24 - I'm crazy bout you, you're my silver lining


- Você precisa mesmo que eu diga? Não vai me convidar para entrar? – Ele falou já dando um passo na minha direção dentro do apartamento. Bloqueei sua passagem com o meu corpo e a porta.
- Não. Eu não vou te convidar para entrar, estou sozinha e achei que fosse outra pessoa na porta.
- O fato de você estar sozinha em casa era motivo para você não me deixar esperar nem um segundo a um tempo atrás... – Ignorei.
- Como você sabia que eu estava aqui?
- É meio difícil não ver um outdoor daquele tamanho no meio da Times Square. Eu só tive que comprar a revista e ler a matéria para descobrir que você tinha planos de vir para Nova York. – Ele fez uma pausa. – Depois foi só pesquisar as fotos recentes do seu namorado da internet que eu achei o casal feliz passeando no Central Park, Annie. – Ele tinha mesmo lido a revista.
- Não me chama de Annie.
- Por quê? O Josh te chama assim quando vocês estão na cama ou já estendeu o apelido para ocasiões públicas? – Eu vi um raio de arrependimento passar pelos olhos dele, mas foi bem rápido. – Se bem que depois daquelas fotos, eu acho que você perdeu um pouco a noção entre público e privado. Como você foi capaz de se prestar a um papel daqueles, Anne?
- O jeito como ele me chama ou deixa de chamar não é da sua conta. E “como eu fui capaz de me prestar a um papel daqueles”? Aquelas fotos não foram nada demais.
- Nada demais? Vocês dois só faltaram transar de verdade! – Ele aumentou o tom de voz.
- E daí? O que você tem a ver com isso? Aquilo não é metade perto do que a gente faz quando não tem câmeras por perto. – Provoquei de propósito. – Você não tem o direito de aparecer na minha porta e me falar essas coisas. E por que esperou Josh sair para subir? Não sabia que você era do tipo que tinha medo.
- Você deveria ter medo do que eu tenho para falar agora. – Ele disse com a voz dura. – Se eu fosse você, me deixaria entrar, Annie.
- Já disse para não me chamar assim. – Eu disse, mas mesmo assim dei espaço para ele entrar e fechei a porta depois que ele passou.
- Ah, esqueci que é seu apelidinho sexual. Desculpa. – Eu juro que se não tivesse plena consciência que ele conseguiria me parar usando só uma mão, eu tinha voado no pescoço dele.
- Como você conseguiu subir? – Perguntei com o tom de voz mais duro que consegui usar enquanto ele se sentava no sofá. Continuei em pé e bem distante. Cruzei os braços quando lembrei que estava só de calcinha e sutiã por baixo do roupão.
- Meu nome ainda está na lista das pessoas que tem acesso livre ao apartamento. Não sei se você lembra, mas nós nos aproximamos bastante quando você morou em Nova York. Claro, quando você ainda lembrava de mim. Quando o seu namoradinho estava dormindo com outra. – Eu senti uma pontinha de culpa quando ele disse que eu tinha me esquecido dele. Realmente me afastei sem dar maiores explicações. Mas ele ainda era o errado naquela história. Não era?
- Você sabe que não foi bem assim...
- Ok, ele tomou a atitude nobre de ficar com ela pra salvar o seu emprego. Não fez mais que a obrigação dele, uma vez que foi ele mesmo quem ameaçou o seu emprego primeiro. – Eu não queria ter aquela discussão. Aquele assunto já tinha passado.
- Bem, já que você não vai responder o que veio fazer aqui, eu começo com as perguntas. Por que você me mandou todas aquelas coisas pela sua mãe? Como você teve coragem de se garantir na confiança que eu tenho nela para me dar aquilo tudo?
- Gostou da surpresa? Fiz uma limpeza numas coisas antigas na última vez que fui em casa e guardei aquilo tudo para você. Seu namoradinho viu as nossas fotos de casal fofo? Nós fomos felizes, Anne...
- Ele viu tudo. Inclusive a aliança que eu lembro de ter jogado na sua cara quando a gente terminou.
- Pois é, eu tive um certo trabalho para achar a sua aliança depois daquilo... Você sempre teve mania de jogar coisas nos outros enquanto brigava, eu devia ter previsto que a sua aliança ia voar naquele dia.
- Se a sua intenção era fazer o Josh descobrir do nosso noivado da pior forma possível, parabéns, ele descobriu. Nós brigamos sério. Mas fizemos as pazes. E sabe por quê? Porque a gente não consegue ficar longe um do outro. E se você veio com a intenção de fazer nós dois brigarmos outra vez, eu acho que devia ir embora.
- E como ele reagiu quando descobriu que nós passamos uma noite juntos quando você estava solteira em Nova York?
- O quê?
- Eu disse para ele que nós passamos uma noite juntos pelo telefone quando vocês estavam no Brasil. Ele não te contou? – Ele perguntou com tom de ironia. Então foi por isso que nós dois brigamos daquele jeito... Mas eu realmente esqueceria de ter dormido com ele?
- E como eu não me lembro disso? Por que você não me disse antes? Para de mentir, Eric!
- Eu queria que você se lembrasse! – Ele ficou de pé e aumentou o tom de voz. – Porra, Anne, como eu queria! No dia seguinte, eu estava a caminho do seu hotel com um arranjo de orquídeas quando você me ligou perguntando o que tinha acontecido na noite anterior porque você não se lembrava. Eu achei que nós tínhamos voltado aos bons tempos. Eu só estava prestando o papel de babaca apaixonado por você como sempre fui e você estava tão bêbada que não se lembrava de nada!
- Por que você não me disse antes? – Repeti a pergunta.
- Porque eu nunca me senti menos homem do que quando você me perguntou se tinha corrido tudo bem na noite anterior porque você estava com ressaca por causa da quantidade de coisa que tinha bebido “para esquecer os problemas”. Seus problemas tinham nome, Anne. E eu sabia quais eram. Você bebeu para esquecer dele e dormiu comigo! – Ele gritou e eu estava prestes a responder quando ouvi a porta bater atrás de mim. Merda.

