12 - Family grows

2
COM
- Josh, a bolsa estourou.

Era fim de tarde e nós estávamos caminhando pelo Centro de Londres. Sim, nós tínhamos voltado para Londres depois de passar um mês em Los Angeles. Houve um erro na contagem das cenas e faltava uma externa do Josh. Como era uma cena importante, Woody não quis arriscar e deixar na mão dos efeitos especiais... Eu não quis ficar cinco dias longe do Josh, então fui junto, mesmo já estando com sete meses e meio. Só deveria parar de viajar de avião quando fizesse oito.

Eu estava me sentindo meio estranha desde ontem, por isso quando Josh foi para o set, eu fiquei descansando no hotel. Aproveitei para arrumar uma bolsa com as coisas de bebê que eu levaria para a maternidade. Lembro como se fosse ontem da minha mãe grávida do meu irmão e a frase “depois dos sete meses, já pode nascer. Esteja com a mala pronta”. Levando em consideração o fato de que eu estava grávida de gêmeos e que quase nenhuma gestação desse tipo chega a completar nove meses...

E é por isso que eu estava ali, em Londres, com uma bolsa estourada e um marido que não sabia o que fazer.

- O que, Annie? – Ele perguntou, como se fosse para confirmar.
- Olha para as minhas pernas. Estão molhadas, a bolsa estourou. Mason e Sophia vão nascer.
- O que eu faço? – Ele estava em choque.
- Acho que ainda temos tempo antes das contrações começarem. – Eu estava mais calma do que achei que ficaria. – Chama um taxi e vamos pegar as bolsas para a maternidade que eu deixei separadas no hotel. – Ele não se mexeu. Nesse momento, lembrei de Keegan e do grito que a Isabella teve que dar com ele no dia em que Seth nasceu. Eu não ia fazer aquilo no meio da rua em Londres, apesar de ser exatamente o que ele precisava. – Josh! – Falei um pouco mais alto. – Seus filhos vão nascer, acorda! – Eu ri.

Ele me largou e foi correndo atrás de um táxi, que apareceu segundos depois. Fomos para o hotel e enquanto Josh subiu para buscar as bolsas, eu liguei para a Dra. Campbell, a médica londrina que a minha médica havia indicado. Cheguei a ir ao consultório dela algumas vezes no mês que passamos aqui e ela já sabia que eu estava na cidade.

- Oi, Anne. – Ela disse com o sotaque britânico assim que reconheceu a minha voz.
- Dra. Campbell, minha bolsa estourou. Estou indo para o hospital.

POV JOSH

Eu não tinha a mínima noção do que estava fazendo. Só sabia que tinha que pegar as bolsas e tinha que fazer isso rápido. Enquanto corria pelas escadas do hotel, impaciente demais para esperar o elevador, liguei para o Connor.

- Connor, preta atenção. A bolsa da Anne estourou, os bebês vão nascer aqui. – Falei assim que ele atendeu. – Ouve o que eu vou dizer: Avisa aos nossos pais, à Julie e à Isabella. Diz para elas ligarem para os pais da Anne. Quero que você alugue um jatinho em Los Angeles e venha com todo mundo para cá o quanto antes. Ela vai precisar das amigas e eu vou precisar de vocês.
- Estaremos aí amanhã à noite. – Eu sabia que podia contar com ele e que ele ia me entender.

Entrei no quarto, peguei as três bolsas (uma azul para o Mason, cor de rosa para a Sophia e vermelha para a Anne) e voltei correndo para o táxi. Anne estava com os olhos fechados, com as mãos na barriga, se concentrando em respirar rápido.

- O que foi? – Perguntei.
- Contração. Sempre disseram que a de gêmeos é mais forte e agora e estou entendendo o motivo. – Ela sorriu e ainda conseguia continuar linda. Falei o endereço do hospital para o motorista.
- Nossos bebês estão chegando. – Eu disse para ela, um tempo depois, enquanto segurava a sua mão. Sabia que não ia demorar muito até que ela começasse a chorar, emocionada, e o momento foi aquele.
- Preparado para perder todas as noites de sono por um bom tempo?
- Sempre estive, meu anjo. – Respondi.

