19 - Feeling Fine


Isabella estava definitivamente radiante depois do susto que levou com Keegan. Susto esse que, por uma razão que eu ainda não havia entendido, foi muito facilmente perdoado. Em outros dias, no mínimo, um tapa ele ia levar. Ele duvidou da fidelidade – e da honra – dela. Como eu disse, se fosse comigo, Josh nunca veria o rosto da criança que nascesse dali a alguns meses. Será que a maternidade recém descoberta já havia deixado Isa mais sensível?  E, meu Deus, seria possível que ela ficasse mais sensível que o normal sem quebrar em um milhão de pedacinhos?

- Ok, eu sei por que vocês duas estão me olhando assim. – Ela disse para Julie e eu quando os meninos saíram outra vez.
- E por que nós estamos olhando para você assim? – Julie perguntou.
- Porque toda a minha raiva se derreteu quando eu vi o Keegan com aquela roupinha de bebe e todos os brinquedos que ele comprou. Eu sei que ele merece uma prensa, mas eu não consigo. Ele é o pai do meu filho e eu não sabia o significado disso até agora.
- E você que está falando isso tudo para nós duas por que... – Falei.
- Porque vocês não estão grávidas e estão loucas para falar umas poucas e boas para ele. – Ela fez uma pausa. – E eu quero que vocês façam isso. Ele merece. Só não abusem, ele tem um filho para criar. – Eu sorri.
- Sério que a gente pode? – Perguntei.
- Vocês devem.
- Tenho permissão para um tapa? – Julie perguntou.
- Tem, mas só um! Um tapa de cada uma, umas verdades faladas e tudo fica bem. – Hormônios.
- E você vai estar aqui quando a gente fizer isso?
- Não, eu vou para o banho e vocês falam.

Confesso que minha língua – e minha mão – estava coçando para quando os meninos chegarem. Eu queria muito falar umas boas para ele, mas nunca faria isso por causa dela. Só que foi ela quem pediu... E não se nega nada a uma grávida. Não quero ter terçol. Então quando Josh, Ian e Keegan chegaram e ela foi para o banho, eu e Julie não esperamos muito para fazer o que tinha que ser feito.

- Keegan, chega aqui. – Ele estava na cozinha e nós estávamos em pé na sala. Josh a Ian estava no sofá.
- Oi meninas. – Ele parou na nossa frente.
- Hum, Keegs... Você sabe que nós duas estamos muito felizes por você e pela Isa, né? – Julie perguntou e ele assentiu.
- E você sabe que é um dos nossos melhores amigos. – Ele assentiu novamente. – Então eu espero que você não guarde mágoas sobre o que nós vamos fazer agora. – Falei.
- Porque você merece. – Julie disse.
- Mereço o que? – Ao invés de responder, eu dei um tapa bem estalado num lado do rosto dele e Julie deu um no outro lado antes mesmo que ele pudesse se recuperar do primeiro. Josh e Ian voaram para o nosso lado instantaneamente, mas não nos seguraram. – Mas o que vocês estão fazendo?
- O que a gente está fazendo? O que você estava fazendo quando teve a brilhante ideia de perguntar se o filho era seu? Essa é a pergunta, Keegan! – Julie disse.
- Onde você estava com a cabeça? Resolveu assumir que só tem merda aí dentro, foi? – Perguntei. – Em algum momento você realmente achou que a Isabella pode ter sido capaz de ficar com outra pessoa enquanto estava com você? Você sabe que ela nunca faria isso e sabe muito bem o motivo! – Gritei. Keegan se encolhia cada vez mais a cada palavra que nós dizíamos. Ele estava errado e sabia disso.
- Agora quem não entendeu fui eu... – Ian disse e Josh concordou com a cabeça.
- Diz pra eles Keegan.
- Eu fui o primeiro cara da Isa. – Ele falou de cabeça baixa, depois de relutar por alguns segundos.
- E você ainda duvidou dela? – Josh perguntou.
- Vacilou, e vacilou feio, Keegan.
- Eu sei, tudo bem? Eu sei que eu fiz merda e ela me perdoou, mas eu ainda não consegui perdoar a mim mesmo. – Eu vi os olhos dele se encherem de lágrimas.
- Então trata de ser o melhor pai que essa criança pode ter. – Eu disse e ele olhou para mim. – Se você fizer outra merda dessas, Keegan Phillip... Você vai ter que se ver com a gente de novo. E esses tapinhas não são nada perto do potencial destrutivo que mulheres tem em relação às pessoas que magoaram a melhor amiga delas. – A expressão dele relaxou quando eu sorri e eu dei um abraço nele.
- Você tem a mão pesada, Anne. – Ele brincou.
- Disso eu sei, pode ter certeza. – Josh disse e nós rimos. Ele me abraçou quando Julie fez o mesmo com Keegan e eu achei melhor reforçar o que tinha dito antes.
- Já sabe, né? Se você ousar duvidar de mim desse jeito no dia em que eu engravidar... – Eu comecei a falar baixinho, mas ele não me deixou terminar.
- Eu não vou conhecer os meus filhos, eu sei, eu sei. – Ele respondeu usando o mesmo tom de voz. – Eu não vou duvidar de você.
- Melhor assim. – Ele me deu um beijo.