POV JOSH

- Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui ou eu vou ter que ouvir mais um pouco e entender sozinho? – Falei assim que entrei. Anne ainda estava de costas para mim, provavelmente praguejando por eu ter ouvido Eric dizer que eles tinham dormido juntos.
- Pronto, chegou quem faltava. Acho que agora a gente pode colocar tudo em pratos limpos. – Eric disse.
- Cala a boca, Eric! – Anne gritou antes que eu pudesse fazer o mesmo. Deixei as coisas que trouxe da rua no aparador perto da porta e fui para perto deles enquanto ela se virava e vinha na minha direção. – Josh, fica calmo. – Ela falou quando parou na minha frente. – Eu estou tão surpresa quanto você...
- Eu estou calmo. Ainda. Por que você ainda está de roupão? – Puxei um lado do meu roupão que ela estava usando.
- Ele chegou e eu não tive tempo de me trocar.
- E por favor, não é como se eu não tivesse visto tudo o que esse roupão esconde milhares de vezes. – Eric disse e eu estava preparado para dar um soco nele. Cheguei bem perto, mas parei porque Anne ficou no meio de nós dois. Eu fiquei com tanta raiva que não percebi que ela tinha tentado me impedir de voar na cara dele.
- Anne, vai se vestir. – Falei olhando para ela.
- Não vou deixar vocês dois sozinhos. – Ela realmente achou que se nós dois realmente quiséssemos brigar ela seria capaz de separar? Eu e Eric éramos quase o triplo do tamanho dela. 
- Não vai acontecer nada. – Mudei o tom de voz, de repente assim ela me entenderia. – Eu juro. Eu e o Eric temos que conversar. – Ela assentiu relutante e subiu as escadas correndo. Mas não sem antes me lançar aquele olhar preocupado que sempre me deixava com o coração na mão. Mas não daquela vez.
- Eu não tenho nada para falar com você. Meu assunto é com ela. – Eric disse.
- Não tem problema, eu tenho o que falar e você vai ter que me ouvir. – Ele continuou imóvel.
- Fala.
- Foi isso que você me contou ao telefone quando nós estávamos no Brasil?
- O que? Que eu e a Anne dormimos juntos? Foi. Foi isso que eu te contei. Você não se lembra?
- Eu e ela não lembramos nada daquela noite.
- Ah, deixa eu adivinhar: Estavam bêbados? – Assenti. – Ela não bebia assim quando namorava comigo.
- Você está querendo insinuar que eu não sou um bom namorado só porque agora ela bebe feito uma adulta? – Eu ainda estava com uma vontade gigante de dar na cara dele.
- Ela começou a beber assim quando você terminou com ela aqui em Nova York.
- E você logo se aproveitou para levá-la para a cama de novo, né?
- Ela não fez nada obrigada, meu amigo. Ela queria estar onde estava. E eu também queria fazer o que estava fazendo. Estávamos bêbados, mas pelo menos eu lembro.
- É claro que você lembra. Você deve ter sonhado com isso todos os dias desde que vocês terminaram.
- Vai dizer que você não pensou nela todos os dias enquanto vocês estavam separados? – Ele respondeu com outra pergunta.
- A cada segundo.
- Então você me entende. A Anne foi mais que um casinho para mim e eu sei que não fui que nem o babaca do namorado do ensino médio para ela. – Sorri com a lembrança do que tinha feito no rosto do tal do Renan na festa no Brasil. – Eu fui o primeiro cara dela, e se você conhece a Anne pelo menos a metade do que aparentou naquela entrevista ridícula, sabe que isso não é pouco para ela. – Para quem não tinha a falar comigo, ele estava até bem empolgado.
