11- Pregnancy

- Baby, o que era aquele pacote que você trouxe da rua quando saiu com o Ian e o Keegs? – Perguntei curiosa antes de ir dormir.
- Pacote?
- É, você entrou com sacolas de compras e uma carta na mão.
- Ah, aquilo era...

Não lembro de mais nada depois disso. Devo ter apagado enquanto conversava com Josh na cama. Digamos que eu sempre dormi com facilidade, mas nos últimos meses, só bastava encostar em algum lugar e eu cochilava.

Graças aos céus, acordei sem enjoos. Em compensação, estava com uma fome que valia por três. Literalmente. Josh não estava na cama quando levantei, então escovei os dentes e fui direto para a cozinha. Se ele tiver saído, com certeza deixou um bilhete.

- Bom dia! – Falei animada quando vi que ele estava por ali, usando só a calça do pijama. Às vezes eu demorava a acreditar que ele era meu marido.
- Bom dia, mamãe. – Ele deu um salto e se virou para mim.
- Te assustei?
- Não.- Ele respondeu rápido. – Eu ia levar o seu café lá em cima. – Ele disse antes de me dar um beijo.
- Não precisava, amor. – Eu saí do abraço dele para ir em direção à geladeira e vi metade de um envelope que foi rasgado em cima da bancada, perto de onde ele estava. A lixeira estava aberta e dentro dela tinham vários pedacinhos de papel picado. Usei meu olhar questionador quando me virei para ele.
- Sim, eu estava rasgando e jogando fora porque não queria que você visse o que está escrito aí.
- E o que estava escrito aqui?
- Se eu não queria que você visse...
- Mas eu já vi. O que era? E por que você me escondeu isso? – Josh parecia uma criança que foi pega fazendo coisa errada. Demorou dez anos ate decidir falar o que estava escondendo.
- Ontem, quando a gente chegou, tinha mais uma carta daquelas com ameaça pra gente. Eu não queria que você visse porque não queria que se preocupasse...
- Porque eu estou grávida e não posso me estressar. Você já falou isso várias vezes. Mas eu não estou doente, amor. Não precisa esconder as coisas de mim. – Aproveitei a “bronca” – Nem me impedir de fazer as coisas que eu normalmente faço. – Tentei soar o mais delicada o possível para não chateá-lo. – Eu estou bem, Josh. Só estou numa fase mais delicada da minha vida, precisando de um pouquinho mais de cuidado. Não de privações.
- Desculpa. É só que... Deixa para lá. – E ele estava me poupando de alguma coisa novamente.
- Eu sei, eu sei. Eu abortei por causa do acidente e você quer cuidar para que tudo dê certo dessa vez. – Ele me abraçou e de uma hora para a outra, eu não era mais a parte mais frágil da relação. Josh estava chorando. – Mas vai dar certo, meu anjo. Vai ficar tudo bem dessa vez. Nem essa pessoa que está ameaçando a gente vai conseguir fazer alguma coisa. Sinceramente, pelo tempo que isso está acontecendo, eu já acho que isso é só para amedrontar a gente. – Ele sorriu.
- Acho que esse é um dos motivos pelos quais eu te amo. Você consegue ser forte até quando eu deveria exercer esse papel.
- Acontece, né... Agora vamos comer porque eu estou com fome e tenho que alimentar mais duas boquinhas famintas. – Falei enquanto enxugava as lágrimas dele.
- O que você quer comer hoje, mamãe?
- Tudo o que tiver aí. Não brinquei quando disse que estava com fome. – Eu ri.

Josh fez panquecas e eu devo ter comido umas dez... Ou quinze. Não sei. Depois do café da manhã, nós decidimos sair para começar a olhar móveis e todos os utensílios que precisaríamos para os bebês. Viajaríamos em um mês e eu já queria ir com tudo pronto. Tudo bem, quando nós voltarmos eu ainda vou ter dois meses de gravidez pela frente até completar os nove, mas eu estava ansiosa.

- Nós precisamos arranjar uma forma de contar sobre os bebês. Sua barriga já chama atenção, não dá mais para esconder. – Ele falou quando nós estávamos no carro.
- Se você acha que é a hora... Como vai contar? A gente não tinha combinado que ia na Ellen?
- Sim, mas ainda acho que somos nós que temos que dar a notícia em primeira mão. Vamos à Ellen contar os detalhes. – Eu estava naquele meio há pouco tempo, mas era a minha gravidez, afinal de contas. Não queria tantas câmeras a minha volta quando fosse contar algo do tipo.
- O meu twitter ou o seu? – Perguntei.
- Os dois.
- Tive uma ideia.

