17 - California, here we come



- Alô. – Josh atendeu desconfiado. Olhei para Isabella.
- É o Eric? – Perguntei com medo.
- Não sei. – Ela respondeu.
- Sim, sou eu. – Josh disse ainda apreensivo ao telefone. – Ah, vocês leram? – Ele relaxou. Não era o Eric. – Reuniões para acertar os detalhes do contrato? – Ele sorriu – Hum, eu posso retornar a ligação amanhã? É que eu não estou nos Estados Unidos e preciso da autorização da autora dessa história antes de marcar alguma coisa. – Autora de que? Hã? Olhei para ele com a sobrancelha levantada. – Volto para Los Angeles em dois dias. – Ele fingiu não ter visto a minha cara de interrogação. – Obrigado. – Desligou o celular.
- O que foi isso, Josh? – Perguntei.
- Não me bate. – Não entendi o motivo desse pedido de clemência, mas fiquei com mais vontade ainda de saber o motivo daquela ligação.
- O que foi essa ligação, Joshua? – Perguntei séria. Vi Isabella saindo de fininho pela visão periférica.
- Eu posso ter mandado o seu roteiro para análise da produtora antes de nós virmos para o Brasil...
- VOCÊ MANDOU O MEU ROTEIRO PARA A PRODUTORA SEM FALAR COMIGO? – Eu não acredito que ele fez isso.
- Mandei, por que você nunca deixaria. – Ele respondeu. – Eu só queria saber a reação deles e te provar que o seu roteiro é bom. Parece que eu consegui... – As últimas palavras dele me chamaram a atenção. Mudei o tom de voz.
- Hã?
- Eles gostaram do roteiro. E querem comprar os direitos para gravar. – Ele falou com um sorriso no rosto. – Se você quiser, o seu roteiro vai virar filme, Annie. – Eu ainda estava meio perplexa com a notícia.
- É sério?
- Pareceu bem sério ao telefone... – Uma lágrima de algum sentimento que eu não tinha identificado escorreu de um dos meus olhos. Josh a enxugou e me abraçou. Nós ainda estávamos na cama elástica. – Você vai aceitar? – Ele perguntou no meu ouvido.
- Eu só aceito com uma condição. – Falei quando consegui fazer algum som distinto.
- Qual? – Me afastei para olhá-lo.
- O papel que eu escrevi para você vai ser interpretado por você. Eu já tinha dito isso quando você leu o roteiro, minha opinião não mudou.
- A gente pode falar disso na reunião que eles querem marcar. Eu já disse que você é a roteirista, pode decidir essas coisas. – Ele me olhou de um jeito diferente.
- O que foi? Por que você está me olhando assim? – Perguntei enquanto brincava com os dedos no contorno do queixo dele.
- Orgulho. – Sorri – E um bom pressentimento. Esse filme vai ser incrível.
- Obrigada. Por acreditar em mim. Mesmo quando nem eu acreditava.
- Eu nunca tive dúvidas de que iam gostar do seu roteiro. Como eu disse, só fiz isso pra te provar que você é boa nisso. – Ele tirou uma mecha de cabelo que estava na minha testa e me deu um beijo. Nós ainda ficamos alguns minutos ali. Eu estava absorvendo a ideia de que a história que eu escrevi ia mesmo virar filme. E por causa de Josh... – Eu acho que nós temos que contar as novidades a eles. – Ele fez um movimento com a cabeça na direção do lugar onde Julie, Ian, Keegan e Isabella estavam sentados.
- Se eu bem conheço Isabella e Julie, elas devem estar se controlando para não vir aqui e perguntar sobre o que era o telefonema... – Disse.
- Então vamos logo. – Ele falou antes de me dar outro beijo. Ele desceu da cama elástica e me ajudou em seguida. Fomos andando na direção deles, mas antes de chegar suficientemente perto para que eles ouvissem o que nós dois falávamos, eu me lembrei de uma coisa e parei. – O que foi? – Ele perguntou.
- Eu amo você. – Eu disse com a maior voz de boba apaixonada e deslumbrada que eu era no momento. Eu não queria resposta e ele entendeu isso. Apenas sorriu e me deu um beijo suave. Seria possível que o que eu sentia só aumentasse desesperadamente a cada atitude dele?

