35 - Will you do all these things like we used to?
“Por que quem vai te
abraçar? Me fala, quem vai te socorrer? Quando chover e acabar a luz, pra quem
você vai correr? E quem vai me levar entre as estrelas? Quem vai fazer toda
manhã me cobrir de luz? Quem além de você?”
Quando
cheguei ao quarto do hotel, não sabia o que fazer. Ainda estava transtornada.
Agora, estava sozinha, e cantando Quem,
Além de Você, do Leoni na cabeça. Eu estava fazendo de tudo para não entrar
na fossa como se tivesse 16 anos. Isso ia ser patético demais. Almocei, tomei
um banho e comecei a trabalhar. Editei entrevistas, escrevi textos para o site,
assisti trailers de filmes novos, fiz de tudo para me manter ocupada. No fim
das contas, o dia até que passou rápido. A parte mais difícil foi deitar e
dormir, mas depois que consegui, finalmente, adormecer, fui até o outro dia de
manhã. Afinal, ainda era dia de semana, eu tinha que trabalhar.
- Bom
dia. – Disse no meu tom de voz normal quando cheguei ao set. Keegan, Ian,
Isabella e Julie já haviam chegado e vieram falar comigo.
-
Como você está, Ann? – Ian perguntou. Ele e Keegan pareciam mais preocupados do
que as meninas, provavelmente porque não me viram no dia anterior. E porque
eles não me ligaram de uma em uma hora para saber como eu estava.
-
Estou bem. – Eu disse e esbocei um sorriso que sumiu no instante em que eu
reconheci a voz de quem havia chegado.
- Bom
dia. – Josh disse atrás de mim. Todos responderam, menos eu. Tudo o que eu
queria era sair dali. Não queria nem olhar para ele. Mas eu não tive escolha, e
quando me virei, vi um Josh cansado. As olheiras dele estava mais fundas que as
minhas. Nos encaramos por alguns segundos, mas quando eu vi que ele ia falar
alguma coisa, saí dali e fui buscar café numa bandeja longe dele. Vanessa
chegou e logo depois, Lindsey veio com novidades.
- Vim
falar com vocês só para deixar avisado que depois de amanhã vocês vão gravar
outro livechat. Mais informações, no dia, em cima da hora, como sempre. – Ela
brincou e se aproximou de mim. – Anne, você melhorou? As meninas disseram que
você não estava se sentindo bem ontem...
- Já
estou melhor sim, Lindsey. – Era mentira, mas eu achei que dizer que eu ficava
pior a cada segundo não ia ser legal. – Obrigada pela preocupação. – Ela
assentiu e enquanto eu caminhava para perto das meninas outra vez, meu telefone
tocou. Atendi sem olhar, ma pressa, pois tinha esquecido de colocar no
silencioso. Por onde andava a minha cabeça mesmo?
- Oi.
- Anne?
-
Sim. Eric? – Julie levantou a sobrancelha.
- Eu
mesmo. Liguei para saber se você está melhor.
- De
verdade? Não.
-
Eu imaginei. Ah, deixa eu tirar uma dúvida... O set do filme em que você está
trabalhando está na rua hoje?
-
Sim, hoje é dia de externa. Por quê?
-
Então eu acertei. Olha para trás. – Me virei, e do outro lado da rua estava
Eric, encostado no carro, balançando uma echarpe verde. Minha echarpe
verde.
-
Estou indo até aí. – Desligamos o telefone e eu pude sentir os olhares de
Isabella, Julie, Keegan, Ian, Troian, Vanessa e Josh nas minhas costas enquanto
atravessava a rua.
-
Você esqueceu lá em casa. – Ele disse me entregando a echarpe quando eu me
aproximei.
-
Obrigada. Eu nem me lembrava que estava usando isso.
-
Hum... Aquelas ali são Julie e Isabella? – Ele apontou para as meninas no set.
-
Sim.
-
Elas parecem diferentes de longe... – Ele acenou e elas corresponderam.
-
Quer ir até lá falar com elas?
-
Você acha uma boa ideia? Josh está ali, não está?
- Não
devo mais satisfações a ele. Vamos. – Usei um tom que impedia discussões.
Quando chegamos, Isabella e Julie tinham quase colocado uma placa na testa:
“Você está louca?”, mas disfarçaram e cumprimentaram Eric normalmente.
-
Eric, quanto tempo! – Julie disse.
-
Acho que da última vez que nós nos vimos ainda estávamos na faculdade –
Isabella disse e eu sei que ela quis dizer que da última vez que elas viram
Eric, nós ainda namorávamos.
