12 - Family grows
- Josh, a bolsa estourou.
Era fim de tarde e nós estávamos
caminhando pelo Centro de Londres. Sim, nós tínhamos voltado para Londres
depois de passar um mês em Los Angeles. Houve um erro na contagem das cenas
e faltava uma externa do Josh. Como era uma cena importante, Woody não quis
arriscar e deixar na mão dos efeitos especiais... Eu não quis ficar cinco dias
longe do Josh, então fui junto, mesmo já estando com sete meses e meio. Só
deveria parar de viajar de avião quando fizesse oito.
Eu estava me sentindo meio
estranha desde ontem, por isso quando Josh foi para o set, eu fiquei
descansando no hotel. Aproveitei para arrumar uma bolsa com as coisas de bebê
que eu levaria para a maternidade. Lembro como se fosse ontem da minha mãe
grávida do meu irmão e a frase “depois dos sete meses, já pode nascer. Esteja
com a mala pronta”. Levando em consideração o fato de que eu estava grávida de
gêmeos e que quase nenhuma gestação desse tipo chega a completar nove meses...
E é por isso que eu estava ali,
em Londres, com uma bolsa estourada e um marido que não sabia o que fazer.
- O que, Annie? – Ele perguntou,
como se fosse para confirmar.
- Olha para as minhas pernas.
Estão molhadas, a bolsa estourou. Mason e Sophia vão nascer.
- O que eu faço? – Ele estava em
choque.
- Acho que ainda temos tempo
antes das contrações começarem. – Eu estava mais calma do que achei que
ficaria. – Chama um taxi e vamos pegar as bolsas para a maternidade que eu
deixei separadas no hotel. – Ele não se mexeu. Nesse momento, lembrei de Keegan
e do grito que a Isabella teve que dar com ele no dia em que Seth nasceu. Eu não
ia fazer aquilo no meio da rua em Londres, apesar de ser exatamente o que ele
precisava. – Josh! – Falei um pouco mais alto. – Seus filhos vão nascer, acorda!
– Eu ri.
Ele me largou e foi correndo
atrás de um táxi, que apareceu segundos depois. Fomos para o hotel e enquanto
Josh subiu para buscar as bolsas, eu liguei para a Dra. Campbell, a médica
londrina que a minha médica havia indicado. Cheguei a ir ao consultório dela
algumas vezes no mês que passamos aqui e ela já sabia que eu estava na cidade.
- Oi, Anne. – Ela disse com o
sotaque britânico assim que reconheceu a minha voz.
- Dra. Campbell, minha bolsa
estourou. Estou indo para o hospital.
POV JOSH
Eu não tinha a mínima noção do
que estava fazendo. Só sabia que tinha que pegar as bolsas e tinha que fazer
isso rápido. Enquanto corria pelas escadas do hotel, impaciente demais para
esperar o elevador, liguei para o Connor.
- Connor, preta atenção. A bolsa
da Anne estourou, os bebês vão nascer aqui. – Falei assim que ele atendeu. –
Ouve o que eu vou dizer: Avisa aos nossos pais, à Julie e à Isabella. Diz para
elas ligarem para os pais da Anne. Quero que você alugue um jatinho em Los Angeles e venha
com todo mundo para cá o quanto antes. Ela vai precisar das amigas e eu vou
precisar de vocês.
- Estaremos aí amanhã à noite. –
Eu sabia que podia contar com ele e que ele ia me entender.
Entrei no quarto, peguei as três
bolsas (uma azul para o Mason, cor de rosa para a Sophia e vermelha para a
Anne) e voltei correndo para o táxi. Anne estava com os olhos fechados, com as
mãos na barriga, se concentrando em respirar rápido.
- O que foi? – Perguntei.
- Contração. Sempre disseram que
a de gêmeos é mais forte e agora e estou entendendo o motivo. – Ela sorriu e
ainda conseguia continuar linda. Falei o endereço do hospital para o motorista.
- Nossos bebês estão chegando. –
Eu disse para ela, um tempo depois, enquanto segurava a sua mão. Sabia que não
ia demorar muito até que ela começasse a chorar, emocionada, e o momento foi
aquele.
