17 - Smiling, like there's nothing wrong


Eu ainda não sabia como ia contar ao Josh sobre a minha conversa com Lindsey, então fui para casa pensar enquanto esperava Isabella sair com Keegan para poder sair com Julie logo depois. Decidi que ligaria para ele quando voltasse para casa e tivesse coragem de viver outra despedida. Apesar de achar que eu não teria coragem para aquela despedida nem tão cedo.

- Tem certeza que você quer ir, Ann? – Julie me perguntou, antes de sairmos de casa.
- Tenho Julie. Eu quero estar junto para comprar o presente da Isabella. Ela vai adorar! – Falei, esboçando o pouco de animação que me restava.
- Vai mesmo. Você e Keegan tiveram uma ideia genial...
- E ele ainda tem outra surpresa...
- Ela vai pirar. – Eu disse e dei um sorriso de verdade pensando na reação da Isa quando Keegan...
- Anne, vamos logo, a gente tem que voltar antes da Isabella!
- Sim sim.

Demoramos séculos escolhendo as coisas para a festa. Compramos tudo super colorido, do jeito que a Isa gostava. Keegan, Ian e Josh vão comprar as coisas para comer e beber, e nós já escolhemos o bolo. Ian foi encarregado de levar para o apartamento no dia da festa. Chamamos poucas pessoas, apenas alguns amigos da produtora, o elenco de INYS sem Vanessa e alguns vizinhos. Nossa sala não comportava muita gente e a simples ideia de uma festa com os quartos inclusos me arrepiava. Meu quarto. Meu lugar. Nada de entra e sai. Nada de pessoas entrando para falar que eu parecia uma adolescente tendo um quarto daqueles. E eu estou lembrando de Josh outra vez. Não esperava que fosse diferente mesmo...

- Ann, vamos parar para almoçar? Estou faminta! – Julie perguntou quando acabamos com as coisas da festa.
- Vamos sim. – Paramos numa lanchonete e eu só pedi um milk shake de chocolate.
- Você não vai comer nada?
- Não estou com apetite. Sinceramente, acho que não vou nem tomar isso aqui tudo...
- Anne, não vai adiantar nada ficar sem comer. Daqui a pouco você fica doente e vai ser mais um problema na sua cabeça.
- Eu vou comer, Julie. Só não vou agora. – Eu respondi, lutando para fazer com que ela acreditasse em mim. Eu tinha que ficar bem. Tinha que parecer bem. 
- Você já falou com ele da conversa com Lindsey?
- Não. E nem sei quando nem como vou falar. Ele já sabe de tudo. Nós já nos despedimos e foi ruim o suficiente da primeira vez.
- Mas você sabe que tem que falar com ele, né? Não vai deixar o menino sem notícias. Ele está sofrendo tanto quanto você.
- Eu sei que tenho que falar com ele... Mas não sei se consigo.
- Claro que consegue.

Acabamos de comer e fomos para o shopping comprar o presente de Isabella. Dessa vez foi rápido, nós já sabíamos o que comprar. Chegamos em casa a tempo de esconder tudo em baixo das camas e quando ela chegou com Keegan, Julie estava assistindo um filme na TV e eu estava encarando a tela, fingindo prestar atenção, mas com o pensamento longe. Eu tinha que ligar para ele pelo menos. Mas e a coragem de falar tudo de novo, de confirmar o que a gente já sabia que era ruim o suficiente da primeira vez? Além do mais acho que esse tipo de coisa não deve ser conversada pelo telefone. Na minha atual situação, eu sabia que ia chorar assim que começasse a falar nos dois casos, então estava no lucro. Pessoalmente, pelo menos, eu o teria a meu lado. Mesmo que só por alguns minutos.