-
Vocês não vão apresentar o amigo de vocês? – Keegan perguntou. Josh estava com
uma máscara de ferro na expressão.
-
Hum, gente, esse é o Eric, um amigo nosso do Brasil. Nós dois fizemos faculdade
na mesma época e no mesmo lugar. Eric, esses são Keegan, Ian, Troian, Vanessa e
Josh. – Josh parecia cada vez mais irritado. Sem motivo nenhum, diga-se de
passagem. Afinal, foi ele quem disse “eu não quero mais ficar com você”.
-
Bem, Ann, eu só passei para te devolver a echarpe e falar com as meninas. Estou
atrasado, preciso ir.
-
Tudo bem.
-
Isabella, Julie, foi um prazer rever vocês. – Ele disse, dando beijinhos e
abraços nelas duas. Desculpa se nós somos brasileiros e, para nós, isso é
normal. – Vamos marcar alguma coisa para por a conversa em dia. - Ele se
aproximou delas duas e de Keegan e Ian. – Tragam seus namorados. – Elas riram.
-
Vamos marcar sim, Eric.
-
Bem, tchau, pessoal. Depois eu te ligo, Anne. Tchau. – Ele me deu dois
beijinhos e um abraço, da mesma forma que tinha feito com as meninas e foi
embora.
- Seu
amigo é muito bonito, Anne. – Vanessa disse.
- Eu
sei. – Respondi e saí dali.
As
gravações daquele dia seriam só até a hora do almoço. Eu tentei assistir como
sempre fazia, mas era visível que a minha presença ali estava atrapalhando
Josh, ele estava errando a mesma cena várias vezes, e sempre no momento em que
passava os olhos na minha direção. Eu também não estava nem um pouco
confortável, então saí de perto e depois disso, o tempo passou até mais rápido.
Almocei com Julie e Isabella no meu quarto do hotel e depois elas ficaram ali
comigo pelo resto da tarde. Eu sabia que era uma tentativa de me animar, mas eu
também sabia que ficaria triste no momento em que elas saíssem dali. E assim
foi.
-
Alô. – Atendi ao telefone sem ver quem era, mais uma vez.
- Ann?
Tudo bem?
- Ah,
oi Eric. Não, não está tudo bem. – Eu ri.
- Você
já jantou? – Era a segunda vez que ele me perguntava isso em dois dias.
-
Não.
- Quer
comer alguma coisa? Eu posso passar no seu hotel. – Por que não? Pelo menos
era uma companhia.
-
Tudo bem. Estou hospedada no Plaza.
- Vou
comprar alguma coisa para comer e devo chegar aí em uns trinta minutos.
- Ok,
estou no quarto 305.
- Até
daqui a pouco.
Desliguei
o telefone e fiquei exatamente no mesmo lugar. Eu não tinha vontade de me
arrumar para nada, e Eric já estava mais que acostumado a me ver desarrumada. Além
do mais eu estava com uma preguiça gigante e um frio que eu não sabia de onde
estava vindo já que o aquecedor estava ligado. Ele não demorou a chegar, eu nem
tinha assistido a um episódio de The OC inteiro e me ligaram da recepção
avisando que o “Sr. Bragança” estava lá em baixo e precisava de autorização
para subir. Autorizei a entrada dele e continuei no mesmo lugar.
-
Está aberta! – Eu gritei da cama quando ele bateu à porta.
-
Nossa... Da última vez que eu te vi assim, você tinha 18 anos, nós estávamos no
início da faculdade e você tinha acabado de descobrir que o cara que você
gostava tinha namorado. – Ele brincou.
-
Toda menina já se apaixonou por um gay na vida, Eric.
- Nem toda, Anne. Você é que tem dedo podre. – Ele disse,
deixando um pacote com alguma coisa comestível na mesa e vindo na minha direção.
- Você esqueceu que é meu ex-namorado, é?
- Nunca esqueceria. - Ele me deu um beijo na testa. – Anne, você está quente.
- Você esqueceu que é meu ex-namorado, é?
- Nunca esqueceria. - Ele me deu um beijo na testa. – Anne, você está quente.
- Hã?
- Você está com frio?
- Um pouco.
- Isso é febre. Tem algum anti térmico aí?
- Na bolsinha roxa de remédios, ali em cima. – Apontei para
a estante. Ele pegou o comprimido e eu tomei.
- Você estava se sentindo mal antes?
- As meninas vieram almoçar comigo e ficaram a tarde inteira
aqui. Mas depois que elas foram embora eu fiquei indisposta...