Nós chegamos perto do pessoal e nos sentamos onde estávamos antes, como se nada tivesse acontecido. Era bem engraçado ver Isabella e Julie tentando disfarçar a cara de ansiedade para saber do que se tratava o tal telefonema. Eu mal conseguia disfarçar o meu sorriso, então resolvi falar de vez.

- Acho que Josh conseguiu novos trabalhos para todos nós. – Falei.
- Como assim, novos trabalhos? – Julie perguntou.
- Num filme que logo, logo vai começar a ser filmado. – Ele entrou na brincadeira.
- Que bom! – Ian disse. – E de quem é o roteiro? – Ele não tinha entendido...
- Eu não lembro muito bem, mas ao telefone me pareceu que o nome da roteirista era Anne Borges... – Josh respondeu.
- É o seu roteiro, Ann? – Julie gritou. Eu só consegui assentir. Ela e Isabella vieram me abraçar e pela primeira vez, eu chorei. Elas duas tinham esse efeito sobre mim, fazer o que?
- Minha bebê é roteirista de cinema! – Isabella disse, também chorando.
- Eu sou mais velha que você, Isabella.
- Mas é menor. Então é bebê. – Nós rimos.
- Você conseguiu. – Julie disse baixinho e eu chorei mais ainda, porque entendi o que ela quis dizer. Escrever roteiros era um dos meus sonhos pessoais mais antigos. E era mais um que Josh tinha realizado.
- Eu nunca teria conseguido sem vocês. Todos vocês. – Incluí os meninos, afinal, Josh fez o que fez e a história tinha ficado boa por causa dos personagens que foram escritos para Ian e Keegan também.
- Você merece, Ann. – Keegan disse enquanto me abraçava e era realmente estranho vê-lo falando sério.
- E agora eu vou ter uma madrinha de casamento ilustre. – Ian brincou antes de me dar um daqueles abraços de urso.
- Duas madrinhas e uma noiva. – Respondi depois que ele se afastou a Josh me abraçou pela cintura.
- Como assim? – Julie perguntou.
- Vocês vão estar na equipe do filme. Acharam que seria diferente? – Elas duas choraram mais um pouquinho do que já estavam e me abraçaram de novo.

Depois que o momento de euforia passou, o cansaço bateu de novo. Nos despedimos da família de Julie e voltamos para o hotel. Eu e Josh tomamos banho e caímos na cama imediatamente. Demoramos a dormir, confesso que eu não conseguia parar de pensar no filme que estava prestes a ser rodado com o roteiro que eu escrevi e não parava de falar também, o que impossibilitou que ele dormisse. Passamos o dia seguinte inteiro no quarto. Tínhamos muito a comemorar. Só saímos à noite para o último jantar no Brasil com Julie, Ian, Isabella e Keegan. No meio da noite, eu e as meninas fomos ao banheiro do restaurante e Julie me lembrou de uma coisa que eu quase tinha esquecido. Quase.

- Ann, você quer que eu te devolva a caixa agora ou prefere que te dê só em LA? – Respirei fundo e me encarei no espelho. – Ann?
- Estou pensando. A gente pode por fogo nessa caixa antes de eu abrir? – Perguntei parecendo uma adolescente de 14 anos.
- Você vai se perguntar pelo resto da vida o que tinha lá se fizer isso. – Isabella disse, e estava certa. Eu sou muito curiosa para isso.
- Eu não sei o que vai ser pior. Abrir ou não. Não tenho ideia do que tem dentro daquela caixa, e levando em consideração as consequências da última vez que o Eric interferiu na minha vida, eu tenho todo direito de ter medo. – Pensei nas últimas horas. Não consegui conter um sorriso. – Eu e Josh estamos tão bem... Estou com medo de estragar isso tudo.
- Eu acho que você deve abrir, ver o que tem primeiro e depois contar para ele. Mas tem que contar, da mesma forma que tem que contar sobre o seu noivado com o Eric. Eu já disse, se ele descobrir de outra forma, vai ser muito pior. – Julie disse e ela também estava certa.
- Quando nós chegarmos em casa, você me dá. Assim ele não vai ver antes da hora. – Respondi e nós saímos do banheiro.

Quando voltamos para o hotel, eu e Josh terminamos de arrumar as nossas coisas. Como sempre, as malas ficavam para o último instante.