Ela teve outra contração e apertou a minha mão. Chegamos ao hospital momentos depois, era realmente perto. Entreguei duas notas de cem euros para o motorista.

- Pela corrida e para você não contar a ninguém o que viu aqui.

A Dra. Campbell já estava esperando por nós na entrada do hospital com enfermeiros que ajudaram a colocar a Anne na cadeira de rodas e a carregar as bolsas.

- Como você está se sentindo, mamãe? – Ela perguntou.
- Contraída. – Anne riu.
- Vamos para o quarto logo, precisamos te preparar para a cirurgia. Papai, você vai conosco?
- Sim. – Anne respondeu por mim. – Não tem mais ninguém comigo aqui, preciso dele. – Olhei para a médica, que entendeu minha resposta imediatamente. Eu não ia deixá-la sozinha, de forma alguma.

No quarto, ajudei Anne a vestir a camisola para a cirurgia e prender os cabelos num coque, do jeito que ela fazia quando estava em casa. “Não é porque estou prestes a parir que tenho que ficar descabelada” era o que ela ficava repetindo. Quando a equipe de enfermeiros veio buscá-la, um deles me levou para lavar as mãos, esterilizar meu celular (de onde iam sair as primeiras fotos de Mason e Sophia) e me dar o avental, o protetor de sapatos e a touca para vestir.

Entrei na sala e já tinham aplicado a anestesia na Anne. Não demorou muito para que ela fizesse efeito e a cirurgia começasse. Segurei a mão dela o tempo todo. O tempo se arrastou até que nós ouvíssemos o primeiro chorinho e começássemos a chorar junto. Ela aumentou um pouquinho a força no aperto da minha mão e eu sabia o que ela queria dizer com aquilo. Dra. Campbell olhou para mim, sorrindo.

- É a menina.
- Sophia nasceu primeiro – Eu disse para Anne. Ela abriu um sorriso imenso, que ficou maior imediatamente quando nós ouvimos outro choro. E esse não poderia ser caracterizado como “chorinho”. Mason tinha boas cordas vocais, pensei. Aposto que tinham conseguido ouvi-lo da entrada do hospital.

Uma enfermeira deu Sophia para mim e Mason para Anne, para que ele se acalmasse. Até aquele momento, a minha ficha não tinha caído. Eu tinha acabado de me tornar pai e não sabia o que isso significava até então. Posso dizer que nunca tinha sentido um amor tão grande, nem pela mãe dela, apesar de ser uma forma completamente diferente de amor. Esse foi instantâneo, nasceu no momento em que eu senti seu peso nos meus braços. Aumentou quando eu falei “oi, Sophia” e ela abriu os olhos, procurando a pessoa que tinha dito aquilo.

Quando eu achei que não podia me sentir melhor, as mesmas enfermeiras trocaram os bebês. Deram Sophia para Anne e me deram Mason. Ele começou a chorar no momento em que o tiraram dela, mas parou quando ouviu a minha voz. E aí quem começou a chorar fui eu. Eu tinha sido abençoado duplamente.

Não pudemos ficar muito tempo com eles. Sophia e Mason precisavam ser pesados, medidos e ir para o berçário, onde seriam examinados pelos pediatras.

- Eles estão bem. – Dra. Campbell me disse ao ver meu olhar preocupado quando os levaram da gente. – Aparentemente, eles tem peso e tamanho bons para gêmeos prematuros, só vão precisar de um pouquinho mais de cuidado. – Ela se aproximou da Anne. – Parabéns, vocês dois têm filhos lindos. – Chorei mais do que antes.

Anne ainda estava sob efeito da anestesia, por isso não conseguia falar muito, mas sorriu para mim. Me abaixei para ficar na altura dela.

- Eles são perfeitos. Sophia tem o seu nariz. Mason tem os seus olhos. E eu amo vocês três mais que tudo nesse mundo.
- Também amo você. – Ela falou devagar.
- Não fala nada, ainda estão dando os pontos da sua cirurgia.
- Não me importo. – Era a Anne, afinal de contas. Sorri para ela e fiz um “shh”.