- Anne, pelo amor de Deus, o que está acontecendo com você?
Você é a pessoa mais forte que eu conheci até hoje – Hã? – e agora fica com
febre emocional? – Ele é médico agora, é?
- Febre emocional, hã?
- Você está se sentindo melhor agora?
- Um pouco.
- Viu? Ainda não deu tempo do anti térmico fazer efeito.
Você melhorou porque não está mais sozinha.
- Convencido.
- É sério, Anne. – Eu sabia que era sério. Realmente me
senti melhor depois que ele chegou. Agora eu tinha o que, medo de ficar sozinha
a ponto de ficar com febre? Eu não fiquei assim nem com o término do namoro com
o Renan, e eu tinha 17 anos.
Eric tinha passado no Mc Donalds. Ele pegou nossos
sanduíches, trouxe para a cama e se sentou ao meu lado, eu ainda estava coberta
até o pescoço. Comemos assistindo The OC – yey – e eu só lembro de acordar
no dia seguinte com meu celular despertando com “It’s a quarter after one, I’m all alone and I need you now”.
Precisava trocar aquela música urgentemente. Tinha um bilhete de Eric na mesa
de cabeceira. “Você adormeceu assistindo
a maratona de The OC, e antes da Marisa ter uma overdose de analgésicos e
álcool. Não se preocupe, o Ryan a achou num beco. Se a doente precisar de
alguma coisa, liga para mim, ok? Isso vale para ela e para você. Até mais,
Anne. Eric.”. Eu dormi ao lado dele outra vez? Droga, isso já estava ficando
chato. Quem vivia para dormir eram Isabella e Julie, não eu.
Levantei da cama e me arrumei. Decidi que não ia mais ficar
doente por causa de um cara que não me quis. Ok, não era qualquer cara, e eu
tinha certeza absoluta de que ainda o amava, mas uma hora eu vou ter que
superar esse término, e vai começar agora.
No set, mergulhei com todas as minhas forças na edição dos
vídeos de making of de LA. Fiquei longe das gravações o dia todo e nas poucas
vezes que passei por lá, eu e Josh mal nos olhamos. Eu não queria pensar em
como ia ser o livechat de amanhã...
Voltei para o hotel mais tarde que no dia anterior. Coloquei
uma música animada para tocar e tomei um banho. Em dias normais eu dançaria no
ritmo da música, mas isso ia ser demais para a minha tentativa de animação.
Quando voltei para o quarto, meu celular tinha chamadas não
atendidas de Isabella, Julie e Eric. Achei estranho, mas não sabia para quem
ligar primeiro. Decidi esperar para ver quem seria o próximo a ligar. Desliguei
o rádio e liguei a TV enquanto penteava os cabelos, e estava distraída até que
ouvi um nome conhecido vindo dela: Josh Hutcherson. Agucei os ouvidos.
- “O ator Josh
Hutcherson foi visto hoje de manhã indo de carro ao set de seu novo filme, In
New York’s Streets, com a sua colega de elenco e ex-namorada, Vanessa Hudgens.
Os dois trocaram um beijo antes de saírem do carro. Aparentemente, eles estão
juntos outra vez.” – Desliguei a TV. Sentei na cama. E fiquei.
Meu telefone tocou, mas eu não me levantei nem para ver quem
era. Ele terminou comigo. Há três dias. E ficou com outra. Com ela. Justo ela.
Podia ser qualquer pessoa, mas foi a Vanessa. Naquele momento, o meu esforço de
um dia todo para ficar bem foi à baixo junto com as lágrimas que eu não impedi
que caíssem. Como eu pude ser tão ingênua, meu Deus?
Troquei a playlist do rádio, agarrei um travesseiro e
chorei. Pateticamente. Desesperadamente. Como se eu tivesse 15 anos, ouvindo
músicas tristes e chorando na cama.
“If only I could be on that bed again, if
only it was me instead of him (…) It should have been me inside that car, it
should have been me instead of him in the dark. Does he watch your favorite
movies? Does he hold you when you cry? Does he let you tell him all your
favorite parts when you’ve seen it a million times? Does he sings to all your
music while you dance to Purple Rain? Does he do all these things like I used
to?(…) Will he love you like I loved you? Will he tell you everyday? Will he
make you feel like you’re invincible with every word he’ll say? Can you promise
me if this is right, don’t throw it all away? Can you do all these things, will
you do all these things like we used to?”