- Terminar com a Anne foi a maior babaquice que eu fiz na minha vida. Nós estávamos noivos, prestes a dividir uma vida... E eu me deixei levar por uma proposta de emprego. Eu nunca ia receber outra proposta daquelas, mas eu também nunca vou conhecer outra Anne.
- Você devia ter pensado nisso antes de aceitar a proposta sem falar com ela antes.
- Ela te contou como nós terminamos?
- Contou. E também me contou que só te superou quando me conheceu. – Não sabia se era realmente necessário falar aquilo para ele, mas naquele momento, ele era meu rival. E eu me senti bem em contar vantagem.
- Bom para ela, porque eu ainda não superei. – Ele fez uma pausa – Você vai me entender. Anne é o tipo de pessoa que você gosta mesmo quando é indiferente. Quando você se apaixona por ela, é difícil de esquecer.
- Definitivamente. – Tive que concordar com ele.
- Eu não contei para ela da nossa noite antes porque eu tinha esperanças de que ela voltasse a sentir o que sentia por mim sem que eu precisasse apelar a isso. E eu cheguei bem perto, sabia? Mas ela não te esquecia por nada. Mesmo assim, eu consegui fazer com que ela considerasse o assunto e eu tinha passagem comprada para Los Angeles para um dia depois da premiere do seu filme, foi o prazo que ela me pediu.
- E nós assumimos o namoro em público naquele dia...
- E eu provavelmente me senti pior do que quando ela esqueceu que dormiu comigo. Ela me deu esperanças, mesmo sem querer. Eu me senti com 19 anos de novo, quando me apaixonei por ela pela primeira vez, na faculdade. E isso nunca acabou.

Eu entendia o lado dele, mesmo que ainda quisesse socá-lo. Anne não foi uma mulher de muitos namorados, mas soube conquistar bem os que teve. Tão bem que todos eles me causaram algum tipo de problema, mesmo anos depois do término. Ela tinha alguma coisa que te prendia a ela. Pelo que eu percebi com os ex-namorados dela que cruzaram meu caminho, não importava a quantidade de mulheres que você tivesse depois dela, ela sempre ia ser diferente. Ela tinha um tipo de magia e eu era mais um que foi inevitavelmente enfeitiçado. Só que eu queria ser o último. E eu ia ser.

- Eu ainda não entendi o que você veio fazer aqui. – Falei.
- Nem eu sei o que eu vim fazer aqui. Eu não quero brigar e nem quero que vocês briguem por causa do que aconteceu entre nós dois, por mais que pareça o contrário. – Ele parecia sincero e o ator ali era eu. – Aconteceu uma coisa naquela noite que eu nunca tive coragem de admitir até agora. Ela me chamou de Josh. Ela estava comigo, mas o tempo todo, ela queria estar com você. – Fiquei sem ação. Vi Eric brigar com os olhos lacrimejando. – Acho que eu tinha esperanças de que quando ela me visse de novo, lembrasse que me ama e dissesse que nós dois íamos ficar juntos para sempre. – Ele disse olhando para alguma coisa atrás de mim. – Vocês não podem me culpar por ter esperanças de ter a mulher que eu amo de volta.

