13 - Showers and stuff


Eu ainda não sei o que fazer. Não sei se devo contar ao Josh que nós brigamos e eu nem sei o motivo real ou se eu ligo para o Eric e faço ele me dizer o que contou ao Josh e tento descobrir por mim mesmo se ele estava falando a verdade. Sinceramente, eu nem sei o que pode ter deixado o Josh tão bravo a ponto de me machucar do jeito que me machucou. Tudo bem, ele nem lembra do que fez e provavelmente, fez porque estava bêbado. Ele nunca tinha sido mais bruto comigo nem em brincadeiras. Ele nunca levantaria a mão para mim, nunca.

Tudo isso foi girando na minha cabeça enquanto eu fingia que estava dormindo na viagem de carro de Belo Horizonte até Caxambu, a cidade da Isabella. Os pais dela tinham alugado uma van – sim, uma van – para levar nós seis e todas as malas do aeroporto até o hotel no centro da cidade dela. De lá, nós íamos alugar um carro que nem fizemos no Rio para passar a semana.

De tanto fingir, acabou que eu dormi de verdade e quando acordei, já tínhamos chegado ao Palace Hotel, no centro de Caxambu. Eu ainda estava meio transtornada com o que as meninas tinham me contado, e já tinha visto que Josh tinha percebido que havia algo errado comigo. Quando entramos no nosso quarto, eu me sentei na cama antes de fazer qualquer coisa. Eu sabia que ele ia perguntar.

- O que está acontecendo com você, Anne? – Seu tom de voz era sério. – Você está me evitando desde o aeroporto.
- Eu não estou te evitando.
- E você acha mesmo que eu não percebi que você passou metade da viagem de carro fingindo que estava dormindo do meu lado? – Ele me conhecia feito a palma da mão, fazer o que? Só de relembrar a história na minha cabeça para contar a ele, meus olhos se encheram d’água. – Anne... – Ele se sentou ao meu lado, a seriedade na voz passando para preocupação. – O que foi? Me conta. – Ele me abraçou e eu só consegui chorar.
- Desculpa. – Eu me afastei respirando fundo e tentando me acalmar. – Eu... Eu descobri quem fez isso na sua mão.
- Como assim, quem fez? Explica isso direito.
- Fui eu. Com as minhas unhas.
- O que? Por que você... Espera. – Ele se levantou e olhou do meu braço para os meus olhos algumas vezes. – Se você fez isso com a minha mão, quer dizer que... Que fui eu quem te machucou assim? – Assenti. Ele ficou transtornado, sem saber o que dizer ou o que fazer. – Anne, desculpa. Eu... eu não acredito que eu fui capaz de fazer isso com você. Eu nunca me odiei tanto na minha vida. – Ele estava quase chorando. – Por quê? Por que eu fiz isso com você? – Ele se perguntava enquanto andava de um lado para o outro no quarto. Eu não sabia se ficava sentada ou se me levantava e tentava fazer com que ele se acalmasse antes de continuar a falar. Continuei onde estava.
- As meninas disseram que nós dois brigamos sério quando voltamos para o hotel depois da boate.
- Por quê?
- Eu fui ao banheiro, meu celular tocou, era o Eric, você atendeu e ele te falou alguma coisa que fez você beber mais do que o normal. Nós voltamos para o hotel mais que bêbados, e enquanto nós brigávamos, as meninas disseram que você não parava de perguntar “por que eu não tinha te contado antes” e eu só sabia dizer “que ele estava mentindo”. – Falei de uma vez. Ele se sentou ao meu lado, mas quando tentou me tocar, desistiu no meio do caminho e puxou a mão de volta.
- Anne... Você tem alguma coisa pra me contar? – Eu queria dizer que tinha, mas eu não tinha a mínima noção de como seria a reação ele se descobrisse do meu noivado agora. E eu nunca tinha visto o Josh transtornado daquele jeito, não ia piorar a situação.
- Não. Eu não consigo lembrar o que ele te disse. Só fica martelando na minha cabeça eu te falando que ele está mentindo. Quer dizer, só o fato de eu ter te dito isso, já que nem disso eu lembro pelas minhas próprias memórias. – Em dia normal, depois disso ele me abraçaria, mas ele ficou imóvel. Um calafrio percorreu a minha espinha. Ele não podia fazer disso um hábito.
- Me empresta o seu celular. Eu vou ligar pra ele e a gente descobre o que foi que ele disse.
- Não. Eu não sei o que foi, mas o que ele te disse fez a gente brigar como nunca. Eu não quero que isso aconteça de novo, e pela primeira vez, gosto do fato de nós estarmos tão bêbados que não lembramos disso. – Eu não sabia se tocava nele enquanto dizia isso e o clima entre nós dois ficava cada vez mais estranho. Mas ele não parecia convencido. Eu percebi pelo seu olhar que ele ainda queria falar com o Eric. Eu não ia deixar isso acontecer. Não aqui no Brasil. Nós viemos para cá nos divertir, em algum momento o drama constante nas nossas vidas tinha que dar uma pausa. – Vamos resolver isso quando nós voltarmos para casa, por favor. Eu não quero lidar com o Eric aqui. Eu e as meninas esperamos tanto pra voltar ao Brasil e estamos tão felizes por vocês terem vindo conosco. Não vai ser justo estragar tudo por causa dele.
- Ok, Ann. – Ele continuou imóvel, sentado ao meu lado. – Eu... Eu vou tomar um banho. – Ele se levantou e ficou visivelmente desconfortável. Me deu um beijo na testa sem encostar anda além dos lábios em mim e foi para o banheiro. Ouvi o chuveiro sendo ligado quase que imediatamente.