- Preparado para perder todas as
noites de sono por um bom tempo?
- Sempre estive, meu anjo. –
Respondi.
Ela teve outra contração e
apertou a minha mão. Chegamos ao hospital momentos depois, era realmente perto.
Entreguei duas notas de cem euros para o motorista.
- Pela corrida e para você não
contar a ninguém o que viu aqui.
A Dra. Campbell já estava
esperando por nós na entrada do hospital com enfermeiros que ajudaram a colocar
a Anne na cadeira de rodas e a carregar as bolsas.
- Como você está se sentindo, mamãe?
– Ela perguntou.
- Contraída. – Anne riu.
- Vamos para o quarto logo,
precisamos te preparar para a cirurgia. Papai, você vai conosco?
- Sim. – Anne respondeu por mim.
– Não tem mais ninguém comigo aqui, preciso dele. – Olhei para a médica, que
entendeu minha resposta imediatamente. Eu não ia deixá-la sozinha, de forma
alguma.
No quarto, ajudei Anne a vestir a
camisola para a cirurgia e prender os cabelos num coque, do jeito que ela fazia
quando estava em casa. “Não é porque estou prestes a parir que tenho que ficar
descabelada” era o que ela ficava repetindo. Quando a equipe de enfermeiros
veio buscá-la, um deles me levou para lavar as mãos, esterilizar meu celular
(de onde iam sair as primeiras fotos de Mason e Sophia) e me dar o avental, o
protetor de sapatos e a touca para vestir.
Entrei na sala e já tinham
aplicado a anestesia na Anne. Não demorou muito para que ela fizesse efeito e a
cirurgia começasse. Segurei a mão dela o tempo todo. O tempo se arrastou até
que nós ouvíssemos o primeiro chorinho e começássemos a chorar junto. Ela
aumentou um pouquinho a força no aperto da minha mão e eu sabia o que ela
queria dizer com aquilo. Dra. Campbell olhou para mim, sorrindo.
- É a menina.
- Sophia nasceu primeiro – Eu
disse para Anne. Ela abriu um sorriso imenso, que ficou maior imediatamente
quando nós ouvimos outro choro. E esse não poderia ser caracterizado como
“chorinho”. Mason tinha boas cordas vocais, pensei. Aposto que tinham
conseguido ouvi-lo da entrada do hospital.
Uma enfermeira deu Sophia para
mim e Mason para Anne, para que ele se acalmasse. Até aquele momento, a minha
ficha não tinha caído. Eu tinha acabado de me tornar pai e não sabia o que isso
significava até então. Posso dizer que nunca tinha sentido um amor tão grande,
nem pela mãe dela, apesar de ser uma forma completamente diferente de amor.
Esse foi instantâneo, nasceu no momento em que eu senti seu peso nos meus
braços. Aumentou quando eu falei “oi, Sophia” e ela abriu os olhos, procurando a
pessoa que tinha dito aquilo.
Quando eu achei que não podia me
sentir melhor, as mesmas enfermeiras trocaram os bebês. Deram Sophia para Anne
e me deram Mason. Ele começou a chorar no momento em que o tiraram dela, mas
parou quando ouviu a minha voz. E aí quem começou a chorar fui eu. Eu tinha
sido abençoado duplamente.
Não pudemos ficar muito tempo com
eles. Sophia e Mason precisavam ser pesados, medidos e ir para o berçário, onde
seriam examinados pelos pediatras.
- Eles estão bem. – Dra. Campbell
me disse ao ver meu olhar preocupado quando os levaram da gente. –
Aparentemente, eles tem peso e tamanho bons para gêmeos prematuros, só vão
precisar de um pouquinho mais de cuidado. – Ela se aproximou da Anne. –
Parabéns, vocês dois têm filhos lindos. – Chorei mais do que antes.
Anne ainda estava sob efeito da
anestesia, por isso não conseguia falar muito, mas sorriu para mim. Me abaixei
para ficar na altura dela.
- Eles são perfeitos. Sophia tem
o seu nariz. Mason tem os seus olhos. E eu amo vocês três mais que tudo nesse
mundo.
