14 - Caxambu City


- Vivos? – Julie perguntou para os meninos enquanto eles voltavam do quintal da casa dos pais da Isabella.
- Da segunda vez, tudo fica mais fácil. – Josh respondeu.
- Mais fácil pra você, né? – Keegan estava branco feito papel. – Eu não achei que a sua família fosse ser pior que a da Anne, baby. – Isabella deu um abraço nele.
- Pode-se dizer que de nós três, a mais tranquila é a da Julie. – Ela disse.
- Ufa. – Ian disse.
- Eu não ficaria tão aliviada se fosse você, Ian... – Falei.
- Por quê?
- Porque você pediu a Julie em casamento antes de falar com os pais dela, o que pode ser bem perigoso. – Botei medo e ele caiu, ficou mais branco do que o Keegan.
- Em São Paulo a gente descobre isso...
- Bem, vamos voltar para o hotel? – Julie perguntou.
- Voltar para onde? – Luisa, a irmã de Isabella se materializou do nosso lado no meio da sala.
- Pro hotel, Lu. Ou você acha que a gente vai dormir por aqui? – Isabella perguntou.
- Quem disse que eu quero que vocês durmam? Tem uns joguinhos interessantes guardados pra depois que os nossos pais forem dormir...
- LUISA HELENA, que joguinhos são esses? – Isa perguntou enquanto corava. No mínimo ela acho que os jogos seriam dos mais hots... Mas a cabeça da Luisa era uma caixinha de surpresas, verdade.
- Nada que você deva temer, irmãzinha. Só umas coisinhas regadas a tequila. – Olhei para o Josh. Ele entendeu, porque a Luisa falava em inglês na frente deles. Nós dois fizemos a mesma cara, ao mesmo tempo.
- Bem, Lu... eu acho que eu e o Josh vamos passar essa brincadeira. – Falei.
- Por quê? Vai dizer que você parou de beber agora que mora em LA?
- Não... Mas é que da última vez que eu e ele bebemos a gente extrapolou... Sabe como é, traumatiza. – Brinquei,
- Então vocês vão jogar só uma rodada, vai ser divertido! Um copinho de tequila não vai deixar vocês bêbados. – Ela disse com a cara de gatinho do Shrek que era especialidade da família. Olhei para o Josh em busca de uma resposta e ele fez que sim com a cabeça.
- Mas só um copo. – Ele disse. Luisa deu pulinhos quando percebeu que todos nós jogaríamos. Às vezes eu esquecia que ela era mais velha... E casada.
- O Rodrigo vai jogar com a gente também, né? – Perguntei me referindo ao marido dela.
- Claro que vai! A gente vai dormir por aqui, então nenhum de nós dois vai voltar dirigindo pra casa... E eu não bebo sem ele. – Não resisti a um suspiro. Eles dois eram realmente fofos.
- Então chama logo ele, criatura, que a minha garganta está gritando por tequila – Isabella disse. Era de família mesmo.
- Rodriiiiiigo! – Luisa foi gritando pela casa tentando adivinhar onde ele estava.
- Como é o nome dele? – Ian perguntou.
- Rodrigo. – Julie respondeu na maior naturalidade.
- Rodrrrigo? – E aio nós descobrimos que americanos falando um nome com “dr” pode ser realmente engraçado. Nós tentamos ensinar os meninos a falarem o nome do Rodrigo até a hora em que a Lu voltou... Com ele.
- Meu nome virou a diversão de vocês, é? – Ele perguntou.
- Exatamente, Rodrrrrrrigo. – Falei tentando imitar os meninos, mas não consegui e todos nós rimos.
- Quero ver como vai ser isso depois do terceiro copo de tequila...
- Let the games begin! – Luisa gritou e se sentou na outra ponta do sofá enquanto Rodrigo colocava um joguinho de dardos em cima da mesa e uma garrafa de tequila do lado.
- É fácil... Vocês vão jogar os dardos e fazer a tarefa que a casinha em que ele cair, mandar. Anne, você é a primeira na ordem alfabética, faça as honras. – Ele me estendeu um dardo e eu joguei. Caiu no “Drink with a buddy” (Beba com um amigo) e eu bebi com o Josh. Logo depois, ele jogou – propositalmente – no “Pass”, e nós não bebemos mais pelo resto da noite. Keegan foi variando o “Half shot” com o “Full shot” e Isabella tinha álcool na veia, não ficou para trás. Julie deu uma maneirada porque não gostava muito de tequila e porque era a motorista da rodada. Mas Ian... Ah, o Ian... Bebeu tanto que em um momento, ao invés de jogar o dardo para frente, jogou para trás e acertou no pobre do Rodrigo, que do lado da Luisa também ficou trêbado no final da noite.  