Olhei pela sala procurando os meus filhos, mas já haviam levado eles. Por um segundo, entrei em pânico. Então foi assim que a minha mãe se sentiu quando eu “fugi de casa” para o quintal com 5 anos? Ok... Anne soltou a minha mão e sussurrou “vai”. Pelo visto não era só eu que estava com medo.

TRÊS HORAS DEPOIS
POV ANNE

Eu ainda estava com um pouco do frio causado pelo fim da anestesia, mas já tinha parado de tremer e já conseguia falar. Estava no quarto com uma enfermeira e ela tinha me ajudado a soltar os cabelos e vestir a minha camisola. Não via a hora de ver meus pequenos de novo (e o Josh estava incluso nesse ”pequenos”)

Josh entrou no quarto com um sorriso no rosto e um vaso de flores gigante.

- A equipe do filme mandou para o hospital. Parece que o taxista não foi tão silencioso quanto ele deveria ter sido por causa da gorjeta que eu dei... Todo mundo já sabe que os bebês nasceram. – Eu estava tão feliz que nem isso me tirou do sério.
- Você avisou aos nossos pais? – Perguntei.
- Avisei ao Connor. Disse para ele avisar às meninas e para elas ligarem para os seus pais. Pelo visto eles vão ter que adiantar a viagem para Los Angeles... – Eu ri.
- Estou sentindo falta da minha barriga. – Falei. – Como eles estão?
- Incrivelmente bem para duas crianças prematuras. O pediatra disse que se eles continuarem assim, vão ser liberados em três dias, no máximo.
- E quando a gente vai poder voltar para casa? – Lembrei, subitamente, que estávamos em outro país.
- No mesmo dia. Connor, Amy e meus pais vão vir para cá amanhã com Julie e Isabella num jatinho particular. Nós vamos voltar nele. – Sorri porque ele já tinha pensado em tudo.
- Eu estou morrendo de vontade de ver eles dois!
- Calma, você vai ter a vida toda para isso. Eles já vão vir para cá. Sobra atenção para um pai de primeira viagem aí? – Ele disse.
- Se o pai for você, toda a atenção do mundo. – Ele se sentou na beira da minha cama e fez carinho no meu rosto.
- Obrigado. A cada dia eu fico mais feliz por você ter entrado na minha vida. Para falar a verdade, eu acho que agora eu sou o homem mais feliz do mundo. De novo. Por sua causa.
- Você sabe que eu ainda estou emotiva, né? Para com isso, senão eu choro e eu não quero chorar antes de conseguir pegar a Sophia e o Mason no colo de novo. – Ele riu e eu dei um beijo nele. – Eu te amo. E estou muito feliz por ter te encontrado. Você já foi o namorado perfeito, é o marido perfeito e vai ser um pai melhor ainda.

Dra. Campbell bateu na porta e entrou no quarto com mais duas que estavam com Sophia e Mason no colo. Meu coração disparou. Era a primeira vez que eu ia ver os meus filhos sem o efeito da anestesia. Meus filhos. Meu maior sonho, realizado. E em dose dupla. Não tinha um ser humano na terra mais feliz que eu naquele momento. Talvez, Josh se aproximaria do meu nível de felicidade... Mas só eu tinha a sensação de ter carregado eles dois por sete meses e meio.

- Preparada para segurar seus bebês, Anne? Eles estão com fome. – Dra. Campbell perguntou.
- Acho que nasci pronta para esse momento. – Eu ri, já com os olhos começando a arder por causa das lágrimas.
- Quem você quer segurar primeiro?
- Quero os dois ao mesmo tempo. Não me faça escolher.
- Tudo bem, tudo bem... Ajuda ela, papai? – Ela perguntou para Josh.
- Sempre. – Ele respondeu. A primeira enfermeira entregou Sophia para ele. Juro que vi os olhos dele se enchendo d’água imediatamente e isso só me fez ficar mais emocionada. Ele deu um beijo nela, em cima da roupinha e me entregou. Foi uma boa estar deitada, porque eu juro que senti minhas pernas amolecendo.
- Minha princesinha... – Eu acho que nunca vou conseguir descrever o que estava sentindo naquele momento. E depois que ele me entregou Mason... Eu não sabia nem o que estava sentindo de verdade.

