois e quando nos viram, os dois sorriram ao mesmo tempo.
- Connor! – Josh disse quando eles se aproximaram e foi abraçar o irmão enquanto eu ia falar com Amy.
- Oi Amy!
- Ann, quanto tempo! – Ela me deu um abraço e logo depois fui falar com Connor.
- Cunhada! – Ele me deu um abraço daqueles que me levantou do chão.
- Oi cunhado! Que saudade!
- E aí, como foi a viagem? – Josh perguntou a eles dois depois que o momento de cumprimentos e abraços acabou.
- Foi super tranquila.
- E Nova York, como está? – Perguntei.
- Linda, como sempre. – Amy respondeu.
- Eu nunca achei que fosse sentir tanta falta de lá. – Eu disse.
- Mentira, você sente falta mesmo de cantar New York State of Mind da Barbra Streisand no karaokê. – Connor brincou.
- Também! – Eu ri.
- Que horas chega o vôo da mãe e do pai? – Connor perguntou.
- Eles não vêm mais agora... O vôo deles foi cancelado e eles vão pegar um que vai sair do Kentucky às dez da noite, vão direto para o hotel. – Josh respondeu. 
- Puxa, eu achei que nós fôssemos encontrar com eles hoje... – Amy disse.
- Pelo menos nós vamos poder conversar sobre a ideia que eu tive sem problemas... – Connor continuou.
- Que ideia? – Perguntei.
- Ah, não dá para explicar aqui. Eu aprendi que não se fala de segredos num lugar público com o Josh. Nem com você, cunhadinha. Ainda mais em Los Angeles. Tem fã e paparazzi por todo canto aqui! – Connor disse e era verdade. Enquanto esperávamos por eles dois, Josh tirou foto com umas oito fãs. Uma pediu até para que eu aparecesse na foto, achei fofa. 
- Tudo bem, então. Vamos buscar as malas de vocês. Hoje o almoço é lá em casa. – Eu disse.

Estávamos no carro quando Connor começou a falar da ideia dele. Mais uma festa para planejar...

- Ano que vem, nossos pais fazem trinta anos de casados. E eu pensei em organizar uma festa surpresa para eles dois, lá no Kentucky.
- É uma ótima ideia, eles vão adorar. – Josh disse. – Mas nós dois vamos conseguir organizar uma festa sozinhos? – Ele perguntou olhando para Connor no banco de trás pelo retrovisor enquanto dirigia.
- É aí que as nossas digníssimas namoradas entram. – Ele disse e Josh olhou para mim.
- Desse pedaço nem eu sabia... – Amy disse.
- A gente entra no pedaço da organização da festa, é isso? – Perguntei.
- Exatamente. Mas só se vocês toparem.
- Por favor, me diz que o aniversário de casamento deles é depois de janeiro... – Falei.
- É em abril. – Josh disse.
- Perfeito. Eu topo, com certeza. Seus pais merecem o esforço.
- Eu estou com a Anne. – Amy disse. – Mas fiquei curiosa para saber o que tem em janeiro...
- O casamento da Julie e do Ian. – Respondi.
- E o aniversário dela.
- Anne, você trabalha como organizadora de festas nas horas vagas e eu não sabia? – Connor brincou.
- É quase isso, cunhado. – Respondi. – Você tem noção de como quer a festa?
- Olha o lado “dona de buffet” dela representando! – Josh brincou.
- Você não vai levar um tapa avulso porque está dirigindo, Joshua. – Eu disse rindo. – Mas é sério, eu tive uma ideia aqui, mas preciso saber pelo menos do tamanho da festa. Vai ser em casa, num salão ou o quê?
- Eu tinha pensado num salão. Aquele das nossas festas de 16, Josh. – Connor disse.
- É um bom salão...
- Tem palco nesse salão?
- Nada que não dê para providenciar... Por quê? – Connor perguntou.
- O que vocês acham de contratar uma banda dessas de festas? – Perguntei.
- É uma boa, não vamos precisar de DJ...
- E se essa banda só tocasse músicas da época em que os seus pais casaram? Tipo, anos 80, 90... – Amy disse.
- Josh, nós acertamos na escolha. Elas são incríveis! – Connor brincou.
- Meu pai vai adorar isso de música da época dele! – Josh disse.
- AH, vocês tem o vídeo da festa de casamento deles? Qual foi a música que eles dançaram? – Falei.
- Acho que a gente vai voltar para Nova York com essa festa montada... – Connor disse.
- Somos eficientes, ponto. – Amy disse.
- E eu acho que a música que eles dançaram foi Eternal Flame. – Josh disse.
- É uma das minhas preferidas... – Falei.
- Eu sei. – Ele respondeu e sorriu para mim.
- Awn, quanto amor. – Connor disse.
- Shhhh! – Amy brigou com ele.
- Meu Deus, Connor e Keegan juntos no mesmo lugar... Não vai dar certo.
- Vamos ver isso agora. Chegamos. – Josh disse.

Ele estacionou o carro na calçada em frente ao meu prédio e quando nós descemos, encontramos alguns fotógrafos amigos na porta. Já tinha virado normal.

- Até aqui, Anne? – Connor perguntou.
- Eles descobriram onde eu e as meninas moramos há pouco tempo... Mas nós já estamos acostumadas, nem ligamos mais. – Respondi.
- Anne, é verdade que você está grávida? – Um deles perguntou.
- Não, eu tive o bebê semana passada. – Odiava quando eles perguntavam disso.
- Josh, quando você vai fazer outro filme?
- Vocês vão para o Brasil nas férias?

Josh e Connor ajudaram eu e Amy a passar por eles e entraram em seguida. Josh sabia por que eu não gostava desse tipo de pergunta e me abraçou quando entramos no elevador. Connor e Amy entenderam e ficaram calados.

- Como é que eles descobriram da nossa viagem de férias? – Perguntei tentando mudar o assunto.
- Não sei, mas é provável que a essa altura, os paparazzi do Brasil já saibam.
- A gente dá um jeito de driblar os brasileiros. – Eu disse rindo.
- Vocês vão para o Brasil? – Connor perguntou.
- Em dez dias. Josh vai conhecer os sogros. – Respondi.
- Não vale ficar nervoso que nem ela, hein, Josh? – Amy brincou quando nós saímos do elevador.
- Claro que precisa! Metade dos homens da família da Anne é militar e a outra metade é grande. Ainda tem uma história de “direitos humanos” que o pai dela tem e eu ainda não entendi direito...
- Você só vai precisar do “direitos humanos” se se comportar mal. – Disse enquanto abria a porta e eles entravam.
- E o que é isso? – Amy perguntou baixinho depois que os meninos se afastaram.
- Um bastão maior que um bastão de baseball.
- Tomara que ele não precise.
- Tomara mesmo. – Respondi rindo. Meu pai devia ter usado aquilo no meu namorado do ensino médio e não usou. Não vou deixar usar no Josh.

Nós almoçamos e um tempinho depois ligamos o karaokê de Isabella. Cantamos músicas aleatórias a tarde toda. Estávamos terminantemente proibidos de fazer duetos com nossos respectivos namorados. Eu e Amy fizemos um dueto de New York State of Mind, eu realmente estava com saudades. Josh e Isabella colocaram a gente para dançar com “Don’t you want me baby, don’t you want me, oooooooh”. Julie cantou We Are Never Ever Getting Back Together e fez a interpretação da música com Keegan. Ian e Connor cantaram She’s Killing Me comigo e com a Isa. Não é o tipo de música que se canta para a namorada. Ou para a noiva, no caso do Ian. Eu chorei quando Josh cantou “I will be your guardian, when all is crumbling, I’ll steady your hand” de Never Say Never do The Fray olhando para mim e brigaram com ele porque o combinado era nada de romantismo. Foi engraçado.

