07 - Voltando pra casa


- Hum, meu amor, pra que esse casaco? – Perguntei quando vi Josh colocando na mala um casaco que ocupava metade do espaço dela.
- Pra quando fizer frio na viagem...
- Josh. Você está indo para o Brasil. Esse tipo de casaco nem é vendido por lá, nunca faz frio para isso tudo no Rio de Janeiro. Nem em São Paulo ou Minas. – Eu disse rindo.
- Mas como eu vou fazer uma mala sem casaco, Ann? – Ele perguntou fazendo cara de desentendido.
- Não precisa fazer uma mala sem casaco, só precisa levar um casaco menor, tipo esse aqui. – Apontei para outro casaco dobrado em cima da cama.
- Mas eu uso esse quando está sol...
- Quando está sol aqui, Josh. Já esqueceu a última vez que foi ao Brasil?
- Eu passei três dias lá, e estava frio.
- Porque você foi no inverno brasileiro. Agora, em outubro e novembro, nós vamos pegar a primavera. E eu te garanto que é quase tão quente quanto o verão. – Eu estendi o casaco menor para ele.
- Ok, se você diz... – Ele pegou o casaco da minha mão e colocou no lugar do outro. Eu me aproximei e dei um abraço nele.
- Você não tem noção de como eu estou feliz por você estar indo comigo. – Falei.
- Eu ainda estou com um pouco de medo do seu pai, mas estou morrendo de vontade de conhecer a sua família. Quer dizer, a minha família toda te ama e eu não sei nem o que dar de presente para o seu irmão...
- Quando eu for comprar os presentes para levar na viagem, você vem comigo e a gente escolhe alguma coisa. Para falar a verdade, nem eu sei muito bem o que comprar para ele... – Eu disse.
- Acho que a gente precisa da ajuda de alguém experiente.
- Tipo...
- Minha tia! Ela deve saber de algum brinquedo pra faixa etária do seu irmão. Ele é só um ano mais velho que o Joey, não?
- Você é um gênio. – Eu ri e dei um beijo nele.
- Isso quer dizer que você tem direito a três desejos?
- Não tinha pensado por esse ponto, mas foi uma boa colocação... Depois eu penso nesses três desejos. – Dei outro beijo nele. – Agora vamos terminar essa sua mala de vez, porque eu preciso de coragem para começar a minha lá em casa.
- As suas malas, você quis dizer, né? – Ele brincou.
- Lá vai você começar a implicar com as minhas malas outra vez...
- Senti saudades, na última vez que fiz isso nós estávamos indo para Nova York. – Ele disse e me abraçou outra vez. Eu suspirei.
- Acho que vou ter que voltar em Nova York para tirar a má impressão que a última vez deixou...
- Não fala assim, antes da bomba explodir, nós passamos bons tempos na Big Apple...
- Tipo quando eu achei que estava grávida e não estava ou quando eu conheci os seus pais e a Vanessa surgiu? Ah, não podemos esquecer quando nós fomos à Broadway e o Eric assistiu ao mesmo musical que nós dois. – Vi que ele endureceu o rosto quando eu falei do Eric, mas relaxou logo em seguida.
- Nossa, acho que nós dois precisamos ir para lá outra vez mesmo. Preciso te fazer esquecer o que você fez com esse Eric quando nós estávamos separados. – Eu quase falei da Vanessa, mas ia gerar uma discussão desnecessária. – Se bem que... – Ele pareceu se lembrar de uma coisa – Eu posso te falar de uma lembrança boa. – Ele me puxou para mais perto. – As espreguiçadeiras. – Dei uma gargalhada e ele riu junto comigo.
- Realmente, essas são boas lembranças... Nós fomos meio loucos.
- A culpa foi toda sua. – Ele disse.
- Minha? – Me afastei dele. – Por quê? – Enquanto falava me afastei mais um pouco.
- Porque você fez exatamente o que está fazendo agora, indo para longe e me instigando a correr atrás de você.
- Eu? – Falei com uma indignação forçada, e já estava do outro lado do quarto.
- Sim, você. Mas sabe do que você sempre esquece? – Ele veio andando na minha direção e eu não tinha para onde fugir, estava perto da parede. – Eu sempre te alcanço. – Ele disse depois que conseguiu me prender entre os braços dele na parede e me deu um beijo. Nos empolgamos um pouquinho, mas quando caímos na cama, caímos por cima das roupas dele.
- Josh, a mala. – Ele não parou de beijar o meu pescoço. Eu tive que juntar toda a minha força de vontade para continuar falando. – Se a gente não parar agora, vamos ter que arrumar isso tudo de novo.
- E isso não vai ser legal, deu trabalho separar tudo isso. – Ele disse.
- Depois a gente continua. – Eu disse rindo.
- Depois. – Ele me deu outro beijo e levantou. Eu levantei logo depois e nós voltamos a arrumar a mala dele.

