10 - Best Friends Forever


Desviei os pensamentos negativos e resolvi aproveitar a “conspiração do Universo” para isso tudo estar acontecendo.

– Hey, meninas... Sabe, eu meio que lembrei do dia de hoje a alguns dias... – Estendi a mão boa para Josh me entregar os embrulhos. Ele me deu e ficou em pé atrás de mim, com as mãos nos meus ombros. Ignoro os olhares delas duas indo das mãos dele para o meu rosto e do meu rosto para as mãos dele. – E, sabe, não é todo relacionamento que dura oito anos... Isso quer dizer que nós passamos da crise dos sete! E eu comprei presentinhos para vocês!
- Parece que você não foi a única, Anne... – Isabella disse, puxando dois presentes de debaixo da mesa.
- Vocês vão ter que esvaziar as travessas de lasanha para descobrirem o meu presente...
- Você escondeu os presentes nas lasanhas? – Josh foi o mais rápido a perguntar.
- Não! – Julie riu. – Escondi em baixo das travessas.
- Então é só levantar! – Eu disse.
- Não se atreva!
- Acho que estou começando a achar que a sua lasanha ficou ruim e isso é uma tática para fazer a gente comer, Julie. – Josh brincou.
- Não, é uma tática para elas me amarem mais ainda depois que comerem e virem o que é o meu presente. Por favor, vamos abrir os presentes todos juntos! E você, Josh, de tanto falar, vai ser o primeiro a comer. Senta aí!
- Ai meu Deus. Anne, me salva! – Ele apelou com cara de cachorro que caiu da mudança, brincando. Eu fiz sinal de que não tinha muito a fazer.
- Boa sorte Josh. Foi muito bom te conhecer. – E como foi. Julie serviu um pedaço de cada lasanha no prato dele, uma bolonhesa e outra quatro queijos e nós ficamos olhando em expectativa.
- E aí? – Julie queria que ele admitisse que a comida estava boa. Eu sabia que estava, Julie nunca errava. Se não fosse por ela, eu e Isabella comeríamos comida pronta e enlatada para sempre. Ok, não para sempre, mas com uma freqüência relativamente grande.
- Te devo uma, Julie. Isso aqui está muito bom. – Josh disse sem saber se parava para falar ou continuava comendo. – Você devia ter me dito que ela era quase uma gourmet. – Ele disse olhando para mim.
- É ela quem salva eu e a Isabella da comida pronta!
- Comida pronta DOMINA o meu cardápio e o da Anne. Quer dizer... A Anne até cozinha alguma coisa. Mas eu... Eu sou a enfermeira da casa. – Todos nós rimos. Eu lembrei do último serviço de Isabella como enfermeira, e inconscientemente, coloquei a mão na perna. Estava doendo.
- Estica a perna em cima das minhas. – Ele disse percebendo o meu movimento.
- Temos que trocar esse curativo mais tarde, Anne, não me deixa esquecer! – Bella também percebeu. Acho que todos nós lembramos do motivo do meu machucado e ficamos num silêncio meio constrangedor. Só se ouvia o barulho dos garfos. Mas de vez em quando Josh fazia carinho na minha perna...
- Hey, meninas. Eu fiz uma pergunta à Anne e fiquei com vontade de saber a versão de vocês dos fatos... – Josh disse, tentando desfazer o silêncio absoluto que se ouvia no apartamento e que só era quebrado pela música que uma das meninas havia colocado num notebook em cima do sofá.
- A ironia é ele fazer as perguntas numa mesa com três jornalistas. – Isabella disse.
- Ah, eu acho que lá no fundo, lá no fundo mesmo, ele morre de vontade de ser jornalista. – Eu disse, olhando para ele. – É tanta pergunta...
- Uma coisa sobre jornalistas: São todos curiosos. Eu estou me mordendo para saber que pergunta é essa.
- Como surgiu a ideia de vocês de vir para cá depois da faculdade? – Eu lembrei do que aconteceu depois que o tópico faculdade acabou enquanto nós estávamos conversando no meu quarto...
- Ah Josh, morar aqui sempre foi meio que um sonho para nós três. Nós fizemos intercâmbio para a Inglaterra em épocas diferentes, mas voltamos para o Brasil, as três, com a ideia de sair de lá depois de formadas.  – Julie começou a explicar.
- Aí a Anne, quando fez intercâmbio na época da faculdade, estagiou na BBC e conheceu gente de vários lugares, inclusive a produtora que a indicou para o emprego na Lionsgate. Quando perguntaram se ela podia indicar alguém, ela deu os nossos nomes e como nossos currículos eram muito parecidos, fomos contratadas. – Isabella continuou.