Só percebi que ele estava falando para alguém além de mim quando vi Anne passar por mime dar um abraço nele chorando. Eles nunca tiveram a chance de terminar o relacionamento definitivamente. Eric sempre foi um parêntese aberto na vida dela, do mesmo jeito que ela é na vida dele. Anne precisava daquilo para conseguir seguir em frente, plena. E comigo. Por isso resolvi não atrapalhar os dois.

- Eu nunca quis te dar esperanças de novo. – Ela disse. – Você foi uma das pessoas mais importantes da minha vida. Ninguém nunca vai tirar o seu lugar de meu primeiro cara. Mas eu me magoei muito quando nós terminamos. Eu senti muito a sua falta. Por um tempo, eu achava que você ia bater na minha porta em LA me pedindo desculpas e eu ia aceitar. Nós íamos dar um jeito de ficar juntos, por mais que morássemos em países diferentes. Mas você não fez isso. E a cada dia, as minhas esperanças de te ter de volta foram diminuindo. – Eric estava chorando. Essa era mais uma das habilidades da Anne. Ela fazia um homem de quase dois metros chorar como se fosse um bebê só falando.
- Eu deixei o Ben se aproximar para tentar te esquecer de vez, mas não deu certo. Eu continuei sentindo a sua falta... Até conhecer o Josh. Eu não quero te perder, mas eu não consigo mais imaginar a minha vida sem ele. Você ainda é o meu melhor amigo, como foi nos primeiros anos da faculdade e como foi quando eu estava separada dele. E por mais que não seja a mesma coisa, só eu sei como sinto falta do contato que nós tínhamos.
- Eu nunca tive oportunidade de te pedir desculpas pelo que eu fiz.
- Já passou, Eric...
- Eu sei, mas mesmo assim, eu quero que você me perdoe. Mesmo que eu mesmo nunca faça isso.
- Eu te perdoo. Você precisa encontrar alguém que nem eu fiz. Você merece ser feliz como você mesmo disse que nós fomos. – Continuei ouvindo tudo calado até aquele momento.
- Vocês dois não precisam perder o contato. – Falei e não acreditei que estava falando para a minha namorada manter contato com o ex por livre e espontânea vontade. Ela olhou para mim sem entender muita coisa. – Vocês funcionam bem como amigos. Nós somos adultos, podemos lidar com essa situação.
- Você realmente vai ficar bem com isso? – Ela perguntou se aproximando de mim.
- Se você for se sentir melhor, eu supero. – Falei e ela sorriu para mim antes de se virar para Eric.
- Eu ainda não consigo. – Ele falou. - E acho que isso não vai dar certo até eu ter superado você completamente. Mas pode funcionar daqui a um tempo.
- Você tem o meu número de telefone. – Ela falou. – E ele não vai mudar. – Ele sorriu e olhou para nós dois juntos.
- Por mais difícil que seja para mim, eu tenho que admitir que vocês ficam bem juntos. – Ela falou esboçando um sorriso. No fim das contas, Eric era um cara legal. Por isso teve tanta importância na vida da Anne.
- Obrigado. – Falei e ele assentiu. O silêncio que se seguiu foi meio constrangedor. Até que Eric o quebrou.
- Eu acho que vou embora... – Ele disse passando por nós dois e indo em direção à porta. – Não precisa abrir. – Ele disse quando Anne fez o movimento para abrir a porta para ele. – Um dia eu te ligo, Anne. – Ela deu um abraço nele.
- Eu vou esperar.
- Josh... Cuida bem dela. – Ele estendeu a mão e eu apertei a mão dele.
- É meu objetivo de vida. – Ele deu um sorriso amarelo e saiu pela porta.

Anne me abraçou pela cintura e escondeu o rosto no meu peito. Às vezes ela parecia tão frágil...