Depois que acabamos, passamos a noite jogando aquele jogo de formar palavras. Em determinado momento, ele escreveu “I love you” e eu pulei no pescoço dele. Eram essas pequenas coisas que me faziam ter cada vez mais certeza de que ele era o cara certo para mim. E era por causa dessa certeza que eu me sentia cada vez mais culpada por não ter contado a ele sobre o meu noivado relâmpago com o Eric. Mas nós estávamos tão bem, ele estava tão empolgado com essa viagem... Eu não podia contar agora. Vou esperar nós voltarmos para LA, depois do aniversário da Julie e eu conto. Vai ser melhor assim.

- Bom dia, minha Anne. – Ele me acordou no dia seguinte como fazia todos os dias, fosse por telefone, sms ou pessoalmente. – Contagem regressiva para o Brasil...
- Dois dias. – Eu disse. – Bom dia, meu Josh. – Ele me deu um beijo de bom dia.
- O que nós vamos fazer hoje?
- Acho que as últimas compras... Tenho que comprar os presentes para levar.
- E eu tenho que comprar o presente do seu irmão. Para a sua mãe eu levo flores. E para o seu pai... Uma garrafa de vinho? – Assenti com a cabeça.
- Você vai tentar comprar a minha família, Joshua? – Brinquei.
- Não, mas é sempre bom causar uma boa impressão na primeira vez. – Eu ri.
- Acredite: Não vai ser a primeira vez que eles vão te ver.
- Às vezes eu esqueço que você era uma stalker na adolescência... – Ele brincou.
- Eu não era uma stalker! – Ele arqueou a sobrancelha. – Ok, só um pouquinho. Fazer o que se eu sempre sabia diferenciar as suas fotos verdadeiras das montagens porque sabia o formato da sua panturrilha?
- Você sabia o formato da minha panturrilha? – Ele pareceu assustado.
- Não, é que eu não queria dizer como eu diferenciava de verdade. Você poderia se assustar.
- Me assustar mais?
- Sim.
- Fala. Nada pode ser pior que a panturrilha.
- Ok, você pediu. Eu te reconhecia pelo abdome quando as fotos eram tiradas de frente... E pelo bumbum quando eram fotos de costas. – Eu disse rindo.
- Ok, isso foi mais assustador.
- Eu disse que seria.
- E você acertava?
- 95% das vezes.
- Stalker.
- Fã.
- Pelo menos, agora você consegue me reconhecer pessoalmente. – Ele brincou com o meu nariz.
- Há metros e metros de distância. Pelo jeito de andar. Para falar a verdade, te reconheço até pelo cheiro. – Cheirei a mão dele.
- Stalker, RÁ! – Ele acusou.
- Namorada!
- A melhor do mundo. – Ele me puxou para perto.
- Aw. Eu te amo, sabia? – Falei.
- Ainda não tive tempo de esquecer desde o meu aniversário. – Ele respondeu.
- E é bom que não esqueça nunca.
- Eu não vou, porque também te amo. – E me deu um beijo.
- E meu dia não podia ter começado melhor.
- Eu queria ficar aqui o dia todo...
- Mas hoje é dia de compras! – Pulei na cama e fiquei em cima dele. – Meu dia vai ser perfeito. Você e compras.
- Compras, yey. – Ele fingiu animação.
- Hoje vai ser rápido, eu juro.
- Você sempre diz isso.
- E você sempre acredita. – Me aproximei do ouvido dele. – Hoje eu deixo você escolher uma camisola pra viagem... – Num movimento só ele me tirou de cima dele e levantou da cama.
- Então vamos, já está pronta? – Eu ri.
- Homens, tão facilmente estimulados... – Eu falei enquanto me levantava da cama.
- Você de camisola é estímulo suficiente pra mim. E acredite: Não é pouco. 
- Meu Deus, eu criei um monstro...
- Você me acostumou assim, fazer o que.
- Ok, “Caça-Renda”, eu vou tomar um banho pra gente poder sair.
- Eu vou fazer nosso café, o dia vai ser longo.

Nós nos arrumamos e tomamos café antes de sair de casa. Como ele previu, o dia foi longo. Nós paramos em todas as lojas de brinquedo que vimos pelo caminho e Joey e o meu irmão se beneficiaram bastante disso. Comprei coisas para os meus pais, para alguns primos e tios que eu tinha certeza que veria e mais muita coisa para mim. E outra mala, para caber tudo. Quando acabamos, Josh me deixou em casa e foi para a casa dele descansar.

Entrei no meu apartamento e achei estranho ver as luzes da sala acesas sem ninguém.