- Também amo você. – Ela falou
devagar.
- Não fala nada, ainda estão
dando os pontos da sua cirurgia.
- Não me importo. – Era a Anne,
afinal de contas. Sorri para ela e fiz um “shh”.
Olhei pela sala procurando os
meus filhos, mas já haviam levado eles. Por um segundo, entrei em pânico. Então foi
assim que a minha mãe se sentiu quando eu “fugi de casa” para o quintal com 5
anos? Ok... Anne soltou a minha mão e sussurrou “vai”. Pelo visto não era só eu
que estava com medo.
TRÊS HORAS DEPOIS
POV ANNE
Eu ainda estava com um pouco do
frio causado pelo fim da anestesia, mas já tinha parado de tremer e já
conseguia falar. Estava no quarto com uma enfermeira e ela tinha me ajudado a
soltar os cabelos e vestir a minha camisola. Não via a hora de ver meus
pequenos de novo (e o Josh estava incluso nesse ”pequenos”)
Josh entrou no quarto com um
sorriso no rosto e um vaso de flores gigante.
- A equipe do filme mandou para o
hospital. Parece que o taxista não foi tão silencioso quanto ele deveria ter
sido por causa da gorjeta que eu dei... Todo mundo já sabe que os bebês
nasceram. – Eu estava tão feliz que nem isso me tirou do sério.
- Você avisou aos nossos pais? –
Perguntei.
- Avisei ao Connor. Disse para
ele avisar às meninas e para elas ligarem para os seus pais. Pelo visto eles
vão ter que adiantar a viagem para Los Angeles... – Eu ri.
- Estou sentindo falta da minha
barriga. – Falei. – Como eles estão?
- Incrivelmente bem para duas
crianças prematuras. O pediatra disse que se eles continuarem assim, vão ser
liberados em três dias, no máximo.
- E quando a gente vai poder
voltar para casa? – Lembrei, subitamente, que estávamos em outro país.
- No mesmo dia. Connor, Amy e
meus pais vão vir para cá amanhã com Julie e Isabella num jatinho particular.
Nós vamos voltar nele. – Sorri porque ele já tinha pensado em tudo.
- Eu estou morrendo de vontade de
ver eles dois!
- Calma, você vai ter a vida toda
para isso. Eles já vão vir para cá. Sobra atenção para um pai de primeira
viagem aí? – Ele disse.
- Se o pai for você, toda a
atenção do mundo. – Ele se sentou na beira da minha cama e fez carinho no meu
rosto.
- Obrigado. A cada dia eu fico
mais feliz por você ter entrado na minha vida. Para falar a verdade, eu acho
que agora eu sou o homem mais feliz do mundo. De novo. Por sua causa.
- Você sabe que eu ainda estou
emotiva, né? Para com isso, senão eu choro e eu não quero chorar antes de
conseguir pegar a Sophia e o Mason no colo de novo. – Ele riu e eu dei um beijo
nele. – Eu te amo. E estou muito feliz por ter te encontrado. Você já foi o
namorado perfeito, é o marido perfeito e vai ser um pai melhor ainda.
Dra. Campbell bateu na porta e
entrou no quarto com mais duas que estavam com Sophia e Mason no colo. Meu
coração disparou. Era a primeira vez que eu ia ver os meus filhos sem o efeito
da anestesia. Meus filhos. Meu maior sonho, realizado. E em dose dupla. Não
tinha um ser humano na terra mais feliz que eu naquele momento. Talvez, Josh se
aproximaria do meu nível de felicidade... Mas só eu tinha a sensação de ter
carregado eles dois por sete meses e meio.
- Preparada para segurar seus
bebês, Anne? Eles estão com fome. – Dra. Campbell perguntou.
- Acho que nasci pronta para esse
momento. – Eu ri, já com os olhos começando a arder por causa das lágrimas.
- Quem você quer segurar
primeiro?
- Quero os dois ao mesmo tempo.
Não me faça escolher.
- Tudo bem, tudo bem... Ajuda
ela, papai? – Ela perguntou para Josh.