Quando nós entramos na loja de bebês, uma das maiores de Los Angeles, eu percebi que nunca tinha me sentido tão bem na vida.

- Qual é a sua ideia, afinal? – Josh perguntou.
- Vamos para as roupinhas! – Falei. Quando chegamos, peguei um vestidinho cor de rosa e um macacão azul. – Tira uma foto do macacão que eu tiro do vestidinho. – Josh fez o que eu disse e eu fui a primeira a postar no twitter “É uma menina...” com a foto do vestido. Completei a frase no twitter dele “...ou um menino? Estamos oficialmente grávidos” e a foto do macacão. Pronto. Foi o suficiente para precisar desligar as notificações do twitter.
- Ainda não vai dizer que são gêmeos?
- Melhor não, né? Vamos esperar um pouquinho. Pelo menos para gritar aos quatro ventos.

Uma vendedora simpática veio falar conosco e nos atendeu pelas duas horas que se seguiram. Compramos dois carrinhos (carrinhos duplos ocupam MUITO espaço), dois berços, dois armários, dois trocadores e algumas roupinhas. Fizemos uma loucura impulsionados pela ansiedade, mas eram nossos bebês. A gente podia ser um pouquinho louco, né? Deixamos para comprar o resto das roupinhas e algumas outras coisas depois que descobríssemos os sexos. Falando nisso...

- Você tem alguma noção de nome para menino? – Josh perguntou quando já estávamos em casa.
- Andei tendo umas idéias, acho que você vai gostar...
- Então fala!
- Nope. Primeiro precisamos escolher os padrinhos.
- Isso vai ser complicado. Pelo menos temos dois bebês para poder colocar a quantidade de gente que nós vamos querer apadrinhando...

UM MÊS DEPOIS

Adiamos o nosso embarque para Londres em uma semana por causa da quantidade de coisa que tínhamos que resolver antes de viajar. A essa altura o mundo já sabia que eu estava grávida de gêmeos, porque eu e Josh não parávamos de ir a lojas de bebês e a cada uma em que entrávamos, tínhamos que contar para as vendedoras que eram dois, já que sempre comprávamos tudo dobrado.

Amy e Connor estavam na nossa casa porque eu e ela precisávamos decidir os últimos detalhes do meu vestido de madrinha. O casamento deles é em um mês e eu e Josh vamos voltar de Londres num fim de semana para isso. Depois que acertamos os preparativos do vestido, eles dois ficaram porque Mich e Chris logo chegaram para passar a nossa última semana nos Estados Unidos conosco... E para saber o sexo dos bebês, coisa que nós íamos descobrir hoje.

Não é preciso dizer que eu estava uma pilha. Passei o dia anterior comendo chocolate de tanto nervoso. E sabia que depois da gravidez todo esse exagero de comida ia me deixar com uns bons quilinhos a mais, mas não podia evitar.

- Mich, Chris... Nós queremos que vocês dois vão conosco. – Falei depois que tomamos café da manhã.
- A médica disse que nós temos direito a dois acompanhantes e já que vocês estão aqui... – Juro que vi Mich quase chorando.
- Claro que nós vamos! – Chris falou.
- Meu Deus, meus primeiros netos e vocês querem que eu vá junto?
- Sim sim, vó babona. – Falei. – Para falar a verdade, eu preciso de alguém para voltar chorando no banco de trás do carro comigo depois que eu descobrir o sexo dos bebês.
- Pode ter certeza que essa vou ser eu.
- E nós dois? – Connor perguntou.
- Vocês ficam em casa esperando a Julie e a Isa que vão chegar com os meninos e os bebês. Elas vão fazer o almoço, então não se preocupem. – Respondi.
- Apenas comportem-se. Nosso sofá é sagrado. – Josh disse.
- Eu não precisava disso... – Mich falou e todos nós rimos.

HORAS DEPOIS

Como esperado, eu e Mich chegamos em casa com os olhos vermelhos de tanto chorar. Amy, Connor, Isabella, Keegan, Julie e Ian já estavam nos esperando.