Eu não tinha percebido, mas estava chorando compulsivamente, típico de mim. Eles dois estavam acordados, com os olhinhos abertos, tentando reconhecer o lugar onde estavam e de onde vinham aqueles barulhos estranhos que eu fazia enquanto chorava. Mas eu queria tentar uma coisa...

- Oi Sophia... Oi Mason! – Eles estavam se mexendo e pararam no momento em que eu falei.
- Eles conhecem a sua voz. – Josh disse.
- Claro que vocês conhecem a minha voz... Ficaram dentro de mim por meses! – Eu estava maravilhada com aqueles dois milagrezinhos nos meus braços. – Era para vocês terem ficado lá dentro por mais um tempinho, mas já que vocês quiseram sair... Sejam bem vindos, meus filhos. Eu sei que deve ser difícil sair de um lugar quentinho e escurinho e vir para cá, mas eu juro que eu e o seu pai vamos proteger vocês dois para sempre. Até quando vocês não quiserem mais que a gente proteja.
- Papai e mamãe amam muito vocês dois. – Josh disse sentado na beirinha da minha cama. Olhei para o alto e percebi que estávamos sozinhos no quarto. Nós dois sorrimos ao mesmo tempo. Mason começou a choramingar no meu braço e eu lembrei que a Dra. Campbell disse que eles estavam com fome.
- Você quer segurar a Sophia? Vou tentar alimentar essa criança manhosa.
- Claro que quero! – Ele a pegou do meu colo. Josh ainda estava meio sem jeito, mas em momento algum Sophia correu perigo.

Mason demorou um pouquinho para começar a mamar, mas só porque ainda não sabia como fazer para conseguir comer. Sophia passou pela mesma dificuldade. Depois que mamaram, os dois dormiram. Josh me ajudou a colocá-los nos bercinhos. Queria ficar olhando eles dois dormirem para sempre, mas eu estava exausta e acabei apagando em determinado momento.


Acordei três horas depois com o choro sincronizado de duas crianças que já estavam com fome. E percebi que as minhas noites iam ser daquele jeito por um bom tempo. 

Eu sei, eu sei, eu sei que esse ia ser o último capítulo.
Mas eu não consegui colocar uma treta depois de dar a vida a Soph e Mason ♥
A fic acaba semana que vem :) 

11- Pregnancy

4
COM
- Baby, o que era aquele pacote que você trouxe da rua quando saiu com o Ian e o Keegs? – Perguntei curiosa antes de ir dormir.
- Pacote?
- É, você entrou com sacolas de compras e uma carta na mão.
- Ah, aquilo era...

Não lembro de mais nada depois disso. Devo ter apagado enquanto conversava com Josh na cama. Digamos que eu sempre dormi com facilidade, mas nos últimos meses, só bastava encostar em algum lugar e eu cochilava.

Graças aos céus, acordei sem enjoos. Em compensação, estava com uma fome que valia por três. Literalmente. Josh não estava na cama quando levantei, então escovei os dentes e fui direto para a cozinha. Se ele tiver saído, com certeza deixou um bilhete.