- Sempre. – Ele respondeu. A
primeira enfermeira entregou Sophia para ele. Juro que vi os olhos dele se
enchendo d’água imediatamente e isso só me fez ficar mais emocionada. Ele deu
um beijo nela, em cima da roupinha e me entregou. Foi uma boa estar deitada,
porque eu juro que senti minhas pernas amolecendo.
- Minha princesinha... – Eu acho
que nunca vou conseguir descrever o que estava sentindo naquele momento. E
depois que ele me entregou Mason... Eu não sabia nem o que estava sentindo de
verdade.
Eu não tinha percebido, mas
estava chorando compulsivamente, típico de mim. Eles dois estavam acordados,
com os olhinhos abertos, tentando reconhecer o lugar onde estavam e de onde
vinham aqueles barulhos estranhos que eu fazia enquanto chorava. Mas eu queria tentar
uma coisa...
- Oi Sophia... Oi Mason! – Eles
estavam se mexendo e pararam no momento em que eu falei.
- Eles conhecem a sua voz. – Josh
disse.
- Claro que vocês conhecem a
minha voz... Ficaram dentro de mim por meses! – Eu estava maravilhada com
aqueles dois milagrezinhos nos meus braços. – Era para vocês terem ficado lá
dentro por mais um tempinho, mas já que vocês quiseram sair... Sejam bem
vindos, meus filhos. Eu sei que deve ser difícil sair de um lugar quentinho e
escurinho e vir para cá, mas eu juro que eu e o seu pai vamos proteger vocês
dois para sempre. Até quando vocês não quiserem mais que a gente proteja.
- Papai e mamãe amam muito vocês
dois. – Josh disse sentado na beirinha da minha cama. Olhei para o alto e
percebi que estávamos sozinhos no quarto. Nós dois sorrimos ao mesmo tempo.
Mason começou a choramingar no meu braço e eu lembrei que a Dra. Campbell disse
que eles estavam com fome.
- Você quer segurar a Sophia? Vou
tentar alimentar essa criança manhosa.
- Claro que quero! – Ele a pegou
do meu colo. Josh ainda estava meio sem jeito, mas em momento algum Sophia
correu perigo.
Mason demorou um pouquinho para
começar a mamar, mas só porque ainda não sabia como fazer para conseguir comer.
Sophia passou pela mesma dificuldade. Depois que mamaram, os dois dormiram.
Josh me ajudou a colocá-los nos bercinhos. Queria ficar olhando eles dois
dormirem para sempre, mas eu estava exausta e acabei apagando em determinado
momento.
Acordei três horas depois com o
choro sincronizado de duas crianças que já estavam com fome. E percebi que as
minhas noites iam ser daquele jeito por um bom tempo.
Eu sei, eu sei, eu sei que esse ia ser o último capítulo.
Mas eu não consegui colocar uma treta depois de dar a vida a Soph e Mason ♥
A fic acaba semana que vem :)
11- Pregnancy
- Baby, o que era aquele pacote que você trouxe da rua
quando saiu com o Ian e o Keegs? – Perguntei curiosa antes de ir dormir.
- Pacote?
- É, você entrou com sacolas de compras e uma carta na mão.
- Ah, aquilo era...
Não lembro de mais nada depois disso. Devo ter apagado
enquanto conversava com Josh na cama. Digamos que eu sempre dormi com
facilidade, mas nos últimos meses, só bastava encostar em algum lugar e eu
cochilava.
Graças aos céus, acordei sem enjoos. Em compensação, estava
com uma fome que valia por três. Literalmente. Josh não estava na cama quando
levantei, então escovei os dentes e fui direto para a cozinha. Se ele tiver
saído, com certeza deixou um bilhete.
- Bom dia! – Falei animada quando vi que ele estava por ali,
usando só a calça do pijama. Às vezes eu demorava a acreditar que ele era meu
marido.
- Bom dia, mamãe. – Ele deu um salto e se virou para mim.
- Te assustei?
- Não.- Ele respondeu rápido. – Eu ia levar o seu café lá em
cima. – Ele disse antes de me dar um beijo.