Eu me senti péssima. Josh nunca tinha ficado tão distante. Ele está se punindo por ter me machucado, mas eu realmente não liguei. Tenho certeza que ele não fez por mal, estávamos bêbados e ele não mediu a força. De repente, ele até tinha motivos para uma raiva tão grande a ponto de me machucar.

Continuei sentada na cama, pensando no que tinha acabado de acontecer, quando ouvi um soluço mais alto vindo do banheiro. Ele sufocou o som assim que o fez, e isso chamou a minha atenção. Me aproximei da porta silenciosamente. Pude ouvir outros soluços abafados do lado de dentro e não me contive em passar a mão na maçaneta e abri-la, agradecendo aos céus por nós dois termos o costume de não trancar portas.

Josh não tinha ido tomar banho. O chuveiro ligado era para me distrair, quando ele estava sentado no chão do banheiro. Chorando. Quando me viu, ele escondeu o rosto. Desliguei o chuveiro. Fui na direção dele e fiz com que ele me abraçasse, mesmo que ele não tivesse muita vontade. E claro, comecei a chorar junto instantaneamente.

- Josh, não fica assim, por favor. – Falei alguns instantes depois de ter chegado ali.
- Eu não devia ter te machucado assim, Anne. Por mais bêbado que eu estivesse. Por mais motivos que eu tivesse. Eu não devia! – Eu tentei enxugar suas lágrimas, mas ele chorava compulsivamente, eu nunca havia o visto daquele jeito. – Eu nunca vou me perdoar pelo o que eu fiz com você. Nunca
- Mas eu te perdoo, ok? Eu tenho certeza absoluta que você não fez por querer. Você nunca me machucaria de propósito.
- Não, isso nunca passou pela minha cabeça. Eu te amo tanto. Nunca imaginei que um dia fosse fazer isso com você. – E para que enxugar as lágrimas dele quando as minhas caiam na mesma velocidade?
- Eu amo você. Você sabe disso. Sabe que eu não consigo mais me imaginar sem você. O que aconteceu já passou. Foi só um machucado, vai sarar. E você nunca fez antes, não vai fazer de novo. Eu não fiquei brava com você em momento algum. – Me afastei para olhá-lo nos olhos. – Mas eu vou ficar se você não parar com isso de não me tocar. Me abraça direito, vai? – Ele me envolveu em seus braços com a vontade normal.
- Desculpa. Eu fiquei apavorado. – Ele quase parou de chorar. Se afastou para me olhar da mesma forma que eu tinha feito antes. – Você é a mulher que eu mais amo nesse mundo. A dor que eu senti quando descobri que te machuquei foi como se esse machucado estivesse em mim. Porque você é uma parte de mim, Ann. Eu também não me imagino sem você. E eu fiquei com receio de te machucar outra vez.
- Me tocando? – Ele assentiu. – Bota uma coisa na sua cabeça, Joshua. Eu preciso de você. Não tem possibilidade de eu viver num mundo em que nós convivamos e você não me toque. Eu acho que só me senti pior do que agora, quando percebi que você preferiu não encostar em mim quando nós passamos sete meses separados.  Nós somos parte um do outro. Nunca mais pense em não me tocar, ok? – Ele sorriu e eu sorri junto. Nós paramos de chorar e ele me deu um beijo.