- Nós tivemos seis meses para organizar a mudança. Lutamos para conseguir o visto de trabalhadoras. Mas no final deu tudo certo. E estamos aqui. – Continuamos conversando, Josh estava interessado em saber das minhas amigas também. Tem como ele ser mais perfeito? Finalmente comemos o suficiente para ver o presente de Julie.
- Juuuuuuuuuulie, já podemos levantar a travessa para ver o que é o presente?
- Podem! Anne, o seu é o da lasanha de quatro queijos. Consequentemente, o seu é o da bolonhesa, Bella. – Quando levantei a minha travessa, encontrei um envelopezinho com o meu nome escrito na caligrafia de Julie. Quando o abri, encontrei um cordão com um pingente com a palavra “Best” gravada. Olhei para Isabella. Ela tinha um cordão igual ao meu nas mãos, só que o dela tinha a palavra “Friends” gravada. Olhamos para Julie tentando entender o significado daqueles cordões. Ela puxou um cordão idêntico, com “Forever” gravado. – Eles se combinam, e a frase se monta na ordem dos nossos aniversários. – Ela pegou o meu cordão. – Primeiro o da Anne, a mais velha, o primeiro aniversário do ano, 18 de janeiro. – Pegou o da Isabella. – Depois o da Bella, a aniversariante do meio do ano, 7 de junho. – Ela juntou os dois pingentes na mão e depois pegou o dela. – Por último, eu, a caçula, de 10 de novembro. – Ela mostrou os pingentes juntos com a frase “Best Friends Forever” escrita.
- AAAAAAAAAAAAWN! – Isabella disse e pulou no pescoço de Julie.
- Juuuuuuuuuuuuuuuuulie, que coisa mais linda! – Eu fiz o movimento necessário para me juntar a elas duas no abraço, mas minha perna doeu e a única coisa que eu consegui falar foi um “ai” agudo.
- Ah, Bella, acho que a gente vai ter que mudar nosso abraço de lugar... – Elas me deram um mega abraço e eu vi Josh com cara de bobo olhando para nós três. Estendi a mão machucada para ele, ele sustentou meu pulso com uma mão e segurou a minha mão com a outra. E então o mundo estava perfeito por alguns instantes.
- Hora de abrir os meus presentes! – Isabella disse e voltou toda saltitante para seu lugar à mesa, na minha frente. - Josh, ajuda a Anne. Acho que a caixa é meio pesada para a mão esquerda dela. – Então ela entregou um embrulho cor de rosa para Josh e um vermelho para Julie. Ele segurou a caixa para mim e quando eu abri, quase dei um grito. Se tinha uma coisa que eu gostava mais de ganhar do que livro, cd e dvd, era sapato. E era uma caixa de sapato que estava ma minha frente. Abri e me deparei com um scarpin verde que eu estava namorando há tempos. Julie também tinha uma sandália nas mãos, mas a dela era cor de rosa. Que por sinal, combinaria perfeitamente com o meu presente....
- Isabeeeeeeeeeeeeeeeeeeella, sapatos, sapatos, sapatos! Ai, eu quero te apertar! – Joguei um beijo no ar para ela. Julie deu um beijo na bochecha dela e surtou da mesma forma. – Well, well, chegou a minha vez. – Entreguei o embrulho verde à Julie e o azul à Isabella. Elas se livraram da embalagem em dois tempos, e quando abriram, eu sabia que elas iam gostar.
- Anne, essa é o vestido que eu vi naquele dia na vitrine daquela loja? – Julie perguntou e Josh fez uma cara de interrogação, como quem não entendeu nada. Portadores do cromossomo Y, ai, ai.
- É sim, Julie. – Ela levantou o vestido bege de costas nuas que eu havia dado. – Viu que ela combina com o presente que a Bella te deu, né?
- Viii! AAAAAAAAAI, obrigada! – Ela me deu um beijo.
- Anne, Anne, Anne, AAAANNE, eu adorei, adorei, adorei esse vestido. – Isabella agradecia da maneira Isabella de ser.
- Que bom que vocês gostaram!
- Josh, acho que você preferia não ter presenciado nosso momento tenho-16-anos, né?
- Que nada, Julie. Eu fiquei aqui pensando que pelo menos uma vez, meu trabalho deu bons frutos.
- A culpa é literalmente sua, baby. – Eu disse para ele e ele pegou a minha mão machucada novamente e deu um beijo.
- Põe sua nisso, Joshua bebê. – Isabella disse e todos nós rimos. Ele, do apelido recém adquirido, e nós três, de saudade da época em que Isabela costumava a falar isso frequentemente.