O discurso de Like We
Used To era masculino, mas se eu trocasse o pronome, ela diria exatamente o
que eu estava sentido naquele momento. Eu já estava a ouvindo pelo que pareceu
ser uma eternidade quando senti alguém me abraçando na cama pelas costas e vi
Julie na minha frente. Ela e Isabella desistiram de ligar e foram até o hotel.
Não sei como, mas elas conseguiram entrar no quarto sem falar comigo. Elas
provavelmente acionaram a segurança do hotel e disseram que eu estava morrendo,
mas eu não me importava. Eu precisava delas duas e elas estavam ali, como
sempre estiveram.
Elas simplesmente ficaram ao meu lado, sem dizer nada, até
que eu me acalmasse. Em um determinado momento, meu celular tocou outra vez, e
Isabella atendeu. Era Eric. Ela disse que eu estava bem e que ligaria para ele
no dia seguinte. Elas passaram a noite comigo e, no dia seguinte, fomos cedo
para o set. O livechat era às dez da manhã.
Josh e Vanessa foram os últimos a chegar e entraram de mãos
dadas no trailer de maquiagem. Assim que eles entraram, o assunto acabou e
todos ficaram num silêncio sepulcral. Uma lágrima escorreu pela minha bochecha
quando me sentei na cadeira de maquiagem de Beatrice, e ela a enxugou sem falar
nada. Quando ela acabou, não esperei por ninguém, fui para a locação onde seria
gravado o livechat e fiquei lendo o programa que Lindsey já havia nos
entregado.
Como no livechat anterior, Josh se sentou ao meu lado. Só
que dessa vez ele ficou calado, mal olhava para o meu lado. Melhor assim.
Passeii o livechat inteiro lembrando que eu era uma
profissional. Foi horrível falar com ele depois de tudo o que aconteceu, mas,
pior ainda, foram as perguntas do final, as do twitter. Quer dizer, a última
delas.
- Então, Josh, Vanessa, a @VHutcherson quer saber se vocês
estão namorando... – Julie perguntou e depois olhou para mim, como quem pedia
desculpas.
- Sim, nós estamos. – Vanessa respondeu enquanto eles dois
se olhavam e davam as mãos.
- Há quanto tempo? – Isabella perguntou, e aquilo não veio
do twitter. Ela e Julie queriam estrangular o Josh.
- Há um mês. – Um mês. Se isso fosse verdade, ele já estava
com ela quando eu achei que estava grávida... As coisas só ficavam piores para
mim.
- E vocês estão felizes? – Meu senso de humor ácido entrou
em ação.
- Muito. – Vanessa respondeu. Logo depois, terminamos o
livechat. Eu estava me levantando para sair dali o mais rápido o possível, mas
Vanessa segurou o meu braço e se aproximou do meu ouvido. – Eu disse que ia
ficar com ele outra vez. E que você ia perguntar se nós estávamos felizes.
- Chega, Vanessa. – Ele falou.
- Vocês se merecem. – Disse olhando para ele. – Agora me
larga. Vai ficar com o seu namoradinho.
Ela soltou o meu braço e eu senti todos os olhares nas
minhas costas mais uma vez. Todos ali sabiam de mim e de Josh. Todos perceberam
o ótimo clima que ficou depois que a
entrevista acabou.
Como se tivesse sido colocado ali num passe de mágica, Eric
apareceu atrás das câmeras. Ele estava com um crachá de visitante, deve ter
assistido a pelo menos metade do livechat. Quando percebeu que eu o havia
visto, ele veio na minha direção e me deu um abraço. Fiz um esforço gigante para
não chorar ali.
- Me tira daqui, por favor. – Eu disse.
- Vamos.
Like We Used to, A Rocket to the Moon
Quem, Além de Você, Leoni
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Meu Senhor amado, com assim, Ariel??
ResponderExcluirAmiga.... Ouvir 30 seconds to Mars e ler isso sozinha em casa é um perigo. Eu tenho um faqueiro, sabia???
chorando profundamente
ResponderExcluirPQP GENTE! Vou chorar assim :/ (PS: Sou leitor novo, achei sua fic no Nyah, comecei a ler e adorei KKKKKKKKKKKKKKKKK) Não demore pra postar o próximo, estou louco pra continuar y_y E estou prestes a matar a linda e perfeita da Vanessa, mas é por uma boa causa
ResponderExcluirAI SENHOR, Natascha, longe das facas, por favor!
ResponderExcluirHysla, CAAAAAAAAAAALMA, as coisas estão QUASE se acertando.
João, AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH, leitor novo, leitor novo, leitor noooooooooovo! Obrigada baby, e eu não vou demorar não ok? hehe