- Bom dia! – Falei animada quando vi que ele estava por ali, usando só a calça do pijama. Às vezes eu demorava a acreditar que ele era meu marido.
- Bom dia, mamãe. – Ele deu um salto e se virou para mim.
- Te assustei?
- Não.- Ele respondeu rápido. – Eu ia levar o seu café lá em cima. – Ele disse antes de me dar um beijo.
- Não precisava, amor. – Eu saí do abraço dele para ir em direção à geladeira e vi metade de um envelope que foi rasgado em cima da bancada, perto de onde ele estava. A lixeira estava aberta e dentro dela tinham vários pedacinhos de papel picado. Usei meu olhar questionador quando me virei para ele.
- Sim, eu estava rasgando e jogando fora porque não queria que você visse o que está escrito aí.
- E o que estava escrito aqui?
- Se eu não queria que você visse...
- Mas eu já vi. O que era? E por que você me escondeu isso? – Josh parecia uma criança que foi pega fazendo coisa errada. Demorou dez anos ate decidir falar o que estava escondendo.
- Ontem, quando a gente chegou, tinha mais uma carta daquelas com ameaça pra gente. Eu não queria que você visse porque não queria que se preocupasse...
- Porque eu estou grávida e não posso me estressar. Você já falou isso várias vezes. Mas eu não estou doente, amor. Não precisa esconder as coisas de mim. – Aproveitei a “bronca” – Nem me impedir de fazer as coisas que eu normalmente faço. – Tentei soar o mais delicada o possível para não chateá-lo. – Eu estou bem, Josh. Só estou numa fase mais delicada da minha vida, precisando de um pouquinho mais de cuidado. Não de privações.
- Desculpa. É só que... Deixa para lá. – E ele estava me poupando de alguma coisa novamente.
- Eu sei, eu sei. Eu abortei por causa do acidente e você quer cuidar para que tudo dê certo dessa vez. – Ele me abraçou e de uma hora para a outra, eu não era mais a parte mais frágil da relação. Josh estava chorando. – Mas vai dar certo, meu anjo. Vai ficar tudo bem dessa vez. Nem essa pessoa que está ameaçando a gente vai conseguir fazer alguma coisa. Sinceramente, pelo tempo que isso está acontecendo, eu já acho que isso é só para amedrontar a gente. – Ele sorriu.
- Acho que esse é um dos motivos pelos quais eu te amo. Você consegue ser forte até quando eu deveria exercer esse papel.
- Acontece, né... Agora vamos comer porque eu estou com fome e tenho que alimentar mais duas boquinhas famintas. – Falei enquanto enxugava as lágrimas dele.
- O que você quer comer hoje, mamãe?
- Tudo o que tiver aí. Não brinquei quando disse que estava com fome. – Eu ri.

Josh fez panquecas e eu devo ter comido umas dez... Ou quinze. Não sei. Depois do café da manhã, nós decidimos sair para começar a olhar móveis e todos os utensílios que precisaríamos para os bebês. Viajaríamos em um mês e eu já queria ir com tudo pronto. Tudo bem, quando nós voltarmos eu ainda vou ter dois meses de gravidez pela frente até completar os nove, mas eu estava ansiosa.

- Nós precisamos arranjar uma forma de contar sobre os bebês. Sua barriga já chama atenção, não dá mais para esconder. – Ele falou quando nós estávamos no carro.
- Se você acha que é a hora... Como vai contar? A gente não tinha combinado que ia na Ellen?
- Sim, mas ainda acho que somos nós que temos que dar a notícia em primeira mão. Vamos à Ellen contar os detalhes. – Eu estava naquele meio há pouco tempo, mas era a minha gravidez, afinal de contas. Não queria tantas câmeras a minha volta quando fosse contar algo do tipo.
- O meu twitter ou o seu? – Perguntei.
- Os dois.
- Tive uma ideia.

Quando nós entramos na loja de bebês, uma das maiores de Los Angeles, eu percebi que nunca tinha me sentido tão bem na vida.

- Qual é a sua ideia, afinal? – Josh perguntou.
- Vamos para as roupinhas! – Falei. Quando chegamos, peguei um vestidinho cor de rosa e um macacão azul. – Tira uma foto do macacão que eu tiro do vestidinho. – Josh fez o que eu disse e eu fui a primeira a postar no twitter “É uma menina...” com a foto do vestido. Completei a frase no twitter dele “...ou um menino? Estamos oficialmente grávidos” e a foto do macacão. Pronto. Foi o suficiente para precisar desligar as notificações do twitter.
- Ainda não vai dizer que são gêmeos?
- Melhor não, né? Vamos esperar um pouquinho. Pelo menos para gritar aos quatro ventos.