Nós ficamos mais um tempo conversando até que nos demos conta da hora. Já era quase meia noite.

- Bom, meninas, acho que eu já vou indo. Sabe como é, não fica bem um homem sair da casa de três moças distintas assim, de madrugada... – Ele disse rindo, enquanto se levantava da mesa. – Vocês querem ajuda para arrumar aqui?
- Não precisa, Josh, pode ir tranquilo. – Isabella disse enquanto se levantava. – Mas, peraí! Não vai embora agora. Falta uma coisa! A foto oficial do aniversário de oito anos com convidado especial.
- Bem lembrado, Bella. Vou pegar a câmera. – Disse Julie, enquanto sumia no corredor que tinha as portas dos nossos quartos.
- Hum, Josh... – Bella olhava dele pra mim e de mim para ele. - Vê se aparece de novo. A casa é sua. – Isabella resolveu ser uma boa anfitriã no final da visita. Mas não podia ter arranjado uma forma de fazer isso sem me deixar vermelha?
- Pode apostar que sim, Bella. – Nível de vermelhidão nas minhas bochechas: MASTER. Antes que a situação piorasse, Julie voltou com a câmera.  
- Vou programar na mesa e a gente fica ali, na frente da cortina. Anne vai pra lá com o Josh para eu enquadrar a foto aqui. – Ele me ajudou a levantar e andar até lá. – Isabella, fica do lado da Anne que eu vou apertar aqui e correr para o lado do Josh. – Ele ficou atrás de mim, com a mão esquerda na minha cintura. Abraçou Julie com o outro braço e Isabella se enroscou no meu braço esquerdo, tomando cuidado com meu pulso. Depois que o flash disparou, elas foram correndo ver como a foto tinha ficado, mas como eu estava impossibilitada de correr, fiquei. Josh aproveitou a oportunidade e me abraçou pelos ombros enquanto eu o abracei pela cintura. Encostei meu rosto no peito dele e ele deu um beijo no topo da minha cabeça. Depois, segurou o meu rosto e me deu um beijo na testa. Eu abri os olhos quando senti o flash da câmera nos meus olhos. Julie e Isabella estavam com cara de “a minha menininha cresceu” olhando para nós dois.
- As fotos ficaram lindas. Todas elas. – Julie disse.
- Você passa para mim depois, Julie? – Ele pediu. – Todas elas. – Ele disse, olhando para mim.
- Claro que mando, Josh.
- Bom, meninas, agora eu realmente preciso ir. Vou deixar vocês descansarem. A senhora, dona Anne, trate de ficar sossegada com essa perna.
- Sim senhor. – Eu prestei continência como se fosse um soldado. Ele saiu de perto de mim para se despedir das meninas.
- Tchau Julie. Foi um prazer. E, ah, vocês tem que aparecer lá em casa qualquer dia para eu provar que também sei cozinhar, ok?
- Essa eu pago para ver! – Julie riu. – Tchau Josh. Ah! Dane passou por aqui e deixou seus capacetes enquanto vocês estavam no quarto. Pegue antes de sair, ok?
- Ok, Julie. Isabella, obrigado pelo curativo. Pode deixar que eu volto sim, ok? – Ele piscou para ela e eu tenho certeza que a minha amiga hiperventilou por dentro. – Tchau, meninas. – Ele procurou por mim, mas eu já estava perto da porta com a chave na mão.
- Vou te levar lá em baixo. Essa hora o Dane já foi embora, vou ter que abrir a porta na chave.
- Mas e a sua perna? – Essa preocupação toda é tão fofa.
- A minha perna vai continuar aqui quando eu voltar, Joshua. De qualquer forma, eu vou ter que começar a andar por conta própria, ou você acha que elas vão ficar me carregando? – Eu disse rindo.
- Ok, então vamos. Tchau do novo meninas. – Ele disse acenando.
- Tchau Josh!
- Os capacetes, baby. – Ele pegou o dele e deixou o que eu havia usado no lugar onde eles estavam. Eu olhei para ele sem entender.
- É para ter um motivo para voltar. – Eu ri e assenti.