- Anne? Você está aí? – Keegan perguntou na minha frente.
- Ah, oi Keegs. Tudo bem? – Perguntei tentando fazer uma voz alegre.
- Tudo sim... E você, hein? – Ele sabia, com certeza.
- Você sabe?
- Josh me contou hoje cedo... Ele saiu daqui e passou lá em casa para conversar comigo e com o Ian. Ele está arrasado, Anne. – Lágrimas inconvenientes chegaram aos meus olhos.
- Eu também não estou bem. Mas eu tenho que parecer bem, Keegan. Depois de amanhã é aniversário da Isabella. É a data favorita dela no ano inteiro, depois do Natal. Eu não posso ficar assim a cada pessoa que me perguntar como eu estou. – Eu já estava chorando e ele me deu um abraço.
- Vou falar para você o que disse a ele. Estou aqui para o que você precisar. Vocês vão passar por isso e quando voltarem vão estar mais fortes do que nunca. – Keegan e Ian tinham se tornado amigos bem próximos de mim nos últimos tempos. Era bom saber que eu tinha outras pessoas além das meninas e do Josh ali, do meu lado.
- Obrigada Keegs. De verdade. – Eu disse enxugando o rosto.
- Hum, Anne? – Ele perguntou olhando para os lados, se certificando que Isabella ainda estava no banho.
- Oi.
- Olha, se você não se sentir bem, eu não faço o planejado com a Isabella na festa.
- De jeito nenhum. A festa vai acontecer do jeito que nós planejamos. Vocês vão trazer a comida amanhã, né?
- Não. Ian e Josh vão trazer cedo no dia da festa para não correr o risco dela ver. Vocês compraram o presente?
- Sim.
- Acho que estou ficando ansioso.
- Calma, tudo vai dar certo. – Foi estranho falar aquilo quando era eu quem precisava ouvir aquelas palavras...
- O que vocês estão cochichando aí, hein? – Isabella perguntou chegando na sala e nos fazendo pular no sofá.
- Nada demais... A gente só estava falando sobre, você sabe, eu e o Josh.
- Como você está?
- Péssima. Mas vou ficar bem. Tenho que ficar bem, já que daqui a dois dias é seu aniversário! Vamos sair para comer pizza depois que você chegar com o Keegan? – Fiz até um tom de voz mais alegre.
- Vamos, adoro pizza! Avisa ao Ian, Keegs? – Ele assentiu. – Você se incomoda se eu chamar o Josh, Anne?
- Claro que não, Isabella. Ou você esqueceu que nós trabalhamos no mesmo lugar e juntos ou não vamos nos ver durante esse tempo todo em que estivermos separados? – Falei e só eu sei como doeu verbalizar aquilo tudo.
- Ok, vou ligar para ele amanhã. – Comi alguma coisa depois de muitos esforços deles três e fui para a cama, mesmo que ainda fossem oito da noite e eu não tivesse que acordar cedo no dia seguinte, de qualquer forma, eu não ia conseguir dormir muito mesmo. Como sempre, parece que seus problemas sempre se multiplicam por mil quando você deita a cabeça no travesseiro e por mais que você tente não pensar no que está te fazendo tão mal aquele é o único assunto que fica na sua mente. Num impulso, peguei o telefone e disquei o número de Josh. Nós nunca ficamos tanto tempo sem nos falar desde que nos reencontramos no brunch. E eu senti falta da voz dele. O dia inteiro.

- Alô. – Nada de “oi namorada”.
- Josh?
- Oi, Anne... – Era estranhamente difícil falar com ele agora.
- Você estava dormindo?
- Não, ainda é cedo. Mas eu já estou na cama. E ela ainda tem o seu perfume. – Lágrimas, voltem de onde vocês vieram. Engoli em seco.
- Eu também estou na cama. E não consegui dormir. Senti sua falta o dia todo. E esse foi só o começo. – Pronto, falei.
- Como foi a conversa com Lindsey?
- Ela disse que já sabia de nós dois há mais tempo, mas que só tomou uma atitude agora porque foi levada por Ben e Vanessa a fazer isso.
- Então ela quer que a gente se separe. – Silêncio.
- Ela não tem outra escolha. É isso ou os nossos empregos estão em risco.
- Anne, a gente precisa decidir como vai fazer a partir de agora. Porque eu não quero me distanciar de você, mas ao mesmo tempo acho que se a gente continuar próximo vai ser pior.
- Vai ser ruim dos dois jeitos, Josh. Mas eu não vou conseguir ficar sem pelo menos ouvir a sua voz, nem que seja pelo telefone por muito tempo. – Sinceramente eu não sabia se ia me contentar com a voz dele pelo telefone.
- Nem eu.
- Então a gente deixa essa festa passar e vê no que vai dar...
- A gente se vê na festa?
- Claro.
- Anne, não esquece... Eu te amo.
- Eu também te amo. – Desligamos o telefone e eu não conseguia saber se me sentia pior ou melhor do que estava antes de ligar.