Não saímos muito tarde lá de casa porque Connor e Amy estavam cansados. Eu fui com eles para a casa do Josh porque no dia seguinte de manhã a minha surpresa chegaria ao meu apartamento e Josh tinha que ficar o mais distante possível dele.  Quando chegamos na casa dele, Connor e Amy foram dormir no quarto de hóspedes e nós dois assistimos filmes a noite toda e em um pouco da madrugada. Acordamos com a campainha no dia seguinte.

- Que horas tem? – Perguntei, ainda meio dormindo.
- Quase nove. – Josh respondeu. Tocaram a campainha de novo.
- Acho que alguém tem que ir abrir, senão não vão parar de tocar.
- Estou com preguiça.
- Vamos, eu vou com você. – Falei.
- Só vou se você me der um beijo de bom dia. – Eu ri e dei um beijo nele.
- Bom dia, meu Josh.
- Bom dia, minha Anne. – Nos levantamos e quando saímos do quarto, demos de cara com Connor e Amy quase sonâmbulos indo fazer o mesmo que nós: abrir a porta.
- Quem é a alma sem luz que toca a campainha a essa hora da madrugada? – Connor perguntou.
- Connor, são quase nove da manhã. Não é madrugada. – Falei.
- Qualquer hora é madrugada quando eu estou dormindo e a campainha toca, Ann.
- Faz sentido... – Josh demorou um pouco para achar as chaves e quando abriu a porta, nós quatro, com roupas de dormir e caras amassadas recepcionamos Chris, Michelle, Amanda e Joey.
- Bom dia! – Mich disse animada. – Acordamos vocês?
- Não mãe, vocês não acordaram a gente. – Connor disse.
- Mentir é feio, Connor Mason! – Ela brincou antes de dar um abraço nele. Quando me viu, Joey literalmente correu para me abraçar. Eu quase caí, ainda estava com muito sono. E ele tinha crescido desde a última vez que o vi... É claro, já tem mais de um ano.
- Anne, você está aqui! – Ele disse.
- Sim, sim, meu amor. Estou. – O abracei de volta.
- Você não estava da última vez que eu vim... – Olhei para o Josh. Deve ter sido na época que nós estávamos separados. Me abaixei para ficar na altura dele.
- Ah, eu não pude vir naquele dia... Mas hoje estou aqui e não vou embora, serve?
- Serve! – Ele me abraçou pelo pescoço.
- Joey, meu filho, deixa a Anne levantar, deixa. – Amanda falou e ele obedeceu, mas foi correndo pular nas costas do Connor assim que me largou.
- Eu ainda fico pasma com vocês dois. – Amanda disse quando veio me cumprimentar – Tudo bem com você, Anne?
- Sim, sim, e você? Espera... Eu não sabia que vocês vinham!
- Ninguém sabia. Eu e Joey viemos de surpresa.
- Eu adorei a surpresa, tia. – Josh disse abraçando Amanda pelo ombro. Era tão estranho vê-lo a chamando de tia...
- Vocês quatro foram dormir tarde? Parece que ainda estão com a cama nas costas. – Chris disse.
- Nós acabamos de sair da cama. – Amy disse.
- Eu acho que ainda estou dormindo. – Connor falou.
- Meu cérebro ainda não está no estado normal. – Falei.
- Hã? – Josh disse e todos nós rimos.
- Eu acho melhor vocês entrarem enquanto nós acabamos de acordar... – Falei.
- Liga a TV pro Joey na sala, tia. A gente já volta.

Eu, Josh, Connor e Amy voltamos para os quartos para lavar o rosto e trocar de roupa.

- MEU DEUS. Olha pra mim! Eu estou um trapo e seus pais me viram assim! Olha o meu cabelo. AAH! – Meu cabelo estava de um jeito que não dava nem para descrever.
- Você está linda. – Josh disse atrás de mim, me olhando pelo espelho.
- E você é ator! – Eu ri. Ele me colocou de frente para ele.
- Ok, seu cabelo está bagunçado. E daí? Você acha mesmo que a minha mãe acorda penteada, maquiada e em cima do salto? E ainda tem mais. – Ele se aproximou. – Fui eu quem te deixou descabelada.
- Foi mesmo. – Ele me deu um beijo. - Vai se trocar, vai, seus pais estão na sala, a gente não pode demorar... E eu tenho que dar um jeito na bagunça que você deixou no meu cabelo.
- Ok... Mas você continua linda.
- Obrigada. – Ele me deu outro beijo e foi se trocar. Me olhei no espelho outra vez e a única opção aceitável em que consegui pensa foi fazer uma trança. Fiz uma embutida e lado e deixei a franja porque era a mais rápida. Lavei o rosto, passei base e corretivo e voltei para o quarto para achar uma roupa para trocar.
- WOW. Te vi saindo do banheiro agora e tive um insight. Um arco e flecha e você seria um cosplay de Katniss Everdeen. – Josh disse.
- Katniss acordando na casa da Costura, né? – Nós rimos.
- Tem tanto tempo que eu não falo com a Jenn... Acho que estou com saudades.
- Ah, ela deve te ligar amanhã...
- Não sei, ela está gravando com o Nicholas em Londres...
- E você acha que ela não vai ter tempo de fazer uma ligação? – Eu perguntei enquanto trocava de short.
- Não sei, ela fica meio focada quando trabalha.
- Mas ela é sua amiga, é claro que ela vai ligar. – Eu falei enquanto trocava a blusa e ia na direção dele. Lhe dei um beijo rápido. – Agora vamos voltar pra sala antes que o Connor faça uma piadinha indesejada na frente dos seus pais.

Voltamos para a sala e encontramos a mesa do café da manhã posta. Mich e Amanda, dois anjos. Connor e Amy já estavam lá e claro, Connor fez a piadinha que eu temia perto de mim e Josh.

- Eu achei que você demorasse mais, mano...
- A gente tem que se adequar às circunstâncias, mano. – Josh respondeu e eu ri.

Eles passaram o dia conosco e eu evitei ligar para o apartamento perto de Josh para ele não desconfiar de nada. No meio da tarde, Isabella me mandou um dizendo que ela já estava lá. Tudo ia dar certo se o Josh não inventasse de passar na minha casa antes do jantar de amanhã.

Passei umas duas horas brincando com o Joey e o Driver no quintal. Juro que tentei fazer com que só o menino e o cachorro corressem, mas o Joey não me deixava ficar quieta. Eu estava com saudades do menino, confesso. Mas a nossa brincadeira foi boa num sentido: Ele cansou e depois que tomou um banho, dormiu a noite toda. Eu queria ter ido dormir que nem ele, mas não tinha mais seis anos de idade... Sem dizer que uma pessoa ali tinha que ganhar o bolo da meia noite.

- Tem uma mini torta na geladeira. – Amanda disse, longe do Josh.
- Uns minutinhos antes, eu vou levantar falando que vou beber água e pego a torta. – Falei. E foi isso que fiz. Ele só percebeu o que estava acontecendo quando a Amy apagou as luzes da sala e eu apareci com uma mini torta com duas velas formando um  “26” acesas.

Depois que a família deu os parabéns, chegou a minha vez. Ele me deu um beijo e um abraço.

- Tem dedo seu nesse bolo da meia noite, não é?
- Claro que tem. – Eu ri. – Feliz aniversário, baby. Eu desejo tudo de melhor para você, você sabe disso. Tanto na vida pessoal como na profissional. Um dia, eu ainda vou te ver ganhando um Oscar. E vou estar do seu lado, não importa o que aconteça, para sempre.
- Obrigado. – Me aproximei do ouvido dele.
- Eu amo você. E essa foi a primeira vez. Conte as próximas. – Ele não entendeu muito no início, mas uns minutos depois, ele recebeu um sms.

“Eu te amo. Segunda vez ;)”
“Você vai falar isso quantas vezes?”
“Conte. Se você acertar, amanhã a noite ganha um prêmio.