Abri a porta e nós fomos para o lobby do elevador e ele me abraçou pelos ombros mais uma vez. Fiz o mesmo e o abracei pela cintura, mas dessa vez, ao invés de me dar um beijo na testa, ele me deu um beijo de verdade. O elevador chegou – rápido demais – e quando chegamos na entrada, abri o portão, dei a chave a ele e ele foi buscar a moto na garagem enquanto eu esperava. Menos de cinco minutos depois ele apareceu de moto na porta do prédio.

- Como você fez tudo isso tão rápido? – Perguntei.
- Tenho super poderes. – Ele disse enquanto descia da moto e me abraçava mais uma vez. – Apesar de um olho roxo e um corte na cabeça, eu adorei o dia, Anne.
- Apesar do surto do meu ex, eu também adorei Josh. Acho que foi por causa das oportunidades que a vida nos dá... E conspirações do Universo... – Eu ri e ele me deu um beijo de despedida. Como doía constatar isso: Beijo de despedida. Eu não queria me despedir. Queria congelar aquele momento e ficar com ele ali, para sempre.
- Posso te ligar amanhã? – Ele perguntou quando depois de um tempinho, nos separamos.
- Não, você vai me ligar hoje quando chegar em casa. E amanhã, de brinde. – Outro beijo.
- Pode deixar, eu ligo sim. – Ele me abraçou. – Não quero ir embora.
- Eu não quero que você vá.
- Tudo que é bom, dura pouco. Mas a gente sempre repete a dose.
- Se eu disser que estou esperando pela repetição, você acredita?
- Acredito, porque eu estou do mesmo jeito.
- Acho que sexta feira nós temos outra entrevista marcada. Eu, Isabella, Julie, você, Vanessa, – Fiz questão de mudar o tom de voz no nome dela – Keegan e Troian.  
- Vocês três vão entrevistar nós quatro?
- Sim sim.
- Não perco isso por nada. A gente pode fazer alguma coisa depois... Vamos todos almoçar?
- Sim! Vou falar com as meninas quando subir, com certeza elas vão topar.
- Amanhã eu ligo para eles para combinar então. Esse é o momento em que eu digo tchau definitivamente. – Ele me deu um último beijo, daqueles de tirar o fôlego e disse tchau.

Eu subi e Isabella e Julie já haviam arrumado a sala inteira. Como previsto, me fizeram contar em detalhes tudo o que aconteceu. Quando acabei, tomei um banho, Isabella refez meu curativo e eu dei boa noite, precisava descansar. Assim que entrei no quarto, Josh ligou.

- Oi!
- Já estou com saudades. – Não faz isso que eu apaixono, menino.
- Eu também. Você só chegou em casa agora?
- Não, tem um tempinho. Mas eu dei um tempo para você atualizar as meninas das novidades. – Nós rimos.
- Muito obrigada, elas também agradecem.
- Ann, amanhã te ligo de novo. Vai dormir, você precisa descansar.
- Você também. Um beijo.
- Dois pra você. – Desligamos.

Me deitei e não resisti. Dei uma de piegas que sou e mandei um sms com a letra de uma música que se encaixava perfeitamente no dia de hoje.

“Todas was a fairytale, you were a prince, I used to be a damsel is distress, you told me I was pretty when I look like a mess, today was a fairytale.”Bons sonhos.

Ele ainda não estava dormindo, porque não demorou a responder, com a mesma música, por sinal.

“But can you feel this magic in the air?It must have been the way you kissed me, fell in love when I saw you standing there, it must have been the way, today was a fairytale.” Serão perfeitos se forem com você.

Peguei as almofadas em que ele estava deitado mais cedo. O perfume dele ainda estava ali. Depois daquela mensagem, deitei a cabeça e dormi como um anjo. Achei que dormiria a noite toda, mas o telefone tocou às 4 da manhã. Não vi quem era e atendi. Me arrependi no momento em que reconheci a voz da pessoa do outro lado. 

YEY, presentes:
- Julie - Cordões: http://weheartit.com/entry/24625018/via/arielcristina
- Isabella - 
Sapato pra Anne: http://www.fashiolista.com/item/6964258/
Sapato para Julie: http://www.fashiolista.com/item/6779495/
- Anne - 
Vestido pra Julie: http://weheartit.com/entry/31951740/via/arielcristina
Vestido pra Isabella: http://www.fashiolista.com/item/6220755/

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