- Conta tudo agora, vai! – Isabella falou.
- Calma que a grávida ainda sou eu. – Falei depois que me sentei.
- Anda logo, Anne. Nós passamos horas de sofrimento aqui.
- Preparem-se para sofrer mais. Porque todos vocês vão ser padrinhos dos bebês.
- Todos nós? – Ian perguntou.
- Sim, todos vocês. – Falei.
- Mais um motivo para você contar logo os sexos dos nossos afilhados. – Julie disse.
- E os nomes deles. – Keegan adicionou.
- Connor, porque está tão quieto? – Josh perguntou.
- Porque eu vou ganhar um afilhado. – Ele disse, quase chorando. Mal sabia o que o esperava. Sorri para Josh antes de ele ir dar um abraço no irmão.
-- Vou acabar com a tortura de vocês... Keegan, Isabella e Amy, acho que vocês estavam certos. Tem uma menina aqui dentro.
- Mas, de certa forma, Connor, Julie e Ian também estavam, porque também tem um menino! – Josh disse.
- Ai meu Deus do céu, é um casal? – Amy disse.
- Sim sim sim. E a gente tem que contar para vocês da nossa divisão de padrinhos. Isso supondo que vocês todos já aceitaram.  – Falei. – Keegan, Isa e Amy, nós queremos que vocês sejam padrinhos da menina. Sophia. – Isabella e Amy começaram a chorar. Keegan abriu um sorriso do tamanho do mundo. Eles se entreolharam. Isabella respondeu pelos três.
- Claro que nós aceitamos!
- E isso faz de mim, Julie e Ian padrinhos do menino, certo? – Connor perguntou. Olhei para Josh.
- Sim. – Ele respondeu. – E nesse caso, temos uma surpresa para você. Claro, se você aceitar, Connor.
- Que surpresa? – Connor estava apreensivo. Ele realmente ficou em choque ao saber que ia ganhar um afilhado.
- Você conta ou eu conto? – Josh perguntou.
- O irmão é seu. – Respondi.
- Tudo bem... – Ele fez uma pausa dramática. Atores. – A Anne deu a ideia, eu gostei e nós queremos que o menino se chame Mason.
- E o que isso tem a ver comigo?
- CONNOR MASON HUTCHERSON, É O SEU NOME! – Mich gritou do outro lado da sala.
- Espera. Vocês querem que o filho de vocês se chame Mason... Por minha causa?
- Sim, gênio. – Falei. Ele começou a chorar de uma forma que eu nunca tinha visto. Abraçou Josh e eles ficaram assim por um bom tempo. Nesse momento, quase todos nós estávamos chorando, é claro.
- Anne... Obrigado. – Ele me abraçou e o coitado chorava tanto que não conseguiu falar mais nada.
- Ai! – Gritei. Connor saiu de perto de mim rápido, achando que tinha feito alguma coisa.
- O que foi Annie? – Josh perguntou. Nesse momento, eu senti de novo. E comecei a chorar, me juntando aos padrinhos e avós dos bebês.
- Fala logo, Anne! – Peguei as mãos de Josh e coloquei na minha barriga. Como se reconhecessem o toque do pai, Sophia e Mason chutaram ao mesmo tempo, um de cada lado da minha barriga.
- Isso foram... – Assenti, sem conseguir falar nada. Josh ficou tão sem palavras quanto eu e todos entenderam o que estava acontecendo. Eu tinha acabado de sentir eles dois chutarem realmente forte pela primeira vez. Não dava para descrever. Eu só queria que o tempo congelasse ali.

Depois do momento de lágrimas, abraços e mais lágrimas, nós fomos comer. Porque eu estava morrendo de fome, para variar.

O dia da viagem para Londres não demorou a chegar, mas antes de ir, combinei com Isabella e Julie para elas supervisionarem para mim a pintura dos quartos de Sophia e Mason. O dele seria todo em tons de azul com detalhes de marinheiros (e âncoras) e o dela, em rosa com os detalhes das princesas.

Depois que descobrimos os sexos deles, começarmos a comprar roupinhas certas. E eu tinha impressão de que a minha filha só ia sua lilás e rosa por um bom tempo... Nos controlamos um pouco antes da viagem porque sabíamos que íamos gastar mais em Londres (e mandar tudo pelo correio para Isabella e Julie).