Links das músicas:
New York State of Mind:
Don't You Want Me, The Human League
We Are Vever Ever Getting Back Together
She's Killing Me, A Rocket to the Moon
No próximo capítulo, vocês descobrem a surpresa... 
E será que o Josh vai ganhar o prêmio? HEHE
PS: Isso dos "Direitos Humanos" é verídico. Meu pai tem um bastão DE VERDADE. 

04 - Planos, planos, planos

10
COM

DIAS DEPOIS

- Acabei de falar com a agente de viagens. Nossas passagens de ida para o Brasil estão confirmadas para o dia 22 de outubro. – Isabella disse.
- Graças a Deus, a planejamento vai dar certo. – Falei.
- Planejamento? – Keegan falou.
- Lá vem a Anne em mais um surto de organização... – Julie disse.
- Vocês não seriam nada sem a minha organização, ok?
- Ok, mas agora conta os planos. – Isabella pediu.
- Nós vamos sair daqui dia 22 e vamos direto para o Rio. Passamos uma semana, e depois vamos para Minas Gerais, no dia 29. Ficamos lá até o dia 05 de novembro e depois...
- Nós vamos passar o meu aniversário em São Paulo? – Julie me interrompeu.
- Eu ia chegar nessa parte! – Eu ri. – Dia 05 de novembro a gente vai de Minas para São Paulo e fica até o dia 12 para a Julie poder passar o aniversário no dia 10 com a família.
- AAAAAAAH, eu amo os seus surtos de organização. – Julie pulou em cima de mim no sofá e nós caímos por cima do Josh, que estava sentado ao meu lado.
- Eu disse que vocês não eram nada sem a minha organização.
- Esse é o bom de viajar com a Anne. Ela resolve a parte chata sozinha e você fica livre da preocupação. Aprende, Josh. – Isabella disse
- Então é só por isso que vocês gostam de viajar comigo? – Dramatizei.
- É, ela tem esse problema. Faz um drama gigante com tudo. Mas vale a pensa aturar pela organização impecável da viagem. – Isabella continuou.
- Vocês me amam.
- Claro que te amamos, você organizou a nossa viagem toda! – Ian disse.
- Até você, Ian?
- Ian, fale por você, porque eu não amo essa garota não... – Keegan disse.
- Josh! Me defende! – Ele estava vermelho de rir do meu lado.
- Ah, Annie... – Ele só me chamava assim quando ia dar uma de Keegan da vida... – Eu te amo, e não é só por causa da organização da viagem.
- É oficial. Eu não organizo mais nada para vocês.
- Não, Ann, nããão, eu vou casar, não faz isso, eu preciso de você. Você tem que me ajudar!  – Julie disse desesperada. Adorei ver aquilo.
- Viu? – Apontei para ela. – Não vivem sem mim... Vocês têm noção da data do casamento?
- Não queremos esperar muito... – Ian disse.
- Não esperar muito para vocês é quanto tempo? Uns seis, sete meses? Acho que casamento em maio cai super bem...
- Não, Ann. A gente não quer esperar mesmo. – Julie disse e eu fiquei preocupada. – Você acha que dá para organizar tudo até janeiro?
- JANEIRO? Vocês querem organizar um casamento em três meses? Vocês são loucos.
- Isso tudo é pressa pra lua de mel? – Josh perguntou e eu me surpreendi com o fato de que foi ele quem fez essa pergunta e não Keegan.
- É pressa pra abandonar a gente, Ann! – Isabella disse.
- E depois a Ann é a dramática, não é? – Keegan disse. E levou um tapa.
- Obrigada Keegs. Hum, Julie, Ian, voltando ao assunto principal. Acho que dá para organizar um casamento em três meses sim... Dependendo de quanto vocês estiverem dispostos a pagar.
- Quanto for necessário, Anne. – Ian disse e eu vi Julie respirando aliviada ao lado dele.
- Então vocês precisam decidir a data o mais rápido o possível.
- Nós meio que já decidimos... – Ian disse.
- Eu já vi o calendário de janeiro do ano que vem, procurando sábados livres... Dia 5 é muito perto do ano novo. Se for dia 12, eu não vou estar aqui no seu aniversário, e isso é fora de cogitação. Dia 19 é o dia seguinte ao seu aniversário e eu não acho que eu e Ian vamos estar em condições de casar... Muito menos vocês de serem padrinhos. Sobra o dia 26. – Julie disse.
- Céus, ainda tem o meu aniversário nesse meio todo...
- Eu disse que você não precisava se preocupar com o meu. – Josh disse.
- Sério mesmo, Joshua? Isso de novo? Seu aniversário já está quase todo organizado. – Faltava só um detalhezinho. – E você não pode fazer mais nada contra isso.
- Então, 26 de janeiro... – Isabella disse. – Qual vai ser o tema?
- Bem, o tema... Vocês sabem qual é o vestido que eu sempre quis usar no meu casamento, certo? – Eu puxei pela memória e assenti. O vestido era perfeito. – Eu queria que o tema fosse combinando com o vestido.
- O Ian concordou com isso? – Eu perguntei.
- Achei a ideia ótima, Ann.
- Ai, se todo noivo fosse que nem você...
- Como assim, Anne? Você já trabalhou com isso e a gente não sabe, é? – Keegan perguntou.
- Ou você já quase casou e eu não sei? – Josh perguntou brincando e meu chão quase caiu. Ele não precisava saber disso agora. Sinceramente, eu nem sei se ele realmente precisa saber disso.
- Ah... Eu ajudei a organizar o casamento de uma amiga da faculdade antes de me mudar para cá e o noivo dela simplesmente discordava de tudo que eu e ela pensávamos. Foi péssimo. – Julie e Isabella olharam para mim como quem diz “arranjou uma desculpa rápida, mas isso não acabou aqui”. – Hum... Você vai querer as nossas roupas combinando com o tema, Ju? – Mudei de assunto o mais rápido o possível.
- Definitivamente.
- Mas como nós duas vamos... Ah! – Isabella pareceu ter uma ideia. – Ann, vermelho ou rosa?
- Vermelho, oras. Mas você está pensando nos vestidos da...
- Exatamente. – Ela me interrompeu.
- Adorei! Agora só falta pensar nas roupas dos meninos. – Disse.
- Detalhes, detalhes.
- Daqui a pouco eu e o Josh vamos ali tomar umas cervejas, porque vocês se empolgam nessa coisa de casamento... E esquecem da gente!
- Meu Deus, você e a Isabella se merecem.
- Ok, a gente fala disso depois, quando vocês não estiverem aqui. – Isabella disse. Josh me abraçou.
- Anne, você conta ou eu conto? – Josh perguntou e eu tive que pensar um pouquinho para entender o que era. Mas Isabella e Julie pensaram mais rápido.
- Contar o que? Vocês vão casar também? – Julie disse.
- Ai meu Deus, Anne, você está grávida de verdade!
- NÃO E NÃO. Respirem vocês duas. – Eu disse. – Eu conto, Josh.
- Ok.
- Fala logo, criatura!
- Hum, vocês lembram aquela pasta que acharam no meu notebook na Starbucks da Times Square?
- O roteiro que você não deixou a gente ler nem um pedacinho? Nunca esqueci dele. – Julie disse.
- Nem eu. – Isabella completou.
- Ele está pronto. E eu quero mostrar para vocês quatro.
- O Josh já leu? – Keegan perguntou.
- Sim.
- Traidora! Nós líamos as suas histórias quando elas pareciam piadinha de jornal de domingo e agora ele lê o seu roteiro antes? – Julie perguntou.
- Que deselegante, Anne... – Isabella completou.
- Eu só li porque eu achei...
- E eu o deixei continuar a ler porque o personagem principal foi escrito para ele.
- Ah. – Isabella e Julie disseram ao mesmo tempo. – Só por isso, você está perdoada.
- Keegan, Ian, eu também escrevi dois personagens para vocês. E é por isso que eu quero que vocês leiam.
- E onde está esse roteiro?
- No notebook. Eu mandei para os e-mails de vocês mais cedo.
- E vocês precisam me ajudar a convencer a Anne a mandar esse roteiro para alguma produtora, é incrível.
- Tenho certeza que é... – Isabella disse.
- Anne, você já perdeu a mania de achar que tudo o que você escreve é ruim? – Julie perguntou.
- Ah, então ela sempre foi assim? – Josh não me deixou responder.
- Ah, gente, vocês são suspeitos! Parem, ok? – Eu disse. – E já sabem, né? Não demorem a ler, eu preciso de opiniões.
- Não demorem mesmo. Ela vai perturbar a cabeça de todos nós enquanto não acabarmos. – Isabella disse.
- Quando você leu, Josh?
- Na madrugada do noivado da Julie e do Ian. Eu não dormi, virei a noite lendo. – Ele respondeu.
- Ah, no dia que vocês quebraram o pote de açúcar...
- Detalhes, Keegan, detalhes.