Voltamos para o hotel com Isabella, Keegan e Ian bêbados, dormindo no carro enquanto eu, Julie e Josh lutávamos para lembrar o caminho de volta para o hotel. Pobre vida...

No dia seguinte, não sei como, Isabella acordou com um mega pique. Ela fez nós todos almoçarmos cedo porque ia nos levar num tour pela cidade.

- E chegamos. O Parque das Águas. – Eu devia ter uns 20 anos na última vez que fui ali e o lugar parecia cada vez mais lindo. – A maior...
- ... estância hidromineral do mundo! – Keegan completou e todos nós rimos. Isabella estava falando disso, há semanas. Se duvidar, até as plantas do nosso prédio em LA sabem que o Parque das Águas é a maior estância hidromineral do mundo.
- Ah, whatever, é lindo. – Ela respondeu e nós rimos mais ainda.
- Você já veio aqui?- Josh me perguntou enquanto caminhávamos pelo parque.
- Algumas vezes. Quer dizer, sempre que a gente visitava a Isa, a gente vinha aqui.
- É realmente, muito bonito.
- É sim, e ainda tem as fontes de água que a gente pode beber.
- Só não pode beber todas elas. – Isabella disse.
- Por quê? – Keegan perguntou.
- Diz a lenda que o resultado não é muito bom se você beber todas elas ao mesmo tempo... – Isa respondeu.
- Nunca acreditei em lendas.
- Keegan, se eu fosse você, acreditava nessa... Ninguém bebe todas as águas, deve ser por um motivo. – Julie disse.
- Além do mais, a gente pode voltar e beber das outras durante a semana. – Falei.
- Depois a gente fala disso das águas... – Ele desconversou.
- Vamos tirar fotos! – Isabella disse serelepe e pimpona.

Nós andamos o parque inteiro com os meninos mostrando os detalhes e contando historinhas das vezes anteriores em que estivemos lá. Era diferente estar ali com eles. A sensação era de que, finalmente, eles três estavam prontos para ficar de vez nas nossas vidas, conhecendo um lado que não tinham visto antes.

- Anne, você lembra de quando você tropeçou ali e quase caiu dentro do lago? – Julie perguntou rindo enquanto nós fazíamos um piquenique em baixo de uma árvore. A Isabella pensou em tudo.
- E tem como esquecer? Se não fosse o primo da Isabella me segurar eu tinha caído com tudo no laguinho. – Falei.
- O primo da Isabella? – Josh perguntou fingindo ciúmes. – O que ele estava fazendo tão perto de você, Anne?
- Nem te conto! – E não ia contar mesmo. Não era o tipo de coisa que se contava a um namorado. Nós rimos e logo eu tratei de mudar de assunto.
- Mas, Julie, eu também lembro que você ficou presa no meio do lago enquanto andava de pedalinho sozinha porque teve câimbra.
- E foi sozinha porque estava numa fase “sou independente, solteira e feliz”. – Isabella completou.
- Não teve graça. – Ela disse e nós rimos mais ainda.
- Claro que teve. Falando nisso, acho que pedalinho ia ser uma boa, viu? – Falei e achei estranho quando todos eles concordaram.