- Baby... Eu não acredito que vou pedir isso, mas tem espaço sobrando na sua mala? – Josh perguntou enquanto eu estava ajoelhada no chão, guardando as minhas roupas numa das minhas malas. Levantei a cabeça rindo.
- Ah, agora as minhas malas gigantes têm utilidade, certo? – Não resisti e falei.
- Os presentes que eu comprei não estão cabendo na minha mala de tamanho normal. – Ele adicionou a última parte para implicar comigo enquanto eu ficava de pé.
- É claro, você comprou dez presentes para cada pessoa em cada lugar que nós paramos! – Eu falei.
- E você trouxe a mesma quantidade de LA só para o seu irmão. – Nós estávamos parecendo duas crianças implicando um com o outro.
- Mas eu não via o meu irmão há anos. Você está a três semanas longe de casa. – Ele ficou sem argumento.
- Ok, você venceu, eu preciso do espaço das suas malas gigantes. Pode comemorar.
- Yey! – Eu dei um saltinho e nós dois acabamos rindo. – Me dá as coisas que estão sem lugar. – Eu guardei os embrulhos que ele me deu na minha última mala e ela fechou perfeitamente.
- Obrigado.
- Você nunca mais vai falar das minhas malas.
- Não.
- De nada.

Chegamos ao aeroporto quase na hora do vôo para LA e como ninguém sabia o dia que nós íamos voltar, ele estava bem vazio. Eu estava com um apertinho no peito de sair do Brasil outra vez, mas era necessário. Minha vida agora era lá. E eu já devia estar acostumada.

Eu e Josh dormimos em metade do vôo e depois ficamos conversando na outra metade. O assunto quase acabou e o vôo não. Quando eu estava quase dormindo outra vez, o pouso foi anunciado e nós tivemos que nos ajeitar e colocar os cintos.

A recepção do LAX era quase frustrante se comparada às brasileiras. Demorei a lembrar que ali, os meninos eram normais e que os fãs americanos eram um zilhão de vezes mais controlados que os brasileiros. O único problema ali eram os paparazzi. Eu já tinha aprendido a ignorá-los, mas, com certeza, as nossas fotos no LAX estariam na internet antes mesmo de dós chegarmos em casa.

Pela primeira vez em três semanas, eu e Josh pegamos táxis separados para irmos para casa. Foi estranho me separar dele, confesso. Mas a vida não podia ser um conto de fadas brasileiro, certo? Não consegui evitar a sensação de volta para casa quando eu e as meninas entramos no nosso apartamento. Fui para o meu quarto e me joguei na minha cama. Por mais que os hotéis em que nós ficamos lá fossem super confortáveis, nada era melhor que a minha cama.

- Anne? – Ouvi Julie falar da porta enquanto estava redescobrindo as minhas almofadas.
- Oi. – Falei enquanto sentava na cama. Quando olhei para ela, vi o que ela tinha nas mãos. – Ah. – Ela caminhou até mim e me estendeu a caixa que a mãe de Eric tinha me dado na casa da minha tia.
- Se quiser companhia para abrir, eu e a Isa estamos nos quartos ao lado.
- Obrigada.

Ela saiu do quarto e eu fiquei encarando aquela caixa por longos momentos, como se um monstro pronto para me devorar fosse sair de dentro dela assim que eu a abrisse. Depois de quase uma hora de conversa silenciosa com a caixa, decidi que não iria abrí-la naquele momento. Tomei um banho demorado, fui comer alguma coisa e depois assisti TV com as meninas na sala. Eram quase nove na noite quando eu decidi que não podia mais esperar, disse às meninas que ia me deitar e voltei para o meu quarto.

Fechei a porta atrás de mim depois que entrei e me sentei na cama de costas para a porta e de frente para a caixa.

- É agora. – Falei para mim mesma antes de abrir a caixa aveludada que me assombrava há semanas.