Nós ficamos conversando por mais um tempinho, mas os meninos logo foram embora porque no dia seguinte nós íamos trabalhar. Mas não era porque eles não estavam que a gente não ia continuar conversando...

- Empolgada para o casamento, Julie? – Perguntei.
 - Eu estou pirando. Acho que não vou conseguir dormir direito todas as noites até o dia do casamento.
- Eu acho melhor você dormir antes, porque algo me diz que você também não vai dormir muito na lua de mel... – Isabella disse e nós rimos.
- Vou sentir tanta falta de vocês duas.
- Eu ainda não quero pensar nisso, por favor. – Eu disse.
- A gente ainda vai se falar todo dia, mas não vai ser a mesma coisa.
- E logo, logo o Ian vai querer filhos e aí mesmo você vai ficar super ocupada.
- Que nada meninas. A gente não quer filhos agora. O que não vai demorar mesmo são pedidos de casamento para vocês... – Julie disse.
- Eu e Keegan não queremos casar agora. Muito menos filhos. Mas um dia, quem sabe? – Isabella disse.
- Eu e Josh já pensamos nos dois, mas a decisão mais concreta que nós tomamos foi quando eu achei que estava grávida em Nova York. Mas foi tudo sob muita pressão. Um dia, com certeza. – Respondi.
- Mas vamos parar de falar da gente, a noiva aqui é você. É você quem vai abandonar a gente, Julie! – Isabella disse.
- Definitivamente, você é dramática. – Julie respondeu.
- Eu não quero nem ver isso no dia do casamento... – Eu disse.
- Você vai estar igual ou pior. – Isabella me disse.
- Provavelmente. – Respondi. E nós duas quase começamos a chorar.
- Hey, vocês duas, venham aqui. – Nós sentamos uma de cada lado de Julie no sofá e ela nos abraçou. – Eu vou casar, mas vou morar perto daqui. Nós já ficamos quatro anos a quilômetros de distância umas das outras, não vão ser alguns bairros que vão separar nós três. – Ok, eu já estava chorando. – Eu amo vocês duas, ok? E a gente sempre soube que esse dia ia chegar, nós íamos encontrar pessoas que iam levar a gente para longe uma da outra. Pelo menos dessa vez nós vamos ficar no mesmo estado.
- Ai, caramba, vamos salvar lágrimas para o dia do casamento. – Isabella disse. – Anne, qual vai ser a cor da lingerie que você vai usar no aniversário do Josh?
- Lingerie? HÃ?
- Ah, para que você pensa que a gente não sabe que você vai dormir na casa dele depois do jantar? É aniversário do menino, Anne. – Julie disse.
- Qual a cor da lingerie, anda, fala!
- Ainda não decidi. – Eu disse.
- AAAAH, então vai ter uma lingerie! – Isabella disse.
- É claro que vai, pessoas usam lingerie normalmente...
- E o aniversário do seu namorado não é uma ocasião normal...
- Ok, que a minha vida sexual saia de pauta, por favor. Se não eu começo a falar de vocês. Tipo quando a Julie passou a noite do noivado com o Ian. E quando a Isabella demorou mais que o normal para ajudar o Keegan a fazer a mala...
- Ok, paramos. – Isabella disse.
- Posso perguntar do presente?
- O presente dele é secreto nível FBI. Só posso dizer que não é só um presente. E que nem todos vão ser presentes exatamente...
- Fala, Anne!
- Depois, depois...
- Ok então. Ah, agora me diz o que foi aquilo de “Ou você já quase casou e eu não sei”? Como ele não sabe, Anne? – Julie perguntou.
- Ele não sabe por que não é fácil virar para o seu namorado e dizer que você já quase foi noiva de outro.
- Ele tem que saber, Anne.
- Eu sei, mas ele já não gosta do Eric, como eu vou falar que ele chegou a me pedir em casamento?
- Ele tem que saber antes que ele mesmo resolva te pedir em casamento, Ann. – Isabella disse.
- Eu vou contar. Não sei quando, mas vou.
- Conta logo, Anne. Se ele descobrir sozinho vai ser pior. – Julie disse.
- Como ele descobriria?
- Você esqueceu que nós vamos ao Brasil?
- Lá a situação vai estar formada para ele descobrir. – Isabella acrescentou.
- Eu ainda não tinha pensado nisso...
- Pois pense.

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, meu celular tocou. Era Mich.

- Oi Mich! Tudo bem?
- Tudo muito melhor agora, Ann! Eu preciso te contar uma coisa.
- Fala!
- Sua surpresa está de pé. Ela está em Londres, mas hoje eu consegui conversar com ela... Ela vem para o aniversário do Josh!
- AAAAH, isso é incrível! Ele vai amar!
- Hum, ela vai vir no dia 11 e voltar no dia 13 de manhã. E pediu para perguntar se pode ficar na sua casa. Se ela for para um hotel algum fotógrafo pode ver e ele vai descobrir.
- Claro que pode. Tenho certeza que as meninas não vão se opor. E ela pode ficar no meu quarto, nas noites em que ela estiver na cidade eu vou estar com o Josh. – Ok, eu não precisava dizer isso para a Mich.
- Ela vem? – Isabella perguntou e eu assenti.
- Ok, Ann. Vou confirmar com ela.
- Quando você e Chris vem para LA, Mich?
- No dia 10, junto com o Connor e a Amy.
- Que bom! Vai dar tempo de matar as saudades.
- Sim, eu não vejo a hora de apertar as bochechas do Joshua. – Eu ri. – Eles vai fazer 26 anos, mas ainda é meu bebê.
- Normal, normal.
- Eu preciso desligar, Ann. Um beijo pra você e para as meninas!
- Outro para você e para o Chris, Mich. Tchau.
- Tchau.

Alguém tem dúvidas de que a treta está formada no Brasil? 
E quem é a surpresa do Josh? 
E o presente? 
E a cor da lingerie? 
Tema do casamento da Julie? 
Descubram nos próximos capítulos! 

03 - Take this gift and don't ask why

8
COM

Droga. Eu deixei o notebook ligado antes de sair, ele hibernou e não descarregou. E eu estava editando o roteiro...