A semana entre o natal e o ano novo passou voando. Nós viajamos para o Kentucky no dia 29 pra que Isabella tivesse tempo suficiente de descansar até o dia 31. Sim, ela estava sendo loucamente paparicada por todos nós. Eu não queria nem imaginar quando essa criança nascesse...

Quando chegamos à casa dos pais dele, só Chris e Connor estavam lá. Amy e Mich tinham saído para comprar os últimos itens do jantar de ano novo. Isabella, como era esperado, foi descansar no quarto de hóspedes e Keegan foi junto. Ian e Julie foram arrumar as coisas deles no outro quarto de hóspedes e eu ia ficar com Josh no antigo quarto de solteiro dele. Mich não nos deixou ficar em um hotel.

- Josh, Anne, você podem vir aqui rapidinho? – Nós mal tínhamos entrado no quarto do Josh e Connor nos chamou. Ele nos levou para o quarto dele, que era literalmente a porta ao lado.
- Aqui estamos. O que você, manda, irmão? – Josh perguntou enquanto nós dois sentávamos na cama.
- Eu tenho que aproveitar que a Amy saiu com a minha mãe para usar a Anne.
- Hã? – Perguntei. Josh também não entendeu muito bem.
- A sua mão, Anne! Eu preciso saber se os aneis da Amy cabem na sua mão!
- Ah, sim! – Confesso que respirei aliviada. – Cadê o porta jóias dela?
- Em cima da cômoda. Vou pegar, só um segundo. – Connor disse.
- NÃO! – Gritei antes que ele alcançasse a cômoda.
- O que foi, menina?
- Não tira do lugar, ela vai perceber quando voltar. Deixa que eu mexo. – Falei.
- É tão complexo assim mexer num porta jóias feminino? – Josh perguntou.
- Mais complexo do que parece. Eu, por exemplo, sempre sei quando alguém mexe no meu porta jóias, porque nunca deixam do mesmo jeito que eu deixei. Se a surpresa fosse para mim e tirassem meu porta jóias do lugar, eu descobriria em dois tempos. – Abri o porta jóias com cuidado. – Qual desses ela usa no anelar? – Perguntei a Connor.
- Esse aqui. Na mão direita. – Connor apontou para um anel de ouro branco com um coração em cima. – Foi o primeiro presente que eu dei a ela.
- O seu primeiro presente para ela foi um anel? – Perguntei.
- Sim, por quê? – Olhei para Josh.
- Vocês tem mais em comum do que eu imaginava... – Peguei o anel e experimentei no anelar da minha mão direita. – Coube. Perfeitamente. – Estendi a mão e o anel era realmente bonito. Mas nada superava o de âncora no meu dedo indicador...
- Espera. Esse anel de âncora aí... – Connor disse.
- Sim, foi presente meu. – Josh o interrompeu.
- Uma âncora, Josh? – Ele brincou.
- Aposto que é mais original que um coração. – Josh respondeu.
- Vocês são duas crianças mesmo, né? – Perguntei, mas não tive resposta, eles só riram. Experimentei o anel na mão esquerda e nós vimos que também coube.
- Você vai salvar a minha vida, Anne.
- Um dia eu cobro o favor, cunhado. – Respondi.
- Só não abusa na cobrança, ok? – Ele me deu um beijo na bochecha. – Agora eu já posso respirar aliviado, você podem voltar a fazer o que estavam fazendo quando eu os chamei.
- Nossas malas nos aguardam. – Josh disse e nós voltamos para o quarto dele.
- É muito estranho entrar nesse quarto. – Falei.
- Por quê?
- Porque na época em que você usava ele, eu me matava por uma reply sua no twtter. – Me sentei na cama. – E confesso que sempre passava pela minha cabeça e pela cabeça de todas as outras meninas do fandom como era o seu quarto.
- E agora você está aqui. – Ele se sentou ao meu lado na cama.
- Sim. E eu vou dormir aqui... Se eu tivesse 18 anos, o mundo saberia disso via internet – Eu estava tão distraída falando e olhando o quarto dele, ainda com decoração de menino que quase não ouvi quando ele falou.
- E quem disse que você vai dormir?
- Você tem outros planos para a noite? – Perguntei.
- Você vai ter que esperar a noite descobrir. – Ele me deu um beijo.
- Você não costuma ser do tipo que espera... – Falei.
- Não mesmo. Mas a minha mãe está prestes a chegar e eu quero que ela te veja inteira e disposta. – Ele disse enquanto beijava meu pescoço.
- É assim que você quer que eu esteja disposta?
- Se você quiser, eu paro.
- Você não vale nada, Joshua.
- Isso não foi exatamente um pedido para parar...
- Não foi mesmo. – Dei um beijo nele.
- Ah, Ann... Esqueci de dizer que você é a primeira mulher que eu trago para esse quarto.
- Sério? – Perguntei surpresa enquanto me afastava.
- Sério. Quarto de infância, tem outro significado. Eu ouvi isso de outra pessoa há pouco tempo, sabe...
- Eu fico honrada, Joshua. – Dei outro beijo nele. – Eu amo você. – Ele sorriu.
- Eu mataria por ouvir isso todos os dias, para sempre.
- Não precisa matar, é só me pedir. – Eu ri.
- Eu estive pensando... – Ele fez uma pausa e me puxou para mais perto. Acabamos caindo na cama, ele de bruços e eu por cima dele. – Se eu te pedisse em casamento hoje, você aceitaria? – Eu não tive nem tempo de rir da nossa total perda de equilíbrio. Procurei por qualquer traço de brincadeira na expressão dele, mas não encontrei.
- Você está falando sério?
- Sim. E eu só não digo para você ficar despreocupada porque quando eu for te pedir de verdade, você vai ficar mais surpresa do que está agora. Eu só quero saber se você aceitaria...
- E você ainda tem dúvidas? É claro que eu aceitaria. – Ele me deu um beijo.
- Me dá a sua mão. – Ele estendeu a mão dele para pegar a minha mão direita. Eu quase fiquei sem equilíbrio, mas estendi a mão, queria saber o que ele ia fazer. Ele puxou o anel de âncora do meu indicador.
- O que você vai fazer? – Perguntei.
- Trocar o seu anel de mão e dedo. – Ele pegou minha mão esquerda e colocou o anel no dedo anelar, como se fosse um anel de noivado. – Deixa ele aí guardando lugar do anel de noivado de verdade. – Eu sorri e ele sorriu junto antes de me beijar. – Eu amo você.