O objeto que estava por cima era uma folha de papel. A peguei e a abri. Era a letra de uma música que eu não demorei nem dois segundos para reconhecer. Love Is Easy, da McFly. Era a minha música com o Eric. Coloquei a folha em cima da cama e voltei a minha atenção para a caixa novamente. Objeto por objeto, eu fui reconhecendo as coisas que contavam a minha história com o Eric. O ingresso da peça de teatro que nós vimos num dos nossos primeiros encontros quando ele me beijou pela primeira vez. Nossa primeira foto juntos, quando éramos só amigos e muitas outras fotos aleatórias. A medalha da competição de judô que ele ganhou no dia em que me pediu em namoro. O ingresso da festa que nós fomos quando nos encontramos e começamos a conversar. Fui tirando coisa por coisa, até chegar ao final. Peguei as nossas fotos de noivado e revi uma por uma. Parecia que aquilo tinha sido em outra vida. Por último, uma caixinha gritava o meu nome de dentro da caixa maior. Eu sabia o que tinha ali desde o momento em que a peguei, mas mesmo assim a abri. E lá estavam. As nossas alianças de noivado. Douradas e reluzentes. Com o nome dele gravado na minha e o meu nome gravado na dele.

Eu ainda não sabia exatamente como tudo aquilo tinha me afetado, estava tentando entender a razão de ele ter guardado aquilo tudo e a razão dele ter me mandado aquilo tudo. Comecei a colocar tudo de volta dentro da caixa, mas depois que guardei as fotos e as alianças, algo evidenciou que eu não estava sozinha no quarto. Um som. Uma voz, para ser mais exata. Josh.

- Por que guardar tudo tão cedo, Anne? – Ele disse e eu reconheci a raiva no tom de voz dele.
- Josh, eu... Eu posso explicar. Eu vou explicar. – Falei enquanto me virava e encontrava o olhar dele com uma expressão que nunca tinha usado para mim antes. Desapontamento.
- Há quanto tempo você esconde isso de mim, Anne? – Ele perguntou sem se aproximar.
- Eu não escondi. – Respondi rápido. Mas a verdade é que eu tinha escondido sim...
- Então como eu só estou vendo que você tem uma caixa cheia de coisas do Eric agora?
- Eu ia te contar. Me deixa explicar, por favor? – Eu estava me controlando para não ter um surto nervoso.
- Estou ouvindo. – Ele disse sem se mover.
- A mãe do Eric me entregou isso enquanto nós estávamos na casa da minha tia.
- Então você escondeu a caixa de mim durante toda a viagem. Primeira mentira, Anne. Vamos ver se tem mais. Continua falando. – As palavras dele pareciam emanar uma chuva de facas, canivetes e tesouras na minha direção. Cortavam cada pedacinho do meu corpo.
- Eu só abri agora porque queria saber o que tinha dentro dela antes de te contar. E te mostrar.
- Ou você queria ver o que tinha para esconder o que quisesse e me mostrar só a metade?
- Não é bem assim, Josh...
- Não é bem assim? – Ele se alterou. – Eu voltei aqui para buscar as coisas que esqueci na sua mala, e entrei devagar porque as meninas disseram que você estava dormindo. Aí eu te encontro tão distraída mexendo nas coisas que o seu ex te mandou que nem percebeu quando eu entrei. E não é bem assim? Conta outra, Anne!
- Eu estou te falando a verdade, você acredita se quiser. – Respondi usando o mesmo tom de voz que ele.
- Se é verdade, porque você não me deixa ver tudo o que tem aí? – Ele perguntou.
- Fique à vontade. – Peguei a caixa e deixei que ele se aproximasse para ver as coisas que estavam em cima da cama.
- O que é isso tudo? – Ele queria que eu explicasse.
- Coisas da época que eu namorava com o Eric. – Respondi no tom de voz mais calmo que consegui. – Fotos, ingressos, músicas, bilhetes, tudo. Eu não sei o porquê dele ter me mandado tudo isso agora, mas ele mandou.
- E dentro da caixa, tem o que? – Hesitei quando ele perguntou da caixa. – Anne, deixa eu ver o que tem aí.
- Eu preciso te contar uma coisa. – Era agora ou nunca.
- Você teve tempo suficiente pra me contar o que quer que fosse desde que recebeu essa caixa. Eu quero ver o que tem aí. – Ele levantou da cama e veio na minha direção. Dei passos para trás. – Anne, o que você está escondendo aí? – Ele aumentou o tom de voz. Eu estava me segurando para não chorar.
- Deixa eu explicar antes.
- Eu não quero ouvir merda de explicação nenhuma! Eu quero ver o que tem aí!