Ficamos ali abraçados por mais um tempo, por mais estranho que ficar no chão de um banheiro de hotel parecesse. Só me levantei quando meu celular tocou e eu tive que ir atender, mas Josh veio atrás de mim. Confesso que senti um medo em relação à pessoa que estava me ligando e vi isso refletido nos olhos do Josh. Respirei aliviada quando vi o nome na tela.

- É a Isa. – Falei e Josh pareceu tão aliviado quanto eu. – Oi baby. – Falei tentando disfarçar a voz de choro.
- Ann, o que houve, porque essa voz? – E, logicamente, não consegui.
- Já passou. Depois eu te explico.
- Tudo bem, então. Só liguei para avisar que nós vamos sair em quarenta minutos para almoçar na casa dos meus pais. Eu já pedi um carro na recepção. – Ela disse sem esconder a animação na voz falando da casa dos pais.
- Ok, eu e Josh vamos nos arrumar.
- Até mais, baby.

- Nós temos quarenta minutos para ficar prontos. Vamos para a casa da Isa. – Ele me puxou para perto e me abraçou.
- Obrigado por não ter pirado com o que eu fiz. Obrigado por me perdoar. – Ele disse com o tom de voz normal. – Toda vez que você prova ser a mulher que eu escolhi pra dividir o resto da minha vida, eu tenho vontade de adiantar meus planos.
- Que planos?
- Surpresa. Mas não se preocupe, nem fique ansiosa. Ainda vai demorar um pouco... Eu tenho tudo em mente.
- Dizer isso para uma pessoa curiosa que nem eu é quase tortura, amor.
- Você vai ver que vai valer a pena esperar. – E me deu um beijo.
- Acho que nós precisamos de um banho.
- Acho que você devia vir junto para se certificar que eu vou entrar no chuveiro dessa vez.
- Acho que essa é uma ótima ideia. – Nós rimos e fomos tomar banho.

Conseguimos nos arrumar dentro do tempo, por milagre dos céus, não nos atrasamos. Quando descemos, Isabella e Keegan já estavam esperando no lobby.

- Cadê Julie e Ian? – Perguntei.
- Ainda não desceram. – Nós ficamos conversando por mais uns quinze minutos antes de eles dois aparecerem correndo pelas escadas do hotel, com as bochechas rosadas. Rosadas demais para serem só por causa da corrida...
- Nós achamos que íamos ter que chamar os bombeiros. – Keegan disse.
- Desculpa. Nós... cochilamos. E perdemos a hora. – Julie disse.
- Ok, eu conheço esse cochilo. – Falei e o rosa das bochechas deles dois passou para um vermelho vibrante.
- Vamos logo, estou morrendo de fome. – Isabella disse.
- Seu namorado está te influenciando muito, viu?  Isso de estar morrendo de fome é cosia dele. – Josh disse. E fez questão de não largar a minha mão nem um segundo desde o momento em que saímos do quarto.
- Eu acho que é saudade da comida da minha mãe. – Isabella respondeu.

Ela tinha alugado um carro igual ao que nós usamos no Rio, só que esse era preto. Dessa vez, eu e Josh passamos para um dos bancos de trás e Isabella foi dirigindo com Keegan no carona. O meu namorado fez questão de ir abraçado comigo durante toda a viagem. E eu estava com um sorriso interno maior que o mundo; ele me amava. Aquilo tudo foi porque ele me machucou. Eu também o amava. Tanto amor que até doía, não cabia no peito. E não tinha Eric que pudesse mudar o que eu sentia. Nem o que o dono dos braços que me envolviam sentia. E saber disso foi suficiente para garantir a minha tranquilidade. Pelo menos enquanto estávamos no Brasil 

Eu sei que eu ia postar antes, mas passei o fim de semana fora, sorry! 
Tem muito spoiler do futuro da fic subliminar nesse capítulo, just saying. 
Espero que vocês gostem, e até o próximo! 

4 comentários:

  1. Chorei em pensar no Josh soluçando... Basta o The Forget! Que dó! Amei, parabens! Viva os spoilers desse cap haha.. Bj Erika

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  2. CAXAMBU ESTÁ NA BOCA DO MUNDO! OMG OMG
    ah que vontade de falar mais do que posso! haha enfim, nem preciso falar né?? não é segredo que amo um drama! haha mara twin <3

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  3. Hungry??!!
    Surpresa?!!
    "Pelo menos enquanto estávamos no Brasil"

    Nossa senhora da mensagem subliminar, dá-me entendimento!

    Chorei imaginando o Josh chorar. Beijos!

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  4. Socorro, Joshua crying... é triste imaginar isso .-.

    Spoilersssssss õ/
    Que venha o próximo!

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