- Isso o que? – Me fiz de desentendida enquanto caminhava até a cama e me sentava ao lado dele, pegando o notebook.
- Isso escrito... Eu não sabia que você escrevia histórias assim.
- Eu já quase publiquei um livro no Brasil... Só não levei a ideia para frente porque vim para LA.
- Mas isso aí é um roteiro de filme... – Olhei para ele. – Sim, eu não resisti e li um pedacinho desse arquivo que está aberto. E a pasta de origem também está... Quando você ia dizer que estava escrevendo um roteiro, Ann?
- Ninguém sabe. – Ele levantou a sobrancelha. – Ok, as meninas sabem. Mas porque fuçaram o meu notebook quando nós ainda estávamos em NY.
- Eu não lembro de te ver escrevendo em NY.
- Porque eu comecei a escrever quando nós estávamos separados. Eu tinha que me distrair com alguma coisa.
- Eu posso ler? – Ele pediu.
- Eu... Ainda não está pronto. Estou terminado de editar. Você não devia ter visto isso agora... – Falei demais.
- Por que eu não devia ver isso agora? – Não tinha como fugir.
- Porque eu escrevi o personagem principal para você. – Ele sorriu.
- Agora mesmo é que eu quero ler. Você escreveu para mim... Deixa, vai?
- Como se eu conseguisse te negar alguma coisa. Toma. – Coloquei o notebook nas pernas dele e encostei a cabeça em seu ombro para ler junto. – Lê. – Coloquei no primeiro arquivo e ele começou a ler a sinopse.

“Thomas Parker é um jovem de vinte e poucos anos que sofre danos psicológicos depois que perde a esposa, Emma, num acidente de carro. Após muita relutância e insistência de sua família e dos amigos, ele começa a frequentar um grupo de terapia, e lá conhece Summer, outra jovem com um trauma misterioso em seu passado. Juntos, eles descobrem como superar os traumas e percebem que seus novos começos podem estar mais perto do que imaginam.”

- Qual vai ser o nome do filme? – Ele perguntou.
- Já pensei em algumas coisas, mas não decidi. Não sei nem se vou mandar para alguma produtora...
- Quando eu acabar de ler, a gente conversa sobre isso.

Coloquei a cabeça em seu ombro novamente e comecei a ler junto com ele, mas estava tão cansada que adormeci antes da segunda página. Acordei quase duas horas depois com dor no pescoço por estar na mesma posição. Josh ainda estava lendo.

- Você não vai dormir? – Perguntei.
- Quero adiantar a leitura... Eu não sabia que namorava uma escritora. – Eu ri.
- Não exagera, a história não ficou boa.
- Você está brincando, né? – Ele perguntou sério.
- Josh, eu estou com muito sono para falar disso agora. Não dorme tarde, ok? – Olhei o relógio. Já eram quase três da manhã. – Quer dizer, não dorme muito tarde. Você pode continuar a ler depois.
- Vou ler só mais esse arquivo e depois eu continuo.

Voltei a dormir, dessa vez deitada ao seu lado. Estava sonhando com alguma coisa que não lembro bem, mas foi um daqueles sonhos que você sempre abre os olhos quando acaba se perguntando por que acabou. Em circunstâncias normais, eu apenas viraria para o outro lado e voltaria a dormir, mas quando a lâmpada do seu quarto ainda está acesa por um motivo que você desconhece, fica difícil de pegar no sono outra vez.

- Você ainda está acordado, Josh? – Perguntei, enquanto brigava com a claridade e tentava abrir os olhos de vez.
- Sim... – Ele estava com a voz um pouquinho embargada. Abri os olhos, ignorando o incomodo e tive tempo de vê-lo enxugando uma lágrima do rosto.
- Você está chorando? Aconteceu alguma coisa? - Me sentei, ainda meio sonolenta. Olhei pela janela e o céu estava começando a querer clarear.
- Eu não estou chorando, foi só uma lágrima.
- Ok, e por que essa lágrima caiu?
- Você ainda pergunta? Esse roteiro é incrível, Ann. Eu ainda não terminei, mas com a minha experiência eu posso dizer que um bom diretor faria disso aqui um ótimo filme.
- Sério?
- Eu não brincaria com isso. Mas esse não era o motivo da minha lágrima. Você... Você escreveu isso para mim, Ann. Saber que você acredita tanto assim no meu trabalho a ponto de escrever um personagem desses pensando em mim foi o que me emocionou. – Eu sorri e dei um beijo nele.
- É claro que eu acredito no seu trabalho. Sempre acreditei, esqueceu? – Ele sorriu. – Vai terminar de ler agora?
- Vou, o sono já foi embora de vez mesmo... E eu já estou no fim.
- Bem, já são seis da manhã... Vou fazer um café, aí você consegue terminar de ler e eu consigo ficar acordada.
- Eu vou com você, preciso esticar as pernas.

Saímos do quarto e nos deparamos com um silencio absoluto no apartamento.

- Isa e Keegan ainda devem estar dormindo, cuidado com o barulho. – Eu disse.
- A gente vai fazer um café, não colocar um bloco de carnaval na rua. – Ele disse quando estávamos quase chegando na cozinha. – A não ser que você tenha segundas intenções.
- Acabei de acordar, meu cérebro não teve tempo de fabricar intenções escondidas.
- Ainda bem que eu não dormi. – Ele me puxou e me deu um beijo. E que beijo.
- Josh, o café...
- Acho que eu não preciso de mais nada para me manter acordado, mas vamos, o café. Tenho que terminar aquele roteiro hoje.

- Esquece o fato de que fui eu quem escreveu aquilo. Você gostou mesmo da história? – Perguntei enquanto colocava água para ferver.
- Claro que gostei, Ann. Eu disse, acho que pode dar um bom filme nas mãos da pessoa certa. – Ele respondeu, encostado no murinho da cozinha. Me virei para ele encostada no fogão.
- Eu ainda não sei se vou divulgar. Eu estava pensando em te dar o roteiro pronto de presente de aniversário, não era para você ter descoberto agora.
- Sério? Desculpa ter estragado a sua surpresa, então.
- Não tem problema, eu penso em outra.
- Não precisa se preocupar com isso. – Ele disse.
- Não é preocupação, é surpresa! E é seu aniversário, o primeiro em que nós estamos juntos. Se você pensa que eu não vou fazer anda, está bem enganado. – Disse enquanto andava em sua direção.
- Eu acho que não vai adiantar discutir, né?
- Nem um pouco.
- Então vem cá. – Ele me puxou para perto e me deu um beijo. Antes que eu percebesse, ele me pegou e me colocou sentada no murinho onde ele estava encostado e eu prendi as pernas em volta de sua cintura. Continuamos nos beijando. Nós só não esperávamos que em um movimento de braço, nós dois fôssemos esbarrar no pote de açúcar que estava do nosso lado. De vidro.
- Era uma vez um pote de vidro. – Eu disse.
- Pois é. A cozinha é território da Julie, acho que vou ter que dar outro pote a ela.
- Ah, ela vai casar, ela supera.
- Se é assim, onde estávamos? – Dei outro beijo nele, ignorando completamente todo o açúcar esparramado pelo chão.
- Que bonito, agora vocês quebram a casa? – Nós demos um salto quando ouvimos a voz de Isabella. Olhei para a porta da cozinha e os olhos dela iam do pote para Josh, do Josh para mim e voltavam para o pote, passando pela mão dele na minha perna e pelos prováveis arranhões que eu deixei em suas costas nuas. Keegan estava atrás dela, mas acho que ainda estava dormindo, porque não fez nenhuma piadinha infame.
- Bom dia, Isa. Bom dia, Keegan. – Nós dois dissemos juntos, sem nos mover. Me senti uma criança que foi pega depois de fazer o que não devia.
- Limpem essa bagunça. – Ela disse antes de se virar e guiar um Keegan sonâmbulo de volta para o quarto.
- Depois. – Eu disse olhando para Josh quando ela saiu do nosso campo de visão. Ele me respondeu com um beijo. E mais uma vez, fomos interrompidos. Dessa vez pela chaleira que começou a chiar porque a água ferveu.
- Acho que a sorte não está ao nosso favor agora. – Ele disse.
- Não mesmo. Vou fazer o café.
- Eu limpo o chão.
- Ok. – Ele me deu um selinho e foi pegar a vassoura e a pá para limpar o chão enquanto eu fazia o café. – Pega mais açúcar no armário, por favor? Não vai dar para usar esse... – Eu disse olhando para a mistura de açúcar e vidro que estava na pá que ele estava levando para o lixo.
- Acho melhor a gente tirar o vidro de perto da próxima vez.
- Combinado.