- Não precisava, amor. – Eu saí do abraço dele para ir em
direção à geladeira e vi metade de um envelope que foi rasgado em cima da
bancada, perto de onde ele estava. A lixeira estava aberta e dentro dela tinham
vários pedacinhos de papel picado. Usei meu olhar questionador quando me virei
para ele.
- Sim, eu estava rasgando e jogando fora porque não queria
que você visse o que está escrito aí.
- E o que estava escrito aqui?
- Se eu não queria que você visse...
- Mas eu já vi. O que era? E por que você me escondeu isso? –
Josh parecia uma criança que foi pega fazendo coisa errada. Demorou dez anos
ate decidir falar o que estava escondendo.
- Ontem, quando a gente chegou, tinha mais uma carta
daquelas com ameaça pra gente. Eu não queria que você visse porque não queria
que se preocupasse...
- Porque eu estou grávida e não posso me estressar. Você já
falou isso várias vezes. Mas eu não estou doente, amor. Não precisa esconder as
coisas de mim. – Aproveitei a “bronca” – Nem me impedir de fazer as coisas que
eu normalmente faço. – Tentei soar o mais delicada o possível para não
chateá-lo. – Eu estou bem, Josh. Só estou numa fase mais delicada da minha vida, precisando de um pouquinho mais de cuidado.
Não de privações.
- Desculpa. É só que... Deixa para lá. – E ele estava me
poupando de alguma coisa novamente.
- Eu sei, eu sei. Eu abortei por causa do acidente e você
quer cuidar para que tudo dê certo dessa vez. – Ele me abraçou e de uma hora
para a outra, eu não era mais a parte mais frágil da relação. Josh estava chorando.
– Mas vai dar certo, meu anjo. Vai ficar tudo bem dessa vez. Nem essa pessoa
que está ameaçando a gente vai conseguir fazer alguma coisa. Sinceramente, pelo
tempo que isso está acontecendo, eu já acho que isso é só para amedrontar a
gente. – Ele sorriu.
- Acho que esse é um dos motivos pelos quais eu te amo. Você
consegue ser forte até quando eu deveria exercer esse papel.
- Acontece, né... Agora vamos comer porque eu estou com fome
e tenho que alimentar mais duas boquinhas famintas. – Falei enquanto enxugava
as lágrimas dele.
- O que você quer comer hoje, mamãe?
- Tudo o que tiver aí. Não brinquei quando disse que estava
com fome. – Eu ri.
Josh fez panquecas e eu devo ter comido umas dez... Ou
quinze. Não sei. Depois do café da manhã, nós decidimos sair para começar a
olhar móveis e todos os utensílios que precisaríamos para os bebês. Viajaríamos
em um mês e eu já queria ir com tudo pronto. Tudo bem, quando nós voltarmos eu
ainda vou ter dois meses de gravidez pela frente até completar os nove, mas eu
estava ansiosa.
- Nós precisamos arranjar uma forma de contar sobre os
bebês. Sua barriga já chama atenção, não dá mais para esconder. – Ele falou
quando nós estávamos no carro.
- Se você acha que é a hora... Como vai contar? A gente não
tinha combinado que ia na Ellen?
- Sim, mas ainda acho que somos nós que temos que dar a
notícia em primeira mão. Vamos à Ellen contar os detalhes. – Eu estava naquele
meio há pouco tempo, mas era a minha gravidez, afinal de contas. Não queria
tantas câmeras a minha volta quando fosse contar algo do tipo.
- O meu twitter ou o seu? – Perguntei.
- Os dois.
- Tive uma ideia.
Quando nós entramos na loja de bebês, uma das maiores de Los
Angeles, eu percebi que nunca tinha me sentido tão bem na vida.
- Qual é a sua ideia, afinal? – Josh perguntou.
- Vamos para as roupinhas! – Falei. Quando chegamos, peguei
um vestidinho cor de rosa e um macacão azul. – Tira uma foto do macacão que eu
tiro do vestidinho. – Josh fez o que eu disse e eu fui a primeira a postar no
twitter “É uma menina...” com a foto do vestido. Completei a frase no twitter
dele “...ou um menino? Estamos oficialmente grávidos” e a foto do macacão.
Pronto. Foi o suficiente para precisar desligar as notificações do twitter.