- Ann... Eu estou realmente feliz por estar aqui com você. Apesar do que eu te fiz...
- Esquece isso, Joshua! – O interrompi enquanto pedalava.
- Apesar do que eu te fiz – Ele continuou. – essa é provavelmente uma das melhores viagens que eu já fiz na vida.
- Eu já te disse isso umas cinquenta vezes... Você sabe que eu estou feliz por estar aqui com você. – Ele pegou a minha mão e deu um beijo nela.
- Hum, Ann... É impressão minha ou a Isabella está diferente?
- Diferente como?
- Não sei, tem alguma coisa diferente nela. – Ele disse e eu concordei com a cabeça.
- Eu também reparei. Provavelmente é porque ela está em casa... Eu também fiquei assim, eufórica no Rio. E você vai ver a Julie quando chegar em São Paulo...
- Eu fico assim quando volto para o Kentucky. Falando em Kentucky, quando você vai lá comigo, hein? Ainda tem muito da minha família pra você conhecer...
- Acho que depois do que você passou com os meus primos, tios e o meu pai, eu não posso me negar a conhecer a sua família, certo? – Eu ri. – Quando nós voltarmos pros Estados Unidos a gente vai. De qualquer forma, eu e a Amy temos a festa dos seus pais pra planejar.
- Exatamente, a festa dos meus pais... – Ele olhou para mim. – Vocês já pensaram em alguma coisa? – Perguntou.
- Nós tivemos mais algumas ideias, mas eu confesso que ao pensei muito porque estou focando no casamento da Julie. Assim que nós voltarmos, temos as provas das roupas. Todos nós. – Falei, provavelmente rápido demais.
- Anne, me diz, você para de pensar em algum momento? – Ele riu. – Sério, como você consegue planejar tudo isso ao mesmo tempo?
- Costume. Eu saí de casa muito cedo, planejei a minha vida muito cedo... Planejar viagens e festas não é nada perto disso. – Ele parou de pedalar e ficou olhando para mim. – O que foi? – Perguntei, provavelmente vermelha. Eu morria de vergonha quando qualquer pessoa me encarava desse jeito, principalmente ele.
- Só agora eu percebi o quanto eu te admiro. Como pessoa, não só como mulher. – E lá se foi o chão da Anne... Suspirei e dei um beijo nele.
- Obrigada, baby.

Nós paramos o pedalinho e fomos para o que era quase o fim da nossa visita: As fontes d’água. Passamos por todas elas lendo os quadrinhos e bebendo algumas. Toda vez que eu vou lá, me pergunto como pode haver tanta diferença entre águas. No fim das contas, é tudo água!
- Quantas você bebeu, Isa? – Julie perguntou enquanto nós caminhávamos em direção ao teleférico, minha parte preferida toda vez que ia ali.
- Sete. E você?
- Cinco. Anne?
- Bebi oito! – Eu ri. – Ian?
- Seis. Josh, e você?
- Preparem-se para o recorde: Bebi nove. – Batemos palmas de brincadeira. – Keegan, por que está tão quieto?
- Porque eu bebi as doze.
- KEEGAN! Você é louco? Qual pedaço do ‘não beba todas elas de uma vez você não entendeu”? – Isabella brigou com ele.
- Ah, Isa... Eu fui bebendo e quando vi já tinha bebido todas.
- Ai, ai, ainda bem que não sou eu que divido o quarto com você. – Falei. – Isa, se você precisar usar o banheiro, é só bater no nosso quarto, ok?  - Nós rimos.
- Não vou passar mal, gente.
- Eu espero mesmo, Keegan Philip. – Isabella falou com a voz séria que ela só fazia quando estava muito brava.
- Ui, Keegan Philip. – Ian brincou. E as piadas referentes às águas do Keegan duraram o resto do dia.

O teleférico que nós pegamos levava ao Morro Caxambu. Ele não tinha muita utilidade prática, mas a vista... Valia a pena. Como era dia de semana, não tinha ninguém lá além de nós seis. Lá de cima, nós conseguíamos ver a cidade inteira e o pôr do sol, que era a parte que eu mais gostava. Eu sentei na frente de Josh e ele me abraçou pelas costas.