E nós não arrumamos as malas. Passamos a tarde na cama, conversando sobre como seria nossa vida de casados. Nós vamos ter três filhos, dois cachorros e morar numa casa grande em LA, perto da praia. Quando nossos filhos perguntarem como nós nos conhecemos, nós diremos que foi trabalhando. E pularemos todo o drama até que eles tenham idade suficiente para entender tudo o que aconteceu com nós dois. Nós vamos passar as férias no Brasil e as crianças vão adorar as nossas famílias e vão ser muito mimados pelos avós e tios. E era muito fácil idealizar aquilo tudo ao lado dele. Por mais sonho que aquilo tudo fosse, decidindo aqueles detalhes com o Josh parecia que tudo era real e ia acontecer de verdade. Quando eu imagino o meu futuro, é basicamente assim que o vejo. Com Josh. E é isso o que importa.

DOIS DIAS DEPOIS

- Como você conseguia se arrumar com um espelho desse tamanho? – Perguntei enquanto lutava para me ver no espelho do quarto dele.
- Anne, você só não está vendo os seus pés. O espelho é grande.
- Mas eu preciso ver os meus pés. Preciso saber se tudo está combinando.
- É claro que está, você nunca erra! Eu estou vendo, você está linda. – Sorri.
- Eu confio em você. – Saí da frente do espelho.
- Vamos descer? – Ele perguntou enquanto me abraçava.
- Vamos.

Quando descemos, todos já estavam lá. Isabella estava sendo mais paparicada que antes pela família do Josh e já tinha uma barriguinha saliente por baixo do vestido dela. Julie e Ian estavam cada vez mais extremamente fofos com a aproximação do casamento. Connor e Amy pareciam que estavam em lua de mel e o clima na casa inteira não podia ser melhor. Depois do jantar, nós ficamos dançando pela sala enquanto Joey corria pelos nossos pés. Quando faltavam cinco minutos para a meia noite, fomos todos para o quintal, Chris ia estourar a champanhe.

- Contagem regressiva! – Amanda disse e nós começamos a contar.
- Dez, nove, oito, sete – Josh parou do meu lado e me abraçou pela cintura enquanto me entregava uma taça vazia com a outra mão. – Seis, cinco quatro, três – E eu parei de contar. Porque nos dois últimos segundos de 2018, Josh me beijou. E continuou me beijando nos primeiros segundos de 2019.
- Eu amo você. – Ele disse antes que eu pudesse falar alguma coisa depois que parou de me beijar. Queria que essa fosse a primeira coisa que você ouvisse esse ano.
- Eu te amo. E eu pensei no mesmo que você. Feliz ano novo, baby. – Ele me abraçou.
- Feliz ano novo, amor. Que esse seja o primeiro de muitos que nós vamos passar juntos.
- É muito mais agradável passar o ano novo do seu lado, definitivamente. – Eu disse lembrando do ano anterior. – Ele me olhou sorrindo mais e me deu outro abraço antes de nós irmos falar coma s outras pessoas da casa.