- Ainda não vai dizer que são gêmeos?
- Melhor não, né? Vamos esperar um pouquinho. Pelo menos
para gritar aos quatro ventos.
Uma vendedora simpática veio falar conosco e nos atendeu
pelas duas horas que se seguiram. Compramos dois carrinhos (carrinhos duplos
ocupam MUITO espaço), dois berços, dois armários, dois trocadores e algumas
roupinhas. Fizemos uma loucura impulsionados pela ansiedade, mas eram nossos
bebês. A gente podia ser um pouquinho louco, né? Deixamos para comprar o resto
das roupinhas e algumas outras coisas depois que descobríssemos os sexos.
Falando nisso...
- Você tem alguma noção de nome para menino? – Josh perguntou
quando já estávamos em casa.
- Andei tendo umas idéias, acho que você vai gostar...
- Então fala!
- Nope. Primeiro precisamos escolher os padrinhos.
- Isso vai ser complicado. Pelo menos temos dois bebês para
poder colocar a quantidade de gente que nós vamos querer apadrinhando...
UM MÊS DEPOIS
Adiamos o nosso embarque para Londres em uma semana por
causa da quantidade de coisa que tínhamos que resolver antes de viajar. A essa
altura o mundo já sabia que eu estava grávida de gêmeos, porque eu e Josh não
parávamos de ir a lojas de bebês e a cada uma em que entrávamos, tínhamos que
contar para as vendedoras que eram dois, já que sempre comprávamos tudo dobrado.
Amy e Connor estavam na nossa casa porque eu e ela
precisávamos decidir os últimos detalhes do meu vestido de madrinha. O
casamento deles é em um mês e eu e Josh vamos voltar de Londres num fim de
semana para isso. Depois que acertamos os preparativos do vestido, eles dois
ficaram porque Mich e Chris logo chegaram para passar a nossa última semana nos
Estados Unidos conosco... E para saber o sexo dos bebês, coisa que nós íamos
descobrir hoje.
Não é preciso dizer que eu estava uma pilha. Passei o dia
anterior comendo chocolate de tanto nervoso. E sabia que depois da gravidez
todo esse exagero de comida ia me deixar com uns bons quilinhos a mais, mas não
podia evitar.
- Mich, Chris... Nós queremos que vocês dois vão conosco. –
Falei depois que tomamos café da manhã.
- A médica disse que nós temos direito a dois acompanhantes
e já que vocês estão aqui... – Juro que vi Mich quase chorando.
- Claro que nós vamos! – Chris falou.
- Meu Deus, meus primeiros netos e vocês querem que eu vá
junto?
- Sim sim, vó babona. – Falei. – Para falar a verdade, eu
preciso de alguém para voltar chorando no banco de trás do carro comigo depois
que eu descobrir o sexo dos bebês.
- Pode ter certeza que essa vou ser eu.
- E nós dois? – Connor perguntou.
- Vocês ficam em casa esperando a Julie e a Isa que vão
chegar com os meninos e os bebês. Elas vão fazer o almoço, então não se
preocupem. – Respondi.
- Apenas comportem-se. Nosso sofá é sagrado. – Josh disse.
- Eu não precisava disso... – Mich falou e todos nós rimos.
HORAS DEPOIS
Como esperado, eu e Mich chegamos em casa com os olhos
vermelhos de tanto chorar. Amy, Connor, Isabella, Keegan, Julie e Ian já
estavam nos esperando.
- Conta tudo agora, vai! – Isabella falou.
- Calma que a grávida ainda sou eu. – Falei depois que me
sentei.
- Anda logo, Anne. Nós passamos horas de sofrimento aqui.
- Preparem-se para sofrer mais. Porque todos vocês vão ser
padrinhos dos bebês.
- Todos nós? – Ian perguntou.
- Sim, todos vocês. – Falei.
- Mais um motivo para você contar logo os sexos dos nossos
afilhados. – Julie disse.
- E os nomes deles. – Keegan adicionou.
- Connor, porque está tão quieto? – Josh perguntou.
- Porque eu vou ganhar um afilhado. – Ele disse, quase
chorando. Mal sabia o que o esperava. Sorri para Josh antes de ele ir dar um
abraço no irmão.