Terminamos com a cozinha e voltamos para o meu quarto com dois copos de café gigantes. Isso é uma cosia que você aprende nos Estados Unidos. Xícara, nunca mais. Café é no copo de no mínimo 300 ml.

- Falta quanto para você acabar? – Perguntei quando nós sentamos na cama.
- Acho que umas dez páginas.
- Não vou conseguir ler sem dar pitaco, vou fazer outra coisa.
- Vou ler rápido, pode deixar.

Peguei o livro que estava lendo e tentei me concentrar enquanto ele estava ao meu lado com o notebook aberto, mas eu não consigo. Não tem como ficar calma quando tem alguém lendo o que você escreveu. Eu nunca consegui essa proeza.

- Você está nervosa. – Ele tirou os olhos do notebook e olhou para mim.
- Não estou.
- Então por que você está mexendo a perna de um lado para o outro como mexe quando fica nervosa? – Eu estava mexendo a perna involuntariamente.
- Desculpa. Eu não consigo não ficar nervosa quando tem alguém lendo algo que eu escrevi. Ainda mais sendo esse roteiro e sendo você.
- Eu estou acabando. E não tem motivos para ficar desse jeito, eu ainda não mudei a minha opinião.
- Vou tomar um banho, não vou aguentar ficar do seu lado, mesmo sabendo que a sua opinião não mudou.

Saí da cama o mais rápido o possível, peguei minhas coisas e fui tomar banho. Demorei mais do que o necessário, tinha tomado banho horas antes quando fui dormir, mas na verdade eu queria dar tempo dele terminar.

- Acabou? – Perguntei assim que entrei no quarto, depois de ter me arrumado a penteado os cabelos no banheiro.
- Sim. – Corri e me sentei ao lado dele.
- E aí? – Perguntei. O notebook já estava fechado ao lado dele.
- Eu amei. – Ele segurou o meu rosto.
- Sério? – Dessa vez que estava chorando era eu.
- Sério. – Ele me deu um beijo. – Você precisa divulgar isso.
- Quando eu acabar de editar e revisar, a gente mostra para as meninas, para o Ian e para o Keegan. Tem personagens para eles dois aí também. Vai ser uma divulgação...
- Não assim, Ann. Isso precisa virar filme.
- Isso só vai virar filme se você e os meninos fizerem parte do elenco. – Eu disse.
- Você é a roteirista, pode exigir isso. Nós três já trabalhamos juntos antes, vai ser até mais fácil.
- Então quando eu acabar, nós discutimos. Agora temos que falar de outra coisa...
- Que coisa?
- Dia 12 de outubro. Como você quer a sua festa?
- Já disse que você não precisa se preocupar com isso.
- E eu já disse que não vai ser uma preocupação porque é seu aniversário. Diz como você quer ou eu ligo para a sua mãe e aí as coisas vão fugir do seu controle.
- Não, não liga para a minha mãe sem ter nada em mente! Senão vocês duas vão fazer uma festa de três dias.
- Então fala como você quer! – Eu disse rindo.
- Alguma coisa pequena, só a gente, os meus pais, Connor, Amy, as meninas, Ian e Keegan. E, ah, Troian e Patrick. O Avan não vai estar aqui...
- Ok, algo pequeno. – Minha mente começou a fazer planos e eu pensei numa cosia que com certeza, ele não esperaria... – Um jantar?
- Isso, um jantar é o suficiente. Pode ser lá em casa.
- No jardim de trás?
- Sim.
- Ok. Vou ligar para a Mich e começar a pensar nas coisas. E na sua surpresa nova.
- Não vou discutir.
- Então vem cá. – Repeti o que ele tinha dito mais cedo e o puxei para um beijo. Nós ficamos ali pelo resto da manhã e acabamos cochilando. Quer dizer, eu cochilei, Josh dormiu, já que não tinha dormido a noite toda.

Ouvi um barulho vindo da sala, deixei Josh dormindo e fui ver o que era. Julie e Ian tinham chegado.

- Bom dia! – Eu disse quando avistei os dois.
- Bom dia! – Eles responderam.
- Como foi a primeira noite dos noivos? – Perguntei rindo.
- Perfeita. – Ian disse e deu um beijo na testa de Julie.
- Eu não consigo parar de olhar para o meu anel.
- É lindo! Ian só deixou eu e Isabella vermos o anel ontem...
- Olha mais, olha mais! – Ela veio na minha direção com a mão esticada. Não era preciso dizer que ela estava extremamente feliz.
- Cadê o Josh? – Ian perguntou.
- Dormindo.
- E Isa e Keegs?
- Aqui. – Keegan disse atrás de mim.
- De onde vocês surgiram, criaturas? – Perguntei.
- Do quarto, oras. Nós não voltamos a dormir depois que certas pessoas fizeram um mega barulho na cozinha de manhã cedo. – E agora Keegan estava acordado.
- O que aconteceu na cozinha? – Julie perguntou.
- Ela e o Josh quebraram o pote de açúcar. – Isabella disse.
- Não pergunte como... – Keegan adicionou.
- Vocês quebraram o meu pote? – Julie perguntou.
- Julie, você vai ganhar uma cozinha inteira logo, logo, supere.
- Hoje a comida é de vocês dois. – Ela disse.
- Castigo?
- Totalmente.
- É injusto fazer isso com ela sozinha. – Josh disse com aquela voz de sono atrás de Isabella e Keegan.
- Você acordou. – Ele veio para o meu lado e me abraçou.
- Fui eu quem quebrou o pote.
- Fomos nós dois. – Eu ri.
- Por favor, respeitem a área comum da casa. – Isabella disse.
- Ela foi completamente respeitada.  – Josh respondeu.
- Pois então, continuem respeitando a cozinha enquanto fazem o nosso almoço. – Julie disse.
- Toda prosa só porque mudou o status de relacionamento... – Josh disse.
- Me deixa, que hoje eu posso, ok? – Ela respondeu rindo.
- Só hoje. – Eu disse.

Eu e Josh fomos para a cozinha fazer o almoço e por pouco não quebramos mais alguns potes... Mas é a vida, fazer o que. O almoço ficou pronto um tempinho depois. E eu esperei ele ir embora para fazer uma ligação.

- Oi Ann! Tudo bem por aí?
- Tudo sim, Mich. Te liguei para falar do aniversário do Josh...
- Eu ia te ligar para falar disso amanhã!
- Eu conversei com ele, ele quer uma coisa simples. Mas eu vou precisar de ajuda para trazer uma pessoa para LA... Uma surpresa.
- Quem?

Música do capítulo:
Love Will Show You Everything
Jennifer Love Hewitt
Essa música é da trilha de um filme PER-FEI-TO  
que chama "Antes que Termine o Dia". Assistam ;)
Algum palpite pra surpresa da Ann? 

02 - Hey baby, I think I wanna marry you

6
COM

DIAS DEPOIS

- Ann, está tudo certo para mais tarde, né? – Ian me perguntou pela centésima vez ao telefone.
- Sim, Ian, sua surpresa vai funcionar perfeitamente. – Respondi.
- Tudo tem que funcionar perfeitamente, Ann. Eu estou uma pilha.
- Ian, respira. Você vai passar o dia com ela e no fim da tarde vão vir para a sua casa. A festa vai estar pronta, eu garanto.
- Ok, Ann... Obrigado.
- Fica calmo senão ela vai perceber que você sabe...
- Tudo bem.
- E, ah, Ian... Feliz aniversário.
- Eu quase esqueci que era meu aniversário... Obrigado, Ann.
- Até mais tarde. Curte o dia, ok?
- Ok. – Ele riu. – Até mais tarde.