UMA SEMANA DEPOIS

Os primeiros dias do ano sempre tem aquele clima de coisa nova para mim, devem ser os dias que eu mais gosto no ano todo. Apesar de que, esse ano, eu e as meninas já começamos visitando a costureira assiduamente. Depois que nós descobrimos que o aumento de medidas da Isa não ia parar por no mínimo mais sete meses, Jessie fez a parte de trás do vestido dela com duas faixas de elástico da cor do tecido, assim não teríamos mais problemas com o fecho, já que Isabella estava prestes a completar três meses e já parecia estar com cinco. Ela me lembrou a minha mãe quando estava grávida do meu irmão. Como o casamento era no fim do mês, ela provavelmente estaria com uma barriga maior que aquela. E sim, o mundo já sabia da gravidez da Isabella porque ela fez o Keegan contar para os fãs via twitter assim que confirmou com um exame de sangue.

Keegan estava meio que “morando” com a gente para nos ajudar com a Isa nos três primeiros meses. Ela estava tendo os tais enjoos matinais o dia todo e um pouco de cólica, normais no início, e como ele estava sendo “o melhor pai que aquela criança poderia ter”, eu e Julie não nos importamos com ele ali todo dia. Muito pelo contrário, Josh e Ian também viviam pela nossa casa agora. Exatamente como estavam quando nós chegamos da segunda visita à Jessie na semana.

- Eu não vejo a hora do seu casamento chegar, Julie. – Isabella disse. – Eu não aguento mais experimentar o mesmo vestido. – Acho que esqueci de dizer que todo o paparico em cima dela tinha deixado a Isa um pouquinho mimada, né?
- Pensa pelo lado bom, agora a próxima prova é só na semana do casamento. – Falei enquanto me sentava no sofá ao lado do Josh.
- E eu vou estar maior até lá...
- Relaxa, no fim da gestação você vai achar que era modelo manequim 36 no meu casamento. – Julie disse.
- Essa ansiedade de ver a carinha do bebê é normal? – Ela perguntou.
- Ele ainda nem começou a chutar... – Falei.
- Mas eu já sinto um movimento fraquinho aqui dentro. – Ela disse sorrindo com as mãos na barriga. – Keegan se sentou ao lado dela e eles iam entrar em outro momento “pais babões”, então Julie e Ian foram para a cozinha e Josh começou a falar comigo.

- Nós recebemos uma proposta hoje. – Ele disse. – E ligaram da produtora avisando as datas da nossa viagem para Nova York para as reuniões do filme, que por sinal precisa de um nome...
- Uma coisa de cada vez, chuchu. Quando nós voltamos para Nova York? – Perguntei.
- Na primeira semana de fevereiro.
- Já avisou ao Connor? Nós vamos poder comprar a aliança da Amy enquanto estivermos lá.
- Já liguei e ele já disse que vai nos buscar no aeroporto. E o Ian já ofereceu o apartamento para nós não precisarmos ficar em hotel.
- Perfeito! E que proposta foi essa?
- Tem uma revista que quer que nós dois façamos um photoshoot para a edição de fevereiro por causa do dia dos namorados... – Eu. Num photoshoot.
- Photoshoot e entrevista?
- Sim. – Eu ri quando me imaginei tendo que responder perguntas ao invés de fazê-las.
- O que você respondeu?
- Que tinha que falar com você. Você topa? – Ele perguntou.
- Vai ser bem estranho ser entrevistada, mas eu topo sim. Te disseram o tema das fotos?
- Não. Só pediram para você ir com as unhas vermelhas.
- Agora eu fiquei curiosa. Algo me diz que o estúdio não vai ter coraçõezinhos e flores de fundo para as fotos.
- Definitivamente não. Você ainda quer fazer? – Ele perguntou sério.
- Por que não?  Vai ser no mínimo divertido. – Ele sorriu.
- As fotos vão ser no dia dez.
- Já estou contando os segundos. – Dei um beijo nele.

Vocês tem esse tema e o tema de um certo casamento para descobrir. 
Palpites? 

3 comentários:

  1. KEEEEEEEEEEEEGAN MERCEU CADA TAVA NA CARA E TAPA DA SOCIEDADE! Mas eu entendo a isa! e é meio na cara o por quê haha enfim, AHHHHHHHHHN *O*

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  2. Ninguém nem desconfia o porquê você entende a Isa...

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