O dia seguinte passou voando. Se resumiu a eu e Julie tentando adiantar as coisas da festa e esconder as coisas da festa de Isabella o dia inteiro. Eu até que estava me saindo bem em fingir estar melhorando, mas eu sabia que ainda estava extremamente triste por dentro. As meninas tentaram me distrair e me acompanharam assistindo alguns filmes e comendo besteira o dia inteiro. Eu continuei fingindo estar bem. Não podia decepcioná-las, principalmente Isabella, que ia passar o aniversário longe da família mais uma vez. Por isso, no dia seguinte, quando saí da cama, coloquei um sorriso no rosto, acordei Julie e nós fomos acordar Isabella com uma mini torta cantando parabéns. Ficamos ali por uns quarenta minutos, até que a campainha tocou e nós sabíamos que era Keegan. Fui atender e me deparei com um mega buquê de rosas amarelas e um ursinho de pelúcia escondendo o rosto dele.

- Hey, precisa de ajuda? – Perguntei enquanto ele entrava.
- Não. – Ele riu. – Só não me deixa tropeçar em nada. – O guiei até o quarto de Isabella e eu e Julie os deixamos a sós. Eles tomaram café da manhã conosco, ela se arrumou e eles saíram para Deus sabe onde.
- É a nossa deixa. – Julie disse assim que eles saíram. Ligamos para Ian e menos de duas horas depois, ele chegou com as comidas e bebidas. Achei que Josh viria com ele, mas senti um alívio quando o vi chegar sozinho. Eu ainda tinha muito a fazer naquele dia e com certeza o nosso encontro vai me abalar. Ian nos ajudou o dia todo a arrumar a sala. Quando acabamos de fazer tudo, ele foi buscar o bolo e nós fomos nos arrumar.

Tomamos banhos rápidos e assim que acabamos de nos arrumar a campainha tocou. Era Ian com o bolo. Colocamos em cima da mesa e resolvemos ligar o presente de Isabella para que ela o inaugurasse quando chegasse. Os convidados começaram a chegar. Troian e Patrick, Natalie, Beatrice, Henry, nosso vizinho, e mais algumas pessoas. Quando eram quase sete da noite, a hora que combinamos com Keegan para eles chegarem a campainha tocou outra vez. Fui atender e minhas pernas bambearam no momento em que vi quem era. Josh. Pessoalmente era ainda pior saber que a gente não podia mais ficar juntos. Sem falar nada, ele me deu um abraço e um beijo na bochecha.

- Eles estão vindo logo atrás de mim, vi o carro do Keegan estacionando lá em baixo. – Ele me disse quando nos afastamos.
- Então vamos para a sala. – Fingir que está tudo bem, fingir que está tudo bem, fingir que está tudo bem. Apaguei as luzes e fui para perto dos convidados esperar Isabella e Keegan chegarem. Mas, ao invés de ouvir o barulho da chave dela na fechadura, a campainha tocou.

- Ué, eu achei que ela tinha levado a chave! – Disse enquanto ia até a porta, abri-la novamente. Dessa vez, o choque em ver a pessoa que estava na porta foi tão grande que eu fiquei até sem reação.
- Oi, Anna. – Ela disse com um sorriso torto no rosto enquanto foi entrando.

 Música do capítulo: Lie To Me, The Wanted
http://www.youtube.com/watch?v=e5iruEQEcPg

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