- O que acabou de acontecer aqui? – Ela perguntou.
- Você acabou de se libertar do passado, baby. – Ela levantou a cabeça para olhar para mim.
- Obrigada.
- Você precisava disso. – Ela assentiu. – E agora, você nunca foi tão minha.
- Nunca mesmo. – Ela ficou na ponta dos pés e me deu um beijo. – Eu sou louca por você, Josh.
- Eu acabei de dizer para você manter seu ex-namorado por perto... Se isso não for loucura misturada com amor, eu não sei o que é. – Ela deu aquele sorriso largo que mostra a covinha que ela tem na bochecha direita e sempre me deixa sem fôlego. E me abraçou pelo pescoço, ainda na ponta dos pés.
- Ele foi o primeiro... Mas você vai ser o último, né?
- Eu só não vou ser o último, se morrer antes.
- Nem brinca com isso, Joshua! – Ela me deu um tapa leve no braço. – Eu não sei o que faço se alguma coisa acontecer a você.
- Eu me proíbo de fazer você sofrer tanto.
- Acho bom. – Ela me deu um beijo mais demorado e eu adorava quando era ela quem tomava a atitude.
- Essa história toda me deixou com mais fome do que eu já estava. – Falei.
- Nossa pizza deve estar gelada...
- De repente não... Eles me fizeram comprar uma capa térmica para a caixa da pizza quando eu falei que ia trazer.
- A pessoa que teve essa ideia é um gênio. – Ela me deu um beijo na bochecha. – Vou pegar o refrigerante na cozinha. Coloca a pizza na mesinha de centro. – Ela disse enquanto corria na direção da cozinha.

Fiquei uns segundos olhando na direção que ela tinha tomado. Deus, seria possível que essa empolgação de primeira semana de namoro nunca fosse acabar?

Acordei no dia seguinte com beijos dela. Continuei de olhos fechados mesmo depois de acordar para ela não parar.

- Bom dia, meu Josh. – Ela disse deitada no meu peito quando eu abri os olhos. – Feliz dia dos namorados.
- Feliz dia dos namorados, amor. – Ela me deu um beijo.
- Dia dos namorados em Nova York. Isso vai ser perfeito. – Era impossível não se contagiar com a empolgação da Anne com essa cidade.
- Perfeito? Você vai ver o que é perfeito quando for ao Central Park hoje. O Riverside Park também fica bem movimentado. Se estiver nevando, fica melhor ainda.
- Neve... Adoro neve. – Ela riu.
- Será que adora mais que isso aqui? – Estiquei a mão para baixo da cama, puxei o presente dela e coloquei entre nós dois. Ela se sentou na cama.
- Josh... O que é?
- Abre, oras. – Ela pegou a caixa que estava no meu peito e rasgou o papel de presente. Me sentei para conseguir ver a reação dela direito.
- Não acredito. – Ela abriu aquele sorriso que quase me fazia enfartar outra vez. – A edição especial de 25 anos do box de Friends! Josh, isso ainda nem começou a ser vendido! Como você conseguiu?
- Contatos hollywoodianos. Mas não acabou. Dá uma olhada nas capas dos DVDs. – Ela tirou os DVDs da caixa e ficou olhando fixamente para as capinhas. Provavelmente tentando descobrir se o que estava vendo era verdade.
- Esses são...
- Os autógrafos do elenco principal da série? Sim, são. Já te disse que a Jennifer Aniston me ama? – Brinquei e ela voltou a me abraçar.
- Obrigada! Eu amei, de verdade. Estou até com receio de entregar o seu presente agora...
- Eu tenho um presente?
- Você achou mesmo que não ia ganhar nada de dia dos namorados? – Ela perguntou com a sobrancelha levantada. Não respondi e ela se levantou e pegou um envelope, um embrulho pequeno e uma bolsa da Victoria’s Secret que despertou a minha atenção imediata.
- Tudo isso é para mim?
- Tecnicamente sim. Olha esse primeiro. – Ela me estendeu o embrulho. Abri e encontrei um cd personalizado. – Tem todas as músicas que já tiveram algum significado para nós dois e mais umas outras... Tive que gravar em mp3 para caberem todas. – Ela riu. – Dá uma olhada na lista de nomes. – Ela realmente tinha lembrado de todas as músicas. My Life Would Suck Without You era a primeira. Depois vinham All I Ever Wanted, Not Over You, How Deep Is Your Love, Songbird, Flaws and All, In My Veins, Never Gonne Leave This Bed, Slow Dancing in a Burning Room, Edge of Desire e mais algumas.
- Como você conseguiu lembrar de tudo isso e ainda escolher mais músicas?
- Eu posso ter tido ajuda de umas anotações... – Ela riu. – Mas dá uma olhada nas duas últimas músicas da lista.
- Forever and Always. – Sorri por ela ter lembrado da música que eu tinha escolhido para o meu pedido de casamento que nunca chegava. Eu já estava quase agoniado. – Você lembrou.
- Achou mesmo que eu ia esquecer? Olha a outra.
- Silver Lining, da Jessie J. Não lembro de nada que relacione nós dois a essa música...
- É por que a noite ainda não chegou... – Ela me deu um beijo na bochecha. – Agora olha esse. – Ela me estendeu a bolsa da Victoria’s Secret e eu soube, no segundo em que ela corou que ia gostar do que encontraria ali dentro. Era uma lingerie preta, até bem grandinha, mas de renda.
- Acho que isso não vai cair muito bem em mim... – Brinquei.
- De repente porque não é para você, né? – Ela puxou a lingerie da minha mão e colocou na bolsa outra vez. – Eu acho que esse é o presente que você vai gostar mais... – Ela disse enquanto estendia o envelope para mim.
- Acho meio difícil...
- Abre, Josh. – Abri o envelope e puxei a folha de papel que tinha dentro. Tinha alguma coisa mais pesada junto, mas eu deixei para ver depois. Demorei um pouco para entender o que estava escrito naquela folha.
- O que é isso? E por que tem a assinatura do Keegan?
- É uma escritura de imóvel. E tem a assinatura do Keegan porque foi ele quem comprou... – Ela devia estar brincando.
- Ele comprou a casa? – Ela assentiu.
- Vê o que tem mais aí dentro. – Virei o envelope e encontrei uma chave. A chave que eu tinha dado a ela no Stamford Bridge, agora com um chaveiro que era um “A”.