-- Vou acabar com a tortura de vocês... Keegan, Isabella e
Amy, acho que vocês estavam certos. Tem uma menina aqui dentro.
- Mas, de certa forma, Connor, Julie e Ian também estavam,
porque também tem um menino! – Josh disse.
- Ai meu Deus do céu, é um casal? – Amy disse.
- Sim sim sim. E a gente tem que contar para vocês da nossa
divisão de padrinhos. Isso supondo que vocês todos já aceitaram. – Falei. – Keegan, Isa e Amy, nós queremos
que vocês sejam padrinhos da menina. Sophia. – Isabella e Amy começaram a
chorar. Keegan abriu um sorriso do tamanho do mundo. Eles se entreolharam.
Isabella respondeu pelos três.
- Claro que nós aceitamos!
- E isso faz de mim, Julie e Ian padrinhos do menino, certo?
– Connor perguntou. Olhei para Josh.
- Sim. – Ele respondeu. – E nesse caso, temos uma surpresa
para você. Claro, se você aceitar, Connor.
- Que surpresa? – Connor estava apreensivo. Ele realmente
ficou em choque ao saber que ia ganhar um afilhado.
- Você conta ou eu conto? – Josh perguntou.
- O irmão é seu. – Respondi.
- Tudo bem... – Ele fez uma pausa dramática. Atores. – A
Anne deu a ideia, eu gostei e nós queremos que o menino se chame Mason.
- E o que isso tem a ver comigo?
- CONNOR MASON HUTCHERSON, É O SEU NOME! – Mich gritou do
outro lado da sala.
- Espera. Vocês querem que o filho de vocês se chame
Mason... Por minha causa?
- Sim, gênio. – Falei. Ele começou a chorar de uma forma que
eu nunca tinha visto. Abraçou Josh e eles ficaram assim por um bom tempo. Nesse
momento, quase todos nós estávamos chorando, é claro.
- Anne... Obrigado. – Ele me abraçou e o coitado chorava
tanto que não conseguiu falar mais nada.
- Ai! – Gritei. Connor saiu de perto de mim rápido, achando
que tinha feito alguma coisa.
- O que foi Annie? – Josh perguntou. Nesse momento, eu senti
de novo. E comecei a chorar, me juntando aos padrinhos e avós dos bebês.
- Fala logo, Anne! – Peguei as mãos de Josh e coloquei na
minha barriga. Como se reconhecessem o toque do pai, Sophia e Mason chutaram ao
mesmo tempo, um de cada lado da minha barriga.
- Isso foram... – Assenti, sem conseguir falar nada. Josh
ficou tão sem palavras quanto eu e todos entenderam o que estava acontecendo.
Eu tinha acabado de sentir eles dois chutarem realmente forte pela primeira
vez. Não dava para descrever. Eu só queria que o tempo congelasse ali.
Depois do momento de lágrimas, abraços e mais lágrimas, nós fomos
comer. Porque eu estava morrendo de fome, para variar.
O dia da viagem para Londres não demorou a chegar, mas antes
de ir, combinei com Isabella e Julie para elas supervisionarem para mim a
pintura dos quartos de Sophia e Mason. O dele seria todo em tons de azul com
detalhes de marinheiros (e âncoras) e o dela, em rosa com os detalhes das
princesas.
Depois que descobrimos os sexos deles, começarmos a comprar
roupinhas certas. E eu tinha impressão de que a minha filha só ia sua lilás e
rosa por um bom tempo... Nos controlamos um pouco antes da viagem porque
sabíamos que íamos gastar mais em Londres (e mandar tudo pelo correio para
Isabella e Julie).
Embarcamos dia 15 de abril. Eu tinha acabado de fazer cinco
meses de gestação. A viagem foi tranquila. Quando chegamos ao aeroporto, um
motorista da Dream Works estava nos esperando junto com alguns fãs. Eu estava
cansada apesar de ter dormido a viagem inteira, mas aquelas pessoas estavam ali
a horas só para falar com o Josh e comigo (mais com ele, ok) e eu simplesmente
não podia ignorar a presença deles. O mais legal é que nós ganhamos presentes para
os bebês dos fãs e eu fiquei com vontade de apertar cada um deles.