Embarcamos dia 15 de abril. Eu tinha acabado de fazer cinco meses de gestação. A viagem foi tranquila. Quando chegamos ao aeroporto, um motorista da Dream Works estava nos esperando junto com alguns fãs. Eu estava cansada apesar de ter dormido a viagem inteira, mas aquelas pessoas estavam ali a horas só para falar com o Josh e comigo (mais com ele, ok) e eu simplesmente não podia ignorar a presença deles. O mais legal é que nós ganhamos presentes para os bebês dos fãs e eu fiquei com vontade de apertar cada um deles.

Quando acabamos, Josh quase teve que me carregar até o carro. Em cerca de meia hora, nós chegamos no que eu pensei que seria um hotel, mas não era.

- Uma casa? – Falei quando desci do carro.
- Você achou mesmo que eu ia fazer você passar dois meses num quarto de hotel enquanto está grávida? De jeito nenhum. Essa vai ser a nossa casa durante o período em que formos londrinos. – Ele riu. – Quer conhecer?
- Claro! – Respondi, mas antes de entrar, dei um beijo nele. – Você é um lindo.
- São seus olhos.

Quando entrei, dei graças a Deus por alguém já ter passado lá antes e ligado o aquecedor. Estava congelando do lado de fora. A casa era bem menor que a nossa, mas era aconchegante. E muito mais confortável que um quarto de hotel, definitivamente.

Os dias no set eram uma delícia de passar. Eu sempre ficava observando sentadinha enquanto Josh gravava, já que nós nos sentíamos muito mais seguros assim. Era melhor do que passar o dia inteiro em casa, sem ter, literalmente, ninguém para ligar caso passasse mal ou algo do tipo.

Nesse caso, minha gestação foi até bem tranquila (depois dos três primeiros meses). Agora tudo o que eu sentia era uma fome imensa e um cansaço gigantesco. Dormia tanto que às vezes achava que estava sendo uma péssima companhia para Josh. Mas ele passou o tempo todo ao meu lado, sem reclamar. Nem quando eu tinha desejos de madrugada.

Voltamos para os Estados Unidos para o casamento de Connor e Amy, mas não fomos para casa. Fomos direto para Nova Iorque para evitar viagens de avião desnecessárias. Apesar de eu estar morrendo de vontade de ver como tinham ficado os quartos dos bebês que já tinham sido pintados. As meninas me mandaram fotos pela internet, mas não era a mesma coisa.

A cerimônia deles foi a coisa mais linda do mundo. Foi de dia, numa mansão nos Hamptons. Amy estava deslumbrante e Sophia e Mason estavam tão animados pela felicidade dos tios que resolveram fazer minha barriga de saco de areia para treinar socos e chutes de boxe. Claro.

Com seis meses de gestação de gêmeos, eu não aguentava mais ficar muito tempo em pé, então nós dois passamos, praticamente a festa toda sentados.

- Como você está se sentindo, Anne? – Mich me perguntou.
- Cansada, mas bem. Ainda faltam três meses, não dá para desanimar agora, não é? 
- Os quartos deles estão lindos. A empresa que vocês contrataram fez tudo direitinho, do jeito que vocês falaram pra ser. – Isabella disse.
- Eu estou tão ansiosa para ver isso!
- Imagino. Quanto tempo mais vocês vão ficar lá gravando, Josh?
- Mais umas três semanas. Logo, logo, nós voltamos de vez.
- Não vejo a hora! – Eu ri. – A verdade é que eu amava Londres, mas sentia falta da minha casa, que agora era Los Angeles.

No dia seguinte, Josh recebeu um telefonema da Dream Works e depois que desligou, veio falar comigo com um sorriso de orelha a orelha no rosto.

- Preparada para voltar para Los Angeles?
- O que? Mas e as gravações?
- Eu conversei com a equipe e o Woody... Eles acharam que era uma boa terminarmos de gravar em LA, porque já filmamos todas as externas. E já que tem uma grávida que virou o xodó do set inteiro morrendo de saudades de casa...
- Não acredito que você fez isso! – Falei, sorrindo. – Vamos voltar para casa?

- Sim, Annie. Vamos voltar para casa. – Ele me deu um beijo e as crianças começaram a chutar na minha barriga. 

Well, well, o capítulo saiu porque eu finalmente estou de férias! 
Novidade pra vocês: Esse é o penúltimo cap da fic. 
Acaba no capítulo 12 :(
Mas ainda tem coisa pra acontecer...

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