Ele veio na minha direção e eu tentei fugir, mas ele foi mais rápido e pegou a caixa. Quando eu tentei puxar de volta, ela caiu e as fotos do meu noivado com o Eric se espalharam pelo chão. A caixinha com as alianças caiu perto do pé de Josh. Eu comecei a chorar quando ele se abaixou para ver o que tinha caído e fui para o outro lado do quarto.

- Quando você ia me contar isso? Quer dizer, você ia me contar isso em algum dia? – Ele perguntou de costas para mim.
- Eu estava esperando nós voltarmos para casa para te contar.
- Você ficou noiva dele, Anne. – Ele virou para mim com a caixinha de alianças aberta na mão. – Você ficou noiva daquele babaca e não me contou! – Ele gritou.
- Eu ia te contar! Eu ia, mas eu não consegui!
- Você tinha que ter me contado isso na primeira vez que eu te perguntei dos seus ex-namorados.
- Nós estávamos namorando escondido quando você me fez essa pergunta. Desculpa por não querer estragar o nosso final de semana te dizendo que eu já tinha sido noiva de outro cara. – Eu odiava que me dissessem o que eu tinha ou não que fazer, por mais errada que eu estivesse.
- E depois que a gente assumiu o namoro? Por que você não disse? – Ele gritava cada vez mais alto e eu também não me preocupei em falar mais baixo.
- Porque você quase soca as paredes quando eu faço alguma menção ao Eric depois da época que eu me reaproximei dele em Nova York. Eu não sabia qual ia ser a sua reação quando eu contasse que ele é meu ex-noivo.
- Você não devia ter se reaproximado dele. Já percebeu que tem sempre um ex seu se metendo na nossa vida? No Brasil foi o tal do Renan. Aqui em LA, o Ben. Em Nova York, o seu ex-noivo. Você Tem mais algum ex escondido que eu não saiba, Anne? – Ele perguntou com sarcasmo ácido na voz.
- Você sabe muito bem que não. E eu não sei se você lembra, Joshua, mas eu me reaproximei dele porque a sua ex-namorada se meteu na nossa vida. Foi ela quem fez nós dois ficarmos separados por sete meses! Não vem dizer que a culpa da nossa vida ser conturbada é só minha e do meu passado, porque não é! – Eu gritei a plenos pulmões enquanto cruzava o quarto novamente e parava na frente dele. Ele foi em silêncio para perto da porta, onde eu estava antes.
- Por favor, me diz que você não está defendendo esse cara.
- Por favor, me diz que você não está defendendo a Vanessa.
- Não foi ela quem ficou noiva e não me contou. – Foi a gota d’água.
- Então vai ficar com ela! – Eu gritei.
- Presta atenção no que você está dizendo. Você sabe que se eu ligar para ela agora, eu fico mesmo.
- Então liga, Josh! – Eu gritava cada vez mais alto. – Vai ficar com a sua ex-namorada perfeita que nunca ficou noiva de ninguém, vai! Só sai da minha frente. Sai da minha frente agora! – Foi uma atitude completamente impensada, mas eu joguei o meu celular na direção dele quando vi que ele não tinha se mexido. Ele bateu na parede e caiu no chão, dividido em alguns pedaços por causa da força que eu usei. – SAI DAQUI!  
- Você é louca.
- Você não viu porra de loucura nenhuma! – Eu fui na direção dele, abri a porta do quarto e o empurrei para fora. – Sai da minha frente! Eu não quero te ver nunca mais. Sai! – Eu fui empurrando ele pelo apartamento e as meninas não se atreveram a se meter. Estava quase na porta da sala quando ele se irritou com a minha atitude e fez o que podia ter feito desde o momento em que eu o coloquei para fora do meu quarto.
- Para de me empurrar, eu tenho pernas, porra! – Ele disse enquanto me segurava com força pelos braços e me jogava no sofá.
- Eu te odeio. – Eu disse começando a sentir as lágrimas se prepararem para cair.
- Isso não é muito diferente do que o que eu sinto por você agora.
- Vai embora, Josh.
- Eu vou. E não pretendo voltar nunca mais. 

 Essa briga é resultado total e completo do fato de eu ter lido Belo Desastre a pouco tempo.
O nome do capítulo de hoje é pra honrar minha série favorita, The OC

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