Uma vendedora simpática veio falar conosco e nos atendeu pelas duas horas que se seguiram. Compramos dois carrinhos (carrinhos duplos ocupam MUITO espaço), dois berços, dois armários, dois trocadores e algumas roupinhas. Fizemos uma loucura impulsionados pela ansiedade, mas eram nossos bebês. A gente podia ser um pouquinho louco, né? Deixamos para comprar o resto das roupinhas e algumas outras coisas depois que descobríssemos os sexos. Falando nisso...

- Você tem alguma noção de nome para menino? – Josh perguntou quando já estávamos em casa.
- Andei tendo umas idéias, acho que você vai gostar...
- Então fala!
- Nope. Primeiro precisamos escolher os padrinhos.
- Isso vai ser complicado. Pelo menos temos dois bebês para poder colocar a quantidade de gente que nós vamos querer apadrinhando...

UM MÊS DEPOIS

Adiamos o nosso embarque para Londres em uma semana por causa da quantidade de coisa que tínhamos que resolver antes de viajar. A essa altura o mundo já sabia que eu estava grávida de gêmeos, porque eu e Josh não parávamos de ir a lojas de bebês e a cada uma em que entrávamos, tínhamos que contar para as vendedoras que eram dois, já que sempre comprávamos tudo dobrado.

Amy e Connor estavam na nossa casa porque eu e ela precisávamos decidir os últimos detalhes do meu vestido de madrinha. O casamento deles é em um mês e eu e Josh vamos voltar de Londres num fim de semana para isso. Depois que acertamos os preparativos do vestido, eles dois ficaram porque Mich e Chris logo chegaram para passar a nossa última semana nos Estados Unidos conosco... E para saber o sexo dos bebês, coisa que nós íamos descobrir hoje.

Não é preciso dizer que eu estava uma pilha. Passei o dia anterior comendo chocolate de tanto nervoso. E sabia que depois da gravidez todo esse exagero de comida ia me deixar com uns bons quilinhos a mais, mas não podia evitar.

- Mich, Chris... Nós queremos que vocês dois vão conosco. – Falei depois que tomamos café da manhã.
- A médica disse que nós temos direito a dois acompanhantes e já que vocês estão aqui... – Juro que vi Mich quase chorando.
- Claro que nós vamos! – Chris falou.
- Meu Deus, meus primeiros netos e vocês querem que eu vá junto?
- Sim sim, vó babona. – Falei. – Para falar a verdade, eu preciso de alguém para voltar chorando no banco de trás do carro comigo depois que eu descobrir o sexo dos bebês.
- Pode ter certeza que essa vou ser eu.
- E nós dois? – Connor perguntou.
- Vocês ficam em casa esperando a Julie e a Isa que vão chegar com os meninos e os bebês. Elas vão fazer o almoço, então não se preocupem. – Respondi.
- Apenas comportem-se. Nosso sofá é sagrado. – Josh disse.
- Eu não precisava disso... – Mich falou e todos nós rimos.

HORAS DEPOIS

Como esperado, eu e Mich chegamos em casa com os olhos vermelhos de tanto chorar. Amy, Connor, Isabella, Keegan, Julie e Ian já estavam nos esperando.