Ela estava olhando para mim cheia de expectativa e eu estava olhando da escritura para a chave e depois para ela para ter certeza que era verdade.

- Você vai se mudar para a minha casa? – Perguntei. Precisava daquela confirmação;
- Vou. – Ela disse sorrindo. Eu quase não pensei no que fiz em seguida. A abracei, mas fui com tanta vontade na direção dela que nós acabamos caindo deitados na cama. Dei um beijo nela e depois uns 50 outros.
- Tem certeza? – Perguntei.
- Absoluta. A casa que eles compraram ainda está em reforma e eles estão esperando a ultra para mandar fazer o quarto do bebê. Vai demorar uns dois meses para ficar pronta e eles poderem se mudar, mas nós já combinamos que vamos fazer as mudanças juntos. A Isabella vai para a casa deles e eu vou para a sua.
- Definitivamente, esse foi o presente que eu mais gostei. – Falei. – Cara, eu te amo muito. – Ela sorriu e me beijou. E nosso dia dos namorados já começou animado.
POV ANNE

- É aquela clínica ali? – Josh perguntou.
- Sim. Acho que eles já estão aí dentro esperando a gente... – Falei. Isabella provavelmente já estava querendo matar nós dois por causa da demora, mas pelo menos não estávamos atrasados.
- Vamos logo, daqui a pouco a Isabella vai parir antes da hora porque nós dois não chegamos. – Nós descemos do carro e quando estávamos atravessando a rua, Julie apareceu na porta da clínica.
- Graças a Deus! Ela está histérica lá dentro. – Ela disse quando nos aproximamos.
- O voo atrasou, nós viemos o mais rápido que conseguimos. – Falei enquanto dava um abraço nela.
- Fora isso, fizeram boa viagem?
- Sim, foi tudo tranquilo. – Josh disse.

Entramos na clínica e passamos direto da recepção com a Julie. Isabella, Keegan e Ian estavam no corredor do oitavo andar, esperando por nós três.