- Sabe do que eu lembrei agora? – Eu imaginava, mas queria saber se era a mesma coisa que eu.
- Não...
- De quando eu te pedi em namoro pela primeira vez. Foi num por do sol também, lembra? – Era a mesma coisa.
- E você achou que eu ia esquecer? Eu lembro até hoje de todas as palavras do discurso que você fez antes de me pedir em namoro. – Falei.
- Lembra mesmo?
- Eu te conheço há pouco tempo. Mas, desde o dia daquela entrevista, eu me sinto diferente. E ontem... Eu saí cedo da cama porque simplesmente não consegui dormir. Pensei em você a noite toda. E quando mandei aquele sms, eu sabia que você devia estar dormindo, mas queria que estivesse acordada, queria ouvir sua voz. Quando meu telefone tocou e era Isabella, eu pirei. Achei que tivesse acontecido alguma coisa séria com você e por um momento, eu tive medo. Medo do que podia ter acontecido. Numa fração de segundo, um mundo de possibilidades passou pela minha cabeça. Quando ela me falou que tinha sido o Ben, eu acho que se ele tivesse passado na minha frente eu teria perdido a cabeça. Quando te ouvi chorando então, tudo o que eu queria era te ver. E eu não sei o que é isso que eu estou sentindo. Sei que é bom. E depois da manhã de hoje, junto com as meninas, Ian e Keegan, eu tive uma ideia sobre o que eu deveria fazer. Ou o que eu achava que deveria fazer. Se você achar precipitado, quiser esperar, eu vou te entender completamente... Anne, você quer namorar comigo? – Eu disse tudo o que ele tinha me falado naquele dia e ele ficou pasmo, porque eu realmente lembrava.
- Eu amo você. – Ele disse, em português no meu ouvido e eu quase tive um treco. Adorava o sotaque daquele menino no português, ainda mais falando isso...
- Eu também te amo. Muito. – Ele apertou o abraço à minha volta e nós nos beijamos. E o mundo estava perfeito...

Obviamente, já era noite quando nós voltamos para o hotel. Assim que entramos no lobby, demos de cara com Luisa e Rodrigo, que pareciam estar ali há um bom tempo.

- Finalmente vocês chegaram! – Ela disse, antes mesmo de dizer oi.
- Oi pra você também, Lu. – Isabella disse, mas ela relevou.
- Peguem as malas de vocês.
- O que? Por que? – Perguntei.
- Você entendeu, Anne! Peguem as malas, isso é um sequestro.  – Ela brincou. Nós não nos mexemos. – Estão esperando o que? Vamos, ainda temos que pegar a estrada hoje! – E só aí nós nos mexemos, mesmo que não soubéssemos para onde íamos. Mas uma boa surpresa sempre me deixava intrigada. O que será que a mente fértil da Luisa planejou?

Hey pessoinhas! Como sempre, lá vou eu pedir desculpas pela demora...
Fim de período na faculdade é osso! 
Anyways, gostaram do cap?  
Enquanto eu não postar, vocês podem ir no ask me perturbar sobre a fic, não esqueçam!  hehe
Joguinho da tequila: http://www.entretendo.com/imagens/2012/05/jogos-para-beber.jpg
Não consegui escolher uma foto do Parque das Águas, procurem no Google, porque é só lindo! 
Morro Caxambu: http://farm5.staticflickr.com/4034/4669132016_633dc7aedc_z.jpg

4 comentários:

  1. CAXAMBU CITY DIVANDO! MINHA CIDADE LINDA, MEU KEEG LINDO E ATE MINHA IRMA DIVA... PERFEITO SIM OU CLARO??

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  2. Olha... Definitivamente, mineiros AMAM uma birita.
    pensei que a Iza (catchasca) fosse exceção, só que não. Meus coleguinhas de sala são exatamente assim. Rsrsrs!!!
    Acho que a Anne podia manguaçar e bater no Josh também, sabe. Pra ele parar de remoer o passado. E quanto ao Keegan e ao Sequestro: Medo!

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  3. Caramba... o Parque das Águas é lindo :O
    CHOCADA!
    Eu me divertindo demaaaaais com esse capítulo, socorro AUHSUHA
    ETA SEQUESTRO!

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