Era aniversário do Ian e nós tínhamos preparado uma festa surpresa com a Julie, mas ele combinou outra surpresa com a gente. Outra surpresa que, finalmente ia acontecer. Ela ia pirar e eu e Isabella estávamos pirando por ela antes de ela saber o motivo de toda essa piração. Para falar a verdade, eu acho que ela vai querer matar nós duas quando descobrir, mas vai valer a pena correr o perigo.

- Meninos, troquem essa mesa de lugar... Acho que ali perto da porta da porta da sacada vai ficar mais bonito.
- Mas vai travar a porta, Ann. – Isabella disse.
- Certo... E naquele canto ali, vai ficar melhor? – Apontei para a parede à direita da porta.
- Sim, mas aquele sofá vai ter que passar para o outro lado.
- Ei, vocês duas... Calma, não precisam mudar toda a decoração da minha sala! – Keegan brincou.
- Parece até que a surpresa é para uma de vocês... – Josh disse.
- Pode acreditar que nós estamos pirando como se fosse. – Respondi.
- Ela é nossa melhor amiga, vocês querem o que?
- A Julie sempre foi a nossa protegida por ser a mais nova, e agora ela... Ah, vou deixar o sentimentalismo para mais tarde. – Eu disse.
- Vocês, tratem de aquecer os músculos, porque nós precisamos arrumar isso aqui antes deles dois chegarem. – Isabella disse.
- E o que a gente ganha em troca? – Keegan perguntou, cutucando o Josh.
- Depois a gente conversa sobre as recompensas... – Ela respondeu.
- Mas a recompensa vai depender do trabalho de vocês agora... – Eu disse.
- Esse é o momento em que a gente levanta do sofá e faz o que vocês pedirem? – Josh perguntou.
- Exatamente.
- Ok. Depois a gente conversa sobre as recompensas. – Josh disse enquanto se levantava e algo em seu olhar me deu a entender que ele não esqueceria disso... Ele nunca esquecia.

Nós trocamos as posições dos móveis da sala umas três vezes e  no fim das contas, tudo continuou nos lugares originais. Há certa altura da tarde  Josh e Keegan já estavam meio cansados de fazer tudo o que nós pedíamos, aqueles móveis eram realmente pesados, então nós duas resolvemos sossegar o facho e arrumar a mesa enquanto eles descansavam.

- Deixa para colocar o bolo aqui mais tarde, ele está mais seguro dentro da geladeira.
- Anne, porque eu acho que isso tem a ver comigo? – Keegan perguntou.
- Porque você é uma formiga, meu querido. E porque está um calor insuportável hoje. – Respondi.
- Não era para estar assim, é fim de inverno em LA! – Isabella disse.
- Eu já desisti de entender o tempo... – Keegan disse.
- Falando em tempo... Ok, não tem nada a ver com o tempo. Baby, você vai ficar aqui essa noite? – Isabella perguntou a Keegan.
- Por que não ficaria?
- Porque a Julie vai ficar... E você sabe, quarto ao lado. – Ela respondeu.
- Ela sabe que vai passar a noite aqui? Ela trouxe roupas?
- Você tem dúvidas de que ela vai passar a noite aqui? Nós trouxemos as coisas dela. – Ela respondeu.
- Ok, estou desabrigado essa noite... – Ele e Isabella olharam para mim com cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança.
- Vai lá pra casa, Keegan. O Josh vai também e a gente inventa alguma coisa juntos.
- Não sabia que você era dessas que “inventava alguma coisa junto” Ann. – Keegan respondeu.
- KEEGAN PHILLIP ALLEN! Você me entendeu. E para de palhaçada senão eu te faço dormir aqui ouvindo barulhos indesejáveis. – Eu disse enquanto Josh e Isabella riam.
- Ok, Ann, eu paro.
- Vai logo arrumar as suas coisas de vez pra não precisar correr quando a festa acabar. – Isabella disse a ele.
- Me ajuda? – Homens, nada sem nós. Isabella olhou para mim, nós ainda estávamos arrumando a mesa.
- Vai e eu termino aqui. – Pisquei para ela. Ela devolveu a piscada e ela e Keegan foram para o quarto dele.

Continuei arrumando a mesa distraída e quase dei um pulo quando alguém me abraçou por trás e me deu um beijo no pescoço. É claro que era Josh.

- Eu vou para a sua casa? – Ele perguntou. Eu me virei de frente para ele.
- Só se você quiser.
- Ah, então eu não quero não. Prefiro dormir sozinho na minha king size do que dormir com você na sua queen... – Ele me deu um beijo.
- Esse beijo foi um sim?
- Definitivamente. Quando eu for em casa me trocar para mais tarde eu já deixo uma bolsa no carro. – Encostei a cabeça em seu peito e nós ficamos ali, abraçados. – Não vejo a hora de não precisar mais fazer bolsas pra ficar perto de você.
- Como assim?
- Se nós morássemos juntos ia ser tudo mais fácil... – Eu não sabia se aquilo era um convite e não tinha a mínima condição de lidar com aquilo naquela hora.
- Sou moça de família, Joshua. Só moro com um homem se ele colocar uma aliança no meu dedo. – Brinquei.
- A gente resolve isso rapidinho. Eu vou à joalheria mais próxima e compro um par de alianças. A gente coloca e você vai morar comigo. – Ele respondeu em tom de brincadeira. Mas eu sabia que se eu falasse “tudo bem” ele ia mesmo atrás dessas alianças.
- Um dia. – Eu disse.
- Um dia.
- Por enquanto você pode deixar algumas coisas lá em casa e não precisar fazer bolsa quando for ficar. Eu já fiz isso com a sua casa mesmo... – Ele me deu um beijo.
- Você acha que a Julie vai gostar da surpresa? – Ele perguntou.
- Acho que sim... Eu gostaria. – Respondi.
- Anotado.
- Joshua! Não ouse me fazer uma surpresa dessas.
- Ué, você disse que ia gostar...
- E eu ia mesmo! Mas eu ia chorar um rio, com certeza absoluta. E você não gosta de me ver chorando... – Apelei.
- Dessa vez eu deixaria passar. Ia ser por uma boa causa.
- Pensando bem, eu choraria mesmo se não fosse surpresa... Você vai ver mais tarde.
- Eu trago lenços de papel.
- Obrigada. – Eu ri e me virei para terminar de arrumar a mesa. Estava quase na hora de parar para me arrumar.
- Ann, como nós vamos fazer com os carros mais tarde? Vamos separados? – Ele perguntou quando eu terminei com a mesa.
- Acho que sim... Eu vim com o meu carro, Isabella veio com o dela. – Sentei ao lado dele no sofá.
- Você vai voltar em casa para se arrumar?
- Vou, não trouxe nada para cá.
- Você tem duas opções: Vai sozinha para casa agora, se arruma e eu te busco ou nós vamos até o seu apartamento em carros separados, você pega as suas coisas, deixa o seu carro e se arruma lá em casa. – Ele disse brincando com a barra da minha blusa larga.
- Ah, eu vou para a minha casa, sabe... Eu prefiro me arrumar lá, sozinha a me arrumar com você. Meu chuveiro é mais forte. – Eu dei um beijo nele exatamente como ele tinha feito antes.
- Acho bom nós irmos logo, precisamos checar isso do chuveiro lá de casa ser fraco. Pode ser que a gente demore mais que o planejado... – Ele disse.
- Deixa só eu pegar a minha bolsa.
- Não vai avisar à Isabella?
- Você se arriscaria a bater na porta daquele quarto? – Ele fez que não com a cabeça.
- Pois é, nem eu. Vou deixar um bilhete.