- Isa? Ju? Cheguei! Cadê vocês? – Chamei.
- Aqui dentro! – Julie falou do quarto dela.
- Oi. – Disse quando cheguei na porta. – O que vocês estão fazendo?
- Vendo umas fotos antigas. – Isabella disse.
- Eu estava fazendo as malas e acabei encontrando umas coisas que quase não mexo e já podem ir para as caixas. – Julie disse.
- Você estava arrumando a sua mudança? Já? – Perguntei.
- Ainda não, respira! Eu estava fazendo as malas para o Brasil e achei essa caixa de fotos.
- Ann, olha você naquela sua apresentação de zouk no ensino médio! – Isabella me estendeu uma foto.
- Meu Deus, como você tem foto desse dia e eu não tenho?
- Não sei. Sei que vou contar para o Josh que você sabe dançar isso aí, olha... – Julie disse.
- Eu sabia, não sei mais. Tem muito tempo que não danço...
- Mas com certeza não esqueceu... – Isabella disse.
- Só falta desenterrarem o vídeo desse dia quando o Josh estiver lá em casa. – Falei.
- Pode deixar que eu vou lembrar a sua mãe. – Julie falou.
- Obrigada, só que não.
- Meu Deus, olha essa foto! – Isabella disse.
- Olha, é daquele meu aniversário que vocês foram lá para São Paulo, na época da faculdade. – Julie nos situou na época.
- Eu fui com o Eric... – Eu peguei a foto e lá estávamos eu, ele, Julie, Isabella e os namorados delas na época.
- Acho bom o Josh nunca ver essa foto...
- Eu também. Isa, você já fez as suas malas?
- Já estão prontas, sweetie.
- As minhas estão na metade. – Julie disse.
- Bem, se é assim, vou arrumar as minhas com os presentes que comprei pra família hoje com o Josh. Qualquer coisa, me gritem.

Demorei umas quatro horas para arrumar tudo, já que de vinte em vinte minutos as meninas me chamavam para ver uma foto nova. Coloquei quase todas as minhas roupas nas malas, alguns sapatos e todos os presentes. Quando acabei, estava tão cansada que só comi e dormi.

No dia seguinte de manhã, eu e as meninas esvaziamos a geladeira e deixamos só o que iríamos usar naquele dia e na manhã seguinte. Os meninos chegaram no apartamento pela hora do almoço e ficaram o dia inteiro, do mesmo jeito que fizemos quando fomos à Nova York. A única diferença foi que dessa vez, eu, Isabella e Julie não dormimos nem um minutinho durante a noite. Nosso vôo estava marcado para as nove e quarenta e cinco, então quando o relógio marcou seis e meia da manhã, nós acordamos os meninos e aquele revezamento de banho começou outra vez.

- Acho que estou nervosa. – Disse quando estava me arrumando no quarto com Josh.
- Não vai adiantar nada ficar nervosa. O tempo só vai demorar mais a passar, Annie. – Ele me deu um abraço.
- Eu vou voltar pra casa.
- Sim, você vai. E ainda vai voltar comigo de brinde. Espero que isso não seja um problema.
- Nunca seria, em hipótese alguma.

Eu e as meninas estávamos tão elétricas que chegamos ao aeroporto muito tempo antes do vôo e, como sempre, vários fãs vieram falar com os meninos e com a gente também. Eles descobriram o nosso destino no momento em que o nosso vôo foi chamado e nós embarcamos, mas nós não pretendíamos entrar pela porta dos fundos do aeroporto mesmo. Era uma viagem de três semanas, é claro que o mundo ia saber.

Quando entramos no avião e ele decolou, eu estava enjoada de tanto nervoso. Josh me deu um remédio para que eu dormisse, já que passei a noite toda acordada e acho que dormi a viagem inteira, porque acordei com o piloto dizendo, em português “Bem vindos ao Rio de Janeiro, a Cidade Maravilhosa.”

- Estou em casa. – Eu disse. E Josh apertou a minha mão mais forte quando o avião pousou.
- Rio, chegamos.

Demorou um pouquinho, mas chegou o capítulo novo! 
BRASIL, Ê Ô, BRASIL, Ê Ô! 
Ansiosos para as tretas em terras tupiniquins? 
Essa semana eu tenho umas provas na faculdade, então não sei quando posto,
mas vou fazer de tudo pra postar rapidinho! 
Qualquer coisa, vão no ask.fm! 
Beijo ;)

4 comentários:

  1. Mas eu nem falo nada!! Orgulho eterno de roubar seu caderno de rascunhos e te incentivar a escrever histórias. *o*

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  2. Adorei :D
    Tretas, tretas, vish... Vamos lá né!

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