- Conta tudo agora, vai! – Isabella falou.
- Calma que a grávida ainda sou eu. – Falei depois que me sentei.
- Anda logo, Anne. Nós passamos horas de sofrimento aqui.
- Preparem-se para sofrer mais. Porque todos vocês vão ser padrinhos dos bebês.
- Todos nós? – Ian perguntou.
- Sim, todos vocês. – Falei.
- Mais um motivo para você contar logo os sexos dos nossos afilhados. – Julie disse.
- E os nomes deles. – Keegan adicionou.
- Connor, porque está tão quieto? – Josh perguntou.
- Porque eu vou ganhar um afilhado. – Ele disse, quase chorando. Mal sabia o que o esperava. Sorri para Josh antes de ele ir dar um abraço no irmão.
-- Vou acabar com a tortura de vocês... Keegan, Isabella e Amy, acho que vocês estavam certos. Tem uma menina aqui dentro.
- Mas, de certa forma, Connor, Julie e Ian também estavam, porque também tem um menino! – Josh disse.
- Ai meu Deus do céu, é um casal? – Amy disse.
- Sim sim sim. E a gente tem que contar para vocês da nossa divisão de padrinhos. Isso supondo que vocês todos já aceitaram.  – Falei. – Keegan, Isa e Amy, nós queremos que vocês sejam padrinhos da menina. Sophia. – Isabella e Amy começaram a chorar. Keegan abriu um sorriso do tamanho do mundo. Eles se entreolharam. Isabella respondeu pelos três.
- Claro que nós aceitamos!
- E isso faz de mim, Julie e Ian padrinhos do menino, certo? – Connor perguntou. Olhei para Josh.
- Sim. – Ele respondeu. – E nesse caso, temos uma surpresa para você. Claro, se você aceitar, Connor.
- Que surpresa? – Connor estava apreensivo. Ele realmente ficou em choque ao saber que ia ganhar um afilhado.
- Você conta ou eu conto? – Josh perguntou.
- O irmão é seu. – Respondi.
- Tudo bem... – Ele fez uma pausa dramática. Atores. – A Anne deu a ideia, eu gostei e nós queremos que o menino se chame Mason.
- E o que isso tem a ver comigo?
- CONNOR MASON HUTCHERSON, É O SEU NOME! – Mich gritou do outro lado da sala.
- Espera. Vocês querem que o filho de vocês se chame Mason... Por minha causa?
- Sim, gênio. – Falei. Ele começou a chorar de uma forma que eu nunca tinha visto. Abraçou Josh e eles ficaram assim por um bom tempo. Nesse momento, quase todos nós estávamos chorando, é claro.
- Anne... Obrigado. – Ele me abraçou e o coitado chorava tanto que não conseguiu falar mais nada.
- Ai! – Gritei. Connor saiu de perto de mim rápido, achando que tinha feito alguma coisa.
- O que foi Annie? – Josh perguntou. Nesse momento, eu senti de novo. E comecei a chorar, me juntando aos padrinhos e avós dos bebês.
- Fala logo, Anne! – Peguei as mãos de Josh e coloquei na minha barriga. Como se reconhecessem o toque do pai, Sophia e Mason chutaram ao mesmo tempo, um de cada lado da minha barriga.
- Isso foram... – Assenti, sem conseguir falar nada. Josh ficou tão sem palavras quanto eu e todos entenderam o que estava acontecendo. Eu tinha acabado de sentir eles dois chutarem realmente forte pela primeira vez. Não dava para descrever. Eu só queria que o tempo congelasse ali.

Depois do momento de lágrimas, abraços e mais lágrimas, nós fomos comer. Porque eu estava morrendo de fome, para variar.

O dia da viagem para Londres não demorou a chegar, mas antes de ir, combinei com Isabella e Julie para elas supervisionarem para mim a pintura dos quartos de Sophia e Mason. O dele seria todo em tons de azul com detalhes de marinheiros (e âncoras) e o dela, em rosa com os detalhes das princesas.

Depois que descobrimos os sexos deles, começarmos a comprar roupinhas certas. E eu tinha impressão de que a minha filha só ia sua lilás e rosa por um bom tempo... Nos controlamos um pouco antes da viagem porque sabíamos que íamos gastar mais em Londres (e mandar tudo pelo correio para Isabella e Julie).

Embarcamos dia 15 de abril. Eu tinha acabado de fazer cinco meses de gestação. A viagem foi tranquila. Quando chegamos ao aeroporto, um motorista da Dream Works estava nos esperando junto com alguns fãs. Eu estava cansada apesar de ter dormido a viagem inteira, mas aquelas pessoas estavam ali a horas só para falar com o Josh e comigo (mais com ele, ok) e eu simplesmente não podia ignorar a presença deles. O mais legal é que nós ganhamos presentes para os bebês dos fãs e eu fiquei com vontade de apertar cada um deles.