Prendi um bilhete na mesa, no lugar onde o bolo ficaria, avisando que eu e Josh tínhamos ido nos arrumar. Fizemos o combinado e realmente demoramos um pouquinho mais que o planejado – por causa do chuveiro – e porque Josh ficou uns dez minutos brincando que não ia me deixar sair de casa porque o meu vestido era muito curto. No fim das contas, eu fui com o vestido que havia levado, um preto de renda. Ainda assim, chegamos antes de Ian e Julie. Isabella estava com um vestido bege com detalhe cor de rosa. Julie achava que Isabella ia usar uma cor clara porque eu e ela mesma imploramos muito, mas a verdade é que eu e Isabella vamos estar com cores neutras para o vestido roxo da Julie sobressair nas fotos. A noite é dela.

Além de nós duas, Josh e Keegan,  alguns amigos do Ian, uns colegas nossos da produtora, Troian, Patrick e a fofa da Lucy Hale, uma das melhores amigas de Ian, também estavam por lá.

- Eu não perderia isso por nada. – Lucy disse.
- O Ian está loucamente nervoso, me ligou de vinte em vinte minutos o dia todo. – Eu disse.
- Eu imagino como ele deve estar tenso.
- Acho que enquanto eles não chegarem, ele não vai se acalmar. – Isabella disse e no mesmo instante, meu celular recebeu uma sms de Ian. “Prepare tudo. Estamos chegando.”
- Eles estão chegando! Keegan, apaga as luzes.
- Josh, as flores estão aí? – Isabella perguntou e ele assentiu.
- Isa, e o anel? – Perguntei.
- Aqui.

Menos de cinco minutos depois, Ian abriu a porta e todos nós gritamos “Surpresa”. No início, Julie achou que tivesse planejado tudo certo, mas quando viu um buquê de rosas gigante na mão do Josh, olhou para eu e Isabella com cara de “O que está acontecendo?”. Eles dois cumprimentaram todo mundo e chegou a hora. Eu podia jurar que Ian estava tremendo quando me abraçou.

- Julie... – Ele começou. – Acho que já está na hora de você saber que eu sabia dessa festa surpresa o tempo todo. – Ela olhou para eu e Isabella com aquele olhar lindo que significava “Vou matar vocês”. – Não olha assim para as meninas. Elas foram minhas cúmplices, mas a ideia foi toda minha. Você foi solenemente enganada por uma boa causa. Josh... – Ele fez um sinal para que Josh entregasse as flores a ele. Quando ela percebeu que as flores eram para ela, quase começou a chorar.
- Isso é injusto, hoje é seu aniversário, a festa tinha que ser para você! – Ela disse.
- Mas a festa é para nós dois... Eu vou fazer o que tenho que fazer de vez antes que eu perca a voz de nervosismo. Julie, você lembra de quando nós nos vimos pela primeira vez?
- Eu te vi pela primeira vez no primeiro episódio da primeira temporada de Pretty Little Liars... – Nós rimos. – Você me viu pela primeira vez lá em casa, você e o Keegan tinham marcado de correr com o Josh, mas ele ficou meio ocupado por lá... – Ela olhou para mim. – E no fim das contas nós todos passamos o dia juntos.
- Exatamente. Naquele dia, eu não sabia que você ia significar tanto. Eu não sabia que eu seria capaz de sentir por qualquer pessoa o que eu sinto por você. Na época em que nós fomos “só amigos”, na verdade, eu estava brigando comigo mesmo, tentando entender o que era aquilo que eu sentia.
- Foi por isso que o primeiro beijo demorou tanto? – Ela perguntou rindo, mas era visível que ela estava super nervosa.
- Sim. – Ele respondeu mais nervoso ainda. – Julie, naquele dia eu não tinha ideia de que um dia ia fazer o que eu vou fazer agora. Eu estou me preparando para isso desde quando você pegou o buquê no casamento da Troian.– Ele olhou para eu e Isabella e nós duas fomos até eles. Isabella entregou o anel e eu segurei o buquê da Julie, ela precisaria das mãos livres. Ele se ajoelhou e ela começou a chorar quando entendeu o que viria depois disso. – Julie... Você quer casar comigo? – Ele abriu a caixinha e ela viu o anel pela primeira vez. Ele escolheu um com uma ametista. Ela estava quase sem voz quando respondeu.
- Sim. – Ele colocou o anel no anelar da mão esquerda de Julie - nos Estados Unidos era assim, fazer o que - se levantou e deu um beijo nela. Eu e Isabella estávamos de braços dados, é claro, chorando. Julie era a mais nova de nós três e era a que tinha saído de casa há menos tempo, então nós sempre tivemos certo sentimento de proteção maior sobre ela. E agora ela ia casar.
- Vocês sabiam disso o tempo todo? – Ela olhou para nós duas.
- Culpadas. – Respondi secando as lágrimas.
- Bom, então por castigo vocês duas vão ser as minhas madrinhas. – E eu ignorei o fato de que tinha acabado de enxugar o rosto e voltei a chorar.
- Sério? – Isabella perguntou.
- Você achou que seria diferente? – Ela nos abraçou e nós tivemos que ser praticamente separadas, porque ficamos ali chorando juntas as três um tempo.
- Sobra noiva para os padrinhos? – Keegan perguntou fazendo com que nós soltássemos a Julie.
- Sobra... Mas, peraí, padrinhos? – Perguntei a ele e vi que Josh estava incluído nesse plural.
- Ian nos convidou enquanto vocês estavam alugando a Julie. – Ele respondeu.
- Ah, nós somos as madrinhas, temos prioridade. Mas vocês podem falar com ela agora, nós temos um noivo para paparicar. – Nós fomos falar com o Ian e ele finalmente respirava aliviado.
- Ela disse sim! Eu nunca temi tanto por uma resposta tão pequenininha.
- A gente disse que ela ia aceitar, seu bobo! – Isabella disse e nós duas o abraçamos como havíamos feito com Julie.
- Parabéns, Ian. Pelo noivado e pelo aniversário.

O resto da noite passou rápido. Nós, é claro, tiramos milhares de fotos com Julie e Ian e de Julie e Ian. Ela não tirou o sorriso do rosto a noite toda, estava radiante. A felicidade dela fazia o meu cansaço e o de Isabella valerem a pena. Nós estávamos desde cedo arrumando tudo e desde o dia anterior pilhadas com os preparativos. E esconder as coisas da Julie cansa!

Quando todos foram embora e só sobramos nós seis na sala, eu e Isa caímos no sofá.

- Eu preciso da minha cama. – Ela disse.
- Eu também. Da sua cama. Estou acabado. – Keegan disse.
- Você vai dormir na Isa? – Ian perguntou.
- Vou deixar vocês dois curtirem a primeira noite de “noivos” juntos e sozinhos.
- Mas eu não trouxe nada! – Julie falou.
- Nós trouxemos. – Eu disse. Josh se sentou ao meu lado e me abraçou. Eu estava tão cansada que poderia dormir ali.
- Eu amo vocês. – Ela disse.
- Nós sabemos. – Isabella respondeu.
- Mas eu te garanto que nós vamos te amar mais amanhã, depois de dormir no mínimo umas dez horas. – Eu disse
- Vamos agora? – Josh me perguntou.
- Pleeeease! – Eu praticamente implorei.

Nos despedimos de Julie e Ian e saímos. Eu tirei os sapatos e fui descalça até o carro de Josh. Isabella fez o mesmo e quem dirigiu o carro dela até o nosso apartamento foi o Keegan. Quando chegamos, não fizemos “nada juntos”. Tomamos banhos rápidos e fugimos para os quartos. Como sempre, eu fui a última a tomar banho e quando entrei no quarto, achei que fosse encontrar Josh dormindo, ou quase, mas vi outra cena.

Ele estava com o meu notebook aberto ao seu lado.

- Eu não queria ver... Mas seu notebook estava ligado e eu passei o dedo no touchpad para ver as horas e a tela que estava aberta era essa... O que é isso, Ann? 

Música do capítulo: Marry You, Bruno Mars
YEY, descobriram quem pegou o buquê? HEHEHE. 
E o que o Josh achou no computador  da Anne, hein?