Quando acabamos, Josh quase teve que me carregar até o
carro. Em cerca de meia hora, nós chegamos no que eu pensei que seria um hotel,
mas não era.
- Uma casa? – Falei quando desci do carro.
- Você achou mesmo que eu ia fazer você passar dois meses
num quarto de hotel enquanto está grávida? De jeito nenhum. Essa vai ser a
nossa casa durante o período em que formos londrinos. – Ele riu. – Quer
conhecer?
- Claro! – Respondi, mas antes de entrar, dei um beijo nele.
– Você é um lindo.
- São seus olhos.
Quando entrei, dei graças a Deus por alguém já ter passado
lá antes e ligado o aquecedor. Estava congelando do lado de fora. A casa era bem
menor que a nossa, mas era aconchegante. E muito mais confortável que um quarto
de hotel, definitivamente.
Os dias no set eram uma delícia de passar. Eu sempre ficava
observando sentadinha enquanto Josh gravava, já que nós nos sentíamos muito
mais seguros assim. Era melhor do que passar o dia inteiro em casa, sem ter,
literalmente, ninguém para ligar caso passasse mal ou algo do tipo.
Nesse caso, minha gestação foi até bem tranquila (depois dos
três primeiros meses). Agora tudo o que eu sentia era uma fome imensa e um
cansaço gigantesco. Dormia tanto que às vezes achava que estava sendo uma
péssima companhia para Josh. Mas ele passou o tempo todo ao meu lado, sem
reclamar. Nem quando eu tinha desejos de madrugada.
Voltamos para os Estados Unidos para o casamento de Connor e
Amy, mas não fomos para casa. Fomos direto para Nova Iorque para evitar viagens
de avião desnecessárias. Apesar de eu estar morrendo de vontade de ver como
tinham ficado os quartos dos bebês que já tinham sido pintados. As meninas me
mandaram fotos pela internet, mas não era a mesma coisa.
A cerimônia deles foi a coisa mais linda do mundo. Foi de
dia, numa mansão nos Hamptons. Amy estava deslumbrante e Sophia e Mason estavam
tão animados pela felicidade dos tios que resolveram fazer minha barriga de saco
de areia para treinar socos e chutes de boxe. Claro.
Com seis meses de gestação de gêmeos, eu não aguentava mais
ficar muito tempo em pé, então nós dois passamos, praticamente a festa toda
sentados.
- Como você está se sentindo, Anne? – Mich me perguntou.
- Cansada, mas bem. Ainda faltam três meses, não dá para
desanimar agora, não é?
- Os quartos deles estão lindos. A empresa que vocês
contrataram fez tudo direitinho, do jeito que vocês falaram pra ser. – Isabella
disse.
- Eu estou tão ansiosa para ver isso!
- Imagino. Quanto tempo mais vocês vão ficar lá gravando,
Josh?
- Mais umas três semanas. Logo, logo, nós voltamos de vez.
- Não vejo a hora! – Eu ri. – A verdade é que eu amava
Londres, mas sentia falta da minha casa, que agora era Los Angeles.
No dia seguinte, Josh recebeu um telefonema da Dream Works e
depois que desligou, veio falar comigo com um sorriso de orelha a orelha no
rosto.
- Preparada para voltar para Los Angeles?
- O que? Mas e as gravações?
- Eu conversei com a equipe e o Woody... Eles acharam que
era uma boa terminarmos de gravar em LA, porque já filmamos todas as externas.
E já que tem uma grávida que virou o xodó do set inteiro morrendo de saudades
de casa...
- Não acredito que você fez isso! – Falei, sorrindo. – Vamos
voltar para casa?
- Sim, Annie. Vamos voltar para casa. – Ele me deu um beijo
e as crianças começaram a chutar na minha barriga.
Well, well, o capítulo saiu porque eu finalmente estou de férias!
Novidade pra vocês: Esse é o penúltimo cap da fic.
Acaba no capítulo 12 :(
Mas ainda tem coisa pra acontecer...
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