- O voo atrasou, desculpa, desculpa! – Cheguei pedindo desculpas para ver se Isabella teria menos vontade de me matar.
- Vocês fizeram boa viagem, pelo menos? – Ela perguntou visivelmente mais calma do que eu achei que iria encontrá-la enquanto eu a abraçava.
- Sim. Meu Deus, Isabella, a sua barriga cresceu em uma semana! – Ela sorriu e eu coloquei a mão na barriga dela. Senti uma pontadinha bem na palma da minha mão na mesma hora.
- Você sentiu isso? – Ela perguntou.
- O bebê chutou a minha mão! – Falei toda serelepe. - Ganhei meu dia. – Me abaixei e para ficar na altura da barriga dela e só tirei as mãos de lá quando fui colocar os cabelos para trás. E na mesma hora lembrei que não devia ter feito isso.
- Anne Christine, o que é isso no seu pescoço? – Agora eu tinha uma mãe por perto. E elas sempre viam essas coisas.
- Culpa minha, Isa. – Josh disse e todos nós rimos.
- Ok, daqui a pouco é você aqui no meu lugar de grávida querendo saber o sexo do bebê.
- Vai devagar, Isa. – Falei. – Tudo tem a sua hora e todos nós estamos na fase de mimar o seu pimpolho. – Eu ri.
- Isabella Conte. – A enfermeira chamou.
- Eu vou entrar para a consulta e quando acabar de ser examinada e a ultra for começar, mando chamar vocês. – Ela disse. – Vamos baby? – Keegan deu o braço para ela e eles foram juntos.
- O Keegan está tão quieto... – Julie disse.
- Eu também estaria se estivesse prestes a descobrir que o meu filho é um menino. – Ian disse.
- Quem te garante isso, hein? – Josh falou. – Vai ser uma menina, minha afilhada.
- Eu estou sentindo que é um menino, Hutcherson. E eu nunca erro.
- Veremos, Harding.

Ficamos mais ou menos meia hora do lado de fora até Keegan aparecer na porta do consultório nos chamando para dentro. Parece que Isabella tinha feito um pequeno drama para convencer a médica a nos deixar assistir a ultra quando veio na última consulta do pré natal e esse foi mais um dos motivos que a fez trocar o dia para hoje, assim eu e Josh poderíamos estar aqui.

Chegamos na sala e ficamos em silêncio. Isabella estava deitada e a barriga dela parecia ainda maior agora. Keegan estava de um lado dela com a mão em seu ombro e a doutora estava no lado contrário. Eu, Josh, Ian e Julie ficamos mais distantes, espremidos num cantinho onde pudéssemos ver a tela do equipamento de ultra.

Primeiro a médica checou as medidas do bebê e eu realmente não sei como ela conseguia identificar as partes do corpo naquela tela. Para mim era tudo um borrão cinza com preto.

- Vocês querem saber o sexo? – Ela estava de brincadeira? Eu voei de Nova York até aqui histérica e ela ainda pergunta?
- Sim! – Isabella e Keegan responderam juntos.
- Seu bebê não está com muita vontade de mostrar. Estão vendo isso aqui? Ele está com as pernas juntas...
- Bebê da mamãe, coopera, por favor. Eu preciso saber o que você é para mandar fazer o seu quarto! – Isabella disse. Keegan se aproximou da barriga dela.
- Mini keegisa, ouve o papai. Eu preciso saber se vou comprar uma bola de baseball ou uma sapatilha de ballet para você... – Enquanto eles falavam, a médica ia mexendo na barriga da Isabella.
- Papai, acho que ele te ouviu... E se eu fosse você, já comprava uma bola de baseball quando saísse daqui, prometer coisas a crianças e não cumprir é pecado. Vocês vão ser pais de um menino.

Isabella começou a chorar e quando eu olhei para Keegan, ele também estava chorando. Eu, Julie, Ian e Josh não fizemos nenhum movimento. Eu só percebi que estava chorando junto com os pais babões quando uma lágrima escorreu pelos meus lábios e eu senti o gosto, porque também estava sorrindo.

- Já sabem o nome? – A doutora perguntou.
- Seth. Vai ser Seth. – Isabella disse.
- Seth Phillip Conte Allen. – Keegan disse e eu senti o meu ombro molhado quando uma lágrima de Josh escorreu pelo rosto dele e caiu em mim. Olhei para ele e nós sorrimos.
- E qual dos casais chorões ali vão ser os padrinhos? – Quando a médica perguntou isso, eu percebi que Julie e Ian também estavam chorando. Nós seis parecíamos manteigas derretidas.
- Nós dois. – Julie disse apontando para ela e Ian. – Mas não há dúvidas de que o Seth vai ser mimado por todos nós.
- Definitivamente. – Completei e Isabella olhou para mim sorrindo.
- Eu disse que nunca errava, Hutcherson. 

E agora, amam ou odeiam o Eric?
E o Seth? Gostaram do  sexo do mini keegisa?
Mandem as opiniões de vocês, hehe
Beijos ;)

2 comentários:

  1. SEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEETH porra esse grito tava guardado!

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  2. Ariel despertando minha bipolaridade provando que eu não sou a sininho... amor e ódio, tudo ao mesmo empo.

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