Quando acabamos, Josh quase teve que me carregar até o carro. Em cerca de meia hora, nós chegamos no que eu pensei que seria um hotel, mas não era.

- Uma casa? – Falei quando desci do carro.
- Você achou mesmo que eu ia fazer você passar dois meses num quarto de hotel enquanto está grávida? De jeito nenhum. Essa vai ser a nossa casa durante o período em que formos londrinos. – Ele riu. – Quer conhecer?
- Claro! – Respondi, mas antes de entrar, dei um beijo nele. – Você é um lindo.
- São seus olhos.

Quando entrei, dei graças a Deus por alguém já ter passado lá antes e ligado o aquecedor. Estava congelando do lado de fora. A casa era bem menor que a nossa, mas era aconchegante. E muito mais confortável que um quarto de hotel, definitivamente.

Os dias no set eram uma delícia de passar. Eu sempre ficava observando sentadinha enquanto Josh gravava, já que nós nos sentíamos muito mais seguros assim. Era melhor do que passar o dia inteiro em casa, sem ter, literalmente, ninguém para ligar caso passasse mal ou algo do tipo.

Nesse caso, minha gestação foi até bem tranquila (depois dos três primeiros meses). Agora tudo o que eu sentia era uma fome imensa e um cansaço gigantesco. Dormia tanto que às vezes achava que estava sendo uma péssima companhia para Josh. Mas ele passou o tempo todo ao meu lado, sem reclamar. Nem quando eu tinha desejos de madrugada.

Voltamos para os Estados Unidos para o casamento de Connor e Amy, mas não fomos para casa. Fomos direto para Nova Iorque para evitar viagens de avião desnecessárias. Apesar de eu estar morrendo de vontade de ver como tinham ficado os quartos dos bebês que já tinham sido pintados. As meninas me mandaram fotos pela internet, mas não era a mesma coisa.

A cerimônia deles foi a coisa mais linda do mundo. Foi de dia, numa mansão nos Hamptons. Amy estava deslumbrante e Sophia e Mason estavam tão animados pela felicidade dos tios que resolveram fazer minha barriga de saco de areia para treinar socos e chutes de boxe. Claro.

Com seis meses de gestação de gêmeos, eu não aguentava mais ficar muito tempo em pé, então nós dois passamos, praticamente a festa toda sentados.

- Como você está se sentindo, Anne? – Mich me perguntou.
- Cansada, mas bem. Ainda faltam três meses, não dá para desanimar agora, não é? 
- Os quartos deles estão lindos. A empresa que vocês contrataram fez tudo direitinho, do jeito que vocês falaram pra ser. – Isabella disse.
- Eu estou tão ansiosa para ver isso!
- Imagino. Quanto tempo mais vocês vão ficar lá gravando, Josh?
- Mais umas três semanas. Logo, logo, nós voltamos de vez.
- Não vejo a hora! – Eu ri. – A verdade é que eu amava Londres, mas sentia falta da minha casa, que agora era Los Angeles.

No dia seguinte, Josh recebeu um telefonema da Dream Works e depois que desligou, veio falar comigo com um sorriso de orelha a orelha no rosto.

- Preparada para voltar para Los Angeles?
- O que? Mas e as gravações?
- Eu conversei com a equipe e o Woody... Eles acharam que era uma boa terminarmos de gravar em LA, porque já filmamos todas as externas. E já que tem uma grávida que virou o xodó do set inteiro morrendo de saudades de casa...
- Não acredito que você fez isso! – Falei, sorrindo. – Vamos voltar para casa?

- Sim, Annie. Vamos voltar para casa. – Ele me deu um beijo e as crianças começaram a chutar na minha barriga. 

Well, well, o capítulo saiu porque eu finalmente estou de férias! 
Novidade pra vocês: Esse é o penúltimo cap da fic. 
Acaba no capítulo 12 :(
Mas ainda tem coisa pra acontecer...